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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Polícia Civil exige equiparação com a PF considerando um aumento salarial daquela corporação que ainda não foi aprovado pelo Congresso - portanto, ainda é só um projeto



Com negociações travadas com o GDF, policiais civis fazem assembleia hoje
Impasse em torno do reajuste salarial da Polícia Civil pode provocar crise na área. Como pressão, 100 delegados e 1 mil agentes prometem deixar as suas funções, além de parar investigações



Policiais civis contrariaram decisão judicial e, em 4 de agosto, fizeram manifestação diante do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha: pressão por paridade com a Polícia Federal
Pergunta que não quer calar:
E a multa a qual os sindicatos foram condenados pela greve e pela manifestação em área proibida? Vai ser cobrada ou perdoada?


Delegados e policiais civis estão dispostos a radicalizar o movimento por reajuste salarial a partir de hoje. Insatisfeitos com as negociações com o Executivo local, que não apresentou nova proposta de paridade com a Polícia Federal em reunião realizada na manhã de ontem, 100 delegados e cerca de 1 mil agentes com posição de chefia ameaçam entregar os cargos. Para tensionar o movimento, convencem servidores a recusarem ocupar cargo em comissão. Além disso, não descartam nova greve.


A categoria pleiteia a manutenção da paridade com a Polícia Federal e quer os mesmos 37% de reajuste em três anos, conforme concedeu o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), à corporação nacional — o aumento ainda depende de aprovação do Congresso Nacional. Policiais civis alegam que a corporação brasiliense e a Polícia Federal têm o mesmo regime jurídico, a Lei Federal nº 4.878, de 1965. A Polícia Militar é regida pela Lei Federal nº 10.486/2002, que trata da remuneração dos militares.

As decisões serão tomadas em assembleia prevista para as 14h, em frente à sede da Polícia Civil. Na manhã de ontem, o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio; a secretária de Planejamento e Orçamento (Seplag), Leany Lemos; e o secretário de Fazenda, João Fleury, se reuniram com representantes do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol) e do Sindicato dos Delegados de Polícia (Sindepo) no Palácio do Buriti. O encontro terminou sem o GDF apresentar proposta de reajuste. Hoje, o GDF trabalha com a expectativa de terminar o ano com um déficit de R$ 1,4 bilhão no orçamento, além da dívida herdada com fornecedores, na casa de R$ 1,3 bilhão. Por isso, segundo o Executivo local, não há margem para mais endividamentos. “A situação não nos permite aumento de despesa sem novas receitas. Ainda precisamos arrumar recursos na ordem de R$ 1 bilhão para fechar o ano”, explicou Sampaio.

Segundo ele, por esse motivo, o governador se reuniu na última sexta-feira com Michel Temer para abrir novas frentes de obtenção de recursos. “Nós encontramos uma situação muito drástica, em que consumimos 81% de tudo que entra nos cofres com pessoal. Aumentar isso pura e simplesmente é uma irresponsabilidade, porque a população não poderá ser atendida naquilo que é mais básico”, ressaltou o chefe da Casa Civil. “Esperamos que a Polícia Civil tenha maturidade e responsabilidade de entender esse momento”, concluiu.

A apresentação do contexto econômico, no entanto, não foi suficiente para os policiais. Segundo eles, a despesa única que garante o reajuste salarial com Polícia Federal é o Fundo Constitucional, que terá ampliação de R$ 800 milhões a partir de 2017. Na tarde de ontem, o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, se reuniu com a cúpula da corporação. A regra era para que nenhuma decisão fosse tomada de forma unilateral. À noite, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg, chamou Seba para um encontro a portas fechadas. O Correio apurou que a Polícia Civil está dividida em dois grupos: um com intenção de ver o caos na corporação; e outro que busca a paridade com a PF e entende que precisa dar uma reposta a Rollemberg sem abandonar a corporação.

Meio-termo
Para o presidente do Sinpol, Rodrigo Franco, não houve nenhum avanço no diálogo; por isso, haverá entrega dos cargos de chefia. “A partir de amanhã (hoje), a Polícia Civil ficará acéfala, sem comando. Não há motivação nenhuma para os policiais civis desenvolverem as suas atividades. Nós esperávamos um mínimo de avanço. Pelo contrário, houve recuo nas negociações”, alegou.

