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terça-feira, 7 de maio de 2019

Villas Bôas: ‘Olavo de Carvalho presta enorme desserviço ao País’

Entrevista com Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército

Ex-comandante do Exército afirma que ataques ‘passaram do ponto’ e que escritor ‘se arvora com mandato para querer tutelar País’

Um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, o ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas quebrou o silêncio que reina na caserna e entre os generais que despacham no Palácio do Planalto para defender, primeiro no Twitter e depois em entrevista ao Estado, os ministros militares dos ataques do guru bolsonarista Olavo de Carvalho e seus seguidores, incluídos os filhos do presidente Jair Bolsonaro. Villas Bôas, que está na reserva e exerce o cargo de assessor especial do ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse ao Estado que Olavo “passou do ponto”, está agindo com “total desrespeito aos militares e às Forças Armadas” e “presta enorme desserviço ao País”.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Olavo de Carvalho voltou a atacar os militares pelo Twitter. O sr. rebateu. Qual o tamanho do incômodo dos srs.?
Bolsonaro entendeu que trazer militares para trabalhar em setores do governo seria uma cooperação importante para o restabelecimento da capacidade de gestão e a busca de combate à corrupção. Isso não significa que as Forças Armadas estão participando do governo, mas trazendo consigo seus valores. Portanto, os militares exercem uma natural influência que contribui para a estabilidade do País e do governo. Talvez por isso, o sr. Olavo de Carvalho se sinta desprestigiado e queira disputar espaço com os militares, junto à Presidência da República. Isso não dá direito a ele de traçar comentários desairosos a toda uma classe profissional, que representa uma instituição. Desconheço os tipos de valores que animam o sr. Olavo de Carvalho a tecer tais comentários.

Olavo passou do ponto?
Sim. Passou do ponto. Aliás, já vem passando do ponto há muito tempo, agindo com total desrespeito aos militares e às Forças Armadas. E, quando digo respeito, é impressionante que ele, como um homem que se pretende culto e inteligente, desconhece normas elementares de educação. É também muito grave a maneira como ele se refere com impropérios a oficiais da estatura dos generais Mourão (vice-presidente da República), Santos Cruz (ministro da Secretaria de Governo) e Heleno (ministro) e aos militares em geral.

O que fazer diante disso?
Rebater Olavo de Carvalho seria dar a ele a importância e a relevância que não tem e não merece. Ele está prestando um enorme desserviço ao País. Em um momento em que precisamos de convergências, ele está estimulando as desavenças. Às vezes, ele me dá a impressão de ser uma pessoa doente, que se arvora com mandato para querer tutelar o País.

O presidente Bolsonaro está sendo tímido na defesa dos militares?
O presidente, desde sempre, tem sido enfático ao expressar o seu respeito, a sua admiração e o seu apoio às Forças Armadas, tanto verbalmente como em inúmeras ocasiões. Eu desconheço como é o relacionamento do presidente da República com Olavo. O presidente não me disse diretamente, mas soube que ele já expressou o seu descontentamento com as posturas do sr. Olavo.

Mesmo assim Olavo e filhos do presidente mantêm os ataques...
Isso tudo é resultado de uma certa influência do sr. Olavo num grupo importante de apoiadores de Bolsonaro. O presidente deve estar pesando isso antes de tomar uma decisão (sobre esse assunto).

A que o sr. atribui essa guerra?
Uma patologia muito comum que acomete todos aqueles que se deixam dominar por uma ideologia é a perda da capacidade de enxergar a realidade e a inconformidade de não ver todos os preceitos que ele professa serem implantados na sociedade.

Há uma corrente olavista que acusa os militares de tutelar o presidente...
Absolutamente. O presidente Bolsonaro tem uma personalidade bastante independente na sua maneira de ser. Ele interage com seus assessores, se orienta e se aconselha pelas observações que lhes são apresentadas. Ele sempre foi assim. Mantém absoluta independência de pensamento e na maneira de agir.

Os olavistas levantam teses de que os militares querem assumir o poder em dois anos, com o vice Hamilton Mourão.
Isso é uma inverdade que beira o ridículo. Não passa na nossa maneira de pensar algo desse tipo, porque seria uma deslealdade com o presidente e a lealdade é o valor que os militares tomam como religião. O general Mourão, a quem conheço com profundidade, tampouco se prestaria a participar desse tipo de articulação.

