Jair Bolsonaro diz que sairá do PP 'em separação amigável, sem litígio'
Deputado ainda deverá se reunir com Francisco Dornelles (PP-RJ), mas disse que 'decisão está tomada'
Campeão de votos no Rio, o deputado federal Jair Bolsonaro
(PP-RJ) disse na noite desta terça-feira ser “praticamente impossível”
convencê-lo a continuar no PP, mas que a saída se dará "sem litígio". O
deputado teve a terceira maior votação do Brasil em 2014 — 464 mil votos
— e anunciou nesta terça-feira que vai se desfiliar da legenda para
buscar "sonhos políticos" que não cabem no partido.
O deputado Jair Bolsonaro
- André Coelho/11-2-2014
O seu deadline, contou ao GLOBO, é setembro de 2017, um ano
antes das eleições majoritárias. De olho numa candidatura à Presidência,
já foi cortejado pelos nanicos PTC, PRTB e o recém criado Partido
Militar Brasileiro (PMB) e acredita que, na próxima simulação de
candidatos para o pleito de 2018, chegará a 10% das intenções de voto. — Da minha parte, a decisão está tomada. O partido está
aberto ao diálogo, mas dificilmente vão me convencer do contrário. Acho
que político que se acomoda não produz. Sete mandatos de deputado
federal está de bom tamanho em Brasília — afirmou o deputado.
Bolsonaro confirmou o desejo de ser candidato a presidente e
fez críticas ao PP, que tem 31 quadros respondendo a inquéritos no
Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava-Jato. Disse
que alguns parlamentares do PP acham que ele “já vai tarde”, afirmou que
às vezes leva “coices” do partido por sua “falta de polidez” e reclamou
da falta de influência que exerce no partido. Afirmou, no entanto, que a
separação terá que ser amigável, afinal, seu mandato pertence ao
partido: — Preciso de uma separação amigável. Litigiosa eu perco. Não
posso me precipitar e já buscar outro partido. (A decisão de sair) tem a
ver com problemas pontuais nesses últimos dias. Temos sete
vice-lideranças, não consigo ocupar nenhuma, apesar de ser o terceiro
mais votado do Brasil. Não sou lembrado para nada, e eu levo o nome do
partido para frente. Modéstia à parte, comprovei que tenho muito voto, e
não só no Rio — disparou, enumerando o que considera seu potencial
político: — Eu represento e tenho simpatia pelo setor evangélico, que é
30% do eleitorado, as Forças Armadas, quem quer a redução da maioridade
penal, quem quer ter arma dentro de casa, setores do agronegócio.
Confiante, Bolsonaro disse acreditar que está preparado para concorrer em 2018. E provocou: — Aplica a prova do Enem para nós três,
Dilma em um canto, Lula do outro e eu no meio. Se eu não tirar nota
maior que eles, não estou preparado. Acho que estou preparado para
sonhar em poder mudar o Brasil independente de se eu vou chegar lá ou
não.
Logo depois de anunciar o pedido de desfiliação ao PP,
Bolsonaro conversou pelo telefone com Francisco Dornelles (PP),
vice-governador do Rio, que pediu que ele fizesse um "standstill", uma
pausa para pensar melhor. Os dois vão se encontrar pessoalmente nas
próximas semanas.
Pedi para ele pensar, fazer um standstill, esperar até conversar
comigo. Essa desfiliação é feita no estado, não lá em cima. Estou com
esperança de mostrar a ele que gostaríamos que ele ficasse. Ele se sente
muito discriminado pela liderança do partido na Câmara, ele acha que
não recebe do partido o reconhecimento que merece, o que é verdade —
contou Dornelles.
Fonte: O Globo