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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Parabéns, governador Tarcísio! - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Aqui não há lealdade a políticos, mas sim a princípios. Quando é para criticar, criticamos - como fiz quando o governador Tarcísio foi até Lisboa para "puxar o saco" de ministros supremos e afirmar que nosso Estado de Direito vai muito bem, obrigado. 
Mas hoje o governador de São Paulo merece aplausos pela postura firme no combate ao crime, apesar da grita coordenada da imprensa. [a bandidagem tem que entender que temos bandidos no governo, há exceções, mas temos uma POLICIA EFICIENTE e que usa a força necessária para impor a lei, bem como, fará sempre o necessário, dentro da lei, para que os bandidos aprendam que matar policial é um negócio bem arriscado = para o matador e  eventuais apoiadores.]
Quando o policial Patrick Bastos Reis morreu alvejado por um tiro de fuzil (obviamente ilegal), os jornalistas e os políticos de esquerda não se manifestaram. 
 O ex-presidente Bolsonaro lamentou e desejou consolo divino aos familiares do soldado. 
Mas quando a polícia reagiu para prender o marginal assassino e encontrou resistência de seus comparsas, bandidos foram mortos e isso fez com que a turma dos "direitos dos manos" ficasse em polvorosa.

Falemos o óbvio antes: o certo é cobrar sempre transparência da polícia, condenar execuções, permitir o devido processo legal a todos - coisa que vem faltando no Brasil que prende ou censura até jornalista em qualquer crime cometido. A polícia não pode simplesmente sair matando por aí. Acusações de tortura ou execuções precisam ser levadas a sério, portanto. É o tal Estado de Direito, contrário à pura barbárie.

"Bandido bom é bandido morto" é um lema atraente para quem não aguenta mais o caos da bandidolatria que tomou conta do nosso país,
mas não é um slogan decente para uma civilização que se pretende avançada. Em condições normais de temperatura e pressão, bandido deve ser preso, julgado e condenado - de preferência pegando uma punição dura e mofando na cadeia se for um homicida.

Não estamos falando dessa situação, e sim de uma verdadeira guerra. Quem já acompanhou operações policiais em favelas sabe que essa visão romântica de quem fica atrás de um computador não bate com a realidade. 
Os policiais são recebidos a tiros de fuzis, precisam reagir com armamento inferior e treinamento precário muitas vezes. 
Colocam suas vidas em risco por baixo salário para proteger a população honesta e trabalhadora. Merecem nosso respeito e admiração.

Só recebem cuspe da esquerda, porém. São chamados de "fascistas", de "assassinos", pela turma que adora sair em defesa dos marginais, que entende até a "lógica do assalto", como disse uma filósofa petista. Os jornalistas estão em coro defendendo esse mesmo pessoal, quem consegue entrar em comunidades dominadas pelo tráfico sem escolta policial, às vezes até usando seu símbolo no boné. [são vários os que tem livre acesso às favelas, dois deles são altas autoridades (lembram? certo...) tem outra que que desfila em favela e por aí vai...]

Está claro que a esquerda optou por defender a marginalidade, ainda que de forma disfarçada como quem "até lamenta" a morte do policial, MAS... não aceita uma reação "desproporcional". 
Ora, o que seria equivalência aqui? 
A polícia matar só um? 
Mesmo quando é recebida por comparsas fortemente armados que abrem fogo contra os policiais?
 
No áudio vazado, fica claro que o marginal que matou o policial é aconselhado a se entregar para reforçar uma narrativa, para mencionar o capitão Derrite e o governador Tarcísio como responsáveis por uma "chacina". A mídia pode cair nessa ladainha feliz da vida, mas o povo não. O povo sabe que chacina é aquilo que os marginais fazem com a própria população todos os dias
E não fosse a "truculência policial", o resultado seria ainda pior.
 
Na guerra entre bandidos e policiais no Brasil não dá para bancar o "isentão", para exigir uma postura romântica de policiais que são alvejados por fuzis por traficantes.  
Quem banca o "imparcial" aqui está apenas alimentando a narrativa esquerdista, que já tenta pintar o governador como um "miliciano". Aguente firme, governador!  
Mantenha-se irredutível ao lado da força policial que estará, assim, do lado do povo honesto e decente. 
Não tente acender velas para esses jornalistas defensores de marginais. Até aqui, sua postura tem sido correta. Parabéns, Tarcísio!


Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

domingo, 31 de julho de 2022

A guerra das pautas - Alon Feuerwerker

Análise Política

Desde a redemocratização, é rotina nas nossas eleições presidenciais os contendores apresentarem-se como a essência do altruísmo. Nunca se trata de entronizar certo grupo para aplicar certo programa, mas de fazer a eterna escolha decisiva para a salvação nacional. A circunstância de isso coincidir com a ocupação do Estado por certa corrente ou conglomerado seria apenas isso, uma circunstância.

Tal narrativa, além de capturar votos, leva a vantagem de oferecer uma razão heróica para aderir ao poder, ou à expectativa dele. A arte da política reside também em defender o próprio interesse, e o do grupo, mas em dar a impressão de estar defendendo, antes de tudo, o interesse geral. O príncipe precisa cultivar duas lealdades fundamentais para preservar o pescoço: a lealdade da corte e a da massa.

Na utopia,
poderíamos estar às vésperas de uma campanha em que sobressaíssem os caminhos para reindustrializar o Brasil, retomar o desenvolvimento acelerado, atrair capital para o necessário salto na infraestrutura, melhorar radicalmente a educação básica, acabar com o subfinanciamento da Saúde, atacar a criminalidade e construir um sistema político capaz de produzir estabilidade e progresso social.

Mas há a possibilidade, e isso não é um lamento, é constatação, de essa pauta vital ser interditada nos próximos dois ou três meses, com o Brasil ocupado discutindo se é mais importante salvar o país do bolsonarismo ou do petismo. Na cúpula intelectual, o antibolsonarismo ganha de goleada. No povo, está bem mais apertado. [COMENTANDO: os intelectuais não contam, são uma minoria insignificante; já o povo garante mais quatro anos de governo do 'capitão do povo'.]

E o apelo salvacionista desta vez vai se polarizando em torno da dita questão democrática. Diferente de 2018, quando o demônio da hora era a corrupção. E o PT está levando vantagem. Por seus acertos, [COMENTANDO: acertos? tem um candidato que foge do povo, procura até impedir que certos fatos sejam mencionados; além do mais,  o descondenado quanto fala é para falar mal da classe média, dizer que polícia não é gente, lamentar que 'meninos' não possam roubar (não falamos de furto e sim de roubo) e outras lorotas.]  pelos erros do adversário, mas também por razões históricas.

