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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A chefona da Europa queima largada na guerra das vacinas

Fiasco total: A racional e equilibrada Ursula von der Leyen tem que recuar de decisão intempestiva para “capturar” vacinas destinadas ao Reino Unido

[E os 'inimigos do Brasil' ainda cometem a suprema burrice de considerar o presidente Bolsonaro um estabanado. A propósito: a digna 'presidenta' da UE ainda teve a cara de pau de colocar desequipados soldados alemães para realizarem treinamento  conjunto usando cabos de vassouras como fuzis. Parece que a ojeriza aos militares não costuma ser acompanhada de inteligência, competência, bom senso.]

Pelo lado positivo, Ursula von der Leyen reconheceu rapidamente o tamanho do erro que estava sendo cometido sob sua gestão quando foi anunciado que a União Europeia bloquearia a exportação de vacinas da Pfizer feitas na Bélgica e destinadas ao Reino Unido. O lado negativo foi todo o resto. Tão escandalosamente negativo que surgiu até um certo clamor para que renunciasse pouco mais de um ano depois de assumir a presidência da Comissão Europeia, colocando uma boa dose de calma e equilíbrio no lugar da jocosidade algo excessiva de Jean-Claude Juncker.

Tendo presidido as iniciativas lentas e burocráticas da Comissão de Saúde para a aquisição de vacinas destinadas aos 27 países da União Europeia, Von der Leyen despertou para o tamanho da crise quando os dois grandes laboratórios que estão fornecendo o grosso das vacinas para os países desenvolvidos, Pfizer e AstraZeneca, tiveram problemas de produção. “A Europa está enfrentando um desastre em termos de vacina”, resumiu, algo dramaticamente, a revista Der Spiegel.

Para piorar, a Grã-Bretanha, recém-saída do bloco (num processo em que contou a racionalidade da alemã), está colhendo os frutos por ter sido mais ágil e mais rápida na aprovação e compra das vacinas. Pela narrativa dominante, deveria ser o contrário: os pérfidos ingleses amargariam no fim da fila, enquanto a nobre e solidária União Europeia dava um exemplo do valor do trabalho conjunto.

Vendo o tamanho da encrenca, os burocratas europeus resolveram agir. Foi aí que Ursula Von der Leyen fez o “gol contra” – metáfora futebolística usada por praticamente toda a grande imprensa europeia.  Recorrendo a um dispositivo reservado a grandes emergências, a presidente resolveu bloquear a entrada de vacinas no Reino Unido através da fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte.

Quem acompanhou as torturantes negociações para permitir a saída dos ingleses talvez se lembre que resolver a situação pós-Brexit essa fronteira foi um dos maiores problemas.  Pelo acordo de paz que encerrou a luta armada dos católicos na Irlanda do Norte, a linha divisória com os irmãos da república independente deve ser aberta ao livre trânsito de pessoas e mercadorias.  Para manter o status quo entre as duas partes da ilha irlandesa, uma remanescente na União Europeia e outra levada, de má vontade, ao Brexit, foram necessários vários e sofridamente negociados malabarismos regulatórios.

A decisão impensada, que durou apenas algumas horas, de Ursula von der Leyen, de interferir exatamente nesse ponto de alta sensibilidade, provocou o impossível: ingleses e irlandeses, normalmente cheios de animosidade mútua, reagiram furiosamente dos dois lados da fronteira. O governo de Boris Johnson não demorou a vazar que, em dois telefonemas “apimentados” com a presidente da Comissão Europeia, o primeiro-ministro disse que a intervenção nos contratos com a Pfizer, afetando o fornecimento de 3,5 milhões de doses de vacina, poderia ser diretamente responsabilizada pela morte de idosos que aguardavam a segunda dose da imunização.

Levar a culpa por matar avozinhos aposentados não é exatamente uma perspectiva promissora. A condenação à decisão atabalhoada da presidente da Comissão Europeia foi unânime entre os grandes jornais europeus, de esquerda ou de direita. Como uma pessoa com o nível de preparo de Ursula von der Leyen não percebeu as dimensões catastróficas de uma intervenção ditada pelo “nacionalismo supranacional”, em tudo oposta aos valores mais fundamentais da União Europeia?

