Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Salgueiro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Salgueiro. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Nas ruas, rir é resistir - José Casado

O Globo

A sátira transborda pelos blocos

Está nas ruas uma nova e bem-humorada devassa política. Resulta das desilusões coletivas com os “vigários” de gravata, como canta a São Clemente: “Brasil, compartilhou/ viralizou, nem viu!/ E o país inteiro assim sambou/ Caiu na fake news!”

É um salve-se quem puder, avisa a União da Ilha, ao relatar a anarquia no Rio de tiroteios, intercalados pela “solidariedade” de governantes aos baleados: “Esse nó na garganta, vou desabafar/ O chumbo trocado, o lenço na mão/ Nessa terra de Deus dará... Eu sei o seu discurso oportunista/ É ganância, hipocrisia/ Seu abraço é minha dor, seu doutor.”

Na cidade de Marcelo Crivella, lembra a Unidos da Tijuca, só resta a súplica aos céus: “O Rio pede socorro / É terra que o homem maltrata / Meu clamor abraça o Redentor.” Virou zona de intolerância, protesta a Grande Rio: “Pelo amor de Deus/ Pelo amor que há na fé/ Eu respeito seu amém/Você respeita o meu axé.” Foi esse Rio que deu ao país Jair Messias Bolsonaro, evocado pela Mangueira na saga de Jesus da Gente, filho de carpinteiro desempregado com Maria das Dores Brasil: “Favela, pega a visão/ Não tem futuro sem partilha / Nem Messias de arma na mão.”

A sátira transborda pelos blocos (pura ironia num país cujo Congresso analisa mais de 60 projetos para restringir a liberdade de expressão). Não se esquece o governador Wilson Witzel vendendo bactérias Cedae: “Tem dó de nós, governador/ Tem dó de nós, governador/ Água amarela e com cheiro de cocô (bis).”

Inesquecível, também se tornou o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele caiu na rede dos Marcheiros: “Se eu contar, ninguém acredita/ Tive um sonho e acordei passando mal/ O meu insider trader virou parasita/ E o boletim não chegou na ‘pactual’... Fugi pra Disney, pra escapar desse BO/ Eu de doméstica ali na imigração/ O americano, veja só.../ Falou, tchuchuca, tenha dó/ Não tem escola de Chicago ou tubarão/ Pode algemar e manda pra deportação!/ ... Ai que baixo astral/ Que foi o meu pesadelo liberal/... E o pibinho, ó...”
“Sorrir é resistir”, ensina o Salgueiro em reverência a Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil.


José Casado, jornalista - Coluna em O Globo

 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Carnaval este ano: se algum homem olhar para uma mulher quase totalmente nua, poderá ser preso por machismo e assédio



Mulheres espalham iniciativas contra machismo e assédio pelo carnaval

Reação aos abusos engloba mapa colaborativo, blocos e tatuagens feministas


É carnaval: hora de jogar confete e purpurina não apenas nas ruas, mas também sobre a causa feminista. Na onda do “Time’s up”, campanha contra abusos sexuais na indústria americana de cinema, os blocos do Rio preparam uma folia empoderada num ritmo até mais forte do que nos últimos anos. Além de repertórios contra o assédio e fantasias que brincam com o tema, as mulheres vão para o carnaval com “alegorias” mais práticas: um crowdfunding para financiar a distribuição de tatuagens feministas e até um site desenvolvido por uma ONG para receber denúncias anônimas e mapear onde os abusos acontecem. Tudo para não deixar a discussão acabar em samba. No enredo machista, puxada de cabelo, beijo forçado e até xingamentos ainda se repetem, mesmo nos cordões mais engajados.




Para Margarida Pressburguer, advogada e ex-subsecretária estadual de Políticas para Mulheres, “o exagero tem que ser punido e denunciado”. O caminho, diz, é longo:

— Há uma distinção grande entre assédio e galanteio. O mulher tem que poder ir para a rua e ter sossego — observa. — A mentalidade brasileira ainda é muito machista. A discussão sobre o assunto é importante, e o carnaval é um momento bom para a reflexão de até onde essas abordagens devem ir. 