Apontar o dedo contra o petismo pela proximidade com governos de esquerda mal vistos no Ocidente não parece, até o momento, fazer efeito. Pois o PT não carrega no currículo o apoio ou o elogio ao golpe de 1964 [COMENTANDO: - entre os notoriamente contra o Governo Militar instalado em 1964, encontramos grande parte dos tais intelectuais, a maioria do  pessoal da cultura - alguns manifestam a contrariedade pisoteando a nossa Bandeira = a Bandeira Nacional = e outros expoentes do mal.] e, regra geral, respeitou, ou foi forçado a respeitar, o resultado das eleições presidenciais que perdeu. Nem no impeachment de Fernando Collor o petismo foi protagonista.  Deixou isso para o então PMDB e o PSDB.

Luiz Inácio Lula da Silva e o PT estão jogando essencialmente dentro das regras há quatro décadas. Esse é um fato. E isso está ajudando um e outro a ficar bem posicionados para agora colher os frutos. Esse é outro fato.  Do lado oposto do ringue, Jair Bolsonaro foi produto da implosão da Nova República e agora assiste à aglutinação dos remanescentes dela em torno da defesa e do resgate daquela simbologia, sintetizada na ideia da frente ampla. [COMENTANDO: - a pergunta de Stálin ressurge; só que agora não são divisões seu objetivo e sim quantos votos os que são contra Bolsonaro, contra o Brasil, a favor da volta da corrupção à cena do crime, possuem?  
Surge outra pergunta: alguém já 'perdeu' tempo, em uma pesquisa séria e imparcial da aprovação pelo povão do Governo Militar. 
Vale lembrar que ter simpatia, gostar do Governo Militar instalado em 1964 não é sinônimo de ser golpista. 
Ao contrário: é exemplo de ser DEMOCRATA dentro da ORDEM E PROGRESSO, com OBEDIÊNCIA e RESPEITO ao ordenamento legal da República Federativa do Brasil.]
 
A convergência é facilitada pelo contraste com as teses sempre professadas pelo “capitão do povo”, como diz o jingle. E facilitada também pela até agora importância que o incumbente dá ao debate sobre o voto eletrônico.  Eleições têm um pouco de judô. Se acertar a pegada no quimono do oponente, é meio caminho andado na luta. Por enquanto, a agitação da “salvação da democracia” tem ajudado Lula a agregar apoio político por gravidade e funcionado como freio adicional para impedir, ou dificultar, Bolsonaro de capitalizar alguns recentes dados positivos no universo da economia. [COMENTANDO: - Há sérias dúvidas se a maioria do povo brasileiro está mais preocupada com a economia REAL = empregos, alimentação, transporte = melhores condições de vida, ou com a narrativa de que é preciso salvar a democracia. 
Salvar o que não corre nenhum risco? 
A democracia brasileira está sendo respeitada,  as instituições funcionando, eleições me menos de 90 dias = não corre perigo, portanto, não tem necessidade de ser salva - passaria a correr risco de ser pisoteada caso a esquerda ganhasse as próximas eleições.]

Aqui, a inércia do debate joga ao lado de Lula. Quem precisa criar o fato novo, voltar a pauta para os assuntos econômicos, é o presidente. [COMENTANDO: as melhoras na economia, em pleno andamento = destacando redução do desemprego, revisão para cima do PIB, inflação em queda (em processo de elevação em todas as economias do mundo, o que inclui grandes potências econômicas, tais como Estados Unidos, União Europeia e outros países.] 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Vira-lata is beautiful - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza

 

O Brasil gostou de ter o mundo aos seus pés através do futebol. Foi a superação do complexo de vira-latas, na psicanálise baldia imortalizada por Nelson Rodrigues. Em 2022 se completam 20 anos que o país teve pela última vez a glória máxima da Copa do Mundo – o Pentacampeonato no Japão. 
Por que os ex-vira-latas ficaram a ver navios desde então? 
O que há de errado com esse pedigree?

Talvez uma boa pista seja examinar o reverso da psicanálise rodrigueana. Sem nenhuma pretensão de pontificar, ou de suscetibilizar os especialistas, talvez o último triunfo da maior seleção de futebol do mundo tenha sido alcançado justamente pela falta do pedigree. Ou seja: o Brasil foi campeão mundial em 2002 como um vira-latas.

Ronaldo “Fenômeno” não só não estava em momento fenomenal, como se recuperava de uma cirurgia delicada no joelho e seu prognóstico para participação na Copa era duvidoso. Por outro lado, Romário, o herói do Tetra, ainda jogava em alto nível e tinha sido cortado de forma controversa na Copa anterior (por lesão que alguns achavam insuficiente para barrá-lo). A pressão pública era grande para que Romário estivesse na seleção de 2002.

 

O alvo dessa pressão era Luís Felipe Scolari, o técnico rude que viera substituir a escola “científica” de Parreira/Zagallo. E o gaúcho Felipão não queria saber de Romário. Criou um grupo fechado de alta confiança que a imprensa batizou de “Família Scolari”: comando, humildade, sacrifício, lealdade. Estrelismos e condutas temperamentais estavam fora. O mundo podia cair na cabeça de Felipão que ele não chamaria Romário.

Até na então nova série da TV Globo “A grande família” o tema aparecia de forma hilariante. Para disfarçar um arranca-rabo de casal diante de um hóspede, Lineu alegava que Nenê estava furiosa com o clamor geral por Romário: “A Nenê acha que o Romário não tem mais espaço na seleção”, tentava disfarçar o personagem de Marco Nanini. Já o “Casseta & Planeta” satirizava o estilo bronco de Felipão chamando-o de “Pré-Scolari”. O caminho da seleção brasileira rumo ao Japão tinha de tudo, menos soberba.

Teimoso, Felipão cismou de esperar Ronaldo para comandar o seu ataque – e as imagens do atacante de muletas não muito longe do início da competição davam um ar surrealista àquela aposta. Às vésperas do início da competição, o técnico perdeu seu capitão – o volante Emerson se contundiu numa situação prosaica de um treino recreativo, no qual estava atuando como goleiro. Parecia mesmo um roteiro todo errado.

Para o lugar de Emerson, um jogador forte de contenção, foi chamado o pouco conhecido Kléberson, que não tinha a mesma força. Muito menos a mesma liderança. Kléberson trouxe ainda mais humildade a um grupo já voltado para esse valor, e trouxe leveza ao time em campo. Foi um dos destaques do Penta.