Pertencer à casta da alta burocracia europeia, sem nunca ter precisado fazer algo tão banal como ganhar eleições, pode ter sido um dos fatores. Economista interrompida e médica, Ursula von der Leyen, é democrata-cristã, o partido de centro-direita de Angela Merkel, com quem está desde o primeiro dia de governo, tendo servido em vários ministérios.

Foi a primeira mulher a ser ministra da Defesa da Alemanha, com atuação criticada, principalmente depois que desequipados soldados do Exército alemão participaram de treinamentos conjuntos europeus com cabos de vassoura no lugar de fuzis, episódio de um ridículo doloroso. Nascida e criada na Bélgica, onde seu pai era funcionário do incipiente Mercado Comum Europeu, e com sete filhos já adultos, certamente um curso intensivo de administração de conflitos, Ursula von der Leyen parece talhada desde o berço para ocupar o topo das vasta burocracia da UE.

É justo culpá-la pela crise das vacinas, com um componente importante causado pelos laboratórios que não conseguem honrar as encomendas? “A Comissão foi pega totalmente de surpresa”, escreveu a Spiegel, geralmente alinhada mais com a centro-esquerda. “Frustração e indignação têm crescido através da UE. A Europa, uma das regiões mais ricas do mundo, está se mostrando incapaz de proteger seus cidadãos de uma doença mortal”.

A revista ouviu o secretário-geral da Social Democracia, Lars Klingbeil, que desceu o chicote: “Estou absolutamente chocado com a negligência de Ursula von der Leyen no comando do início da vacinação nos últimos meses”. Detalhe: os social-democratas fazem parte, no sistema de coalizão, do governo de Angela Merkel, a grande eleitora de von der Leyen para a Comissão Europeia. Pois são os social-democratas que estão pedindo a cabeça dela, em termos nada gentis. “Enquanto outros países, como a Grã-Bretanha, encomendavam grandes quantidades de vacinas meses antes, a UE sob o comando de Ursula von der Leyen fracassou em agir a tempo e depois se enrolou em cláusulas contratuais com companhias farmacêuticas”, fuzilou Jörg Meuthen, um dos líderes dos social-democratas.

“Ser responsável também significa assumir a responsabilidade. Isso é o que Frau von der Leyen deveria fazer agora. Ela causou muitos prejuízos não só à Alemanha, mas a toda a União Europeia”. Enquanto isso, os tabloides ingleses deitam e rolam com a oportunidade imperdível de espetar os alemães, em particular, e europeus, em geral. “Nossos vizinhos e amigos”, como diz Boris Johnson, cujos pecados estão sendo temporariamente perdoados, estão se dando mal. Schadenfreude, a alegria secreta sentida quando os próximos de ferram, nunca foi tão pouco secreta.

Blog MundialistaVilma Gryzinski, jornalista  - Revista VEJA

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

'O bom do silêncio” e outras notas de Carlos Brickmann

Abraham Lincoln disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida



Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

Bolsonaro disse que não adianta exigir dele a postura de estadista porque não é estadista. Ele tem razão — e nem precisava ter dito. Aliás, há muita coisa que não precisava ter dito. Não precisava fazer brincadeira com motosserra, aludindo à questão do desmatamento. No duro mundo dos negócios, em que agricultores europeus menos eficientes que os brasileiros adorariam proibir as importações de carne e grãos “produzidos em áreas desmatadas da Amazônia”, a brincadeira se transforma em coisa séria. O agronegócio brasileiro não tem nada a ver com o pessoal que desmata a Amazônia, garimpeiros e madeireiros ilegais. Mas vá explicar esse fato a quem está feliz com a oportunidade de recuperar seu mercado perdido.

A imprensa europeia já chamou Bolsonaro de Borat, já disse que os brasileiros querem cultivar pastos e soja na Amazônia desmatada, já pediu sanções contra o Brasil (no grupo está a maior revista alemã, Der Spiegel), já obteve a suspensão das doações alemãs e norueguesas à preservação da floresta (“por que doar dinheiro para conservar as matas a um Governo que não quer preservá-las?”). Bolsonaro já ignorou o chanceler francês, acusou a Noruega de matar baleias por meios cruéis (é verdade mas, se eles não têm autoridade moral, têm influência política), sugeriu que os alemães reflorestem seu país o que eles já fizeram faz tempo. Quem fala demais dá bom-dia a cavalo. O pior é que nós é que pagamos a conta.

