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terça-feira, 28 de março de 2023

Elos cabulosos - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Falar de possíveis ligações entre o partido do atual presidente e o crime organizado não é ser teórico da conspiração, mas simplesmente ser capaz de fazer perguntas pertinentes 

Senador Sergio Moro | Foto: Marcelo Chello/Shutterstock

Senador Sergio Moro | Foto: Marcelo Chello/Shutterstock

Em 2019, a TV Record divulgou trecho de áudio interceptado pela Polícia Federal (PF) que apresentava o tesoureiro” do PCC xingando Sergio Moro, reclamando do então novo governo Bolsonaro e lamentando a perda do “diálogo cabuloso” que a organização criminosa mantinha com o PT. Em delação premiada, segundo a revista Veja, Marcos Valério disse que o ex-prefeito Celso Daniel teria um dossiê com detalhes de financiamento ilegal de petistas, e que havia uma relação do PT com o PCC.

Nada disso é exatamente novidade para quem acompanha a esquerda radical latino-americana com mais atenção. Mas tudo fica mais bizarro pela cronologia dos acontecimentos. Num dia, veio à tona que Lula afirmou que “só vai ficar bem quando foder Moro”, e que seu desejo constante na prisão era se vingar do juiz da Lava Jato. 
No dia seguinte foi desbaratado pela PF um plano do PCC para matar Moro e outras autoridades. Coincidência?

O risco de países latino-americanos virarem narcoestados é bastante real, e não podemos deixar a mídia levantar cortinas de fumaça para proteger o PT

A mídia está desde então num esforço frenético de cortar qualquer elo possível entre o PT e o PCC. 
Cabe aqui o resgate sobre as FARC, entidade criminosa que sequestrava e praticava tráfico de drogas em nome do comunismo, e sempre foi defendida pelo Foro de SP.  
É importante tal resgate, pois a Colômbia virou um campo de guerra por conta do narcotráfico em nome da causa esquerdista, e, sem Alvaro Uribe e nas mãos de um comuna, o país flerta novamente com o caos.
grupos armados
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC): 
organização paramilitar de inspiração comunista - 
 Foto: Reprodução/Redes sociais

O risco de países latino-americanos virarem narcoestados é bastante real, e não podemos deixar a mídia levantar cortinas de fumaça para proteger o PT. FARC é a sigla de Fuerzas Amadas Revolucionárias de Colombia. Trata-se de um grupo guerrilheiro de esquerda atuando há mais de 50 anos na Colômbia. É o mais antigo do mundo. Escondidos na selva, antigamente faziam atentados em Bogotá e chegaram mesmo a metralhar o Palácio da Justiça.

Durante muito tempo, eles se mantiveram afastados dos cartéis de Cali e de Medellín, mas acabaram se aliando aos traficantes de drogas, de tal modo que hoje formam o que foi chamado de narcoguerrilha, que continuou atuando mesmo após a morte de Pablo Escobar, o chefão do tráfico. 
Na falta do Ouro de Moscou repassado a Havana, as FARC ficaram sem capital para financiar sua guerrilha revolucionária. 
E, sem capital, não há capitalismo nem revolução comunista.
 
Com Hugo Chávez na Venezuela, as FARC ganharam um novo aliado. Chávez era alinhado com os governos do PT no plano internacional para o “socialismo do século 21”. 
O apoio ao golpista Manuel Zelaya em Honduras, a Daniel Ortega na Nicarágua e aos tirânicos governos fundamentalistas islâmicos no Irã, além da proximidade com os irmãos Castro em Cuba são claras evidências dessa ligação internacional. Vários desses regimes operam hubs de tráfico internacional de drogas.
O PT, que sempre apoiou Chávez e depois Maduro, não considera as FARC um grupo guerrilheiro, mas, sim, um “movimento social”. 
 Deve ser por isto que representantes das FARC têm participado das reuniões do Foro de SP. Foi com o esforço do Foro de SP que um acordo de “paz” foi selado entre o governo colombiano, já depois de Alvaro Uribe, e as FARC, para que esta “abandonasse” as armas e virasse um partido político.
 
Juan Manuel Santos, o esquerdista que substituiu Uribe, fez um plebiscito a respeito de um acordo em que as FARC abandonariam a guerrilha e em troca podiam fundar um partido político e lançar candidaturas ao Congresso, tendo ainda dez vagas garantidas, independentemente dos votos recebidos! Reserva de mercado eleitoral? Cotas guerrilheiras? Democracia cucaracha? [bom lembrar que aqui no Brasil é seguido o injusto sistema de cotas - em detrimento do mérito e/ou da necessidade; em novembro/22, estava previsto em lei o reexame da lei da cotas estudantis',que poderiam até ser extintas,só que o tema caiu no esquecimento.] deveria ser feito uma consulta para acabar.
Não custa lembrar que Lula já disse haver “excesso de democracia” na Venezuela chavista.

O tráfico de armas e drogas “eram” fontes de receita para as FARC, e estimam que a narcoguerrilha seja responsável por cerca de 30% do mercado de distribuição e exportação de cocaína na Colômbia. Entre 1997 e 2004, quase 5 mil pessoas passaram pelos cativeiros mantidos pelas FARC em seus acampamentos. Um dos sequestros famosos foi o da escritora e então senadora Ingrid Betancourt, que foi candidata à Presidência nas eleições de 2002.

Diante desse quadro assustador, cabem algumas perguntas. 
Por que o PT fundou, em 1990, o Foro de São Paulo, ao lado de ditadores, como Fidel Castro, que sempre simpatizaram com a luta das FARC? 
Por que as reuniões desse Foro acontecem até hoje, muitas vezes com a participação do presidente Lula, legitimando assim a luta das FARC? 
Um dos mentores dessa aliança nefasta foi Marco Aurélio Garcia, o ministro “top top” que era bastante próximo de Lula.  
Dirceu, por sua vez, foi treinado em Cuba para ser um guerrilheiro. 
 
Por que as FARC saudaram a vitória de Lula para presidente em 2002, sendo que o próprio preferiu o silêncio, ao invés de repudiar tal demonstração de afeto vindo de terroristas? 
Por que o governo Lula se recusou a reconhecer as FARC pelo que são, ou seja, um grupo terrorista? 
Por que, durante o governo de Olívio Dutra, no Rio Grande do Sul, o representante das FARC, Hernan Rodriguez, foi recebido no Palácio Piratini pelo próprio governador? 
Fora isso, não podemos esquecer a denúncia de dentro da própria Abin relatando o apoio financeiro de US$ 5 milhões das FARC para candidatos petistas.
 
O PT insiste muito na questão sobre quem mandou matar Marielle Franco, a vereadora do Psol assassinada. 
Mas, curiosamente, o mesmo PT não tem a menor curiosidade de saber quem mandou matar Jair Bolsonaro, quando um esquerdista ex-filiado ao mesmo Psol deu uma facada quase fatal no então candidato de direita
O PT quer combater somente alguns crimes, enquanto outros ele parece ignorar — ou até defender, como os invasores do MST ou os sequestradores das FARC.

A América Latina viu vários países caírem nas garras do narcotráfico, e o Foro de SP, idealizado e criado pelo PT, ao lado do ditador comunista Fidel Castro, acaba endossando esse caminho. Falar de possíveis ligações entre o partido do atual presidente e o crime organizado não é ser teórico da conspiração, mas simplesmente ser capaz de traçar elos evidentes e fazer perguntas pertinentes. Perguntas que nossa velha imprensa prefere não fazer, pois sempre preferiu tratar o Foro de SP como uma maluquice de Olavo de Carvalho, enquanto finge que Lula veio “salvar a democracia”.