Ronaldo se recuperou a tempo de jogar a Copa não como o “Fenômeno” imparável das grandes arrancadas, mas com uma versão, por assim dizer, minimalista da sua exuberância. Menos correria, toques cirúrgicos, passes precisos, arremates certeiros. Ronaldo foi Romário na Copa do Japão. Até gol de biquinho fez – uma das características do jogo econômico do Baixinho. E compôs uma dupla perfeita com Rivaldo, o Tímido. Nesse time de 2002 jamais seriam vistos jogadores ajeitando o penteado antes de entrar em campo, como passamos a ver depois.

Tudo bem, os tempos mudaram. Mas já na Copa seguinte – em 2006, na Alemanha – era possível ver a ascensão da arrogância. 
As exigências de hotelaria dos jogadores eram mais visíveis que as notícias sobre o treinamento em si. 
De novo estava no ar a sensação enganosa de que a taça estava à nossa espera era chegar e levar. Isso nunca deu certo.

Nesse time de 2002 jamais seriam vistos jogadores ajeitando o penteado antes de entrar em campo, como passamos a ver depois

E o clímax do erro se deu 12 anos após o Penta, quando o mesmo Felipão encarnou uma versão anti-Felipão: Copa do Mundo no Brasil, festa, oba-oba, a bola ia para dentro do gol só pelo empurrão da torcida – e ainda tinha um time estrelado com Neymar e cia para dar uma ajudinha. A austera Família Scolari de 2002 virou uma passarela de ungidos em 2014 – e consumou-se o maior vexame da história da seleção, surrada pela Alemanha por 7 a 1.

O Brasil tem muito a aprender com os “vira-latas” vitoriosos de 2002 – não só no futebol. Superar complexo de inferioridade é bom. Mas desenvolver complexo de superioridade não é nada bom. Quem desdenha da simplicidade já perdeu. A feira de afetações foi longe demais. Botem a bolinha no chão. Está cheio de falso pedigree por aí.[este ano o timinho brasileiro, tendo como técnico o tal de 'Tite"  e com jogadores que pensam ter pedigree, sem saber sequer o que é - sendo um dos seus principais o inútil 'cai-cai', se orgulham que ele joga no timinho, em Copa do Mundo,  desde 2010 e fingem esquecer que o timinho no mesmo período não ganhou nenhuma - não vai levar a Copa do Catar e agora tem duas ou três seleções querendo quebrar o recorde da Alemanha = surrar o timinho do Tite e TV Globo por 8 x 0. Confiram e nos cobrem, se errados estivermos.]

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 26 de dezembro de 2021

NATAL – POR QUE CANCELARAM O ANIVERSARIANTE? - Samir Keedi

No terceiro capítulo do Especial de Natal 2020 da Brasil Paralelo, lançado em três capítulos em 14-15-16/12/2020, aliás, uma série espetacular de comemoração do Natal, foi feita a pergunta do título.

Pergunta com toda razão de ser. Chega o Natal e todos os anos é a mesma coisa. A mesma “comemoração”. Todos dando presentes a todos e, claro, muitos a si próprios. Tornou-se uma obrigação presentear. Não só adultos, mas, especialmente as crianças. E o símbolo maior do Natal é o Papai-Noel. Aquele que todos vão aos mais diversos Shopping Centers para ver. Colocar crianças em seu colo. E elas a pedir presentes a ele, que os pais devem comprar. Podendo ou não.

Mas, e o aniversariante da data? Por que foi esquecido? Ou quase esquecido? Poucos vão às igrejas para as missas de Natal ou véspera. Poucos o evocam e/ou lembram-se dele em 25/12.  Por que o verdadeiro símbolo, motivo da existência do Natal desapareceu das comemorações, dos marketings? 
Por que não vemos o aniversariante nos Shopping Centers recebendo e abençoando as crianças, assim como os adultos, ao invés do Papai-Noel, ou apenas o Papai-Noel?
 
Por que com o tempo o Papai-Noel e os presentes assumiram o seu lugar? O que estamos fazendo? Se não os 7,8 bilhões de habitantes da terra redonda, pelo qual estão espalhados, simetricamente ou não, por que os 2 bilhões de Cristãos agem da mesma forma? 
São Cristãos ou não? 
Estão interessados na sua doutrina ou apenas em mais um feriado e mais um presente?
Apenas movimentar a economia? 
Louvável, mas não suficiente. Será que ficamos tão egoístas a este ponto, e poucos percebem?

E isso pode ser visto em todas as partes e em todos os assuntos. Vide, por exemplo, a política brasileira. Assim como o aniversariante foi praticamente descartado, o Brasil também o foi. Nossos políticos e imprensa vêem os seus interesses e não os do país. Para isso usam de todas as armas destrutivas para prejudicar o país e o povo para seus próprios interesses. E muitos se dizem Cristãos. Onde está o Cristão em suas mentes e atos?

Não é exatamente a mesma coisa que acontece com o Natal?
Cada um usando-o para seu próprio interesse?

Quando o aniversariante será resgatado e a sua data comemorada? 
Por que hoje não se comemora a sua data, mas o feriado e os presentes? Natal é apenas uma palavra para justificar.
Onde estará a fé que muitos dizem ter, mas que não praticam? 
E não adianta dizer que praticam se no Natal o que mais vale é o presente. 
Onde está a meditação?

Será que ainda voltaremos a entender que o Natal é a data de aniversário de Cristo? Se vamos dizer que o presente se justifica porque ele ganhou presentes no seu nascimento, então ok, vamos presentear. Mas, não a cada um de nós, como se fosse o nosso aniversário. Nosso presente deve ser a ele. Com fé, lealdade, amor e compaixão de cada um a cada um.

Então, para isso, repetimos a pergunta. Por que cancelaram o aniversariante?

 Samir Keedi - Blog 


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O sentido da obediência - DefesaNet

Coronel R1 Marcelo Oliveira Lopes Serrano

A obediência, manifestação explícita da disciplina e base fundamental das Forças Armadas, não pode ser cega, irrefletida e irresistente
Ela precisa acordar-se com o acatamento dos valores basilares que a legitimam, caso contrário, corre o risco de desvirtuar-se, transformando-se em subserviência, ou seja, em simples submissão de uma pessoa à vontade de outra. A obediência do soldado não é a obediência do servo:

Quando me perfilo diante de meu coronel (e asseguro que o faço com vivo prazer), não é diante de um homem que bato os calcanhares. É diante de um princípio de autoridade que julgo útil e respeitável e sem o qual as sociedades humanas, nutrizes de sua liberdade, não teriam jamais existido¹.

