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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Militares: Desordem unida - Dilma recua e devolve atribuições a comandantes militares



 Podemos considerar tudo uma ‘baianada’, já que a responsável pela c ***** foi a ‘Dilma Baiana’ – legitima esposa do segundo em comando no MST
Com a correção, competência para atos relativos a pessoal fica delegada ao ministro da Defesa, mas está permitida a 'subdelegação aos comandantes das Forças Armadas' O governo publicou no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira, 10, uma retificação do Decreto 8.515, publicado na sexta-feira, 4, da semana passada. O decreto tirou poder dos comandantes das Forças Armadas de editar atos relativos a pessoal militar, como transferência para a reserva remunerada de oficiais superiores, intermediários e subalternos, reforma de oficiais da ativa e transferências para o exterior. 

Com a correção de hoje, a competência para esses atos fica delegada ao ministro da Defesa, mas está permitida a "subdelegação aos comandantes das Forças Armadas", o que na prática devolve aos titulares do Exército, Marinha e da Aeronáutica o poder de editar esses atos, conforme o Estado antecipou ontem.

 Planalto vai publicar errata de decreto  que tira poder de militares

Dilma retira poderes dos militares e é obrigada a recuar para não enfrentar nova crise. E logo com quem
Edição de decreto retirando poderes dos comandantes militares quase provoca uma crise desnecessária ... com as Forças Armadas. É mais uma amostra da forma atabalhoada com que Dilma conduz o governo.

A falta de rumo do governo Dilma Rousseff não é mais novidade para ninguém. Na última semana, não bastassem os problemas com o Congresso e a crise na economia, a presidente conseguiu a proeza de despertar a ira dos setores militares – que estavam quietos até então. Em mais uma demonstração da forma errática com que conduz o Brasil, na sexta-feira 4, Dilma assinou um decreto retirando dos comandantes militares o poder de decidir questões internas das Forças Armadas, como designação e dispensa de militares para missão no exterior, reforma de oficiais da ativa e da reserva, demissões e até promoção aos postos de oficiais superiores. 

Para a surpresa dos comandantes, as atribuições passariam para o petista Jaques Wagner, atual ministro da Defesa, que poderia, a seu critério, subdelegar as funções aos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica. A decisão de tirar poderes dos comandantes e colocar um civil partidário da presidente à frente de questões importantes para a atividade militar criou um clima de revolta nas Forças Armadas. O comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que estava ocupando o cargo de ministro interino da Defesa, e que viu seu nome publicado no Diário Oficial endossando o decreto, disse que não sabia da existência dele. “O decreto não passou por mim. Meu nome apareceu só porque eu era ministro da Defesa interino. Não era do meu conhecimento”, disse o comandante.

Os militares reagiram e ameaçaram tomar posição na crise política que aflige o Planalto, tornando-se mais um setor a trabalhar nos bastidores pela saída de Dilma Rousseff do comando do País. Para evitar um novo dissabor, a presidente não teve outra alternativa senão recuar. Cinco dias depois da publicação do decreto, o ministro Jaques Wagner disse que o governo faria uma errata devolvendo as prerrogativas confiscadas dos militares. As idas e vindas expuseram mais um erro de gestão presidencial. Embora o recuo tenha acalmado os ânimos da tropa, a tentativa de esvaziar o poder e a independência das Forças Armadas justamente no momento de crise política grave foi mal interpretada internamente.
 
Até porque, a proposta de decreto estava na Casa Civil havia três anos e nunca foi tirada do papel. “Há uma preocupação de que este decreto, que estava dormindo há anos, foi resgatado por algum radical do mal ou oportunista, com intuito de criar problema”, disse um oficial-general, ao lembrar que a publicação do texto foi “absolutamente desnecessária”. 

Os militares acusam a secretária-geral do Ministério da Defesa, petista Eva Maria Chiavon, de articular a edição da regra. Ela é casada com o número dois do Movimento dos Sem Terras, Francisco Dal Chiavon. Além de ser mulher do sub do MST, Eva Chiavon é uma velha conhecida da população baiana. Com a alcunha de “Dilma da Bahia”, pelo estilo de gerentona, Eva é acusada de validar uma série de licitações sob suspeita de irregularidades, quando respondia pela Casa Civil do governo da Bahia, comandado pelo petista Jaques Wagner.

SURPRESA
Comandante da Marinha, Eduardo Bacellar, viu seu nome endossando o decreto e não gostou
Um general ouvido por ISTOÉ lembra que as relações entre os governos petistas e os militares sempre foram conturbadas, com períodos de calmaria. Em 2010, dois assuntos criaram atritos entre o Planalto comandado por Lula e o setor. O primeiro foi em relação à compra de caças. O governo avisou que iria ignorar o parecer da Aeronáutica sobre os melhores aviões e realizaria aquisições com caráter político. Os militares reagiram e a compra foi adiada. O segundo impasse, esse bem mais grave, ocorreu quando os militares decidiram desobedecer às orientações do então ministro Nelson Jobim para discutir os casos de abuso de direitos humanos dentro de quartéis das Forças Armadas nos anos de ditadura. Apesar das divergências na era petista, ninguém esperava uma tentativa mal ensaiada da presidente de reduzir os poderes da tropa interferindo em suas decisões.