Os nossos militantes disfarçados de jornalistas reagem como se tais questionamentos fossem já absurdos e coisa suja da “extrema direita”, mas cabe fazer um exercício hipotético: e se houvesse um vídeo de Bolsonaro dizendo que desejava acabar com Marielle Franco? Qual seria a reação da imprensa?

Leia também “A crise bancária norte-americana”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 18 de julho de 2022

Leia a íntegra da decisão de Moraes contra Flávio e outros bolsonaristas - Radars

Chefe, interino,  do TSE determinou que 16 políticos e apoiadores do presidente apagassem conteúdo mentiroso de suas redes sociais

Como o Radar mostrou mais cedo, o presidente do TSE em exercício, Alexandre de Moraes, decidiu no fim de semana atender a um pedido da campanha de Lula para barrar o avanço de bolsonaristas nas redes contra o candidato petista.

Narrativas a palavra mais usada pelo bolsonarismo — associando Lula, o PT e o PCC inundaram as redes de apoiadores de Jair Bolsonaro na esteira da delação de Marcos Valério revelada por Hugo Marques em VEJA. [COMENTÁRIO: dificil de entender que seja proibida a qualquer cidadão divulgar uma delação premiada devidamente homologada pelo STF - supõe-se que se a delação mereceu a homologação da Corte Suprema, não há que se falar que tenha sito uma fake news, além do que não está sob segredo de de Justiça,  nem a homologação foi revogada ou sequer contestada. 
Alegar que denigre a honra de alguma pessoa, qualquer que seja, também não procede já que o conteúdo do documento foi considerado verídico pelo STF.]

Como a turma passou a usar a delação para fazer acusações fictícias contra o petismo, o ministro, que comandará o TSE a partir de agosto, decidiu dar um basta nas fake news e nos ataques. [Sendo recorrente: se o que está sendo publicado é parte do conteúdo de uma delação homologada pelo STF, como pode ser fictício? Ou será que até a Revista VEJA, involuntariamente, divulgou fake news - link acima para reportagem de Hugo Marques.]

A decisão de Moraes é um forte recado aos políticos contra o vale-tudo nas redes. O ministro deixa claro nas 12 páginas do documento que liberdade de expressão não é liberdade de agressãoe estabelece multas para quem avançar o sinal.

Leia a íntegra da decisão de Moraes.

Radar - Blog em VEJA


Não pode falar da delação de Marcos Valério? - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Se a postura continuar essa, a "piada" das redes sociais passará a ganhar contornos de pura verdade: o Supremo pretende lançar candidato próprio ou vai apoiar Lula mesmo?

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes acatou liminar do Partido dos Trabalhadores (PT) na noite desse domingo (17) e exigiu a retirada de supostos conteúdos falsos contra a legenda e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Moraes apontou que os conteúdos se baseiam em três temas principais: 
ligação do PT com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC); 
- falas de Lula igualando pobres ao papel higiênico;  e, 
- a relação do PT com o nazismo e o fascismo.

"O sensacionalismo e a insensata disseminação de conteúdo inverídico com tamanha magnitude pode vir a comprometer a lisura do processo eleitoral, ferindo valores, princípios e garantias constitucionalmente asseguradas, notadamente a liberdade do voto e o exercício da cidadania", pontuou o ministro na decisão.

A liminar de Moraes cita 16 pessoas, entre elas os deputados federais Otoni de Paula (MDB-RJ), Carla Zambelli (PL-SP) e Helio Lopes (PL-RJ), além do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). A pena diária pela manutenção desses conteúdos é de R$ 10 mil, enquanto novas postagens ou conteúdos irão render multas de R$ 15 mil.[o deputado Daniel Silveira continua sendo multado diariamente? ou o STF resolveu cumprir o decreto do presidente Bolsonaro?]

Leandro Ruschel comentou a decisão: "A denúncia sobre ligação entre PT e PCC foi feita por Marcos Valério, em delação premiada homologada pelo próprio Supremo. A gravidade da decisão: o ministro que assumirá presidência do TSE antes das eleições acabou de censurar mensagens que criticam o PT, com base em delação premiada homologada pelo próprio Supremo
É só uma pequena amostra do que está por vir. O Brasil JÁ É UMA DITADURA. Ainda mais sério: parlamentares que contam com imunidade constitucional, com liberdade de expressão ainda menos restrita, estão sendo censurados por fazer críticas ao PT. 
Você já viu uma ÚNICA mensagem de um parlamentar petista ser censurado por criticar o presidente?  
Se não houver liberdade de expressão na campanha eleitoral, nem adianta discutir a confiabilidade das urnas. 
Se um lado tem liberdade de expressão irrestrita, e o outro lado é sistematicamente censurado e perseguido pela própria justiça, já sabemos qual será o resultado".

A economista Renata Barreto perguntou: "Alexandre de Moraes determinou que sites, influenciadores e políticos APAGUEM posts e vídeos onde dizem que existe ligação do PT com o PCC e de Lula com a morte de Celso Daniel. Ele já descartou que seja verdade, houve investigação?"

Ainda faltam mais de dois meses para as eleições
O que mais o ministro tucano vai inventar? 
Qual será o grau de arbítrio para tentar manipular o debate e impedir um lado de se manifestar? 
Até onde o STF está disposto a ir para proteger Lula e perseguir Bolsonaro? 
Se a postura continuar essa, a "piada" das redes sociais passará a ganhar contornos de pura verdade: o Supremo pretende lançar candidato próprio ou vai apoiar Lula mesmo?

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

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domingo, 29 de maio de 2022

O que sua intuição lhe diz? - Percival Puggina

A pergunta está no ar e me faz pensar muito sobre o que dizem as pesquisas e sobre o que milhões de brasileiros percebem observando as ruas e praças do país.

Em quem devo crer, se os números e curvas exibidos pelos veículos de mídia me dizem algo diferente daquilo que eu sinto e vejo? Numa opção assim, eu fico com minha intuição. Fico com o “relatório” dos meus sentimentos. E sei que conto para isso com apoio de um bom filósofo alemão chamado Shopenhauer que estudou minuciosamente essa forma de conhecimento, identificando-a como a que mais frequentemente usamos para orientar nossas ações.


 [Inserção efetuada Blog Prontidão Total]

Vamos aos exemplos.

A intuição sempre me disse que o STF de base petista iria abusar do poder que lhe está concedido pela Constituição porque é isso que o petismo sempre faz quando está no poder. Não deu outra. O STF quase bucólico dos anos petistas, que praticamente só condenou o publicitário Marcos Valério no mensalão, morreu em outubro de 2018, dando origem a esse cuja conduta observamos.

A intuição sempre me disse que o PSDB não fez sua prévia por não ter excesso de candidatos, mas por falta deles. É o que acabamos de assistir no apoio dos tucanos à candidata do MDB, que tampouco preparou alguém para carregar a legenda no futuro pleito.  Aliás, a intuição sempre me disse que a senadora pelo Mato Grosso do Sul suicidou-se politicamente ao crer que as câmeras das TVs fixadas na CPI da Covid a tornariam nacionalmente conhecida. Sim, fizeram isso. Mostraram-na como alguém que anda em muito más companhias. [também mostraram ser a candidata uma descompensada, descontrolada.]