O MAPA DO ABUSO

Os números da Polícia Militar revelam a gravidade do problema. Ano passado, a corporação recebeu 2.154 denúncias de assédio no serviço 190 durante o carnaval — 14% do total de chamados. Foi naquele carnaval que surgiu o coletivo carioca “Não é não”, que distribuiu 4 mil tatuagens adesivas com a mensagem que dá nome ao grupo. Este ano, a tiragem será seis vezes superior, com 25 mil adesivos, que também serão entregues gratuitamente em blocos de São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Olinda. O projeto tem tudo para ser uma febre entre as mulheres. Só ganhou impulso graças a uma campanha de financiamento coletivo no site Benfeitoria: a vaquinha já arrecadou R$ 20 mil.
— Queremos atingir cada vez mais pessoas com mensagens de conscientização. Nosso alerta, “não é não”, é muito óbvio, mas, infelizmente, a gente ainda tem que continuar falando sobre isso, estampando um aviso no corpo — afirma a designer Nandi Barbosa, de 28 anos, integrante do coletivo. — As mulheres precisam falar de assédio sem se sentirem intimidadas.

 MATÉRIA COMPLETA, clique aqui


sábado, 1 de abril de 2017

As regalias de Cabral na prisão

O ex-governador do Rio acumula privilégios em Bangu 8: 

sem tranca na cela, dorme na biblioteca com ar condicionado e é o único detento com autorização para usar internet na administração do presídio e encomendar comida de restaurantes de fora.  

Enquanto esteve na cadeia, sua mulher Adriana recebeu até uma cesta de Natal

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) é acusado de ter desviado dos cofres públicos R$ 300 milhões. Sua mulher, Adriana Ancelmo, implicada por lavagem de dinheiro e crime organizado. Só em jóias, ela torrou R$ 6 milhões com o dinheiro sujo da propina. Os dois estão presos – Adriana, agora, em casa. Melhor exílio impossível. Mas seria de imaginar que ambos estivessem amargando dias terríveis nos desumanos presídios cariocas, como se vê pela TV. Ledo engano. Cabral, e antes também Adriana, é tratado com tantos privilégios que nem parece preso. É hóspede vip no sistema penitenciário, com regalias das mais variadas.

 Ao contrário dos demais detentos, Cabral dorme na biblioteca com ar condicionado, usa internet e celular na sala da administração, manda lavar em casa a roupa suja, encomenda comida em restaurantes de fora e, dentro da cela, que sequer possui tranca, desfruta do que os outros presos jamais podem almejar: três ventiladores e vaso sanitário, – os demais são obrigados a se contentar com o famoso “boi” (buraco no chão). Tudo com as bênçãos dos dirigentes do presídio, comandado pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), afilhado político e ex-vice de Cabral. 

O mais escandaloso, porém, foi o que ISTOÉ apurou com exclusividade junto a fontes de Bangu 8: no dia 24 de dezembro de 2016, entrou na cela individual da detenta Adriana Ancelmo uma cesta de Natal recheada por peru assado, farofa com fios de ovos e arroz com passas. Os demais presos passaram o Natal à marmitex com arroz e feijão. ISTOÉ teve acesso ao registro de entrada da ceia natalina. Um manuscrito. A mordomia foi autorizada pelo próprio Secretário de Estado de Administração Penitenciária (SEAP), Cel. Erir Ribeiro Costa Filho, ex-Comandante-Geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro na gestão de Cabral (2006-2014).


