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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Lula vai depor a Moro. Em vídeo. E como testemunha!

Surrealismo explícito: Lula vai depor pela primeira vez a Moro. Em vídeo. E como testemunha! Pode gargalhar!

Para espanto de todos, Lula não é um investigado nesse inquérito: há duas delações que o põem na cena do crime; há o seu amigão, que admite o papel de laranja — com que propósito? —, e há um dos donos do grupo Schahin admitindo a negociata. Como explicar que Lula não seja um investigado nesse caso? Bem, não tem explicação nenhuma

Luiz Inácio Lula da Silva vai ficar pela primeira vez cara a cara com Sergio Moro. Quer dizer: quase! Vai falar por videoconferência. O ex-presidente deporá no dia 14 de março como testemunha de defesa de José Carlos Bumlai, o pecuarista que é seu amigão, no inquérito que investiga um empréstimo feito pelo grupo Schahin ao PT.

Onde está o escárnio? Ser Lula mera testemunha nesse inquérito, não um investigado, é um assombro e uma afronta ao bom senso. Por muito menos, o Ministério Público Federal já fez muito mais. Vamos lembrar.  Em 2004, Bumlai serviu de laranja do PT e assumiu como seu um empréstimo de R$ 12 milhões feito ao partido pelo braço financeiro do grupo Schahin. O pecuarista já confessou o seu papel. Disse que o dinheiro foi enviado ao PT de Santo André, por intermédio do grupo Bertin.


Bumlai, inicialmente, mentiu que pagara a dívida com embriões e esperma de boi. Diante do ridículo da coisa, recuou. Até porque a versão foi desmoralizada por um dos sócios do grupo: Salim Schahin deixou claro que o empréstimo foi feito ao PT e que nunca foi pago.  Então a empresa morreu com o prejuízo? Não! Em 2009, a dívida do partido já estava em R$ 60 milhões. E como foi saldada? Ora, o próprio Salim foi claro a mais não poder: o braço de infraestrutura do grupo fechou um acordo para operar o navio-sonda da Petrobras Vitória 10.000 entre 2010 e 2020. Valor do contrato: US$ 1,6 bilhão — sim, de dólares mesmo. Cobrar dívida pra quê? Aqueles R$ 60 milhões foram perdoados. Ou por outra: foram pagos pela Petrobras.

Agora o busílis
Em sua delação premiada, Fernando Baiano relatou precisamente essa transação e afirmou que Lula participou da negociação. Só Baiano? Não! Nestor Cerveró, igualmente num processo de colaboração negociado com o Ministério Público, disse a mesma coisa: o então presidente da República participara ativamente da negociação.

Cerveró, aliás, foi adiante: garantiu que só conseguiu um cargo de diretor na BR Distribuidora, depois de ter deixado a Petrobras, por interferência de Lula, uma vez que havia ajudado a viabilizar o acordo do navio-sonda. Era gratidão. A mão suja que lava a outra. Em seu depoimento, Baiano assegurou que Bumlai lhe relatara que o então presidente havia mesmo arrumado a boquinha para Cerveró e que isso era parte da operação que incluía empréstimo e navio-sonda.

E, no entanto, para espanto de todos, Lula não é um investigado nesse inquérito: há duas delações que o põem na cena do crime; há o seu amigão, que admite o papel de laranja — com que propósito? —, e há um dos donos do grupo Schahin admitindo a negociata.
Como explicar que Lula não seja um investigado nesse caso? Bem, não tem explicação nenhuma.

A defesa Afirmou a defesa de Bumlai em documento enviado a Moro: “A proximidade entre Bumlai e Lula sempre foi muito explorada pelos que, maliciosamente, viam nela a oportunidade de encontrar malfeitos que pudessem ser atribuídos ao segundo, seja durante, seja depois de seus dois mandatos. Nesse período, não foram poucas as insinuações e por vezes até imputações de que o defendente seria um intermediário de negócios escusos de interesse do ex-Chefe do Executivo.”