Questão de imagem
Bolsonaro passou a impressão de que seu Governo não se importa com o meio-ambiente e não gosta de índios. Resultado: exatamente aquelas ONGs europeias de que ele não gosta ganharam espaço para divulgar suas versões (exageradas) sobre desmatamento. De acordo com o Banco Mundial, 94% da Amazônia estão intactos. Mas em negócios o que vale é a versão — no caso, a de que a floresta tropical já está em agonia. E o que se disser sobre maus-tratos a índios vai valer como verdade. Há pouco tempo, informou-se que garimpeiros tinham invadido a terra dos índios wajãpi, no Amapá, e assassinado seu cacique Emyra. Líderes internacionais protestaram. Só que não há nenhum sinal de invasão na terra wajãpi. O cacique morreu, mas não há indício de assassínio.
Aldo Rebelo, ex-PCdoB, ministro de Lula e Dilma, adverte para as falsas acusações ao Brasil. O mundo como ele é.

A voz da América
Abraham Lincoln, notável presidente americano (e republicano, como Trump, ídolo de Bolsonaro), disse que é melhor se calar e deixar que os outros pensem que você é um idiota do que falar e acabar com a dúvida.

A dança das cadeiras
Não leve a sério as corporações que ameaçam se rebelar se Bolsonaro escolher um procurador-geral da República ou um diretor regional da Polícia Federal que não aprovem. Não vão se rebelar, não. As modificações vão ocorrer e já estão ocorrendo. O subsecretário-geral da Receita, José Paulo Fachada, foi exonerado, numa tentativa do secretário da Receita, Marcos Cintra, de manter o cargo. Mas não deve durar, apesar de ter demitido seu subsecretário. [não vai durar muito - sua obsessão pela volta da CPMF o abaterá.] E Paulo Guedes não se moverá para segurá-lo.
Com a passagem do Coaf para o Banco Central, seu presidente Roberto Leonel, escolhido pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, deve sair. Guedes disse que iria mantê-lo; mas, como o Coaf saiu da Economia, tudo mudou.

Abusos, sim
O Ministério Público e o ministro Sergio Moro pedem que Bolsonaro vete vários artigos da lei que pune abusos de autoridade. Devem ter razão em alguns pedidos, mas há pontos óbvios exigindo punição. Por exemplo, alguém, sem ser intimado, vê na porta de sua casa um forte aparato policial, que o detém e leva para depor, sem advogado — sendo que, por lei, poderia se recusar a fazê-lo. Ou quando as acusações vazam do inquérito para os meios de comunicação. [um exemplo, entre dezenas: caso das investigações do Coaf sobre as movimentações do Queiroz.]

Um bom exemplo: Eduardo Jorge, que foi secretário-geral do Governo Fernando Henrique, sofreu perseguição por parte de procuradores, que o acusaram de corrupção e vazaram as acusações para a imprensa. Ele abriu processo. Levou 17 anos, mas a União foi condenada a indenizá-lo em R$ 100 mil. E os procuradores que, agora comprovadamente, o perseguiram? Não vão pagar nada. Julgados por seus pares, um foi suspenso e um advertido. Ou seja, eles perseguiram e nós vamos pagar a conta da perseguição, com nossos impostos.

Os jatinhos do BNDES
Há certa confusão no ar: quem comprou jatos da Embraer com financiamento do BNDES (a juros baixíssimos) não cometeu ilegalidade, nem está na “caixa preta”. A Embraer teve apoio do BNDES para financiar suas vendas. Foram financiados 134 aviões em cinco anos.



Coluna de Carlos Brickmann -

Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja


quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Sem resposta simples

Vista de fora do Brasil, a onda bolsonarista desafia interpretações


Vista de Nova York, onde estou palestrando para investidores estrangeiros, a onda que levou Bolsonaro aos seus 50 milhões de votos no primeiro turno é uma jabuticaba política brasileira ou simplesmente a expressão de um fenômeno autoritário com variadas ramificações mundo afora?  Pelo menos três elementos a política brasileira tem em comum com ondas semelhantes na Ásia, Europa e Estados Unidos. Eles são: o descrédito e a desconfiança do eleitor em relação a instituições tradicionais, incluindo perda de credibilidade dos grandes órgão de imprensa; a presença de fortes redes sociais que impulsionam “outsiders”; uma situação de crise ou paralisia na economia (no caso brasileiro, a pior recessão em gerações).