O general Santos Cruz pode deixar o governo? Os militares podem se afastar por conta dos ataques?
Não acredito. Cada um está imbuído em auxiliar o governo e o Santos Cruz expressa isso, a enorme responsabilidade que ele tem, e a sua importância para a articulação política em relação ao que ocorre no Congresso.

Se o governo não der certo, a conta vai para os militares?
Embora o que estejamos vivendo não represente as Forças Armadas no governo, mas pela importante presença dos militares em cargos de chefia, certamente uma parte da conta será debitada aos militares.
 

Crise entre Bolsonaro e militares se aprofundou



A autocrise que Jair Bolsonaro criou com os militares está longe de terminar. Agravou-se na noite passada. Em conversas presenciais e telefônicas —uma delas avançou até o início da madrugada desta terça (7)— integrantes da banda fardada do governo concluíram que o presidente sinaliza à opinião pública um sentimento de "desprezo" em relação às Forças Armadas. Faz isso ao endossar os ataques de seu ideólogo Olavo de Carvalho contra os militares.

A avaliação é de que o endosso de Bolsonaro se manifesta de duas formas: na "ausência de resposta" e na "reprodução das críticas" de Olavo nas suas próprias redes sociais. Estabeleceu-se um consenso entre os militares: o problema se chama Jair Bolsonaro, não Olavo de Carvalho. Essa impressão é compartilhada com oficiais da ativa das três forças armadas. O sentimento dos militares em relação ao presidente oscila entre a "irritação" e a "decepção".

Esperava-se que Bolsonaro modificasse seu comportamento depois que o general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, reagiu em termos ácidos contra os ataques que Olavo de Carvalho dirigiu ao seu penúltimo alvo: o também general Carlos Alberto Santos Cruz, ministro-chefe da Secretaria de Governo. Entretanto, além de dar de ombros para Villas Bôas, o presidente praticamente culpou Santos Cruz pelo novo capítulo da crise. A encrenca ressurgiu no final de semana. Utilizou-se como matéria prima da discórdia uma entrevista concedida por Santos Cruz há um mês. Indagado sobre o uso das redes sociais pelo governo, o general respondeu que a utilização teria de ser cuidadosa, para evitar distorções de segmentos radicais. Defendeu o diálogo. E manifestou-se a favor do aprimoramento da legislação para coibir abusos. "Controlar a internet, Santos Cruz?", indagou Olavo de Carvalho. "Controlar a sua boca, seu merda"

A repercussão baseada numa fake-interpretação das palavras do general estendeu-se às redes sociais do vereador carioca Carlos Bolsonaro e do deputado federal Eduardo Bolsonaro. O próprio Jair Bolsonaro anotou na internet que seu governo não patrocinaria o controle das mídias, incluindo as sociais. E insinuou que deveria mudar para Cuba ou para a Coreia do Norte quem pensasse diferente. Nesta segunda-feira, questionado pelos repórteres sobre os ataques a Santos Cruz, Bolsonaro declarou: "De acordo com a origem do problema, a melhor resposta é ficar quieto. É essa orientação que eu tenho falado porque temos coisa muito, mas muito mais para discutir no Brasil. Aqueles que por ventura não tenham tato político estão pagando um preço junto à mídia.".

(...)

Na posse, Bolsonaro prestou continência para o general Villas Bôas, agora convertido em alvo de Olavo de Carvalho... - Veja mais em https://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/?cmpid=copiaecola


Na posse, Bolsonaro prestou continência para o general Villas Bôas, agora convertido em alvo de Olavo de Carvalho


Villas Bôas é um dos oficiais mais respeitados das Forças Armadas. Comandou o Exército sob Michel Temer. Hoje, está lotado na assessoria do general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. Ou seja, dá expediente no quarto andar do Planalto, a um lance de escada do gabinete presidencial. Na resposta que irritou Olavo de Carvalho, Villas Bôas foi duro. Mas não desceu ao nível do autoproclamado filósofo que os Bolsonaro idolatram. 

O general escreveu num trecho do seu texto: "Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia. Verdadeiro Trótski de direita, não compreende que, substituindo uma ideologia pela outra, não contribui para a elaboração de uma base de pensamento que promova soluções concretas para os problemas brasileiros. Por outro lado, age no sentido de acentuar as divergências nacionais no momento em que a sociedade brasileira necessita recuperar a coesãoe estruturar um projeto para o país."