A intuição sempre me disse que, por motivo diverso, João Dória morria politicamente a cada aparição na TV. Ele cometia o erro que os críticos de teatro chamam de overacting, erro do mau ator que exagera na representação. Estaria perfeito se fosse para representar um mau personagem dissimulando suas intenções. A intuição, aliás, sempre me disse que a Rede Globo, desde 2018, vem fazendo exatamente isso e só os tolos não veem. Não se pode confiar na intuição dos tolos.

A intuição sempre me disse que a candidatura de Sérgio Moro, apesar de empurrada pela “mídia tradicional”, para ficar com a expressão elitista do gentleman Alexandre de Moraes, não tinha espaço no mundo dos fatos. E não teve.

A intuição, por fim, sempre me disse e continua repetindo que o eleitor brasileiro não vai chamar de volta ao poder a organização criminosa apátrida, que saqueou o país, que o humilhou internacionalmente, que combate conservadores e liberais e está por trás de quase todas as ações destrutivas em curso na sociedade brasileira. [o POVO BRASILEIRO não deixará os ladrões voltarem à cena do crime.]

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

A caneta fatal - Nas entrelinhas

Desde que assumiu, Bolsonaro tenta centralizar e verticalizar o poder, o que é uma fonte de conflitos, mas também de equívocos políticos e administrativos”

A caneta Bic é um “case”” de qualidade e produtividade, funciona muito bem e custa relativamente barato. Do ponto de vista da sua finalidade, não fica nada a dever a uma Mont Blanc, objeto de desejo de muitos empresários e executivos vaidosos, como símbolo de riqueza e/ou poder. Lembro de um velho conhecido recém-chegado ao poder que exibiu a sua Mont Blanc na hora de pagarmos o almoço, ficou bravo comigo porque lhe disse, ironicamente, que era caneta de rico. Lascou-se depois, porque a caneta havia lhe sido presenteada por Marcos Valério, aquele publicitário carequinha do escândalo do “mensalão”do PT. Seu nome estava na lista de mimos em poder da secretária, havia ganho a caneta de presente, como brinde de ano-novo.

Secretárias podem ser protagonistas da grande política, assim como a ex-mulher, o motorista ou o caseiro. A política deixou de ser monopólio dos políticos, dos diplomatas e dos militares, como era antigamente. Quando exibe a sua Bic, o presidente Jair Bolsonaro sinaliza para a sociedade que é um homem austero, simples, que não se deixou deslumbrar pelo poder. É um recado que passa para preservar a sua imagem de presidente da República eleito contra o “sistema de poder” e a “velha política”. Será? No seu caso, isso é falso; o problema não é a caneta, é a tinta. Não existe caneta mais poderosa e endinheirada do que a sua Bic. Haja vista a negociação em curso com o Centrão.

Ontem houve a nova troca de cadeiras na Esplanada. Bolsonaro nomeou dois novos ministros: André Mendonça na Justiça e José Levi na Advocacia-Geral da União. Ambos foram elogiados pela competência técnica por Gilmar Mendes e Luís Barroso, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro desistiu de nomear o atual secretário-geral da Presidência, ministro Jorge Oliveira, que trata como afilhado, para o lugar que era ocupado por Sergio Moro, por pressão dos ministros militares e a pedido do próprio Oliveira. Mas ninguém se iluda, a causa da dança nas cadeiras foi a nomeação do delegado Alexandre Ramagem para a diretoria-geral da Polícia Federal, no lugar de Maurício Valeixo, pivô da crise entre Bolsonaro e o ex-ministro Sérgio Moro. [nomeação suspensa por ato do ministro do STF, Alexandre de Moraes, atendendo mandado de segurança fundamentado em informações do ex-juiz e ex-ministro Moro,  em entrevista recente.]O novo diretor-geral chefiava a Agência Brasileira de Informações (Abin).

O juiz federal Francisco Alexandre Ribeiro, de Brasília, deu prazo de 72 horas para a União prestar informações sobre a exoneração de Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal. Ele é relator de três ações populares que buscam impedir a nomeação de Alexandre Ramagem por desvio de finalidade. O fato é importante para se ter a dimensão do problema criado pelo presidente Bolsonaro para si próprio, supostamente com objetivo de obter informações confidenciais sobre investigações criminais e relatórios de inteligência. Embora subordinada administrativamente ao Executivo, a Polícia Federal é técnica e judiciária, tem sua própria autonomia, que se traduz na competência dos delegados para presidir os inquéritos policiais.

A Polícia Federal é um órgão de excelência, com pessoal concursado e altamente qualificado, recrutado entre os melhores com vocação para esse tipo de atividade. De certa forma, foi blindada pela Constituição para não cumprir o papel de polícia política, [tais características tornam impossível ao diretor-geral influenciar no andamento de inquéritos, sejam quais forem as suas motivações.] como aconteceu durante o regime militar, quando complementou e legitimou a atuação de órgãos clandestinos de repressão política das Forças Armadas. Esse trauma fez com que os constituintes atribuíssem claramente à PF o papel de um órgão de coerção do Estado, e não do governo. A nomeação de Ramagem, um delegado de carreira, resgata esse trauma, não por causa de sua competência técnica, mas devido à motivação da mudança. Além disso, sendo mais novo na carreira, fura a fila das promoções, o que sempre deixa sequelas, haja vista a situação no Itamaraty.

Inércia continental
Vivemos numa democracia de massas, o Estado brasileiro é ampliado, não no sentido da quantidade de servidores ou da intervenção na economia, mas de sua relação com os demais Poderes e entes federados, com a sociedade e suas instituições. Desde que assumiu, Bolsonaro tenta centralizar e verticalizar o poder, o que é uma fonte de conflitos, mas também de equívocos políticos e administrativos. Num país de dimensões continentais, a força de inércia das decisões do governo federal é imensa, como a de um grande navio cargueiro na hora de manobrar e de parar. Por isso mesmo, uma decisão equivocada pode se tornar um desastre irreversível. O fato de termos um Executivo que interage com outros poderes e esferas de governo, permeável à sociedade e que se relaciona com suas instituições, reduz a margem de erro e amplia a de soluções.