Aos elementos acima teríamos de acrescentar partidos desmoralizados, sistema político destruído, e as consequências da Lava Jato como expressão de indignação e raiva que vem já desde 2013. Ou seja, aos elementos comuns a muitos países somam-se fatores domésticos de alta relevância.  O “fenômeno político Bolsonaro” atraiu enorme atenção fora do Brasil – e dificuldades de interpretação idem. O mínimo denominador comum encontrado entre publicações normalmente divergentes entre si (como The Guardian ou Economist), por exemplo, foi o de ressaltar perigos severos à democracia. A palavra “fascista” aparece em publicações como Der Spiegel, revista importante num país no qual esse vocábulo tem peso muito especial. Mesmo o Financial Times, que provavelmente tem a melhor cobertura do Brasil na grande imprensa internacional, vê na figura de Bolsonaro o prenuncio de tempos duros – a inversão de uma tendência, segundo o FT, que o Brasil também simbolizara ao sair do regime militar há mais de 30 anos.

Para comediantes da telinha americana como John Oliver, a eleição brasileira virou piada pronta, com a exibição das aberrações de propaganda eleitoral produzida por candidatos a deputado, passando por Lula na cadeia (aqui fora se acha mesmo piada que um presidiário surgisse como favorito nas pesquisas eleitorais) e chegando até algumas das frases mais contundentes de Bolsonaro – aqui, segundo o humorista, acaba a graça.

A “guerra cultural” brasileira invadiu também o espectro de opiniões nos Estados Unidos, com o reconhecendo em editorial que progressistas no mundo inteiro ingressaram em “estado de ansiedade” desde que os brasileiros deram votação tão expressiva a Bolsonaro. Mas não será o próprio eleitor brasileiro que sabe melhor que ninguém de qual candidato precisa?, indagou o WSJ.

Quanto aos investidores estrangeiros, concentrados em grande número em Nova York, a política brasileira se resume a uma pergunta: “Can he deliver?” – Bolsonaro consegue entregar o que precisa ser feito, na perspectiva de quem pretende pôr dinheiro no nosso país, ou seja, ele consegue as reformas necessárias para atacar a questão do gasto público e a recuperação da capacidade de investimento na economia?

Confesso que não consegui dar a eles uma resposta simples. É óbvio que a onda do fim de semana passado mudou bastante a política e sugere desdobramentos de alcance maior do que a capacidade de se construir maiorias para votações na Câmara dos Deputados. A onda desenha uma oportunidade que pode ser ampliada com o “capital político”, como gostam de dizer os economistas, que Bolsonaro está acumulando. Soa esperançoso? Depende para trazer resultados de uma capacidade de articulação e liderança políticas que até agora ninguém demonstrou.

William Waack -  O Estado de S. Paulo


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Hipocrisia do PT

Denúncia: as provas de que, no caso Petrolão, o PT reclama que fazem com ele que ele fez com o… PSDB!

Uma reunião entre o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, e advogados de envolvidos na Operação Lava Jato marcou um encontro a que chamam de mau lobby: nada transparente. O que foi tratado naquela reunião? Os representantes das empreiteiras, e o governo petista, querem fulminar as investigações do Ministério Público Federal. Pretendem dizer que o MPF, e seu cacique Janot, atropelaram o rito jurídico: e teriam ido ao exterior, investigar os trambiques da Petrobras, sem passar pelo departamento de recuperação de ativos, o DRCI.
Ministro Cardozo tenta ser no governo Dilma o que Thomaz Bastos foi no governo Lula e no MENSALÃO - PT = Advogado Geral de bandidos

Se o rito jurídico não for seguido à risca, a Petrobras destroi com dois palitos o que o MPF fez. O blog vai provar que o governo do PT não quer que façam com ele o mesmo que ele fez com o PSDB. Porque, quando o caso Alstom (que tisna os tucanos) explodiu sob o governo Lula, o aparato petista deixou acontecer toda a sorte de ilegalidades para queimar os tucanos. É o clássico caso de dois pesos e duas medidas.

