No Paquistão, o alvo das manifestações era o presidente francês e seu apoio às novas charges publicadas pelo semanário
Governo belga pede extradição de preso na Grécia - Homem é suspeito de particiapação em célula desbaratada na semana passada
Autoridades europeias e israelenses continuavam neste domingo a
ofensiva antiterrorista desencadeada pelo ataque ao jornal “Charlie
Hebdo" há 12 dias, enquanto milhares de manifestantes mantêm protestos
diários em países diversos como Níger, na África, e Paquistão, no
sudoeste asiático. Na Bélgica, o Ministério Público pediu a extradição
de um dos dois suspeitos presos em Atenas, na Grécia, por supostas
ligações com uma célula terrorista belga. Segundo a imprensa belga, um
terceiro homem ainda é procurado, e poderia estar na Grécia ou na
Turquia. As autoridades belgas, porém, afirmaram que a célula não
possuía ligações com o ataque de Paris.
No Paquistão, o alvo das manifestações era o presidente francês François Hollande e seu apoio às novas charges publicadas pela Charlie Hebdo retratando o profeta Maomé de forma considerada ofensiva para muitos muçulmanos. Cerca de 5 mil pessoas se reuniram na cidade de Lahore, no leste do Paquistão e outras milhares em outras cidades do país. Bandeiras francesas e fotos de Hollande foram queimadas. Os protestos reuniram seguidores de partidos religiosos e seculares também nas cidades de Karachi, Islamabad, Quetta, Peshawar, Multan e em várias outras. Em Karachi, duas mil pessoas se reuniram no mausoléu do fundador da nação, Mohamed Ali Jinah. Um grupo de pastores cristãos também se uniu à comitiva em solidariedade aos fiéis muçulmanos. Uma delegação do partido Tehreek-e-Insaf visitou a residência do cônsul francês para entregar a ele uma resolução pedindo que Paris proibisse a publicação “Charles Hebdo” por "transmitir ao mundo uma mensagem de ódio religioso". Hafiz Mohammad Saeed, líder do partido Jamaat-ud-Dawa, pediu que a ONU declare toda forma de blasfêmia um crime internacional. — Se as Nações Unidas não dá atenção, então os Estados muçulmanos devem formar sua própria ONU — disse.
Em 2012, 21 pessoas morreram e 229 ficaram feridas em distúrbios com a polícia após a publicação de outras charges da mesma revista francesa e a divulgação de um filme americano de baixo orçamento que zombava de Maomé. No Níger, manifestações contra a difamação do profeta foram proibidas pelas autoridades e ocorreram sob forte repressão policial.
Deportações e prisões na Europa e em Israel
Na Europa, dezenas de suspeitos de envolvimento com atividades terroristas foram presos em ao menos quatro países nos últimos dias, e em Israel autoridades afirmaram terem desmantelado uma célula do grupo Estado Islâmico após prenderem sete árabes-israelenses.
Paquistaneses pedem o banimento da revista satírica “Charlie Hebdo”:
milhares protestaram em todas as maiores cidades do país e tiveram apoio
de grupos cristãos
- Arif Ali / AFP
A informação, divulgada neste domingo, diz respeito a detenções
realizadas em novembro e dezembro. Um tribunal de Haifa os acusou de
pertencer ao Estado Islâmico, grupo considerado ilegal em Israel desde
setembro. Segundo a polícia israelense, um dos membros, Karim Abu
Sallah, foi detido no aeroporto Ben Gurion quando se preparava para se
unir à jihad na Síria. Na Itália, o ministro do Interior, Angelino Alfano, afirmou que nove
pessoas foram deportadas desde o início deste ano por supostas ligações
com grupos terroristas. Segundo Alfano, eram cinco tunisianos, um turco,
um egípcio, um marroquino e um paquistanês, todos eles tinham
autorizações de residência e foram expulsos do país.— Temos feito tudo o necessário, dentro dos limites, para nos proteger contra uma ameaça — afirmou Alfano, observando que as deportações começaram antes dos ataques de Paris. — Nove pessoas foram deportadas. Não vamos parar por aqui. E, no que diz respeito a expulsões, vamos continuar a ser extremamente duros.
Na França, nove das 12 pessoas presas na última sexta-feira continuam em detenção preventiva. Os suspeitos foram detidos nos arredores de Paris para serem questionados por um possível “apoio logístico” — especialmente no que diz respeito a armas e veículos — a Amedy Coulibaly, que matou um policial e quatro civis em em uma loja judaica no dia 9. Hollande afirmou que a França está “travando uma guerra” contra o terrorismo e que isso podia ser visto nas ruas de Paris e de outras cidades, onde 122 mil policiais e soldados estão de prontidão.
Fonte: AFP
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