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quinta-feira, 3 de março de 2022

CONSERVADORES, ATENÇÃO! - Percival Puggina

Alguns conservadores brasileiros compraram pelo preço de capa as manifestações em que Putin se apresenta como crítico do desmonte cultural, espiritual e moral do Ocidente
Essa convergência, porém, não faz de Putin um Dostoievski. 
Ele é um ex-agente de segurança soviético e russo que se vê como versão atualizada do “líder genial dos povos” (povos eslavos, bem entendido), investido da missão de reconstruir a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sem Soviete Supremo e com menos socialismo.  

Por ter sido antes aquilo que foi, ele conhece o apoio que os neomarxistas da Escola de Frankfurt receberam da URSS para fazerem das ciências sociais os modernos mísseis e tanques da guerra cultural. É exatamente por saber quão letais são essas “armas” que ele não as quer na Rússia. Mas isso não o converte num aliado do Ocidente, ou dos conservadores e/ou liberais do lado de cá.

O negócio de Putin é poder e quanto mais decaído for o Ocidente, quanto mais esquerdistas os Estados Unidos se tornarem, quanto mais tolerantes e molengas se fizerem Reino Unido e França, quanto mais os alemães se confiarem a pessoas como Mutti Merkel, melhor para ele. Tomem isto por autoevidente.[com este comentário, expressamos nossa concordância em gênero, número e grau,  com o que o articulista expressa.
Para evitar que alguns desavisados entendam o assentimento de agora, como revisão do nosso entendimento, afirmado em vários dos nossos comentários,  que Putin é conservador,  tradicionalista e nacionalista, DESTACAMOS que nossa escolha é ditada pela imperiosa necessidade de escolher alguém que represente posições tais como: "ser conservador, querer segurança jurídica, ter princípios e afirmar valores, exigir punição para quem rouba e outras assemelhadas"  e Vladimir Putin é das várias opções disponíveis a que melhor representa o conservadorismo tão essencial a melhora do mundo.
 
Nos tempos de Ronald Reagan tal representação caberia a ele e ao país que presidia - lembrando que Reagan foi o sucessor de um desastre conhecido por Jimmy Carter.  Com a saída de Ronald Reagan, se seguiram, os Bush, pai e filho, que a ele se igualavam, com ligeira vantagem para Reagan. O Bush pai, foi sucedido por Bill Clinton , que para felicidade do povo americano foi sucedido pelo Bush filho, com dois mandatos e como nada é perfeito, seu sucessor, Obama,  com dois mandatos foi um outro desastre.
 
Trump, o sucedeu, não o deixaram governar e 'perdeu' para Joe Biden, que defende tudo que não presta, tudo que qualquer cristão e conservador, tem o dever de combater.  É esse DEVER que torna Putin, mais conservador do que o esquerdista progressista que preside os EUA, a melhor escolha.] 
Quando Putin defendeu nossos direitos sobre a Amazônia brasileira, ele estava a defender, também, os direitos deles sobre a floresta russa, duas vezes maior do que a área total da Amazônia em nove países da América do Sul. 
Alguns dos maiores inimigos da Amazônia brasileira estão aqui mesmo, fabricando e fornecendo munição para os ataques determinados por aqueles que a cobiçam.

As relações brasileiras com a Rússia e com Putin devem preservar nossos interesses comerciais. Isso é uma coisa. Outra é o que Putin está a fazer, empurrando as próprias fronteiras sobre a Europa à custa de uma nação independente. A Ucrânia, sentindo-se ameaçada, tendo observado o que aconteceu na Crimeia, lendo nos jornais do mundo inteiro que um dia seria invadida pela Rússia, buscou abrigo na OTAN. Esse foi o motivo simbólico da invasão, mas a causa real é outra: o projeto pessoal de Putin.

