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domingo, 6 de março de 2016

O CADÁVER DE CELSO DANIEL SE AGITA

O CADÁVER DE CELSO DANIEL SE AGITA – Confissão de Bumlai deixa claro: não é partido, é organização criminosa

Bumlai confessa: empréstimo fraudulento era mesmo para o PT, não para ele. E não foi pago. Metade foi para o partido em Santo André, cidade do prefeito assassinado

Que coisa, né? Em 2012, Marcos Valério sim, ele mesmo! afirmou, em depoimento ao Ministério Público, que, em 2004, o PT teria pagado R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto e outros, que ameaçavam ligar o assassinato do prefeito Celso Daniel, ocorrido em 2002, ao esquema de propina na Prefeitura de Santo André, que azeitava a máquina partidária.


Lula e Gilberto Carvalho estariam sendo chantageados pessoalmente por Ronan. Em vez de chamar a polícia, a dupla teria preferido pagar o preço. Em tempo: Ronan nega qualquer envolvimento com o caso. Lula e Carvalho também. Adiante. Segundo Valério disse então, ele foi procurado pelos petistas para dar aos achacadores o dinheiro que eles buscavam, mas se recusou: “Nisso aí, eu não me meto”, teria dito o operador do mensalão, em um encontro com Sílvio Pereira, então secretário-geral do PT, e Ronan.

A história escabrosa contada por Valério, condenado a 40 anos de prisão, ficou em suspenso. Muito bem! Em depoimento prestado à Polícia Federal nesta segunda, José Carlos Bumlai, o amigão de Lula, aquele que tinha livre acesso ao Palácio do Planalto, resolveu confessar ao menos parte do que sabe. Desmentindo versões anteriores, o empresário referenda parte da delação de um diretor do grupo Schahin e revela:

1: o empréstimo que ele, Bumlai, contraiu no banco Schahin era mesmo para o PT; 2: o valor total, conforme afirma o Ministério Público, era de R$ 12 milhões; 3: o dinheiro foi inteiramente revertido para o PT por intermédio do grupo Bertin; 4: R$ 6 milhões desse total teriam ido para o PT de Santo André, destinado a pagar chantagistas; 5: os outros R$ 6 milhões teriam ido para o PT de Campinas; 6: o empréstimo nunca foi pago; 7: Bumlai confirma que esteve com Delúbio Soares para tratar do empréstimo e que depois debateu o assunto com João Vaccari Neto.

PT de Campinas? Coincidência ou não, é a cidade em que outro ilustre petista foi assassinado, o também prefeito Toninho do PT, morto em circunstâncias igualmente estranhas quatro meses antes de Celso Daniel. Também a sua família, a exemplo da do prefeito de Santo André, jamais se conformou com a tese do crime comum. Segundo diretores do grupo Schahin, o empréstimo, que, em 2009, já estava em R$ 53,5 milhões foi simplesmente esquecido quando Bumlai e Lula atuaram para que o grupo fosse o operador do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras — um contrato, então, de US$ 1,6 bilhão. Vale dizer: quem pagou o empréstimo foi a estatal brasileira.

Essa lambança toda, antes ainda da confissão de Bumlai, rende ao empresário e a mais oito pessoas denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal. Por incrível que pareça, contra Lula, não se pediu nem abertura de inquérito. Ah, sim: Fernando Baiano, outro que teve delação homologada pela Justiça, diz que José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, também atuou para que o grupo Schahin conseguisse operar a sonda. Gabrielli, o que é espantoso, não é nem sequer um investigado da operação Lava-Jato.

Então vamos ver Bumlai negava de pés juntos que houvesse sido laranja do empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin ao PT. Agora ele confessa: foi. Bumlai negava de pés juntos que havia pagado o empréstimo com embriões e esperma de boi. Agora, ele confessa: estava mentindo. Bumlai negava de pés juntos que o grupo Bertin tivesse servido de intermediário na transferência do dinheiro para o PT. Agora ele confessa: foi, sim! Bumlai negava de pés juntos que tivesse ouvido falar da operação para pagar empresários que estariam extorquindo Lula e Gilberto Carvalho. Agora, ele diz ter ouvido falar.

Bumlai ainda nega de pés juntos que tenha interferido para a contratação do navio-sonda. O seu histórico de negativas dá o que pensar, não é mesmo? Atenção! Bumlai fez uma confissão espontânea, não uma delação premiada. Não precisa assinar compromisso nenhum se comprometendo a dizer a verdade. Suas palavras parecem ter sido medidas.