 

Esse princípio transcendente, expressão do bem comum, do cumprimento da missão ou do respeito às disposições da lei, sobrepõe-se à mera vontade dos que detêm o poder de mando, pois esse não lhes foi conferido, pelas leis, pelo povo ou por Deus, de acordo com as crenças políticas, filosóficas ou religiosas de cada um, para lhes permitir a livre vazão de seus voluntarismos. Foi-lhes outorgado para que exerçam a sagrada autoridade sobre outras pessoas na busca de objetivos comuns e impessoais. 

 

  A obediência do soldado não é a obediência do servo

A obediência do soldado de carreira é um ato livre. Ele acredita no valor fundamental dela como cimento da ação militar eficaz, a única que permite estruturar os esforços de uma força armada no cumprimento de sua legítima e elevada destinação constitucional que jurou cumprir. Ele acredita nos princípios norteadores do comportamento e das atitudes do soldado e os acata livremente, por saber que sua obediência se conecta a outras em uma cadeia coerente e forte, e sabe também que ela serve a um fim coletivo que a todos excede, com o qual concorda de coração, se de fato for um verdadeiro soldado.

Certa feita, um velho general de nosso Exército² me fez saber que ouvira inúmeras vezes seu pai, também general, afirmar com convicção que "a carreira das armas é a mais livre das profissões, porque nela não se prestam honras e obediência ao homem, mas aos galões que ele porta".

A superioridade expressa nos galões não indica, de modo algum, valor superior da pessoa que os ostenta em relação à outra, ambas totalmente iguais em dignidade, indica apenas o princípio de autoridade do qual a primeira está investida e do qual a segunda, por sua vez, também se investe se possuir soldados sob suas ordens.

Se não há subserviência no obedecer, não pode haver soberba no comandar (Ides comandar, aprendei a obedecer)3. A conquista dos objetivos e o cumprimento das missões resultam de esforços coletivos. O mais brilhante dos chefes nada fará sem suas tropas. Pode-se recorrer à imagem de uma viatura para exemplificar a ação militar: o comandante assemelha-se ao motorista, que a conduz pelos percalços do caminho; os oficiais, a seu motor, que a impulsiona; os subtenentes e sargentos, à transmissão, que leva a força do motor às rodas, que são os cabos e soldados.

Qual desses componentes é mais importante para que a viatura saia de um ponto e chegue a outro? O efeito obtido é fruto de uma ação integral, que só o conjunto deles possibilita, e na qual todos possuem igual direito ao orgulho legítimo pelas ações empreendidas e por suas realizações pessoais.

O sentido da obediência possui duas expressões na alma do soldado, inter-relacionadas, mas distintas. A disciplina, corolário da obediência, transmuta-se em lealdade, dever legal de todos os soldados, quando, acima de suas simples manifestações, referir-se à obrigação de acatar os princípios superiores que regem a ação do soldado em seu nível mais sublime.

A4 lealdade do militar, expressão subjetiva da disciplina, não deve ser dirigida a pessoas, porque seu dever de obediência não se vincula a elas, e sim ao princípio de autoridade que as reveste. A noção costumeira de lealdade a pessoas nada acrescenta à expressão objetiva da disciplina, relacionada a suas manifestações regulamentares:
obediência pronta às ordens, correção de atitudes, dedicação integral ao serviço e colaboração espontânea para a disciplina coletiva e eficiência das Forças Armadas.

A lealdade precisa, sim, ser direcionada aos princípios basilares e transcendentes dos quais deriva a autoridade. Portanto, por convicção íntima do dever mais puro, o soldado deve dispor-se a lutar por tais princípios sempre que se fizer necessário, até mesmo arrostando chefes que porventura os violarem.

Enfim, a obediência do soldado cumpre ordens e zela pelos princípios sobranceiros.

-x-

[1] André Maurois, Diálogos do Comando, Bibliex, p. 75

[2] General de Exército Armando Luís Malan de Paiva Chaves.

[3] Frase no pátio da AMAN.

[4] Ver “Lealdade e Disciplina”, Coleção Meira Mattos, 1º quadrimestre de 2010, disponível no site EB Revistas

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Sobre o autor:

Doutrina Militar - Terrestre - DefesaNet


sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Bolsonaro faz nova ameaça e diz que 7/9 é ultimato a ministros do STF - Bolsonaro diz que manifestações serão ultimato a ministros do STF

O presidente Jair Bolsonaro repetiu nesta sexta-feira (3) ameaças golpistas e afirmou que as manifestações do próximo dia 7 de setembro serão um "ultimato" para ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Sem citar nomes, o líder brasileiro falou em "renovação no Supremo e ressaltou que não critica instituições ou Poderes, mas sim pessoas pontuais. Os ataques são destinados aos ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tendo em vista que as últimas críticas foram concentradas a ambos. "Nós não criticamos instituições ou Poderes. Somos pontuais. Não podemos admitir que uma ou duas pessoas que usando da força do poder queiram dar novo rumo ao nosso país", disse Bolsonaro.

Segundo ele, "essas uma ou duas pessoas tem que entender o seu lugar" e o recado do "povo brasileiro, nas ruas, na próxima terça-feira(7), será um ultimato para essas duas pessoas". "Curvem-se à Constituição, respeitem a nossa liberdade, entendam que vocês dois estão no caminho errado porque sempre dá tempo para se redimir", alertou.

© Ansa Brasil Bolsonaristas planejam manifestação no próximo dia 7 de setembro 

A nova ameaça golpista foi deita durante discurso para apoiadores em cerimônia em Tanhaçu (BA) para a assinatura de um contrato de concessão da Ferrovia Integração Oeste Leste (Fiol). Os ultimatos de Bolsonaro, porém, não dependem da sua vontade ou das manifestações, já que a única forma dos ministros do sofrerem um impeachment é por meio de uma decisão do Senado.

Recentemente, o presidente chegou até a apresentar um pedido para destituir Moraes, mas a solicitação foi rejeitada pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Inicialmente, o protesto marcado para a próxima semana tinha como bandeira a defesa do voto impresso, ideia defendida por Bolsonaro em meio a alegações infundadas. Porém, nas últimas semanas, ele passou a falar sobre os atos como uma defesa da liberdade. "Nós não precisamos sair da quatro linhas da Constituição, ali tem tudo que precisamos. Mas se alguém quiser jogar fora destas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também", disse Bolsonaro, que prometeu comparecer na mobilização.