Ok. O papel da defesa é defender, né? Mas não custa evitar o exagero. Por acaso estamos sendo convidados a acreditar que Bumlai assumiu como seu um empréstimo de R$ 12 milhões só porque é um contumaz admirador das ideias do petismo, é isso?

A defesa de Bumlai resolveu recorrer à ironia: “Na verdade, o crime [de Bumlai] é ser amigo de Lula e, pasme, Juiz, existe até fotografia de ambos numa festa junina, tornando irretorquível a consumação do delito do artigo 362 do Código Penal. Sua ameaça à ordem pública consiste em seu potencial de, no crescendo da indignação, delatar o ex-Presidente de alguma forma. Esta é a essência deste processo.”

Vamos explicar. O Código Penal tem 361 artigos. A defesa de Bumlai está dizendo que se inventou um crime para poder manter preso o seu cliente. E também acusa, de forma oblíqua, a Operação Lava Jato de submeter o pecuarista à prisão para forçá-lo a denunciar Lula.

De novo: papel da defesa é defender. O chato dessa versão é que, lembre-se outra vez,três delações que põem Bumlai como personagem ativa de uma tramoia: Baiano, Cerveró e Salim Schahin, que emprestou o dinheiro e foi beneficiário do contrato do navio-sonda. Sem contar a insistência pretérita de Bumlai em assumir como seu um empréstimo quem nem sequer foi pago.

Amigos costumam fazer favores, e ninguém tem nada com isso. Se, no entanto, nesse fazer, há crime, a coisa deixa de ser um assunto privado, e os 361 artigos do Código Penal podem se interessar pela pessoa.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Lula vai depor na Polícia Federal - PF diz que Lula pode ter sido beneficiado por corrupção na Petrobras



Delegado pede ao Supremo para ouvir depoimento do ex-presidente
A Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatório em que pede para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja ouvido para explicar seu envolvimento no esquema investigado na operação Lava-Jato. O relatório diz que Lula pode ter sido beneficiado pessoalmente das irregularidades em apuração. "Atenta ao aspecto político dos acontecimentos, a presente investigação não pode se furtar de trazer à luz da apuração dos fatos a pessoa do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que, na condição de mandatário máximo do país, pode ter sido beneficiado pelo esquema em curso na Petrobras, obtendo vantagens para si, para seu partido, o PT, ou mesmo para seu governo, com a manutenção de uma base de apoio partidário sustentada à custa de negócios ilícitos na referida estatal", diz o relatório. Depois de contar tudo o que foi apurado até agora, a PF pede que Lula seja intimado para prestar declarações.
"Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo”.
O relatório diz ainda que deixa de analisar o caso da presidente Dilma Roussef em função de decisão já tomada pelo relator Teori Zavascki, a partir de parecer do Ministério Público Federal, considerando que fatos anteriores ao mandato da chefe do Executivo não poderiam ser investigados.
"Esclarece-se, por fim, que a atual presidente da República, Dilma Vana Rousseff, que ocupou os cargos de ministra de Minas e Energia (2003 a 2005), presidente do Conselho de Administração da Petrobras (2003 a 2010) e ministra-chefe da Casa Civil (2005 a 2010), não pode ser investigada pelos fatos ocorridos nesses períodos, por força do artigo 86, § 4° da Constituição Federal", diz o relatório.
Lula não tem foro privilegiado. De acordo com a revista, a PF não explica por que pediu o depoimento do ex-presidente ao Supremo e não à primeira instância“Neste cenário fático, faz-se necessário trazer aos autos as declarações do então mandatário maior da nação, Luiz Inácio Lula da Silva, a fim de que apresente a sua versão para os fatos investigados, que atingem o núcleo político-partidário de seu governo”. [difícil de entender a conduta da PF pedindo permissão ao Supremo e não a primeira instância,  para intimar um suspeito sem foro privilegiado – nem àquela ‘colher de chá’ de curso superior, que perdeu quase todo o valor, Lula possui.
O suficiente seria a expedição de uma intimação para depor – na Delegacia, nada de ser ouvido em casa; se o suspeito não comparecesse, caberia a expedição de  um  mandato de condução coercitiva.]
Fonte: O Globo