Ser conservador, querer segurança jurídica, ter princípios e afirmar valores, exigir punição para quem rouba um telefone celular, é incompatível com aceitar que uma potência militar tome para si, na mão grande e violenta, uma nação inteira. “Ninguém é santo nesse jogo”, dizem alguns. Sim, e daí? Daí o povo Ucraniano, que lutou por democracia e liberdade no inverno de 2014, paga o pato? [uma realidade inevitável é que escolhas, quando erradas, tiram beneficios pelos que conquistados no passado. 
Um exemplo: os brasileiros quando elegeram, por duas vezes,  o 'coisa ruim', o luladrão descondenado e petista, e bisaram a escolha com a 'engarrafadora de vento', Rousseff, perderam muito do conquistado em outras ocasiões e que agora começam a recuperar - apesar das adversidades que surgem e que certamente serão vencidas.
Da mesma maneira, o povo ucraniano, no instante que decidiu eleger um incompetente, um cidadão propenso a arrumar encrencas para os outros resolverem = guerras para os outros guerrearem - colocou a perder tudo, ou quase tudo,  do conquistado. 
Sempre colhemos o que plantamos.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


quinta-feira, 26 de março de 2015

Cuidado! A turma GLBT e assemelhados podem considerar sua opinião sobre Rock Hudson discriminação e conseguir te condenar a pagar R$ 1.000.000,00



No Brasil atual a turma LGTB sempre tem razão, é sempre a vítima e  não precisa provar as acusações que faz

Rock Hudson e o compadrio

Por: Luis Fernando Veríssimo, escritor – O Estado de São Paulo

No Brasil há mitos ruindo por todos os lados, incluindo alguns que o PT criou sobre si mesmo
Sou de uma geração que nunca se recuperou da revelação de que o Rock Hudson era gay. Entende? Nada contra ser gay, declarado ou disfarçado. Cada um use seu corpo e siga suas preferências sexuais como quiser, ninguém tem nada com isso.

Mas é que o Rock Hudson representava, na sua época, um ideal de masculinidade inquestionável. Até o seu nome inventado (Roy Harold)  Rock transmitia uma ideia de macheza esculpida em pedra, para sempre. E de repente descobrimos que até as coisas mais evidentes podem não ser o que parecem.

Se o Rock Hudson era gay, todas as nossas certezas estavam ameaçadas (abro parênteses para sugerir que eu talvez seja uma das últimas pessoas do mundo que sabem quem foi o Rock Hudson. Ator americano.  Trabalhou em alguns filmes com a atriz e cantora Doris Day, de quem o Groucho Marx disse, certa vez, que a conhecera antes de ela ser virgem, outra desilusão). Enfim, dizia eu quando me interrompi tão rudemente, nunca mais acreditamos inquestionavelmente em mais nada. [qualquer menção a Rock Hudson traz à lembrança a maravilhosa série policial McMillan e Esposa, com ele Susan Saint James nos papéis principais.]

Com uma exceção. Entre as poucas certezas que sobreviveram ao choque de saber que o Rock não era tão rock assim estava a da inviolabilidade das contas numeradas na Suíça. Podia-se especular sobre quem tinha ou não tinha conta numerada num banco suíço, mas jamais esperar que se descobrisse quem. Agora ruiu mais este mito. Os nomes estão saindo nos jornais.

Temos o direito de nos sentirmos um pouco como aquele irmão Karamazov do romance do Dostoievski que, no meio de uma bebedeira, proclama: “Se Deus não existe, tudo é permitido!” Anos mais tarde o Nelson Rodrigues se apropriou da frase e escreveu: “Se Vinicius de Moraes existe, tudo é permitido!” Podemos propor uma terceira versão: se não se pode mais confiar nem na discrição fiduciária dos suíços, nada é sagrado!  No Brasil há mitos ruindo por todos os lados, incluindo alguns que o PT criou sobre si mesmo. O mito neoliberal da competição como tônico de um mercado livre e autorregulável só sobrevive porque seus pregadores desdenham do óbvio.

O que estamos vendo nessa meleca toda, empreiteiras formando cartéis para participar de licitações combinadas e comprando favores e contratos de corruptos com propinas milionárias, se não uma espécie de apoteose feérica do capitalismo de compadres em ação? O compadrio odeia a competição. Talvez, na próxima passeata, uma das faixas possa aludir a isso.

Postado por: Cézar Henriquez