Por fim, o presidente ressaltou que quem dá o ultimato sempre é o povo. "Após o 7 de Setembro, que ficará para todos nós com essa demonstração gigante de patriotismo visto em todos os cantos do nosso Brasil, duvido que aqueles um ou dois que ousam nos desafiar, desafiar a Constituição, desrespeitar povo brasileiro, saberá voltar para o seu lugar, Quem dá o ultimato não sou eu, é o povo brasileiro", concluiu. 

ANSA - Brasil

Em nova ameaça, Bolsonaro diz que manifestações serão ultimato a ministros do STF

Em referência indireta aos ministros, presidente citou que "um ou dois" saberiam voltar "ao seu lugar" após atos
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que as manifestações previstas para o dia 7 de setembro serão um ultimato para "um ou dois" ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Ao falar sobre a renovação da Corte por meio de suas indicações, Bolsonaro disse que o país não poderia admitir que "uma ou duas pessoas" usando da força do poder dessem outro rumo para o Brasil. O presidente, investigado no STF, não citou nomes especificamente, mas já afirmou em outras ocasiões que sua irritação é direcionada a Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso.

Durante discurso realizado durante evento na Bahia, o presidente disse que, embora possa jogar dentro das "quatro linhas da Constituição", também poderia fazer valer "a vontade do povo" se alguém não a obedecesse.

— Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar. E o recado de vocês povo brasileiro na próxima terça-feira será um ultimato para essas duas pessoas. Curvem-se à Constituição. Respeitem a nossa liberdade. Entendam que vocês dois estão no caminho errado. Porque sempre dá tempo para se redimir — afirmou o presidente.

No mesmo discurso, Bolsonaro afirmou que não precisa "sair das quatro linhas da Constituição Federal", mas fez a ressalva de que poderia tomar outra medida se "alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas".

Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Ali temos tudo que precisamos. Mas se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas nós mostraremos que poderemos fazer também valer a vontade e a força do seu povo — disse Bolsonaro.

Posteriormente, o presidente disse acreditar que, após os atos de 7 de setembro, "aqueles um ou dois" saberão voltar para o seu lugar.

—  Quem dá esse ultimato não sou eu, é o povo brasileiro, povo esse no qual nós todos políticos devemos lealdade —  afirmou.

Política - O Globo


sábado, 19 de junho de 2021

Plantando tempestade - Folha de S. Paulo

Oscar Vilhena Vieira

Voto impresso colocará democracia em xeque

voto impresso, se aprovado pelo Congresso Nacional, dará às milícias, oficiais ou clandestinas, uma poderosa arma para controlar o sufrágio de uma parcela significativa dos eleitores. Como na Velha República, em que o voto era aberto — em bico de pena —, chefes locais poderão exigir comprovação de lealdade daqueles que se encontram sob a mira de suas armas, mantos religiosos ou relações de subordinação, no trabalho ou na caserna.

O voto impresso também poderá ser empregado para promover uma maliciosa judicialização dos resultados eleitorais, criando um ambiente de desconfiança favorável a insurgências, como a incentivada [sic] por Donald Trump nos Estados Unidos após sua derrota eleitoral ressaltando que nossas classes armadas não têm a tradição de lealdade à Constituição demonstrada de forma unânime pelos comandantes militares norte-americanos, ao repudiar a investida das hordas trumpistas contra o Capitólio.

A insistência em relação ao voto impresso, no entanto, também é uma perigosa arapuca armada para fragilizar o Supremo Tribunal Federal que, desde o início da pandemia, tem dado sinais claros — diferentemente do comando do Exército — de não estar disposto a capitular em sua missão de guardar a Constituição. [fragilizar o Supremo Tribunal Federal? é um absurdo cogitar que a Suprema Corte, instância máxima do Poder Judiciário no Brasil, possa ser fragilizada. 
Afinal, é o Supremo quem invade competência de outros poderes, é o Supremo quem pode determinar em  decisão monocrática que o Chefe do Poder Legislativo instale uma CPI, é o STF quem  pode em decisão monocrática revogar - na prática - uma lei aprovada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo presidente da República.de um ministro do STF.]

Como “o voto direto, secreto, universal e periódico” constitui um dos pilares centrais do edifício democrático, foi protegido como uma cláusula pétrea. Dessa forma, não pode ser alterado, nem sequer por emenda à Constituição, como disposto de forma cristalina pelo artigo 60, parágrafo 4º da Constituição Federal. Ao reafirmar a letra da Constituição e defender o voto secreto, como já teve ocasião de fazer em diversos momentos, mas agora veiculado por uma emenda à Constituição, o Supremo estará fadado a ser mais uma vez estigmatizado como “inimigo do povo”. O ataque do presidente da República ao ministro Barroso, que foi à Câmara dos Deputados defender a segurança e integridade do sistema de votação eletrônica, é apenas uma amostra da ameaça de “convulsão” feita pelo presidente caso um dos lados não aceite o resultado eleitoral.

 Ao proclamar em tom de intimidação que ao Supremo não cabe apreciar a constitucionalidade de emenda estabelecendo o voto impresso, eventualmente aprovada pelo Congresso Nacional, o presidente reitera sua constante disposição de forçar a cerca das instituições, não apenas com o objetivo de se apropriar do sistema eleitoral, mas também de subjugar os mecanismos de freios e contrapesos arquitetados pela Constituição Federal.