Transcrito do Blog do Sombra

sábado, 10 de janeiro de 2015

Na hora da verdade que valor tem o Ministério da Defesa? e o ministro da Defesa? que chefia o que nada vale

Jaques Wagner: um sindicalista no ninho militar

O Ministro da Defesa, no sistema estratégico de poder no Brasil, é tido como uma uma espécie de rei que reina, mas não governa

Nada mal a largada do ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, em seu novo endereço na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, neste começo de segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Se comparada com a trombada da infeliz e desastrada estreia de seu colega do Planejamento, Nelson Barbosa, o ex sindicalista do Pólo Petroquímico de Camaçari, que agora comanda os militares das três armas no Ministério da Defesa, saiu ganhando de lavagem.

Ressalve-se: esta é uma espécie de corrida de fundo. Longa, exaustiva e cheia de múltiplos e inesperados obstáculos e cascas de bananas jogadas na pista para escorregões e derrapagens. Quando não aparece um "maluco”, de repente, para segurar o corredor, como na maratona da Olimpíadas, em Atenas, impossível de esquecer. Quem sai na frente, nem sempre vence.

É bom observar a certa distância, "guardadas as proporcionalidades e relevâncias factuais”. Assim recomendava o mestre Juarez Bahia, no comando da Editoria Nacional do Jornal do Brasil, na saudosa redação da sede na Avenida Brasil, no Rio, que se irradiava com brilho e inteligência país afora. ”É preciso o máximo rigor técnico e profissional ao dimensionar os fatos que disputam espaços na edição do dia seguinte. É erro palmar de avaliação, em jornalismo, imaginar que a Bahia, Brasília ou mesmo o Brasil são o centro do mundo”, ensinava Bahia.    

É recomendável também (principalmente quando se opina), guardar uma margem de segurança necessária para evitar riscos de balas perdidas, no tiroteio das feiras de vaidades ou ataques insanos com as marcas da cegueira política, religiosa ou ideológica (o alvo a atingir é quase sempre é a liberdade de expressão), a exemplo da tragédia de quarta-feira,7/1, na redação do semanário Charlie Hebdo ( e seus desdobramentos), em Paris, que feriu de morte o coração livre e libertário da França e do planeta.


Sem a intenção de exageros retóricos, ou de produzir piadas de caserna, nos moldes da tradicional revista Seleções Readers Digest (tão apreciada pelos militares), o fato é que o ex ocupante do Palácio de Ondina deu indicações de que sabe mexer as pedras do jogo de Xadrez. Ou, mais provavelmente, andou consultando o clássico livro “A Arte da Guerra”, escrito pelo general chinês Sun Tzu, considerado “a Bíblia da estratégia”.
Antes da volta da inflação, uma edição de bolso podia ser adquirida por menos de R$ 10. Desconheço o preço atual. A última vez que comprei um exemplar de  A Arte da Guerra faz tempo. Para presentear o jornalista e amigo Ricardo Noblat (já com a ideia do blog político fervilhando na cabeça), quando de sua passagem pelo comando do jornalismo de A Tarde, em Salvador.

Esta semana, depois de duas reuniões no mesmo dia no Palácio do Planalto (uma delas fora da agenda oficial), o novo titular da Defesa obteve da mandatária petista, o anúncio de uma vez só - através de nota curta e grossa, produzida pela Secretaria de Imprensa da Presidência – a troca dos comandantes das Forças Armadas, acompanhada dos nomes dos novos chefes das três armas.

É a primeira troca no comando militar feita por Dilma, que não havia mexido ainda nos chefes da guerra, herdados do ex-presidente Lula. Cito os nomes para efeito de argumentação opinativa a seguir: O almirante Eduardo Bacellar Leal comandará a Marinha. O general Eduardo Dias da Costa Villas Boas mandará no Exército. O brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato comandará a Aeronáutica. Dilma agradeceu a “competência e dedicação” dos ex Júlio Soares de Moura Neto (Marinha), Enzo Martins Peri (Exército) e Juniti Saito (Aeronáutica). E ponto.

O caso do brigadeiro Saito, na chefia da Aeronáutica desde 2007, merece destaque, porque emblemático. Ele é tido, no meio, como um “detonador de ministro” desde a queda de Waldir Pires no Governo Lula, quando Dilma chefiava a Casa Civil. Já havia declarado seu desconforto desde a confirmação de Wagner. Piorou tudo com as declarações do novo ministro ao receber o relatório baiano da Comissão da Verdade, e falar sobre o papel de militares e “certos civís” na época da ditadura. Saito antecipou que iria sair da sua chefia. Mas era notório na caserna que ele tinha na manga da farda o nome preferido para sua sucessão na Força Aérea: o do brigadeiro Hélio Paes de Barros Junior. Perdeu a batalha.

O Ministro da Defesa, no sistema estratégico de poder no Brasil, é tido como uma uma espécie de rei que reina, mas não governa.

Dirige um órgão da administração civil cercado de militares por todos os lados. Um faz de conta que os ministros, em geral, fingem não entender para viver bem com os militares. Isso inclui toda mordomia que se possa imaginar: um gabinete com instalações de cinema (o melhor e mais confortável da Esplanada). Seguranças em tempo integral, ajudantes de ordem para tudo, durante 24 horas por dia, dentro e fora do ministério, em viagens nacionais e internacionais frequentes, e de dar inveja até em diplomatas. 

Restaurantes de primeira linha, taifeiros que fazem, inclusive, o serviço doméstico nas casas, tanto dos comandantes das Forças, como do Ministro da Defesa, se estes assim desejam. Um pequeno paraíso para Wagner (e dona Fátima, ex- primeira dama da Bahia, evidentemente) desde que não queira mandar nos chefes militares. Na primeira batalha, como se viu, deu Wagner. Mas a guerra está apenas no começo. A conferir.

Por: Vitor Hugo Soares É jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. 
E-mail: vitor_soares1@ terra.com.br