Agora mesmo, na epidemia de coronavírus, estamos sofrendo as consequências da mudança de postura do governo federal em relação ao distanciamento social. Ultrapassamos a China em número de mortos — mais de cinco mil — e estamos no limiar da barreira das 500 mortes por dia, em consequência do relaxamento da quarentena estimulado por Bolsonaro. É patético ver o ministro da Saúde, Nelson Teich, com cara de mareado no navio; o general encarregado da logística, não se dar conta de que o número de novos contaminados que precisam de UTI é muito maior do que o de respiradores que consegue distribuir; e o principal sanitarista do MS guardar o colete do SUS no armário e, de paletó e gravata, esquecer o bordão que disseminou por todo o país: “Fiquem em casa”. Depois dos Estados Unidos e Reino Unido, somos o terceiro em número de mortos por dia. [considerando os três primeiros colocados nessa estatística macabra, não podemos deixar de lembrar: "excesso de democracia", muitos dando pitacos - que mais atrapalham, que ajudam - impede ações centralizadas e de maior eficácia.] Ou seja, estamos virando o epicentro da pandemia.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense






domingo, 3 de novembro de 2019

O PT, o PCC e a morte de Celso Daniel - VEJA

Segundo Marcos Valério, a aproximação do partido com a organização criminosa começou nos anos 2000


Em sua edição passada, VEJA revelou o conteúdo de um depoimento sigiloso prestado por Marcos Valério em que ele cita Lula como mandante do assassinato do prefeito Celso Daniel. O ex-operador financeiro do PT também confirmou que o empresário Ronan Maria Pinto chantageara o partido e recebera 6 milhões de reais para manter em segredo o envolvimento do ex-presidente. A novidade provocou a reabertura do inquérito e reforça a tese de que o prefeito não foi vítima de um crime comum, como concluiu a polícia. De acordo com Valério, Celso Daniel foi morto depois de produzir um dossiê no qual relatava à direção do partido os múltiplos esquemas de corrupção que funcionavam na prefeitura de Santo André e arrecadavam propina de empresas de ônibus, de limpeza, de casas de bingo e até de perueiros. O dinheiro obtido financiava as campanhas eleitorais do PT e bancava as despesas pessoais de seus dirigentes.

No depoimento, Marcos Valério contou que muitos desses detalhes lhe foram narrados pelo ex-deputado Professor Luizinho num encontro que os dois tiveram, em 2004, para acertar a melhor forma de comprar o silêncio do chantagista, que ameaçava tornar público o envolvimento de Lula e de outros petistas no crime. “O Professor Luizinho disse que a arrecadação de propina na prefeitura era feita com a aquiescência da direção do PT”, afirmou Valério. Os negócios envolveriam, inclusive, uma parceria entre os petistas e o PCC, o grupo criminoso que atua dentro dos presídios. Segundo o operador, a aproximação do PT com o PCC começou nos anos 2000, quando o crime organizado passou a financiar algumas campanhas políticas do partido. Celso Daniel sabia da parceria, mas desconhecia a dimensão que ela havia atingido. “Pelo que o professor (Luizinho) me falou, esse dossiê tinha o propósito de acabar com a roubalheira”, disse Valério.

Celso Daniel foi sequestrado, torturado e morto em 2002 por assaltantes ligados ao PCC. Não seria coincidência, de acordo com o operador. O Professor Luizinho suspeitava que o prefeito tivesse sido morto por homens que estariam atrás do tal dossiê. Valério reproduziu o que teria ouvido do deputado: “‘Uma coisa, Marcos, é você ser assaltado, outra coisa, Marcos, é você ser assaltado e torturado’. Significa que eles estavam atrás de alguma coisa, na minha opinião, do dossiê”. A VEJA, o Professor Luizinho disse que nunca discutiu esse assunto com Marcos Valério. Ao reabrir as investigações do caso, o MP vai apurar se o crime teve motivação política.

Durante o primeiro governo Lula, Valério operou um caixa usado para recolher propina, subornar políticos e pagar despesas do partido e de seus dirigentes, incluindo os gastos pessoais do então presidente. Condenado a quarenta anos de prisão no caso do mensalão, atualmente cumpre pena em regime semiaberto. Entre outubro de 2018 e fevereiro deste ano, ele prestou vinte horas de depoimento, sendo três delas exclusivamente sobre o crime de Santo André. O operador disse estar convicto das ligações entre o PT e o PCC. Teve certeza disso em 2008, quando ameaçou revelar essa conexão e foi espancado dentro de um presídio em São Paulo onde estavam presas várias lideranças da organização. Apanhou tanto que perdeu os dentes
“Preciso de mais para mostrar o envolvimento do PCC com o partido?”, indagou Valério.



quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Ilação perigosa - VEJA - Dora Kramer

Por ora soa inconsistente ligação de Bolsonaro com o assassinato de Marielle

[por ora e sempre; 

- que interesse Bolsonaro teria na morte da vereadora? 

A acusação,  que surgiu do vazamento de um processo que corre em segredo de Justiça, é a forma encontrada pela militância lulopetista (ainda restam alguns militontos) para desviar a atenção das acusações feitas por Marcos Valério de que Lula mandou matar o prefeito Celso Daniel.

Clique aqui e/ou aqui e saiba em detalhes, com links e tudo o mais, o teor das acusações feitas ao presidiário petista - com tais acusações fica mais complicado para o Supremo soltar o presidiário petista - há chances do julgamento ser adiado.]

Na manchete inicial parecia que o Jornal Nacional faria estourar uma bomba no colo do presidente Jair Bolsonaro, ligando-o aos envolvidos no assassinato de Marielle Franco. A reportagem, porém, apresentada ao final da edição, continha inconsistências que por ora torna qualquer ilação extremamente perigosa.
A maior delas está no fato de o porteiro do condomínio onde o suspeito de ser o mandante o crime, Ronnie Lessa, é vizinho de Bolsonaro, ter dito que no dia da morte da vereadora e do motorista dela, outro suspeito, Elcio Queiroz, foi à casa de Bolsonaro que, segundo o funcionário, teria autorizado a entrada pelo interfone. Ocorre que naquele dia (14/03/2018) Bolsonaro estava em Brasília, conforme atestam registro da Câmara e vídeos postados na internet.

O episódio acende um certo alerta, no entanto, com a possibilidade de a investigação ir para o Supremo Tribunal Federal devido à citação do nome do presidente. Consultado, o presidente do STF, José Antonio Dias Toffoli, ainda não respondeu. Cumpre lembrar que presidentes não podem ser processados por fatos anteriores ao mandato. [insistimos no óbvio: a suspeita sobre o presidente Bolsonaro, não tem o menor sentido, não tem a menor sustentação e não vai servir para inocentar Lula da acusação de mandante do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel.]
Convém aguardar o desenrolar do caso que tanto pode evoluir para algum tipo de ligação de Bolsonaro com os milicianos envolvidos no assassinato quanto pode revelar intenções escusas de quem tenha revelado ao JN a existência daquele depoimento.

Blog Dora Kramer - VEJA


 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Marcos Valério aponta Lula como mandante da morte de Celso Daniel, diz revista - Estado de Minas



Depoimento faz parte de investigação sigilosa conduzida pelo grupo de combate ao crime organizado do MP

Detalhes de um depoimento do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza divulgados pela Revista Veja nesta sexta-feira (25) apontam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como mandante da morte do ex-prefeito petista de Santo André, Celso Daniel, assassinado a tiros após um sequestro em 2002. 
  
Segundo a publicação, o relato feito ao Ministério Público de São Paulo foi de que um empresário que chantageou graduados do PT teria dito que iria implicar Lula como ‘cabeça’ da morte do correligionário.  O depoimento gravado também em vídeo foi encaminhado pelo promotor Roberto Wider Filho ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP e anexado a uma investigação sigilosa em curso.

Marcos Valério disse ter sido chamado a resolver o problema da chantagem do empresário Ronan Maria Pinto, que prestava serviços à Prefeitura de Santo André. Isso significa que ele deveria pagar pelo silêncio. Em reunião com o chantagista em um hotel de São Paulo, segundo Valério, Ronan exigiu dinheiro e disse que não pagaria o pato sozinho. Foi então que afirmou que iria “apontá-lo (Lula) como cabeça da morte de Celso Daniel”
Segundo Veja, no depoimento Valério disse ter se encontrado com Lula e dito que resolveu o problema.