A prova disso está no livro Assassinato de Reputações, que escrevi com Romeu Tuma Jr, ex-secretário de Justiça do presidente Lula. O mesmo órgão que denunciou as contas do HSBC na Suíça aponta o livro como seminal, numa lista dos EUA:
http://www.icij.org/blog/2012/11/icijs-investigative-reading-list

Há no livro um capítulo chamado: ““Dr. Tuma Jr: fulmine o Serra e os tucanos com o dossiê Alston”

O capítulo prova como o PT montou uma máquina de ilegalidades para destruir a oposição ao arrepio da lei.. É o que o PT tenta provar ( mas não consegue) que fazem com o partido hoje (mas não fazem).

Confira trechos de Romeu Tuma Jr no livro:
 "Vou explicar sucintamente o Caso Alstom, antes de entrar no  lance de como quiseram, no íntimo do PT, que eu fizesse uma ponta no espetáculo, enquanto secretário nacional de Justiça.
  O caso estourou no The Wall Street Journal e na revista alemã Der Spiegel. Era uma série de denúncias de pagamento de propina feita pela empresa francesa Alstom a vários políticos brasileiros  tucanos. A Alstom teria desembolsado US$ 6,8 milhões em propinas para conseguir obter um contrato de 45 milhões de dólares na expansão do metrô de paulista.
Entre 1998 e 2001  pelo menos 34 milhões de francos franceses teriam sido pagos em propinas a autoridades governamentais do governo do Estado de São Paulo e a políticos paulistas utilizando-se empresas offshore. Os pagamentos teriam sido feitos utilizando-se o esquema de contratos de ‘consultoria de fachada’. O valor das “comissões” supostamente pagas pela Alstom em troca da assinatura de contratos pelo governo do Estado de São Paulo chegaria a aproximadamente R$ 13,5 milhões. Segundo o Ministério Público da Suíça, pelo cruzamento de informações, esses trabalhos de “consultoria” foram considerados como sendo trabalhos fictícios.

O TCE (Tribunal de Contas do Estado) julgou irregular uma compra de 12 trens da Alstom, no valor de R$ 223,5 milhões, feita sem licitação pela CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa do governo de São Paulo. O contrato foi assinado em 28 de dezembro de 2005, no governo de Geraldo Alckmin.
Segundo a Der Spiegel, a Alstom vinha sendo acusada pelo governo suíço de ter pago, em 1998, através da empresa panamenha Compañía de Asesores, propinas no valor de 200 milhões de dólares a integrantes do governo brasileiro para obter a concessão da Usina Hidrelétrica de Itá no Brasil num contrato de 1,4 bilhão de dólares.
 Documentos auditados na Suíça, pela empresa de auditoria KPMG Fides Peat, mostram que ultrapassa a US$ 31 milhões o montante destinado pela Alstom a contas offshore, localizadas em paraísos fiscais e que foram usadas para pagar suborno a políticos em quatro países, dos quais a maior parte foi destinada ao governo de São Paulo, na gestão Geraldo Alckmin, para obtenção de contratos com estatais. A multinacional também enviou parte desses dólares para Cingapura, Indonésia e Venezuela.


Um prato cheio para o PT de Lula, não?
Logo me avisaram: se tudo isso vazasse, ia pegar o Kassab e o PSDB na campanha. Isso foi na reeleição, quando o Kassab bateu a Marta, ou um pouco antes.
  Eles começaram a me pressionar para deixar vazar a informação e me neguei. O  ministro da Justiça Tarso Genro estava me pressionando pessoalmente…vinha à minha orelha como um grilo falante… aliás vinham também os deputados petistas, esperneantes, e com noções jurídicas e éticas muito vagas, estrilando  que era para deixar sair essa história toda na mídia… mas eles me conheciam, e sabiam que não sou um cara que dá muita corda pra dossiê…mas prosseguiam.
Para mim ninguém vinha oferecer propina porque senão eu metia o cara em cana, prendia em flagrante. Sabedores disso, eles chegavam em um tom, tentando dizer que na verdade estavam brincando: “Vamos tomar uma coisa aí…basta pegar esse cara de São Paulo. Aí, e esse negócio da Alston que o senhor está investigando…”