Se vocês notarem bem, ele confirma os aspectos mais escabrosos do rolo, mas tangencia quando o assunto é Lula. Fica parecendo que há um aviso parado no ar: “Se eu e minha família nos lascarmos, a coisa não vai ficar boa…”. Na confissão espontânea, o investigado fica livre para ir se lembrando de coisas…

Vamos ser claros: com o que Bumlai já confessou — e ele não fez delação premiada —, já é possível caracterizar não um partido, mas uma organização criminosa.

Blog Reinaldo de Azevedo - Publicado originalmente em 15 dez 2015

Sempre vale lembrar que são tantas coisas contra Lula e a petralhada, que uma eventual escorregada do juiz Sérgio Moro - na condução coercitiva - não reduz a folha corrida de Lula que, inexoravelmente, vai levá-lo a pesadas condenações e a uma longa temporada na cadeia.

Republicando em homenagem a delação de Delcídio que assegura ter Marcos Valério recebido R$220 MILHÕES PARA FICAR CALADO

 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Caso Celso Daniel - cadáver insepulto que assombra a petralhada - pode ser esclarecido e mais 7 mortes ligadas ao caso

Para MP, Lava-Jato pode ajudar a esclarecer caso Celso Daniel

Investigadores pedem acesso a citações sobre corrupção em Santo André

As investigações da Operação Lava-Jato podem ajudar a esclarecer mistérios que ainda cercam o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), que completa 14 anos na próxima quarta-feira. O Ministério Público de São Paulo pretende pedir nos próximos dias ao juiz Sérgio Moro acesso às informações levantadas na apuração do Paraná sobre um empréstimo fraudulento obtido pelo pecuarista José Carlos Bumlai, cujos recursos podem ter sido usados para calar um empresário de Santo André, que teria chantageado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


 Assassinato sobre o prefeito Celso Daniel, que completa 14 anos, é cercado de dúvidas sobre a sua motivação - Vania Delpoio 20.01.2002
A partir da análise dos documentos, o Ministério Público paulista decidirá se abre novas frentes nas investigações sobre o esquema de pagamento de propina que funcionava na prefeitura da cidade do ABC paulista e teria motivado o assassinato de Daniel. As informações levantadas pela Lava-Jato podem esclarecer se a cúpula do PT sabia dos desvios de recursos em Santo André.

A suposta ligação dos desvios no município paulista e o comando petista foi levantada em 2012, quando o publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, citou, em depoimento à Procuradoria Geral da República, que foi abordado por um dirigente petista, em 2004, para obter R$ 6 milhões para pagar o empresário Ronan Maria Pinto. 

 Ronan estaria chantageando Lula, então presidente da República, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, com ameaças de contar detalhes da corrupção na prefeitura do ABC. O depoimento de Valério foi usado por Sérgio Moro, em novembro, como um dos motivos para justificar a decretação da prisão preventiva de Bumlai, amigo de Lula. 

No depoimento de Valério, o publicitário conta que foi informado que Ronan, para não contar o que sabia, queria dinheiro para comprar o jornal “Diário do Grande ABC”. Em seu despacho, Moro diz que a Receita Federal constatou que o empresário pagou R$ 6,9 milhões pelo jornal, em 2004, e que há suspeita de simulações de empréstimos para camuflar a origem do dinheiro que permitiu a compra. 

A análise dos dados fiscais de uma empresa de ônibus de Ronan também confirma o recebimento de um empréstimo de R$ 6 milhões no mesmo ano. Os investigadores da Lava-Jato acreditam que Ronan foi o destinatário final de parte do dinheiro de um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões que Bumlai admitiu ter pego para o PT no Banco Shahin (perdoado com a obtenção pelo grupo Shahin de um contrato na Petrobras). — O Ministério Público está atento aos fatos que surgem na Operação Lava-Jato e às implicações que eles podem ter aqui em Santo André — afirma a promotora Sirleni Fernandes da Silva, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do ABC.

Ronan, que possui empresas de coleta de lixo, não é acusado de participação na morte de Celso Daniel, mas é réu em três ações criminais que tem relação com irregularidades na gestão de Santo André. Em novembro de 2015, ele foi condenado a dez anos e quatro meses de prisão em primeira instância numa das ações, mas recorre em liberdade. Segundo a sentença, Ronan seria responsável por arrecadar propina entre os empresários que exploravam linhas de ônibus em Santo André. Além disso, foi sócio numa empresa de ônibus de Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, apontado pelo Ministério Público como mandante do assassinato. 