[concluindo: essa democracia "à brasileira" é apresentada como tão frágil que chega a plantar a ideia que precisa de uma revisão - para o seu fortalecimento.
Fragilidade que é apontada de forma ampliada, quando pode ser invocada para favorecer a derrubada de algum projeto do governo Bolsonaro. Quando é usada pelos inimigos do Brasil, dos brasileiros e do presidente - para dificultar  planos de melhoras para o povo brasileiro, projetos originados no Poder Executivo da União - e por eles violentada, voltam a classificá-la como frágil, classificação imposta pelos autores do 'estupro constitucional'.(contra qualquer projeto do governo do presidente Bolsonaro, vale tudo.)
Agora, com a provável aprovação do voto impresso, os inimigos citados classificam tal medida como  capaz de todas as mazelas contra a lisura do processo eleitoral. Insistem que imprimir o  voto - que continuará sendo eletrônico, apenas a impressão tornará  possível eventual conferência - será voltar aos tempos antigos.  
Fingem desconhecer que as fraudes existentes no voto impresso em priscas eras, eram descobertas exatamente por aquele sistema permitir fraudes, mas também possibilitava que na maior parte das vezes, fossem identificadas. 
O sistema atual pode ser alvo de fraudes, só que a detecção, sem o voto impresso, é impossível. 
Não esqueçam que hackers conseguiram parar, há alguns dias,  por quase uma semana um dos maiores oleodutos do mundo. Fosse as urnas atuais tão perfeitas certamente seriam utilizadas em todas as democracias do planeta; não podemos esquecer que apenas três países usam urnas eletrônicas, sem impressão do voto: Bangladesh, Brasil e o Butão.]
Assim como os direitos fundamentais, a Federação e a separação dos Poderes, o voto direto, secreto, universal e periódico não pode ser abolido, mesmo que por emenda à Constituição. Não se trata de um capricho arbitrário do legislador constituinte, mas de um mecanismo muito engenhoso voltado a proteger os pressupostos fundamentais do Estado democrático de Direito de ciclos de populismo autoritário. [mais uma opinião: não estão ocorrendo, nem são vislumbrados, ciclos de populismo autoritário. Quando tais ciclos ocorrem os pressupostos do 'estado democrático de direito', - especialmente, um tão adaptável às conveniências do establishment,   quanto o que dizem vigorar no  Brasil - podem ser revistos.
Afinal, no Brasil, tudo é mera questão de interpretação. 
 
Nesse sentido, as cláusulas pétreas são uma espécie de limitação habilitadora do processo democrático. Por seu intermédio, a maioria, ainda que qualificada, se vê privada de colocar em risco os pilares essenciais à sobrevivência do próprio jogo democrático. Caso o Congresso Nacional se deixe seduzir por interesses imediatos e subalternos, aprovando o voto impresso, na expectativa de que Supremo assuma sozinho os custos de bloquear mais essa investida do populismo autoritário, estará plantando não apenas vento, mas a própria tempestade.

Oscar Vilhena Vieira, colunista - Folha de S. Paulo


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Crianças à solta - William Waack

 O Estado de S.Paulo

Militares não foram capazes de entender que calar-se para grotescos erros, apegados a princípios como lealdade ou hierarquia, compromete as instituições

Vamos simplificar as questões de política externa do governo Jair Bolsonaro. Supunha-se que os adultos – militares com formação acadêmica e experiência direta de conflitos internacionais – fossem supervisionar as crianças. Aconteceu o contrário. As crianças é que emparedaram os adultos.

Em alguma medida, é uma repetição do que aconteceu na Casa Branca, onde gente de excelente formação profissional nas áreas de segurança, estratégia e relações internacionais foi chutada por um inepto como Donald Trump, que Bolsonaro escolheu emular. No Brasil, os órgãos de assessoramento da Presidência da República e o próprio Itamaraty acabaram sendo subordinados à profunda ignorância em matéria de relações internacionais de um filho do presidente e suas preferências pessoais.

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Os resultados negativos se acumulam. Com o resultado das eleições americanas, o Brasil conseguiu a proeza de se estranhar ao mesmo tempo com as duas principais potências do planeta, pois já se dedicava em provocar a China. Como 11 em 10 analistas de relações internacionais assinalaram, o campo da política externa é, por definição, o campo da impessoalidade, e o alinhamento automático de Bolsonaro ao perdedor Trump é um erro crasso não importa o mérito, postura ideológica ou intenções de qualquer um dos dois.[quanto as eleições americanas e o suporto estranhamento com os EUA, devemos lembrar que foi o atual presidente que, ainda candidato, passou a fazer ameaças ao Brasil - boicote, internacionalizar a Amazônia (cumplicidade com o presidente francês) ameaças que implicam em risco a nossa SOBERANIA NACIONAL.
Os atritos com a China e à Índia serão contornados, especialmente com o afastamento do palco do ainda chanceler.]

O mesmo vale em relação à China e à Índia. Somadas, essas duas gigantescas potências asiáticas têm mais ou menos uns 8 mil anos de experiência em política externa e conflitos geopolíticos de enorme amplitude. O Brasil desdenhou da Índia na Organização Mundial do Comércio, e tomou o troco ao ser jogado para o final da fila dos países para os quais os indianos estão exportando vacinas e insumos.

No caso da briga dos elefantes (China contra Estados Unidos) o Brasil desperdiçou a oportunidade que a geografia lhe dá de tratar a ambos com distanciamento e equilíbrio. Ao contrário, preferiu cutucar os chineses da forma infantil característica de amadores que acham que entendem de política externa, como acontece na assessoria internacional de Bolsonaro, ou confundem a repetição de lemas de movimentos de extrema-direita (contra a China, por exemplo) como afirmação de postulados nacionalistas.

Cego aos dados da realidade, Bolsonaro ainda não demonstrou ter compreendido a natureza das várias rasteiras internacionais que tomou nas últimas semanas, e o impacto que essas fragorosas derrotas – como o chute eleitoral levado por Trump e a recusa da Índia e China na questão das vacinas em nos atender nos prazos que pretendíamos – acarreta na posição política interna de um presidente que só pensa em reeleição.

O tamanho dos reveses exigiria de Bolsonaro uma rápida e nítida correção de rumo. Sim, estaria admitindo ter cometido erros grosseiros – por escolhas, repita-se, pessoais mas dado os trunfos que o Brasil ainda dispõe (Amazônia e produção de alimentos) conseguiria se reposicionar no cenário internacional. Um passo desses, porém, pressupõe dois fatores que não se vislumbra no momento.

O primeiro é Bolsonaro entender que na raiz das derrotas que Trump sofreu está o desprezo e a negligência em relação aos “staffs” profissionais treinados para tratar de complexas questões internacionais e suas implicações para os interesses do País. Ao se apegar ao que seu filho e amigos acham que é a política internacional, e relegar a terceiro plano a burocracia meritória do Itamaraty, por exemplo, o presidente apenas reitera uma conduta evidentemente errada.

O segundo fator que não se vislumbra está ligado à postura daqueles adultos – militares formados em academia de ótimo nível – que não foram capazes de entender que calar-se para os grotescos erros de política externa, apegados a princípios como lealdade ou hierarquia, compromete as instituições (Forças Armadas, por exemplo) às quais pertencem e, no final das contas, os torna cúmplices no estrago na defesa de interesses da Nação. 
["Constituição Federal, artigo 142, 'caput': 
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem." 
 
Muitos dirão: 'mas a Constituição não pode ser interpretada literalmente'.
 
