Kelly Gissendaner morreu cinco dias
depois do Papa ter defendido fim da pena de morte - A Geórgia executou nesta terça-feira a
única mulher que estava em seu corredor da morte. Kelly Gissendaner, de 47 anos, condenada
à morte por ter planejado com o amante o assassinato do marido em 1997, foi a primeira mulher executada
em 70 anos no estado americano.
— Às 0h21m (23h21m de terça-feira no horário
de Brasília) cumprindo uma ordem do tribunal, Kelly Gissendaner foi executada
segundo a lei. Ela deu uma última declaração e solicitou uma oração final antes
de morrer — disse Gwendolyn Hogan, porta-voz da administração penitenciária
do estado da Geórgia.
A
execução de Kelly ganhou um significado particular, cinco dias depois de um
pedido realizado pelo Papa Francisco no Congresso americano para abolir a pena
de morte. Na terça-feira, o
representante do Vaticano nos Estados Unidos, Carlo Maria Viagano, fez um
pedido urgente em nome do Papa para comutar a pena de Kelly. "Sem querer desestimar a gravidade do
crime pelo qual Kelly Gissendaner foi condenada, imploro para comutar esta
setença em uma pena que se traduza em justiça e piedade", escreveu.
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos negou
pedidos de última hora feitos pelos advogados de Gissendaner para a suspensão da execução, feita por injeção
pentobarbital. A Junta de Indultos e Liberdade Condicional da Geórgia se
reuniu na terça-feira e manteve a decisão feita no
início do ano de rejeitar o pedido de mudar a sentença de pena de morte para
prisão perpétua. — A comissão
rejeitou o pedido de reavaliação de sua decisão anterior, que descartou
clemência para Kelly Gissendaner — disse o porta-voz da junta cerca de
quatro horas antes do horário previsto para a execução.
Os
membros do conselho não foram seduzidos pelo recente
apelo da presa de clemência, que enfatizou seu comportamento modelo na
prisão e remorso por tramar o assassinato de seu marido em 1997.
Os
advogados de Gissendaner disseram ao conselho que a
sentença de morte seria desproporcional para seu crime, porque ela não matou
Douglas Gissendaner e não estava presente quando ele foi esfaqueado até
a morte. O homem que realizou o sequestro e assassinato, o então namorado de
Kelly Gissendaner, Gregory Owen, recebeu uma sentença de prisão perpétua.
Entre os
apoiadores de Kelly estavam seus três filhos adultos e um ex-juiz da Suprema
Corte da Geórgia, que disse que ele estava errado ao negar um dos apelos
anteriores feitos pelos advogados dela. Seus defensores usaram nas mídias
sociais a hashtag #kellyonmymind para que sua vida fosse poupada.
Fonte: Reuters