Para conseguir traçar um panorama do cotidiano da família Cabral em Bangu 8, ISTOÉ ouviu agentes penitenciários, parentes de outros presos, fontes ligadas à direção da cadeia e até do Ministério Público Estadual. Logo ao serem recepcionados, Cabral e Adriana foram agraciados com o primeiro privilégio: receberam colchões novos, sem uso. Os demais, não dispõem da mesma sorte. Dormem em colchões fétidos. Muitas vezes até no chão duro. Os dois puderam levar, ainda, roupas de cama e banho novas. Outra regalia: uma vez por semana, Cabral manda lavar em casa e recebe tudo limpinho de volta nos dias de visita. Para os outros presos a realidade é um pouco mais amarga: eles lavam suas roupas na própria cela.

O Inspetor de Segurança de Administração Penitenciária e presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Rio (SINDAPERJ), Wilson Camilo Ribeiro, disse à ISTOÉ ter provas de que o ex-governador dorme todas as noites na biblioteca com ar refrigerado do presídio. Cabral também se alimenta de comidas diferenciadas que pede à cantina, assim como Adriana fazia. Em alguns casos, os pratos são comprados em restaurantes externos. “Já entregaram aqui comida para eles, comprada no restaurante Espetto Carioca”, contou Ribeiro.”Adriana também usava internet na sala de Segurança e Classificação (onde fica a documentação dos presos) e chegou a receber uma pizza comprada na rua pela própria diretora da unidade Feminina de Bangu 8 (Rita de Cássia Alves)”, contou uma funcionária do setor, revoltada com o “poder paralelo” dos dois. 

A diretora Rita de Cássia Alves Antunes (foto), a subdiretora Adriana Verissimo, a chefe de segurança Maria Aparecida e a auxiliar de Segurança Bianca Achur, todas de Bangu 8, ganharam convites para assistir ao carnaval deste ano na Sapucaí, no camarote da escola de samba Salgueiro. A constrangedora gentileza foi feita, segundo denúncia comprovada pelo Inspetor de Segurança de Administração Penitenciária, Wilson Camilo Ribeiro, pelo deputado federal Marco Antonio Cabral  (PMDB-RJ), filho do ex-governador e ritmista da bateria da agremiação. “Foi cortesia do filho de Cabral para a diretoria de Bangu 8”, afirmou Ribeiro à ISTOÉ. Um agrado em troca da proteção dada a Adriana Ancelmo enquanto ela ficou presa em Bangu 8.

A mesma fonte comprova que ex-governador recebe visitas fora de hora, como está no livro que registra a entrada de parentes e políticos e que foi mostrado à reportagem de ISTOÉ: entre 24 de novembro e 4 de março, por exemplo, foram 61 visitas, sendo que 32 feitas somente pelo filho Marco Antonio Cabral, que usa a prerrogativa parlamentar para encontrar o pai. Muitas dessas visitas, por serem em dias extras, não passam pelas vistorias de praxe. Até autoridades do governo Pezão, como o Secretário de Administração Penitenciária, já despacharam com Cabral, como se ele ainda fosse governador do Estado.

Recentemente, descobriu-se que as câmeras de vigilância da unidade do ex-governador não estavam funcionando e, portanto, não havia controle de entrada e saída em sua cela. Na quinta-feira 23, a Justiça mandou recolher as imagens existentes. O juiz da Vara de Execuções Penais, Guilherme Schilling Pollo Duarte, analisa o material. “Simplesmente soltaram os fios das câmeras onde os presos circulavam. Dentro das unidades prisionais, era como estivessem blindados, nada era visto, nada passava pelo registro. O sistema penitenciário do Rio é composto por bandidos, em geral. É totalmente corrupto e desigual”, lamentou um integrante do quadro da Segurança estadual.