Concordamos, com a ressalva de que nossa Lei Maior não pode ser objeto de interpretações criativas buscando adaptá-la, virtualmente, aos interesses dos inimigos do Brasil e do maldito politicamente correto.]
Em lugar nenhum eles aprenderam que o Brasil deveria ser um pária internacional. A posição na qual chegamos.

William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo


domingo, 6 de dezembro de 2020

Exército homenageia as vítimas da Intentona Comunista de 1935

DefesaNet

O Comando Militar do Leste (CML) rememorou, em tradicional solenidade, as vítimas da Intentona Comunista. Realizada no dia 27 de novembro de 2020, na Praça General Tibúrcio, a cerimônia, transcorrida sob forte emoção, teve como principais objetivos enaltecer valores democráticos, além de repudiar a tentativa de imposição de um regime totalitário no Brasil.


Sob o monumento em homenagem aos tombados, a tropa realizou a chamada nominal de todas as vítimas. O toque de silêncio e a salva de gala de 21 tiros, executada pelo 31º Grupo de Artilharia de Campanha Escola (31º GAC Es), também compuseram o momento. Uma coroa de flores foi posicionada junto ao mausoléu, onde estão guardados aqueles que deram suas vidas em prol dos ideais democráticos em 1935. A banda do 1° Batalhão de Guardas (BG) e o clarim oriundo do 2° Regimento de Cavalaria de Guarda (2° RCG) harmonizaram a homenagem.

Renovando o permanente compromisso das Forças Armadas com a defesa da Pátria e com os ideais democráticos, estavam presentes na cerimônia o Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEX), General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva; o Comandante Militar do Leste (CML), General de Exército José Eduardo Pereira; o Comandante do Comando Aéreo Leste (III COMAR), Major-Brigadeiro do Ar Luiz Guilherme Silveira de Medeiros; o Chefe do Estado-Maior do Comando do 1º Distrito Naval (Com1ºDN), Contra-Almirante André Luiz de Andrade Felix; e demais autoridades.

O que foi a Intentona Comunista
A expansão do ideário comunista no Brasil teve início após a implantação de um regime ideológico marxista-lenista na Rússia, transformada em União Soviética após a Revolução Bolchevista de 1917. A partir disso, esse país incentivou revoltas com o objetivo de recrutar outras nações para sua esfera de influência, patrocinando, inclusive, a fundação de partidos comunistas pelo mundo.

No Brasil, em 1922, o Partido Comunista, sob a capa de uma coligação denominada Aliança Nacional Libertadora (ANL), liderada por Luís Carlos Prestes, ex-capitão do Exército Brasileiro e ex-líder tenentista convertido ao comunismo, realizou uma tentativa de derrubar o governo de Getúlio Vargas e de instalar um governo socialista no Brasil. A retórica de renovação política e social pregada pelo Partido Comunista Brasileiro atraiu os insatisfeitos com os resultados da Revolução de 1930.

Então, em novembro de 1935, foi deflagrado um movimento denominado Intentona Comunista, em que militares comunistas ocuparam algumas unidades em Natal (dias 23 e 24) e em Recife (dia 24), tendo, inclusive, assassinado companheiros desarmados. O movimento resultou em saques, furtos e depredações, e na ocupação de prédios governamentais e militares naquelas capitais.

Os combates mais intensos ocorreram no Rio de Janeiro, a partir do dia 27, no 3º Regimento de Infantaria (na Praia Vermelha), no 2º Regimento de Infantaria (na Vila Militar) e na Escola de Aviação (no Campo dos Afonsos).

O governo, entretanto, estava preparado e contou com a lealdade das Forças Armadas. Os rebeldes foram encurralados pela Artilharia do Exército e da Marinha e dominados rapidamente. No 3º Regimento de Infantaria, tropas da 1ª Região Militar, comandadas pelo General Eurico Gaspar Dutra, impediram que os comunistas deixassem o quartel. Intimados a render-se, os revoltosos não se entregaram. Diante dessa negativa, as tropas legalistas intensificaram os fogos. Pouco depois do meio-dia, surgiu uma bandeira branca entre os escombros.

A rebelião foi rechaçada no mesmo dia em que começou. O plano insensato só reforça a lição de que nenhuma ideologia política contrária aos ideais democráticos é benéfica à Nação brasileira. O episódio da Intentona, literalmente "intento louco", também nos alerta para os riscos que os extremismos e a polarização política insensata podem representar para a estabilidade de uma nação, fraturando o amálgama da identidade nacional e colocando, desnecessariamente, irmãos em trincheiras opostas.
 
 

 Intentona Comunista 

A Intentona coroada - Prestes era um covarde, cruel e sanguinário, mandava matar friamente e nisso se igualou ou mesmo superou o porco do Che Guevara = o fedido ou mijão

Nos links acima saiba mais


terça-feira, 12 de maio de 2020

Ramagem nega relação 'pessoal' com clã Bolsonaro e critica Moro: 'Intransigente' - Veja - Radar

Por Robson Bonin 





[Lealdade é uma honra, uma virtude difícil de ser encontrada e praticada e que poucos possuem.]

Em depoimento, diretor da Abin disse que só foi perseguido pelo ex-ministro por não fazer parte do seu ‘núcleo restrito de delegados’

Segundo Ramagem, enquanto não representava uma ameaça a Moro na Polícia Federal, ele era elogiado pelo então ministro. “É de conhecimento do depoente que o ex-ministro Moro constantemente elogiava o seu trabalho, convidando-o para diversas reuniões de inteligência de cúpula, auxílio nas questões de segurança de alguns estados da federação”, disse.


No longo depoimento que prestou à Polícia Federal nesta segunda, o chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, negou ter proximidade com o clã presidencial e aproveitou o interrogatório para bombardear Sergio Moro, definido por ele como “intransigente” e insubordinado por ter desrespeitado a hierarquia ao bater de frente com o presidente da República sobre a troca de comando na PF.
“O ex-ministro Moro, ao adentrar ao Executivo federal, e tratar especificamente de Polícia, poderia se ater a princípios e valores de hierarquia, lealdade e preferência da lei, até porque não houve qualquer comando ilegal emanado do Presidente da República”, disse Ramagem.
Para o delegado, o então ministro da Justiça só não aceitou seu nome e passou a desqualifica-lo perante a opinião pública porque ele não fazia parte do “núcleo restrito de delegados de Polícia Federal próximos ao então ministro, uma vez que, diante dos fatos ora relatados, não haveria um impedimento objetivo que pudesse conduzir à rejeição de seu nome” para o comando da corporação.