Correio Braziliense Estado de Minas

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Marcos Valério corre risco de vida e outros rolos do PT

Delação que revela elo entre facção criminosa e partido político, põe em risco a vida de Marcos Valério

Preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG) a vida do publicitário Marcos Valério está em risco.  A defesa do publicitário já denunciou as reiteradas ameaças que vem sofrendo. Em sua delação premiada, por enquanto mantida em sigilo, além do caso Celso Daniel, ele teria desnudado a relação promíscua e facínora mantida entre uma facção criminosa de São Paulo e um partido político. [qual partido político já foi chamado por diversas autoridades, até mesmo um ex-procurador-geral da República, de 'organização criminosa'? única resposta: partido perda total = PT.]

 Marcos Valério e o caso Celso Daniel

Não foi revelado qual o partido político, mas tudo indica que seja o Partido dos Trabalhadores.  Valério está preso desde 2013 e cumpre pena de 37 anos e 5 meses de prisão, após ser condenado no esquema do Mensalão pelos crimes de peculato, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.  A deputada federal eleita Carla Zambelli fez um apelo no Twitter nesta sexta-feira (7) no sentido de que as autoridades protejam Valério.

Otto Dantas
Articulista e Repórter

otto@jornaldacidadeonline.com.br


Adélio Bispo quando do atentado contra Bolsonaro, militava no PT


Adélio envolvido com o PT 

 

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Passados exatos 5 anos, apenas um mensaleiro continua preso

Alento para Eduardo Cunha: enquanto Marcos Valério está na cadeia, José Dirceu já foi solto, preso novamente e liberado mais uma vez

No feriado da Proclamação da República de 2013, meia década atrás, 12 condenados pelo STF por participação no escândalo do mensalão se entregavam à Polícia Federal.

Compunham a lista de novo detentos nomes históricos do PT, como José Dirceu, José Genoino, além da ex-presidente do Banco Rural,  Katia Rabelo e, claro, Marcos Valério.
No dia seguinte, era a vez do ex-tesoureiro do partido Delubio Soares estender as mãos às algemas.
Passados exatos 5 anos, apenas Marcos Valério continua atrás das grades.

Nesse período, Dirceu foi solto, caiu em outro escândalo, voltou para a cadeia e saiu novamente.
João Genoíno também está livre, assim como Delúbio e Kátia.
João Paulo Cunha, o ex-presidente da Câmara e mensageiro, já até mudou de profissão após cumprir pena. Hoje atua como advogado.
Em suma, se tiver a mesma sorte dos mensaleiros, Eduardo Cunha só precisa ter mais um pouquinho de paciência.

Veja - Blog Radar

EDIÇÃO DA SEMANA 2609 21/11/2018

 

quarta-feira, 27 de junho de 2018

A realidade e o marketing

Lula enfrenta Palocci e Valério, PSDB foge da festa e Bolsonaro só se diverte


As sucessivas derrotas para obter ao menos prisão domiciliar são apenas uma parte das agruras do ex-presidente Lula. E a menor delas. Com a decisão do Supremo de liberar a Polícia Federal para acordos de delação premiada – uma prerrogativa até então do Ministério Público –, dois outros fantasmas rondam a cela de Curitiba: Antonio Palocci e Marcos Valério. Eles sabem das coisas. E estão abrindo a boca.

Palocci é Palocci, o homem forte do início do governo Lula, o homem forte do início do governo Dilma Rousseff, a ponte entre o PT e o mundo financeiro e apontado por Marcelo Odebrecht como gerenciador pessoal das contas secretas de Lula na empreiteira. Imagine-se o que o ex-ministro pode contar para amenizar sua pena…  Quanto a Marcos Valério: ele acaba de emergir das profundezas do mensalão do PT como um fantasma ferido, traumatizado, inconformado por não passar de um operador, mas ter sido condenado à mais dura de todas as penas na estreia do PT no inferno dos escândalos de corrupção. Uma pena que, segundo o próprio Valério, corresponde a prisão perpétua.

Em entrevista à revista eletrônica Crusoé, Valério repetiu a mesma tática de Palocci num depoimento ao juiz Sérgio Moro: não passou informações objetivas, mas mandou recados graves a quem interessar possa. Um desses recados, o mais contundente, é de que ele está “amargamente arrependido” de não ter contado tudo o que sabia sobre o envolvimento de Lula, então presidente, no mensalão.  Tanto Palocci quanto Valério focam em Lula por um ótimo motivo – do ponto de vista deles, claro. Como a situação de ambos na justiça é gravíssima, têm de jogar um anzol de bom tamanho, e com isca apetitosa, para fisgar o peixe mais graúdo da Lava Jato e de seus desdobramentos conexos para terem alguma chance de ganhar as graças da PF e reduzir suas penas.

O prêmio é (ou deveria ser) equivalente à importância da delação. Se apenas choverem no molhado, contando o que Moro, o MP e a própria PF já sabem, mirando em bagrinhos e sardinhas, nada feito. A delação não encanta, o prêmio murcha.  É espantoso que Lula, condenado em segunda instância e preso, seja convocado como comentarista da Copa do Mundo e ganhe um espaço privilegiado como palanque de uma candidatura à Presidência que não passa de miragem. É um meio descarado de campanha eleitoral, pois não?

Lula, porém, já está pagando sua pena, continua sob pressão do sítio de Atibaia, do Instituto Lula, dos caças da FAB, da operação Zelotes e agora enfrenta as ameaças de Palocci e Valério. Logo, o PT anda em maus lençóis, com um candidato que nem pode ser candidato nem permite alternativas. Mas o que dizer do PSDB, contraponto direto ao PT durante décadas? Triste? Constrangedora? Lamentável? Difícil escolher um adjetivo para definir a decisão do partido de comemorar hoje seus 30 anos não apenas sem festa, mas às escondidas. Ano eleitoral é hora de se expor, de aparecer, de disputar espaço e mídia. Mas os tucanos abdicaram do auditório Nereu Ramos, na Câmara, onde a sigla foi lançada em meio à Constituinte de 1988 e com a promessa de “ser diferente”. E vão se trancar num hotel de Brasília.

A conclusão imediata é de que o PSDB está acuado, tem medo de a festa se transformar em pesadelo e de as perguntas ficarem em cima das agruras de Aécio Neves na Justiça, da prisão de Eduardo Azeredo, das denúncias contra o ex-secretário de Alckmin em São Paulo.  Enquanto PT e PSDB sofrem, Bolsonaro se diverte. Seu vídeo no barbeiro, com as ideias rasas de sempre, sacode as redes sociais. Irrita os letrados, mas é um inegável sucesso de marketing político moderno.

Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
 

sábado, 22 de abril de 2017

Cerco de depoimentos confirma Lula como o chefe

O tamanho do petrolão mostrou que era impossível o então presidente não saber do esquema

No escândalo do mensalão, denunciado em 2005, faltou uma peça, o chefe do esquema. No encaminhamento das denúncias pelo MP contra aquela “organização criminosa”, o ex-ministro José Dirceu parecia caminhar para este patíbulo, em silêncio como disciplinado militante, mas, em julgamento de recurso, a responsabilidade de ser o capo do esquema lhe foi tirada, e o espaço ficou vago. Mas apenas nos autos processuais, porque nunca fez sentido tudo aquilo acontecer sem a aprovação e o acompanhamento de alguém centralizador e vertical como Luiz Inácio Lula da Silva.