A simples chegada do casal ilustre fez com que a rotina de Bangu 8 fosse alterada. E algumas vantagens acabaram se estendendo a todos. Por exemplo, como Cabral se recusou a vestir a calça do uniforme distribuído na cadeia, o uso de calça jeans, uma exigência do ex-governador, foi permitido a todos. O presídio também era rigoroso quanto à utilização dos tênis pelos detentos. Só poderiam ser fornecidos pela cadeia e limitados a dois tamanhos: 39 para mulheres e 44 para homens. Mesmo que a presa calçasse 35, como Adriana, ela teria de se contentar em andar com um sapato quase três dedos maior. Agora, a penitenciária possibilita que eles encomendem o calçado de casa.

Um ex-agente de segurança contou à ISTOÉ que o cardápio também foi incrementado. “Panqueca, lasanha, churrasco e até camarão, nada disso tinha para vender em Bangu 8, até porque os presos comuns não têm dinheiro para comprar. Agora, esses produtos fazem parte do cardápio”, afirmou. Cada preso tinha uma cota de R$ 100 para gastar por semana com a refeição. Depois da chegada da família Cabral, a cota subiu. Cabral e Adriana chegaram a gastar até R$ 400 por semana cada um. Os familiares dos detentos também só podiam entrar com duas sacolas de alimentos por semana. O casal ilustre exigiu três e a nova regra passou a valer para todos.

Na última semana, ao ser transferida para a “prisão” domiciliar, um luxuoso imóvel no Leblon, a pretexto de ter de cuidar dos filhos, Adriana Ancelmo foi recebida debaixo de protestos. Pudera. No mesmo dia, outra detenta, em situação similar, teve sua liminar indeferida. Leide Diana Lopes Conde, também está em prisão temporária e é igualmente mãe de dois filhos – de 3 e 8 anos. O marido também está preso e recorreu à mesma justificativa da privação imposta às crianças do convívio materno. Mas o Código Penal que funcionou para Adriana, não valeu para Leide. E não se aplicam a tantas outras mães mantidas em cárceres Brasil afora. Adriana não pode ter acesso a celular, mas voltará a viver nababescamente em seu suntuoso apartamento. Para ela, o crime compensou. [a detenta Leide foi presa por tráfico de drogas; em que pese todas as acusações contra Cabral e esposa - pelas quais, se provadas no julgamento, deverão ser   punidos severamente -  não consta envolvimento do casal com tráfico de drogas um dos crimes mais hediondos.]

As mordomias de Cabral O tratamento vip na Penitenciária de Bangu para a família Cabral
As benesses para Cabral
• Dorme na biblioteca, onde tem ar refrigerado
• Tem acesso à internet e celular na sala da administração
• Recebeu colchão novo
• Roupas de cama e banho são lavadas em sua casa (as dos demais presos, somente na penitenciária)
• Recebe visitas fora do horário
• Tem vasos sanitários ao invés de buraco no banheiro da cela


Os privilégios de sua mulher
• Está cumprindo prisão domiciliar em seu apartamento no luxuoso bairro do Leblon
• Enquanto esteve em Bangu, recebeu uma recheada cesta de Natal
• Recebia comida de fora do presídio, como do restaurante Espeto Carioca
• Tomava banho de sol em horários diferenciados
• Recebia tênis “de marca” enviados por familiares
• Tinha audiências frequentes com a direção da cadeia sempre que algo a incomodava


Os benefícios dos dois
• O casal gastava em torno de R$ 400 por semana no refeitório, enquanto que o valor limite estipulado para os demais era de R$ 100
• Por causa deles, foi alterado, no início deste ano, o número de bolsas com alimentos que os visitantes podem levar para os detentos: de 2 para 3
• Deixou de ser obrigatório o uso do uniforme penitenciário bastando usar calça ou bermuda jeans, blusa branca e tênis, e tudo pode ser próprio
• Mudança no cardápio oferecido pelas cantinas do presídio que inclui, agora, também carnes e peixe (até camarão)
• O secretário de Administração Penitenciária foi várias vezes visitar Cabral para ouvir suas reclamações sobre o presídio


Ler MATÉRIA COMPLETA na ISTOÉ