 São aquelas insinuações na brincadeira para testar…porque  não tinham peito de falar comigo de uma forma séria porque  sabiam que eu podia prendê-los.
 Começou a sair na imprensa que vinha informação da Alstom que envolvia os tucanos. Cobrei a Suíça através da embaixada… eles falaram que estavam de posse da informação, mas que não tinham tido  tempo de mandar. Já estavam começando a vazar, no Brasil, as informações que não tinham chegado nem para a minha Secretaria Nacional de Justiça.
  Falei ao Tarso Genro: “Ministro,  eles tinham que respeitar a autoridade central brasileira que é a Secretaria Nacional de Justiça”. Ficamos nesse rabo de foguete, mas eis que um dia a gente recebe o documento da Suíça, em nome da Secretaria. Falei para não mandarem para o Ministério Público ainda: “Lacrem o envelope, tragam para mim, e avisem ao ministro, porque chegou a bomba dos documentos da Alstom”, avisei.
O que tinha ali não vi. Mandei lacrar o envelope e pronto. O que falei aos meus subordinados foi: “Vamos testar quem é que vai vazar essa merda”. Tinha um feriado aqueles dia… falei para a diretora do departamento que não íamos abrir. Mas ela, é óbvio, já tinha lido o documento…passou o feriado, eu fiquei com o documento lacrado, por cinco dias, no gabinete.

 O Ministério Publico Federal me cobrou. Mandei-lhes o dossiê. Nós estávamos fazendo um teste para ver quando e se iria vazar isso. Mandamos para o Ministério Público de manhã. Quando é de tarde vai a Andrea Michael, da Folha de S. Paulo falar comigo. Perguntou se eu estava com o documento, falei que tinha ido direto para o Ministério Público. Logo depois foi ao meu gabinete a menina do Estadão, Sônia Filgueiras: “Secretário, sei que o senhor recebeu”. Respondi que não havia recebido e que desconfiava que a Suíça teria mandado para o MPF, o que era irregular. 

Como disse, eu havia mandado o documento para o Ministério Público logo de manhã. Diretamente para as mãos do Procurador Eugenio Aragão.  Eu queria pegar quem estava vazando. Quando eram umas dez da noite, me liga o ministro Tarso insinuando que eu teria vazado a história  para o Estadão..
 Respondi duro: “Eu, ministro? Não faço isso. Vou falar uma coisa para o senhor: sou responsável, não tenho interesse que isso vaze porque 70% dos meus casos estão na Suíça. Minha origem é a polícia, eu quero investigar, se eu vazar essa porra, a Suíça perde a confiança em nós e não vai mandar mais nada. Os caras que eu quero pegar vão embora e isso vai estragar a investigação, pô! Eu falei para o senhor na semana passada que os documentos já tinham chegado. Eles estão há seis dias comigo, eu mandei hoje para o Ministério Público e logo vem a notícia do vazamento. E arremato com muita franqueza: - Quem vazou está trabalhando muito bem para ajudar a esconder os verdadeiros ladrões da ALSTOM”.
O ministro devolveu: “Mas é que me ligou um diretor da  Folha  cobrando que a Andrea Michael lhe procurou, mas você preferiu passar para o Estadão”. O ministro  estava irado, mas argumentei que eu era policial, não político, e que jamais tornaria públicos documentos dessa natureza. 

O ministro me informou que iam dar a matéria já no outro dia. Então eu falei que ele tinha que ir em cima do Ministério Público, porque lacrei por seis dias, não vazei, e a Suíça nunca mais iria me dar informação, que tinha um compromisso, nosso acordo era que não podia vazar documento, etc, etc, etc.
O procurador Rodrigo de Grandis reclamou, com razão, do vazamento e disse que  mandaria instaurar inquérito. Eu é quem fazia questão do inquérito…ele achava que era eu que tinha vazado, cobrei dele a instauração, nós íamos descobrir. Ficou um clima muito ruim. Foi uma sacanagem.
Pena que não instauraram o inquérito. Ficou só na ameaça. Adivinha quem tinha vazado? A secretária do Procurador, ela era assistente do Eugenio Aragão,  Subprocurador Geral da República, para quem eu encaminhei os documentos reservados…
Leia também:

Fonte: Blog do Claudio Tognolli