O surgimento do petrolão construído paralelamente ao mensalão, com muitos zeros a mais foi a estridente evidência de que Lula não podia desconhecer aquilo tudo. A leitura benevolente do mensalão era que desfalques no Banco do Brasil, dados pelo militante Henrique Pizzolato, mancomunado com Marcos Valério, se justificavam pela “causa”. O partido tinha um projeto de poder longevo, para “acabar com a pobreza e a miséria”. Não serve de atenuante na Justiça criminal, mas aliviava a culpa moral de petistas, com injeções de ideologia.

O enredo, porém, não fechava. Dirceu voava em jatinhos particulares, morava em condomínio de alto padrão. E este lado “burguês” do lulopetismo já detectado por Golbery do Couto e Silva, na década de 70, segundo Emílio Odebrecht precisava ser custeado.  Ficou, então, tudo misturado: dinheiro surrupiado de estatais aparelhadas por companheiros, e drenado por meio de conhecidas empreiteiras e seus contratos superfaturados, parte para campanhas petistas e de aliados, parte desviada para bolsos privados de comissários. A “causa” continuava presente — era preciso manter uma grande bancada no Congresso, como já conseguira a Arena/PDS na década de 70, para sustentar a ditadura com fachada de democracia representativa. Mas, desta vez, havia Lula de ego nas alturas, chamado de “o cara” [considerar Lula o cara foi apenas mais uma das incontáveis bobagens cometidas por Obama. Obama e Lula se merecem.] por Obama, com o desejo de ter sítio em Atibaia, tríplex no Guarujá, um instituto para ajudar países subdesenvolvidos a superar a pobreza, também uma adega bem abastecida etc.

O efeito da videoteca das delações da Odebrecht e da decisão de Léo Pinheiro, da OAS, construtora do prédio do tríplex, de fazer delação premiada na Lava-Jato, foi desmontar o jogo de espelhos que Lula, advogados e militância manipulada ainda tentam jogar, e continuarão insistindo. Só fé de religioso sectário para continuar a acreditar. Virou, há tempos, questão de dogma.

Lula tem quase nada em seu nome. Usufrui do patrimônio de amigos e compadres, o advogado Roberto Teixeira o principal deles. A quem Lula indicou para a Odebrecht, a fim de idealizar uma fraude contratual com a finalidade de esconder que a empreiteira gastara bem mais que R$ 500 mil, o orçamento inicial, na reforma do sítio de Atibaia, a pedido da ainda primeira-dama Marisa Letícia, segundo delação da empreiteira.


O GLOBO revelou o tríplex do Guarujá em 2010. Veio uma contínua avalanche de desmentidos, alguns arrogantes e agressivos. Mesmo com o vídeo em que Léo Pinheiro mostrava o imóvel ao ainda presidente da República. O casal Luiz Inácio e Marisa pediu obras, devidamente executadas. Depois, foi dito que a OAS era a real proprietária do imóvel.

Na verdade, era mesmo de Lula e família, acaba de confirmar Léo Pinheiro, perante o juiz Sérgio Moro. E também coube à OAS parte da reforma do sítio em Atibaia, executada, em maior proporção, pela Odebrecht. As cozinhas modeladas do sítio e do tríplex do Guarujá foram compradas no mesmo lugar.  Tanto a empreiteira multinacional Odebrecht quanto a OAS, ambas fundadas na Bahia, utilizaram o mesmo sistema contábil: o custo de reformas em imóveis para Lula e outras despesas pessoais dele foram debitadas de propinas arrecadadas em estatais, por meio de contratos superfaturados. Ou seja, dinheiro público também elevando o padrão de vida de Lula, família e outros lulopetistas, por certo.

Os depoimentos que foram divulgados nos últimos dias da Odebrecht e agora de Léo Pinheiro não surpreendem pelos fatos em si, muitos deles já ventilados, mas pela dimensão do esquema, pela riqueza de detalhes sórdidos na forma como os governos Lula e Dilma foram corrompidos e também corromperam. Não há inocentes na história. Seja em nome da “causa” ou da boa vida.

O desnudamento de Lula em carne e osso, em praça pública, com os pecados da baixa política brasileira, parece apenas começar. Afinal, não se pode admitir que tudo o que foi falado até agora por Marcelo, Emílio Odebrecht e seus executivos, sobre o toma lá dá de cá com o presidente e ex-presidente, não tenha sustentação em provas documentais. O mesmo vale para Léo Pinheiro. Empreiteiros não só sabem fazer contas, como são precavidos. Mas os simples testemunhos já são arrasadores.

Outra grave ameaça a Lula é o depoimento de Léo Pinheiro de que o ainda presidente mandou-o eliminar provas de remessas de dinheiro ilegal para João Vaccari, tesoureiro do PT, há algum tempo na carceragem de Curitiba. Será a segunda denúncia de tentativa de obstrução da Justiça, depois da sua participação, segundo Delcídio Amaral, na manobra para calar Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, um dos dutos do desvio de dinheiro da estatal para o lulopetismo e aliados.


Completando o cerco a Lula, há o ex-ministro Antonio Palocci, também preso em Curitiba, e que estaria negociando um acordo de delação premiada. Seria uma espécie de mãe de todas as delações. Ou uma dessas mães. Foi ministro da Fazenda de Lula, homem de confiança do ex-presidente, escalado por ele para tentar gerenciar a imprevisível Dilma Rousseff. Mas as “consultorias” de Palloci o derrubaram.

Importante é que Palocci surge nas delações da Odebrecht como homem-chave no relacionamento financeiro entre a empreiteira e o ex-presidente. Gratos, os Odebrecht abriram um crédito de R$ 40 milhões para Lula, a serem movimentados por meio de Palocci. Assim, seu cacife aumentou bastante como arquivo de preciosas informações. Mas nada garante que as fornecerá, mesmo que esteja sendo insinuado pelo lulopetismo, como forma de salvar o chefe, que o ex-ministro embolsou dinheiro pedido em nome de Lula.

Emerge desta história a constatação de que os projetos de poder e pessoais do PT e de outros partidos esbarraram em instituições que continuam a funcionar por sobre a maior crise econômica do Brasil República, com sérios desdobramentos políticos. Incluindo um impeachment, justificado pelo atropelamento voluntarioso da Lei de Responsabilidade Fiscal, de mesma inspiração ideológica do aparelhamento de estatais e assaltos realizados em associação com empresários privados. A ordem jurídica se fortalece.

Fonte: O Globo - Editorial

 

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Juiz aponta farsa e nega transferência de Marcos Valério

O publicitário pediu transferência para ficar mais próximo da cidade da mãe e da companheira, porém no endereço não vive nenhum parente de Valério

 Marcos Valério Fernandes de Souza, que cumpre pena de 37 anos de prisão na Penitenciária Nelson Hungria, na cidade de Contagem, em Minas Gerais, é suspeito de prestar informação falsa à Justiça ao pedir transferência para uma outra unidade prisional de Minas – a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), da cidade de Lagoa da Prata.

No pedido de transferência ao Supremo Tribunal Federal (STF), Valério informou que sua mãe e sua companheira moravam na cidade. A solicitação foi aceita pelo ministro Luís Roberto Barroso em 19 de dezembro, sob a condição de que a decisão final caberia ao juiz da comarca local.