De acordo com a apuração do Ministério Público, Celso Daniel teria decidido acabar com um esquema de cobrança de propina na prefeitura de Santo André liderado por Sombra. Insatisfeito com a decisão do prefeito, o empresário, que era amigo e ex-segurança do prefeito, teria contratado uma quadrilha para simular o seu sequestro e matá-lo. A tese do Ministério Público de crime de mando já foi referendada nos julgamentos dos seis executores do assassinato todos condenados. 

Procurado, Ronan disse, por meio de sua assessoria, que não conhece Bumlai nem Valério. Disse ainda que aguarda “com total tranquilidade as investigações que vêm sendo feitas no âmbito da Operação Lava Jato, e que devem encerrar de vez esse assunto no qual a toda hora sou citado”. 

O Instituto Lula disse que não comentaria as informações de Valério sobre a chantagem. [Lula e seus comparsas diante do inevitável desgaste da desculpa " não sabia", passaram a utilizar o "sem comentários".] Já Dirceu nega que tenha sido chantageado. Gilberto Carvalho não foi localizado, mas em outras oportunidades também negou ter sido alvo de chantagem por parte de Ronan. Sombra nega participação na morte de Celso Daniel.

Mais 7 mortes ligadas ao caso

Celso Daniel foi sequestrado no dia 18 de janeiro de 2002, na Zona Sul de São Paulo, quando voltava de um jantar com Sérgio Gomes Gomes da Silva, o Sombra, de quem era amigo. O empresário dirigia uma Pajero blindada e o prefeito estava no banco do passageiro. Dois dias depois, a polícia encontrou o prefeito morto, com oito tiros, numa estrada rural de Juquitiba, na região metropolitana de São Paulo. De acordo com o Ministério Público, Sombra contratou Dionísio de Aquino Severo, resgatado de helicóptero de um presídio em Guarulhos um dia antes do sequestro, para organizar a ação e recrutar os demais integrantes da quadrilha que simulariam um crime comum. Dias depois de ser preso, em abril de 2002, Dionísio foi morto, antes de dar o seu depoimento. 

Outras seis pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com a morte de Daniel também morreram. Sérgio “Orelha”, que abrigou Dionísio nos dia seguintes à morte do prefeito, foi metralhado, em novembro de 2002. O investigador de polícia Otávio Mercier, que ligou para Dionísio na véspera do sequestro, também foi morto. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Redua, primeiro a identificar o corpo do prefeito, foi assassinado com dois tiros. O garçom Antonio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito no jantar com Sombra no dia 18 de janeiro de 2002, morreu em fevereiro de 2003. Ele levou um chute quando dirigia uma moto, perdeu o controle e colidiu com um poste. 

A única testemunha da morte do garçom, Paulo Henrique Brito, foi assassinada, 20 dias depois. O médico legista Carlos Alberto Delmonte Printes, que constatou indícios de tortura ao examinar o corpo de Daniel, se suicidou com ingestão de medicamentos em 2006. 

Os seis criminosos contratados por Dionísio já foram condenados pela morte do prefeito. A Justiça também decidiu levar Sombra a júri popular, mas, em dezembro 2014, ele conseguiu uma decisão no STF para anular o processo com o argumento de que os seus advogados não puderem interrogar os demais réus. A fase de instrução do processo terá que ser feita, com novos depoimentos. Num cenário otimista, o juiz Wellington Urbano Marinho acredita que o julgamento ocorrerá em 2017.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Por que Marcos Valério tira o sono do PT



Empresário condenado a 37 anos de cadeia negocia acordo de delação premiada: vejam por que Lula, Okamotto e Palocci estão tomando ansiolíticos

Há muita gente que tira o sono do governo, dos petistas como um todo e de Lula em particular. Um deles retorna do passado. Trata-se do empresário Marcos Valério, que foi apontado como operador do mensalão e que amarga uma condenação de 37 anos, a mais dura pena pelo escândalo, o que, convenham, é uma piada. Os agentes políticos daquela tramoia estão soltos. José Dirceu voltou à cadeia, sim, mas por causa do petrolão.

Pois é… VEJA já havia informado que Valério estava propenso a fazer um acordo de delação premiada. Agora, Marcelo Leonardo, seu advogado, confirma a possibilidade e diz que já está negociando os termos. Afirmou ele ao Globo: “Estive em Curitiba para tratar de outros casos, e os procuradores perguntaram se o Marcos Valério teria interesse em colaborar. Fui encontrá-lo em Belo Horizonte, e ele disse que está disposto, desde que o Ministério Público faça um acordo com todos os benefícios que a lei da delação permite. Eu e os procuradores ficamos de voltar a nos encontrar talvez já na próxima semana”.

