No Brasil atual a turma LGTB sempre
tem razão, é sempre a vítima e não
precisa provar as acusações que faz
Rock Hudson e o compadrio
Por: Luis Fernando Veríssimo,
escritor – O Estado de São Paulo
No Brasil
há mitos ruindo por todos os lados, incluindo alguns que o PT criou sobre si
mesmo
Sou
de uma geração que nunca se recuperou da revelação de que o Rock Hudson era
gay. Entende? Nada contra ser gay, declarado ou disfarçado. Cada um
use seu corpo e siga suas preferências sexuais como quiser, ninguém tem nada
com isso.
Mas é que
o Rock Hudson representava, na sua época, um ideal de masculinidade
inquestionável. Até o seu nome inventado
(Roy Harold) — Rock — transmitia uma ideia de macheza esculpida em pedra, para sempre. E
de repente descobrimos que até as coisas mais evidentes podem não ser o que
parecem.
Se o Rock Hudson era gay, todas
as nossas certezas estavam ameaçadas (abro parênteses para
sugerir que eu talvez seja uma das últimas pessoas do mundo que sabem quem foi
o Rock Hudson. Ator americano. Trabalhou
em alguns filmes com a atriz e cantora Doris Day, de quem o Groucho Marx disse,
certa vez, que a conhecera antes de ela ser virgem, outra desilusão). Enfim, dizia eu quando me interrompi tão rudemente, nunca mais
acreditamos inquestionavelmente em mais nada. [qualquer
menção a Rock Hudson traz à lembrança a maravilhosa série policial McMillan e
Esposa, com ele Susan Saint James nos papéis principais.]
Com uma exceção. Entre as poucas certezas que
sobreviveram ao choque de saber que o Rock não era tão rock assim estava a da inviolabilidade das
contas numeradas na Suíça. Podia-se especular sobre quem tinha ou não tinha
conta numerada num banco suíço, mas
jamais esperar que se descobrisse quem. Agora ruiu mais este mito. Os nomes
estão saindo nos jornais.
O que estamos vendo nessa meleca toda, empreiteiras formando cartéis para participar de licitações combinadas e comprando favores e contratos de corruptos com propinas milionárias, se não uma espécie de apoteose feérica do capitalismo de compadres em ação? O compadrio odeia a competição. Talvez, na próxima passeata, uma das faixas possa aludir a isso.
Postado por: Cézar Henriquez
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