 A Apac em Lagoa da Prata prevê assistência espiritual e orientação para atividades artísticas e o controle sobre os presos é bem mais ameno do que o feito nas penitenciárias do Estado. Ao negar a transferência, o juiz Aloysio Libano de Paula Junior disse que constatou, por visita própria e com o envio de oficial de justiça, que no endereço informado não viviam parentes de Valério.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que confirmada a suspeita de falsidade ideológica, poderá haver impacto na pena que Valério cumpre. A investigação será feita pela comarca de Lagoa da Prata.  A defesa argumentou no pedido de transferência que Valério vinha sofrendo ameaças na penitenciária e que o ambiente do presídio prejudica a delação premiada que ele negocia com a PGR. O advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi, não comentou a decisão do juiz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

 

domingo, 11 de setembro de 2016

E agora, Lula? - depoimentos nos próximos dias vão complicar ainda mais a situação de Lula: a qualquer momento será expedida ordem de prisão

O ex-presidente integrou o esquema do Petrolão, operou propinas, obstruiu a Justiça, foi criticado por ministro do STF e, já indiciado, vê o cerco se fechar com novos depoimentos bombásticos. Ao juiz Sérgio Moro, o publicitário Marcos Valério e os empreiteiros Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro acrescentam novas revelações que complicarão o petista de vez 

Nos próximos dias, o ex-presidente Lula terá de enfrentar uma tempestade perfeita – expressão inglesa usada para designar uma combinação desfavorável de fatores que se agravam até constituir o pior cenário possível. Vão prestar depoimento ao juiz Sérgio Moro o publicitário Marcos Valério, na segunda-feira 12, o ex-sócio da OAS, Léo Pinheiro, na terça-feira 13, e Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva seu nome, na quinta-feira 15 de setembro. Todos têm potencial explosivo para detonar o petista: Léo Pinheiro cuidou da reforma do tríplex de Lula e é conhecedor dos segredos mais recônditos do ex-presidente. Marcos Valério operou a compra de parlamentares no esquema conhecido como mensalão e já se dispôs a detalhar a chamada Operação Portugal Telecom, um acordo endossado por Lula, em encontro no Palácio do Planalto, que teria rendido a ele, a José Dirceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares a soma de R$ 7 milhões. E a empresa de Marcelo Odebrecht não só fez reformas no sítio frequentado por Lula, como pode desnudar as nebulosas negociações envolvendo a construção do estádio do Itaquerão, em São Paulo – que atingiria Lula em cheio, podendo levá-lo à prisão.

As provas contra o ex-presidente petista se acumulam e o cerco se fecha a cada átimo de tempo. Lula já é réu na Justiça Federal do DF sob acusação de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que negociava um acordo de delação premiada e poderia revelar a relação do petista com o Petrolão. Este será o primeiro processo em que Lula vai se sentar no banco dos réus. O julgamento final não deve passar de novembro. Em despacho obtido por ISTOÉ, o juiz da 10º Vara do DF, Vallisney de Souza Oliveira, marcou para o dia 8 de novembro, às 9h30 da manhã, a primeira audiência de instrução e julgamento do processo contra o ex-presidente da República.

Em geral, os réus costumam comparecer pessoalmente às audiências.  Além de Lula, também são réus nesta ação seu amigo pecuarista José Carlos Bumlai, o filho dele, Maurício Bumlai, o ex-controlador do banco BTG Pactual André Esteves, o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e seu ex-assessor Diogo Ferreira. Neste dia, Lula ficará frente a frente com integrantes do Ministério Público Federal e com o juiz Vallisney. Depois dessa etapa, a ação penal entra na reta final e Lula pode receber sua primeira condenação.

Os acusadores
Lista dos que envolvem Lula em flagrantes casos de corrupção e desrespeito à Justiça cada vez aumenta mais:

A ação tem como base a delação premiada de Delcídio. O ex-senador contou que participou da compra do silêncio de Cerveró a pedido de Lula. Foi por causa disso que o ex-líder do governo no Senado acabou preso, flagrado em um áudio no qual oferecia ajuda financeira à família do ex-diretor e até articulava um plano de fuga dele. Após abrir a boca, Delcídio deixou a prisão e delatou seus antigos companheiros de partido. O procurador Ivan Cláudio Marx, ao ratificar denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, atribuiu ao petista o papel de “chefe da organização criminosa” para obstruir os trabalhos da Justiça. “Não se pode desconsiderar que, em uma organização criminosa, o chefe sempre restará na penumbra, protegido”. O próprio Lula confirmou em depoimento que se encontrou com Delcídio no seu instituto, em São Paulo, e que discutiram sobre a Lava Jato, embora negue que nunca conversaram sobre a compra do silêncio de Cerveró. A versão é completamente inverossímil, no entendimento dos procuradores. Ouvido na quinta-feira 1 em Curitiba, Delcídio reforçou que Lula tinha participação direta no esquema de loteamento político na Petrobras.

Não apenas os procuradores da República estão convencidos da atuação direta de Lula no sentido de atrapalhar o trabalho do Judiciário. Na última quinta-feira 8, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstrou ter perdido a fleuma ao se referir a Lula. Normalmente técnico e circunspecto, o ministro fez uma de suas manifestações mais contundentes. Acusou Lula de agir para “embaraçar” as investigações da Operação Lava Jato por ingressar com vários pedidos de transferência de competência dos processos hoje nas mãos de Moro. Como se nota pela sucessão de eventos capazes de encrencá-lo de vez, o medo do petista se justifica.

Às 9h do último dia 16, um oficial de Justiça bateu à porta do apartamento de Lula em São Bernardo para comunicá-lo oficialmente de que havia se tornado réu e lhe dando prazo de 20 dias para apresentar sua defesa. A defesa foi apresentada na última terça-feira 6. Nela, Lula alegou ausência de “demonstração da conduta individualizada” do ex-presidente nos fatos criminosos e pedindo a nulidade da ação. As justificativas do petista não são factíveis. A acusação contra Lula de obstruir a Justiça prevê pena de prisão de três a oito anos, além de multa. Mesmo assim, o petista flana a fazer política por aí como se intocável fosse.

A postura de Lula e até mesmo de seus familiares já beira o desacato à Justiça. Sua mulher Marisa Letícia e o seu filho Fábio Luís Lula da Silva se recusaram a comparecer a um depoimento marcado para o último dia 16 na Polícia Federal em Curitiba, no qual seriam questionados sobre o sítio em Atibaia (SP). Na última semana, como se estivesse acima dos demais cidadãos, Lula reiterou não reconhecer a competência de Moro na investigação sobre as 23 caixas com presentes recebidos pelo petista no período que ocupou a Presidência. Em mais uma inequívoca afronta ao Judiciário, Lula afirmou que somente prestará esclarecimentos à Justiça Federal de Brasília. Se fosse um mero mortal, fatalmente já estaria atrás das grades, tamanho o ultraje às autoridades. [Lula provoca confiando em uma eventual reação dos militontos petistas em sua defesa; esquece que ele e o idiota do presidente da CUT, um tal de Vagner, ameaçaram pegar em armas para impedir o impeachment de Dilma e que a criatura foi impedida, escarrada e nada a militância fez.
O mesmo vai ocorrer com Lula - será preso e apenas  alguns cães petistas vão latir por alguns dias nas ruas até desistirem.]

