O dito pelo não dito
Onde
se leu: o presidente Jair Bolsonaro ordenou ao Ministério da Defesa que
comemore em todos os quartéis do país a passagem de mais um aniversário
do golpe militar de 64; Leia-se agora: não foi
comemorar. Foi rememorar, rever o que está errado, o que está certo e
usar isso para o bem do Brasil no futuro, disse Bolsonaro, corrigindo
seu porta-voz.
Onde se leu: Bolsonaro
atribui a “problemas pessoais” a irritação com ele do presidente da
Câmara, o deputado Rodrigo Maia, que respondeu mandando que ele parasse
de brincar de presidir o país; Leia-se agora: "o desentendimento entre os dois foi uma passageira chuva de verão” e é “página virada”, como afirmou Bolsonaro.
Onde se leu: Bolsonaro irá transferir de Tel Aviv para Jerusalém a embaixada do Brasil em Israel; Leia-se agora: Bolsonaro
admite que o Brasil poderá abrir em Jerusalém um escritório de negócios,
mantendo sua embaixada em Tel Aviv.
[comentário: a maior parte dos que fazem o Blog Prontidão Total é formada por BOLSONARISTAS da primeira hora, quando a candidatura do capitação era considerada uma piada.
A condição de BOLSONARISTAS da qual nos orgulhamos - acreditamos que o governo do nosso presidente Jair Bolsonaro será exitoso, bastando para tanto que ele comece a governar e em 2021, com as bênçãos de DEUS, a reeleição começará a se concretizar.
Por tudo isso, decidimos transcrever o Post 'trapalhadas do capitão', expressar nossa alegria pela última das trapalhadas apresentadas no exemplo, não ter se concretizado e nem se concretizará e ao mesmo tempo apresentamos uma outra, que é uma pergunta ao presidente e ao mesmo tempo um protesto:
- o que tem o presidente do Brasil, com reformas importantes em curso no Congresso, a fazer em Israel?
- qual a vantagem política e econômica - esse papo de vantagens tecnológicas não convence a ninguém, a tecnologia que talvez seja obtida lá, pode ser obtida facilmente em outros locais e sem necessidade do presidente do Brasil se afastar do governo - que a viagem do presidente Bolsonaro a Israel traz para o Brasil? (ele já fez uma viagem àquele País e não seja uma coisa que possa ser considerada a mais correta: sendo Católico Apostólico Romano, portanto, devidamente batizado, qual o sentido de ir a Israel para ser batizado por um pastor evangélico no rio Jordão? demonstrar o desejo de servir a dois senhores?)
O presidente Bolsonaro precisa cair na real e entender que sua presença, na quadra atual, é mais necessária no Brasil do que em qualquer outro ponto do planeta Terra.
Aproveitamos para reiterar nosso protesto com o absurdo que foi a concessão aos EUA, Japão e Austrália, da faculdade de entrar no Brasil sem vista, sem que haja reciprocidade.
É presidente, com um certo abatimento esperamos que quando o senhor assumir de vez o governo do Brasil compense a trapalhada de agora e a da semana passada.]
Por ora, em matéria de
retificações, é só. Mas amanhã será outro dia, e sob a pressão de novos
acontecimentos, ou dos filhos, ou do autoproclamado filósofo Olavo de
Carvalho, ou de qualquer comentário que leia no Twitter, Bolsonaro
sempre poderá retificar as retificações. A ninguém é dado mais
surpreender-se com o estilo errático do capitão, o maior fabricante de
crises que o Brasil já teve na presidência da República desde que dali,
por vontade própria, saiu Jânio Quadros em agosto de 1961 pensando em
logo retornar nos braços do povo e, de preferência, com o Congresso
fechado.
Os militares ficaram
pendurados na parede sem escada depois de Bolsonaro ter recuado do que
havia dito a respeito do aniversário do golpe. Foi distribuída a nota do
ministro da Defesa a propósito do movimento militar de 64 que deverá
ser lida nos quartéis. Ela exalta como um fato histórico o que ocorreu
há 55 anos. A resposta de Maia às
provocações que Bolsonaro lhe fez foi a aprovação pela Câmara de uma
emenda à Constituição que subtraiu poderes ao governo para remanejar
despesas do Orçamento da União. É fato que a decisão da Câmara ainda
será submetida ao crivo do Senado que poderá modificá-la, mas o estrago
foi feito.
Quanto à transferência ou
não da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, o
estrago se dará no outro lado do mundo. Mais precisamente na campanha à
reeleição do primeiro-ministro daquele país, Benjamin “Bibi” Netanyahu.
“Bibi” veio à posse de Bolsonaro certo de que a transferência da
embaixada se daria.
De volta a Israel,
faturou politicamente a decisão de Bolsonaro, para ver-se agora sem
chão. E os evangélicos que se comoveram com o batizado de Bolsonaro nas
águas do rio Jordão e lhe deram seus votos? Foi para agradá-los que
Bolsonaro prometeu trocar a embaixada de lugar.
Vida que segue. Governo que promete fortes emoções.
Blog do Noblat - Revista VEJA