A Lei 12.850, que trata da formação da organização criminosa e que define as condições do que lá é chamado de “colaboração premiada”, estabelece, no Parágrafo 5º do Artigo 4º: “Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até a metade ou será admitida a progressão de regime, ainda que ausentes os requisitos objetivos”.

Convenham: para quem amarga 37 anos, trata-se de um benefício considerável — desde, é evidente, que a colaboração traga elementos novos, que elucidem o crime cometido e contribuam para a investigação.  Valério já tentou antes um acordo com o Ministério Público. Por alguma razão, a coisa não prosperou. Leiam, abaixo, uma síntese do que ele afirmou ao MP em depoimento dado em dezembro de 2012:
1 – O esquema do mensalão pagou as despesas pessoais de Lula em 2003;
2 – dinheiro foi depositado na conta de seu carregador de malas, Freud Godoy (aquele do escândalo do aloprados);
3 – Lula participou pessoalmente das operações de “empréstimos” fraudulentos dos bancos Rural e BMG ao PT;
4 – os “empréstimos foram acertados dentro do Palácio do Planalto;
5 – Valério diz que é o PT quem paga seus advogados (R$ 4 milhões);
6 – Paulo Okamotto, que hoje preside o Instituto Lula, o ameaçou pessoalmente de morte;
7 – Lula e Palocci negociaram com o então presidente da Portugal Telecom a transferência de recursos ilegais para o PT;
8 – Luiz Marinho, agora prefeito de São Bernardo, foi quem negociou as facilidades para o BMG nos empréstimos consignados;
9 – o dinheiro que pagou chantagistas que ameaçavam envolver Lula no assassinato de Celso Daniel foi intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai;
10 – o senador Humberto Costa (PT-PE) também recebeu dinheiro do esquema.

Hoje já se sabe que José Carlos Bumlai foi uma espécie de laranja de um empréstimo do Banco Schahin para o PT e que o dinheiro teria sido usado para pagar pessoas que ameaçavam envolver Lula e Gilberto Carvalho no assassinato do prefeito de Santo André. Agora preso, Bumlai admite, sim, a condição de laranja. E o dinheiro foi mesmo para aquela cidade.

Reportagem da VEJA
Reportagem da VEJA de setembro de 2012 revelara o que a revista chamou de conversas que Valério mantinha com seus interlocutores. Boa parte bate com o conteúdo do que ele afirmou depois ao Ministério Público. Leiam trechos da reportagem.

“O CAIXA DO PT FOI DE R$ 350 MILHÕES”
A acusação do Ministério Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido com R$ 55 milhões de reais tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se somaram a R$ 74 milhões desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro público e controlado pelo Banco do Brasil. Segundo Marcos Valério, esse valor é subestimado. Ele conta que o caixa real do mensalão era o triplo do descoberto pela polícia e denunciado pelo MP. (…) “Da SM P&B vão achar só os R$ 55 milhões, mas o caixa era muito maior. O caixa do PT foi de R$ 350 milhões, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA”.

LULA ERA O CHEFE DO ESQUEMA, COM JOSÉ DIRCEU
Lula teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina, cujos contribuintes tinham algum interesse no governo federal. Tudo corria por fora, sem registros formais, sem deixar nenhum rastro. Muitos empresários, relata Marcos Valério, se reuniam com o presidente, combinavam a contribuição e em seguida despejavam dinheiro no cofre secreto petista. O controle dessa contabilidade cabia ao então tesoureiro do partido, Delúbio Soares, que é réu no processo do mensalão e começa a ser julgado nos próximos dias pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. O papel de Delúbio era, além de ajudar na administração da captação, definir o nome dos políticos que deveriam receber os pagamentos determinados pela cúpula do PT, com o aval do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, acusado no processo como o chefe da quadrilha do mensalão: “Dirceu era o braço direito do Lula, um braço que comandava”.
(…)
VALÉRIO SE ENCONTROU COM LULA NO PALÁCIO DO PLANALTO VÁRIAS VEZES
A narrativa de Valério coloca Lula não apenas como sabedor do que se passava, mas no comando da operação. Valério não esconde que se encontrou com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto. Ele faz outra revelação: “Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”. O Zé é o ex-ministro José Dirceu, cujo gabinete ficava no 4º andar do Palácio do Planalto, um andar acima do gabinete presidencial. (…) Marcos Valério reafirma que Dirceu não pode nem deve ser absolvido pelo Supremo Tribunal, mas faz uma sombria ressalva. Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos”, disse, na semana passada, em Belo Horizonte. Indagado, o ex-presidente não respondeu.
(…)
PAULO OKAMOTTO, ESCALADO PARA SILENCIAR VALÉRIO, TERIA AGREDIDO FISICAMENTE A MULHER DO PUBLICITÁRIO
“Eu não falo com todo mundo no PT. O meu contato com o PT era o Paulo Okamotto”, disse Valério em uma conversa reservada dias atrás. É o próprio Valério quem explica a missão de Okamotto: “O papel dele era tentar me acalmar”. O empresário conta que conheceu o Japonês, como o petista é chamado, no ápice do escândalo. Valério diz que, na véspera de seu primeiro depoimento à CPI que investigava o mensalão, Okamotto o procurou. “A conversa foi na casa de uma funcionária minha. Era para dizer o que eu não devia falar na CPI”, relembra. O pedido era óbvio. Okamotto queria evitar que Valério implicasse Lula no escândalo. Deu certo durante muito tempo. Em troca do silêncio de Valério, o PT, por intermédio de Okamotto, prometia dinheiro e proteção. A relação se tornaria duradoura, mas nunca foi pacífica.

