TUMA: Quando
aconteceu aquilo de eu falar pra ele [Gilberto Carvalho] “Foi a sua
turma que matou o cara” [o prefeito Celso Daniel, em 2002], ali mudaram
as coisas dentro do governo e eu comecei a ver que, ao invés de me
defender, eles começaram a minar a imprensa, a vazar coisas de dentro do
Planalto contra mim. E a imprensa, ao invés de falar “Não, [es]pera um
pouquinho, vocês estão vazando o negócio, mas nós já investigamos o
Tuma. Não tem nada contra ele, esse assunto está encerrado”… Eles
começaram a falar pra Polícia Federal: “Instaura outro inquérito.” Então
(…) eram quatro inquéritos pra investigar a mesma coisa, e nunca deu em
nada. Eu nunca fui indiciado! Aí chega essa conversa, onde (…) eu
começo a chorar e falo: “Pô, eu sou vítima.” Eu dei um murro na mesa e
comecei a chorar, pô. De dor e de quem tem vergonha na cara! De quem
está sendo vítima! Aí ele chora e fala aquilo que tá no livro.
ENTREVISTADORES: O quê? O que é que ele fala?
TUMA: Isso.
Ele falava exatamente aquilo: “Pô, eu sei o que é ser vítima. Eu também
fui vítima da imprensa. Veja o que eu fiz, de coração. Eu fui falar com
a família do Celso, dizer que o Celso não roubava, que ele não era
ladrão, que ele nunca pegou dinheiro para pôr no bolso, que tudo que a
gente arrecadava era pro partido.”
SETTI: “Tudo que A GENTE arrecadava”!?
TUMA: É… “Que eu fui levar o dinheiro pra dar pro Zé Dirceu pra dar pro partido.”
SETTI: Ele mesmo [fala isso]?…
TUMA: É. Ele fala de uma forma que, na hora, eu até fiquei com pena… Eu o senti vítima…
SETTI (ironizando): Coitado, né…
O trecho acima, narrado de memória por Tuma, está na página 489 de seu
best seller, na qual ele completa a confissão de Carvalho: “Falei aquilo
para confortar a família, para testemunhar que o Celso era honesto, e
não é que os irmãos dele depois passaram o que lhe contei para a
imprensa! Por isso sei o que é uma injustiça, sei o que você está
passando.” No livro, Tuma chama isto de “prova testemunhal irrefutável”,
“a última peça que faltava no meu quebra-cabeça” sobre o caso Celso
Daniel.
O ex-delegado disse ainda no Roda Viva ter feito fotos do cadáver do
prefeito, mostrando que havia marcas nas costas que sinalizavam tortura,
e também que conseguira desvendar o crime e até fizera um acordo de
delação premiada com o assassino, mas que no dia seguinte ele foi morto
na cadeia, antes de prestar depoimento: “Depois disso, fui afastado do
caso, sob alegação de que o inquérito seria conduzido por uma delegacia
especializada.”
Não é mesmo maravilhoso viver no Brasil petista?