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segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Cristãos se unem a muçulmanos em atos contra ‘Charlie Hebdo’

No Paquistão, o alvo das manifestações era o presidente francês e seu apoio às novas charges publicadas pelo semanário 

Governo belga pede extradição de preso na Grécia - Homem é suspeito de particiapação em célula desbaratada na semana passada

Autoridades europeias e israelenses continuavam neste domingo a ofensiva antiterrorista desencadeada pelo ataque ao jornal “Charlie Hebdo" há 12 dias, enquanto milhares de manifestantes mantêm protestos diários em países diversos como Níger, na África, e Paquistão, no sudoeste asiático. Na Bélgica, o Ministério Público pediu a extradição de um dos dois suspeitos presos em Atenas, na Grécia, por supostas ligações com uma célula terrorista belga. Segundo a imprensa belga, um terceiro homem ainda é procurado, e poderia estar na Grécia ou na Turquia. As autoridades belgas, porém, afirmaram que a célula não possuía ligações com o ataque de Paris.

Na Alemanha, uma manifestação islamofóbica marcada para hoje foi cancelada após suspeitas de um ataque terrorista. Segundo a polícia alemã, “todas as manifestações públicas ao ar livre estão proibidas na segunda-feira, 19 de janeiro, no território da cidade de Dresden” devido a “um risco terrorista concreto". A cidade seria palco de mais um protesto semanal do movimento Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente). Uma manifestação anti-Islã também foi proibida pelas autoridades em Paris por receios de que causasse desordem pública.

No Paquistão, o alvo das manifestações era o presidente francês François Hollande e seu apoio às novas charges publicadas pela Charlie Hebdo retratando o profeta Maomé de forma considerada ofensiva para muitos muçulmanos. Cerca de 5 mil pessoas se reuniram na cidade de Lahore, no leste do Paquistão e outras milhares em outras cidades do país. Bandeiras francesas e fotos de Hollande foram queimadas. Os protestos reuniram seguidores de partidos religiosos e seculares também nas cidades de Karachi, Islamabad, Quetta, Peshawar, Multan e em várias outras. Em Karachi, duas mil pessoas se reuniram no mausoléu do fundador da nação, Mohamed Ali Jinah. Um grupo de pastores cristãos também se uniu à comitiva em solidariedade aos fiéis muçulmanos. Uma delegação do partido Tehreek-e-Insaf visitou a residência do cônsul francês para entregar a ele uma resolução pedindo que Paris proibisse a publicação “Charles Hebdo” por "transmitir ao mundo uma mensagem de ódio religioso". Hafiz Mohammad Saeed, líder do partido Jamaat-ud-Dawa, pediu que a ONU declare toda forma de blasfêmia um crime internacional.  — Se as Nações Unidas não dá atenção, então os Estados muçulmanos devem formar sua própria ONU — disse.

Em 2012, 21 pessoas morreram e 229 ficaram feridas em distúrbios com a polícia após a publicação de outras charges da mesma revista francesa e a divulgação de um filme americano de baixo orçamento que zombava de Maomé. No Níger, manifestações contra a difamação do profeta foram proibidas pelas autoridades e ocorreram sob forte repressão policial.

Deportações e prisões na Europa e em Israel
Na Europa, dezenas de suspeitos de envolvimento com atividades terroristas foram presos em ao menos quatro países nos últimos dias, e em Israel autoridades afirmaram terem desmantelado uma célula do grupo Estado Islâmico após prenderem sete árabes-israelenses.
 Paquistaneses pedem o banimento da revista satírica “Charlie Hebdo”: milhares protestaram em todas as maiores cidades do país e tiveram apoio de grupos cristãos - Arif Ali / AFP

A informação, divulgada neste domingo, diz respeito a detenções realizadas em novembro e dezembro. Um tribunal de Haifa os acusou de pertencer ao Estado Islâmico, grupo considerado ilegal em Israel desde setembro. Segundo a polícia israelense, um dos membros, Karim Abu Sallah, foi detido no aeroporto Ben Gurion quando se preparava para se unir à jihad na Síria. Na Itália, o ministro do Interior, Angelino Alfano, afirmou que nove pessoas foram deportadas desde o início deste ano por supostas ligações com grupos terroristas.  Segundo Alfano, eram cinco tunisianos, um turco, um egípcio, um marroquino e um paquistanês, todos eles tinham autorizações de residência e foram expulsos do país.
Temos feito tudo o necessário, dentro dos limites, para nos proteger contra uma ameaça — afirmou Alfano, observando que as deportações começaram antes dos ataques de Paris. — Nove pessoas foram deportadas. Não vamos parar por aqui. E, no que diz respeito a expulsões, vamos continuar a ser extremamente duros.

Na França, nove das 12 pessoas presas na última sexta-feira continuam em detenção preventiva. Os suspeitos foram detidos nos arredores de Paris para serem questionados por um possível “apoio logístico” — especialmente no que diz respeito a armas e veículos — a Amedy Coulibaly, que matou um policial e quatro civis em em uma loja judaica no dia 9. Hollande afirmou que a França está “travando uma guerra” contra o terrorismo e que isso podia ser visto nas ruas de Paris e de outras cidades, onde 122 mil policiais e soldados estão de prontidão.


Fonte: AFP