A confiança e a ousadia esboçadas pelo líder petista em sua peça de defesa escancaram, na verdade, um sentimento de preocupação. Pressentindo que seu destino esteja selado, e a volta à cadeia esteja próxima, Lula tem recorrido até às instâncias internacionais para tentar escapar das mãos de Moro. E não é para menos. Seis meses depois do seu depoimento, a PF concluiu o inquérito que investiga a ocultação do patrimônio e outras vantagens ilícitas recebidas pelo ex-presidente da construtora OAS. Valores que alcançaram a ordem de R$ 2,4 milhões, afirmam os investigadores. O ex-presidente foi indiciado por corrupção passiva, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
“Lula tinha participação direta no esquema de loteamento na petrobras” Delcídio do Amaral, ex-senador
A ação policial não é a única apontada em direção ao ex-sindicalista. Uma outra investigação, em andamento na Procuradoria do Distrito Federal, apura a suspeita de participação dele na liberação de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à Odebrecht para financiar as obras construção de uma hidrelétrica em Angola. A PF quer comprovar se houve influência de Lula na operação de crédito. Em contrapartida, a Odebrecht teria de contratar a Exergia Brasil Engenharia, que tem como sócio Taiguara Rodrigues dos Santos, conhecido por ser sobrinho do ex-presidente Lula.  Também ainda está em fase de diligências e debaixo do guarda-chuva da Lava Jato, em Curitiba, o inquérito que apura o aluguel de um galpão por parte da empreiteira OAS para guardar bens pessoais do ex-presidente durante os anos de 2011 e 2016. Essa frente também pode encrencar Lula. A despesa custou R$ 1,3 milhão. Os policiais suspeitam que os itens encaixotados tenham sido retirados da União. Em março, a PF cumpriu um mandado de busca extra para apreender todo o material recolhido ao depósito. De acordo com a lei 8.038 de 1990, o Ministério Público tem até 15 dias para se pronunciar sobre os inquéritos que forem concluídos pela polícia, pois os crimes imputados a Lula são de ação penal pública.



Outro auspício que aterroriza o ex-presidente é alimentado pelas cada vez mais cristalinas digitais da participação dele no maior esquema de desvios de dinheiro público da história do País, o Petrolão. “Nessa toada, considerando os dados colhidos no âmbito da Operação Lava Jato, há elementos de prova de que Lula participou ativamente do esquema criminoso engendrado em desfavor da Petrobras, e também de que recebeu, direta e indiretamente, vantagens indevidas decorrentes dessa estrutura delituosa”, afirmaram recentemente procuradores da Lava Jato em robusto despacho de 70 páginas.

Embora ainda não tenha tomado nenhuma medida extrema contra o ex-presidente, o procurador-geral Rodrigo Janot demonstra estar convicto da participação dele nos desvios milionários da Petrobras. Em maio, Rodrigo Janot pediu a inclusão de Lula na relação de investigados no inquérito-mãe da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que investiga a existência de uma organização criminosa que devastou a Petrobras. Ao relatar a suposta participação do petista no esquema, Janot fez duras afirmações. “Pelo panorama dos elementos probatórios colhidos até aqui e descritos ao longo dessa manifestação, essa organização criminosa jamais poderia ter funcionado por tantos anos e de uma forma tão ampla e agressiva no âmbito do governo federal sem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dela participasse”, disse o procurador. E completou: “Lula mantém o controle das decisões mais relevantes, inclusive no que concerne às articulações espúrias para influenciar o andamento da Operação Lava Jato”.

Além das acusações que Lula enfrenta nas esferas policial e da Justiça, somam-se ainda – e para o temor dele – a delação de ex-companheiros de negócios e de degustação de cachaça. É o caso do ex-presidente da OAS José Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro. O executivo já revelou em conversas preliminares que o tríplex no Guarujá (SP) seria abatido das propinas que a empreiteira tinha de pagar ao PT por obras na Petrobras. Segundo Pinheiro, o acerto foi feito com a anuência do ex-tesoureiro do partido, João Vaccari Neto. Da mesma forma, segundo o empreiteiro, ficou acertada a reforma do sítio da família de Lula em Atibaia executada pela OAS.

Léo Pinheiro provou mesmo ser próximo ao ex-presidente. Em outra conversa preliminar com integrantes da Lava Jato, o executivo afirmou que Lula usou a empreiteira envolvida no escândalo da Petrobras para comprar o silêncio de sua protegida Rosemary Noronha. Ela foi demitida do escritório da Presidência da República, em São Paulo, após a deflagração da operação Porto Seguro, que investigava a participação de Rosemary com uma organização criminosa que fazia tráfico de influência em órgãos públicos.  Conforme Léo Pinheiro já adiantou aos integrantes da Lava Jato, uma das maneiras encontradas pela OAS para ajudá-la foi contratar a New Talent Construtora, empresa do então cônjuge de Rose, João Vasconcelos. A contratação, disse Pinheiro, atendeu a um pedido expresso de Lula. 

 Documentos em poder da força-tarefa da Lava Jato e de integrantes do Ministério Público de São Paulo, aos quais ISTOÉ teve acesso, confirmam que a New Talent trabalhou para a OAS.  Em outra delação sob negociação, o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque, apadrinhado pelo PT no esquema de desvios da estatal, disse ter se reunido com Lula para acertar os detalhes sobre a divisão das propinas advindas de contratos com a empresa. O encontro com o ex-presidente teria ocorrido no Instituto Lula, em São Paulo.

A fidelidade de outrora por parte de alguns aliados do ex-presidente enfraquece a cada aperto da Justiça. Condenado à maior pena da ação penal conhecida como mensalão, o publicitário Marcos Valério tem demonstrado por meio de seus advogados de defesa que está disposto a fazer acordo de delação premiada. O depoimento de Valério poderia encalacrar ainda mais o parceiro Lula na Operação Lava Jato. A investigação tem como origem o depoimento dele em 2012 ao MPF. O publicitário disse que a empresa Portugal Telecom pagou uma dívida de US$ 7 milhões do PT. O depoimento de Valério em Curitiba aos integrantes da força-tarefa da Lava Jato está marcado para segunda-feira 12. Em caso de confirmação do acordo de delação premiada, Valério pode abrir o verbo.

Mesmo diante de tantas evidências, o ex-presidente Lula segue sua rotina de ataques à Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro. E o que chega a ser mais constrangedor: sem qualquer punição até o momento, enquanto casos menos graves já foram alvos de pedidos de prisão. Janot, por exemplo, pediu ao STF as prisões do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP). Janot argumentou que eles se articulavam para obstruir e enfraquecer as investigações da Lava Jato, com base em áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. 

Em março de 2014, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso depois que os investigadores detectaram que parentes dele estavam destruindo documentos em sua empresa, para tentar escapar de uma operação de busca e apreensão da PF e atrapalhar as investigações. Em junho de 2014, logo depois de ser solto, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso pela segunda vez por ordem do juiz Moro por omitir conta na Suíça com depósitos que totalizavam US$ 23 milhões. Para convencer o titular da ação, o MPF argumentou que havia risco de Paulo Roberto fugir do país. Depois disso, Paulo Roberto Costa decidiu fazer uma delação premiada. Perto da ficha corrida do petista, o que implicou próceres do esquema do Petrolão é considerado café pequeno por delegados que conduzem a Lava Jato. Até quando Lula ficará impune é a pergunta que povoa as mentes de parcela expressiva da população hoje.


 Fonte: IstoÉ