Em momentos de dificuldade, Okamotto era sempre procurado. Quando Valério foi preso pela primeira vez, sua mulher viajou a São Paulo com a filha para falar com Okamotto. Renilda Santiago queria que o assessor de Lula desse um jeito de tirar seu marido da cadeia. Disse que ele estava preso injustamente e que o PT precisava resolver a situação. A reação de Okamotto causa revolta em Valério até hoje. “Ele deu um safanão na minha esposa. Ela foi correndo para o banheiro, chorando.”

O PT PROMETEU A VALÉRIO QUE RETARDARIA AO MÁXIMO O JULGAMENTO NO STF
O empresário jura que nunca recebeu nada do PT. Já a promessa de proteção, segundo Valério, girava em torno de um esforço que o partido faria para retardar o julgamento do mensalão no Supremo e, em último caso, tentar amenizar a sua pena. “Prometeram não exatamente absolver, mas diziam: ‘Vamos segurar, vamos isso, vamos aquilo’… Amenizar”, conta. Por muito tempo, Marcos Valério acreditou que daria certo. Procurado, Okamotto não se pronunciou.

“O DELÚBIO DORMIA NO PALÁCIO DA ALVORADA”
Nos tempos em que gozava da intimidade do poder em Brasília, Marcos Valério diz guardar muitas lembranças. Algumas revelam a desenvoltura com que personagens centrais do mensalão transitavam no coração do governo Lula antes da eclosão do maior escândalo de corrupção da história política do país. Valério lembra das vezes em que Delúbio Soares, seu interlocutor frequente até a descoberta do esquema, participava de animados encontros à noite no Palácio da Alvorada, que não raro servia de pernoite para o ex-tesoureiro petista. “O Delúbio dormia no Alvorada. Ele e a mulher dele iam jogar baralho com Lula à noite. 

Alguma vez isso ficou registrado lá dentro? Quando você quer encontrar (alguém), você encontra, e sem registro.” O operador do mensalão deixa transparecer que ele próprio foi a uma dessas reuniões noturnas no Alvorada. Sobre sua aproximação com o PT, Valério conta que, diferentemente do que os petistas dizem há sete anos, ele conheceu Delúbio durante a campanha de 2002. Quem apresentou a ele o petista foi Cristiano Paz, seu ex-sócio, que intermediava uma doação à campanha de Lula.
(…)
EMPRÉSTIMOS DO RURAL FORAM FEITOS COM AVAL DE LULA E DIRCEU
“O banco ia emprestar dinheiro para uma agência quebrada?” Os ministros do STF já consideraram fraudulentos os empréstimos concedidos pelo Banco Rural às agências de publicidade que abasteceram o mensalão. Para Valério, a decisão do Rural de liberar o dinheiro — com garantias fajutas e José Genoino e Delúbio Soares como fiadores — não foi um favor a ele, mas ao governo Lula. “Você acha que chegou lá o Marcos Valério com duas agências quebradas e pediu: ‘Me empresta aí 30 milhões de reais pra eu dar pro PT’? O que um dono de banco ia responder?” Valério se lembra sempre de José Augusto Dumont, então presidente do Rural. “O Zé Augusto, que não era bobo, falou assim: ‘Pra você eu não empresto’. Eu respondi: ‘Vai lá e conversa com o Delúbio’. ” A partir daí a solução foi encaminhada. Os empréstimos, diz Valério, não existiriam sem o aval de Lula e Dirceu. “Se você é um banqueiro, você nega um pedido do presidente da República?”

Concluo
Dá para entender por que deve ter aumentado muito o consumo de remédio para dormir depois que Valério passou a negociar a delação premiada?

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo