A eleição que virou um duelo entre bolsonarismo e lulismo
A nova
pesquisa do Ibope mostra que a corrida presidencial mudou de cara. Há uma
semana, cinco candidatos ainda pareciam ter chance de vitória. Agora a disputa
se afunila para um plebiscito entre o bolsonarismo e o lulismo. Jair
Bolsonaro se consolidou na liderança. Ele oscilou positivamente e chegou a 28%
das intenções de voto. Fernando Haddad deu um salto expressivo e aparece com
19%. O petista abriu oito pontos de vantagem para Ciro Gomes, que estacionou em
11%.
Os
números apontam para um duelo final entre Bolsonaro e Haddad. No entanto, as
campanhas passaram a trabalhar com outra hipótese. Com a polarização, o eleitor
pode antecipar a decisão para o primeiro turno. “Acho dificílimo, improvável,
mas não impossível”, diz o presidente do Ibope, Carlos Augusto Montenegro. “Vai
depender do voto útil. Do jeito que a população está chateada, pode haver um
movimento para decidir logo”.
Considerando
apenas os votos válidos, Bolsonaro tem 36% e Haddad tem 24%. Os dois estão em
alta e tendem a crescer mais na reta final. Se ficar claro que um deles será
presidente, eleitores de outros candidatos devem engordá-los com o voto útil. A
taxa de abstenção e a soma de brancos e nulos terão peso decisivo. Bolsonaro
fará o possível para atrair quem topa tudo para evitar a volta do PT. O capitão
tentará recrutar eleitores de Geraldo Alckmin e dos nanicos Alvaro Dias,
Henrique Meirelles e João Amoêdo. O desafio de Haddad é buscar quem se
desiludiu com o PT, mas não deseja entregar o país a um militar que já pregou o
fechamento do Congresso e o fuzilamento de adversários. Ele já começou a
ensaiar uma guinada ao centro. Agora deve se apresentar como a única “opção
contra a barbárie”.
Ciro
ficou espremido em sua tentativa de terceira via. Agora precisa rezar por um
tropeço dos líderes. Salvo uma reviravolta, Alckmin e Marina Silva parecem fora
do jogo. A campanha do tucano tende a se transformar numa crônica diária de
traições, com o centrão se dividindo entre Bolsonaro e Haddad. A da ex-senadora
caminha para um fim melancólico. Em 14 dias, ela perdeu metade dos votos. Quase
todos para o escolhido de Lula.