O diretor do Sindepo, Rafael Sampaio, se mostrou surpreso pela falta de propostas do governo. “Achávamos que teríamos algo. Não o que a gente queria, mas um meio-termo. O mínimo seria a manutenção da paridade até 2019. E o governo dizer que não tem nenhum centavo para garantir o reajuste para a Polícia Civil no ano que vem, entendemos como uma absoluta falta de sensibilidade”, reforçou. “Nunca vivemos uma situação como essa. Nunca tínhamos tido paralisação de delegados e vivido entrega de cargos. A instituição viverá um caos. As investigações serão todas limitadas por falta de pessoal e de recursos materiais. Nós não vamos trabalhar extra se o governo não quiser recompor perdas inflacionarias”, acrescentou.

 Fonte: Correio Braziliense

domingo, 8 de março de 2015

O homem da mala da Camargo Corrêa

Por quatro décadas, o administrador João Paulo dos Santos distribuiu US$ 300 milhões em propinas em nome da empreiteira Camargo Corrêa.  

Agora, aos 82 anos, depois de se sentir traído por dirigentes da empresa, ele resolveu abrir o jogo

O contador e administrador de empresas João Paulo dos Santos, 82 anos, trabalhou de 1951 a 1993 na Camargo Correa. Graças à eficiência do seu trabalho, tornou-se um homem de confiança de Sebastião Camargo, fundador da empresa. Ele ocupava a sala ao lado do gabinete do presidente e logo conquistaria outro privilégio que dá a medida da relação estabelecida com o todo poderoso da Camargo: recebeu a senha do cofre da empresa. Depois de obter essa distinção, passou a gerenciar as contas bancárias de todas as obras tocadas pela empreiteira. Oficialmente, Santos ocupou a diretoria financeira da empresa. Sua tarefa mais importante, porém, não foi registrada no expediente. Por razões óbvias. Santos era o homem da mala, responsável pelo Caixa 2 que abastecia contas bancárias de políticos graúdos.
 O PAGADOR
"Fui no Palácio dos Bandeirantes três vezes. Era um risco desgraçado porque
eu entrava com o dinheiro lá dentro", afirmou João Paulo dos
Santos, que distribuía propinas pela Camargo Corrêa


Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, João Paulo dos Santos narra os detalhes dos pagamentos, indica contas bancárias e diz que, por três vezes, entrou com US$ 1 milhão em “maletas 007” no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Segundo o contador, os peemedebistas Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho usavam intermediários para receber a propina, mas Paulo Maluf gostava do dinheiro em mãos. Na casa do político, conta Santos, uma poltrona com fundo falso era usada para esconder os pacotes recheados de dinheiro. “Eu paguei mais de US$ 300 milhões em propinas”, afirma. O ex-diretor relata que, no governo do ex-presidente Fernando Collor, PC Farias marcou um audiência com o dono da Camargo para negociar o caixa 2. Mas a transação não saiu. “O PC Farias disse que queriam tocar algumas obras e exigiram 23% de comissão. O dr. Sebastião mandou ele para aquele lugar.”

A engrenagem da corrupção detalhada por João Paulo dos Santos impressiona. A prática de superfaturar planilhas para pagar propinas, segundo ele, foi usada pela Camargo na construção da barragem do Lago Paranoá em Brasília, na hidrelétrica de Itaipu, na ponte Rio-Niterói e em inúmeras rodovias federais e estaduais, além de pontes, viadutos e túneis. O túnel do Jóquei Clube, por exemplo, teve seu custo reajustado de US$ 40 milhões para mais de US$ 90 milhões na gestão de Paulo Maluf. [resta claro que os petistas conseguiram quebrar todos os recordes em roubalheira. Enquanto no túnel Jóquei Clube houve um 'reajuste' da ordem 120% no custo inicial, o ESTÁDIO NACIONAL DE BRASÍLIA (mais conhecido como Estádio Mané Garrincha), construído na gestão petista do Agnelo Queiroz, teve o curso inicial 'reajustado', em apenas dois anos, em quase 300% - passou de um orçamento inicial de R$ 500 MILHÕES para R$ 1 BILHÃO E OITOCENTOS MILHÕES, valor que já alcançou R$ 2 BILHÕES, tendo em conta 'pequenos reparos' realizados logo após a inauguração do estádio e ainda na gestão petista do Agnelo.] O valor embutiu comissão para o então prefeito. “Foram 10% de propina para o Maluf. O primeiro pagamento eu fiz pessoalmente”, afirma.