“Sérgio Moro não falou mal do nome do depoente em seus pronunciamentos mas fez questão de desqualificar o depoente para a posição de diretor-geral da Polícia Federal. A desqualificação ocorreu através de argumento inverídico de intimidade familiar nunca antes tido como premissa ou circunstância, apenas como subterfúgio para indicação própria sua de pessoas vinculadas ao seu núcleo diretivo de sua exclusiva escolha".
Ramagem ainda negou manter laços de amizade com o clã presidencial. Ele disse ter “ciência de que goza da consideração, respeito e apreço da família do presidente Bolsonaro pelos trabalhos realizados e pela confiança do presidente da República no seu trabalho, mas não possui intimidade pessoal com seus entes familiares”.
Radar - Blog em Veja

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

PROFISSÃO MILITAR - SERVIÇO E SERVIDÃO - General da Reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva

As Forças Armadas são o braço armado da nação, por ela constituídas com a missão de protegê-la interna e externamente. A nação nelas confia, pois crê, piamente, que seus soldados são preparados para guardá-la de eventuais inimigos externos e, algumas vezes, de grupos internos hostis à liberdade, à democracia, à coesão e à paz social. A nação nunca se sentiu ameaçada pelos seus soldados, embora algumas mentes radicais e ideológicas assim tentem convencê-la.

Ora, a carreira das armas se traduz em serviço ao Estado, cumprindo o arcabouço legal que rege a profissão. Porém, acima desse nobre serviço, existe uma intangível servidão do soldado à nação, esta sim detentora primária de sua lealdade, acima de tudo e de todos, aí incluídas pessoas, organizações, partidos e grupos de qualquer natureza.
 
Acima do serviço está a servidão incondicional à nação, servidão que prevalece, inclusive, sobre a obediência às leis quando isso implicar em riscos à sobrevivência da Pátria. Aspecto difícil de explicar, mas fácil de perceber, pois de fato, sempre foi assim. Até quando? Até a sociedade amadurecer e se engrandecer moralmente, obrigando, com toda firmeza, as lideranças política, jurídica e legislativa a governarem pelo bem comum e não pelo delas próprias.

O militar faz um juramento quando ingressa no Exército e eu destaco o trecho que diz: “--- dedicar-me inteiramente ao serviço da Pátria ---". O juramento não tem tempo de duração. Portanto, na reserva ou reformado, o militar continua servindo ao cultuar e propagar os valores que fazem da servidão militar a grandeza da missão do soldado. A ela continuamos vibrantemente algemados, cientes de que o nosso compromisso nunca foi entre nós e pessoas ou entidades de qualquer natureza, mas sim entre nós e a Pátria.


A Verdade Sufocada - Transcrito em 05 janeiro 2020 

 

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A política da dilapidação - Folha de S. Paulo

Bruno Boghossian

Novo presidente de fundação ligada ao movimento negro quer o fim do movimento negro 

Depois de ter nomeado um ruralista para o serviço de proteção de florestas, uma antifeminista para elaborar programas para as mulheres e um professor que detesta universidades públicas para cuidar da educação, o governo Jair Bolsonaro deu mais um passo em seu projeto de destruição de políticas públicas. [um valor importante = LEALDADE = e o bom senso impõe que qualquer cidadão convidado a integrar um governo, tem o DEVER ético, moral, de ser leal, de ter afinidades com o governo que pretende integrar.
 
Seria além de extremamente desleal, falta de bom senso, até mesmo evidente intenção de sabotagem (que já foi tentada, no inicio do governo Bolsonaro), coma nomeação de uma) aceitar compor um governo cujas ideias não abraça.
 
Se as ideias do governo Bolsonaro não agradam a quem for convidado, tem a oposição para ele servir - que carece atualmente de cabeças pensantes para sair do buraco no qual se meteu.]

Novo chefe da Secretaria de Cultura, o dramaturgo Roberto Alvim começou a aparelhar sua pasta com nomes que parecem se esforçar apenas para dilapidar as ações dedicadas à área. Ele escalou militantes ultraideológicos para uma cruzada ressentida contra o setor. A escolha do time parece até zombaria. A secretária de Audiovisual nunca trabalhou na área e acha que o setor deve trabalhar pelo resgate dos "bons costumes". Já o presidente da fundação que promove a cultura afro-brasileira afirma que a escravidão foi "benéfica para os descendentes" dos africanos.[comentário oportuno e sem nenhuma conotação racista: 
a política de cotas raciais só existe devido a uma alegada falta de oportunidade dos afro-brasileiros, descendentes - ainda que em geração já bem distante - dos escravos.
A cor da pele não é motivo para nenhuma diferenciação, seja para favorecer ou prejudicar.
 
A raça independe, da cor e é a humana. O sangue, bem mais importante à vida do que a cor da pele, é vermelho (notem que é uma cor que representa o nocivo  comunismo).
Mas, ao mesmo tempo é a cor representativa do DIVINO ESPÍRITO SANTO e também do MARTÍRIO.
 
Não tem sentido que uma pessoa por ter a pele negra, seja beneficiada em concursos públicos, vestibulares, em detrimento dos que tiveram a 'pouca sorte' de nascer com a pele amarela, branca, etc.
O que deve diferenciar, notadamente nas áreas citadas, é o MÉRITO = MERITOCRACIA, a política de cotas raciais é uma das maiores agressões, desrespeito à Constituição Federal, que determina: "todos são iguais perante a lei, independentemente de ...".]

A frase foi publicada em agosto pelo jornalista Sérgio Nascimento de Camargo, que agora comanda a Fundação Nacional Palmares. O órgão foi criado em 1988 para preservar os valores e a influência negra na sociedade brasileira. O instituto passou a ser chefiado, nesta quarta (27), por alguém que acredita que o movimento negro deveria ser "extinto". O jornal O Globo noticiou que Camargo já escreveu numa rede social que tem "vergonha e asco da negrada militante".

Se depender dele, o trabalho da fundação deve seguir essa linha. Numa nota publicada por uma amiga, o novo dirigente declarou que vai implementar "grandes e necessárias mudanças" e que sua atuação será norteada pelos princípios "que conduzem o governo Bolsonaro". A nomeação segue à risca os planos do secretário do setor. Em vez de cuidar dos programas da área, Alvim se dizia mais interessado em "criar uma máquina de guerra cultural". Depois do primeiro turno da eleição de 2018, Bolsonaro afirmou que queria dar "um ponto final em todos os ativismos do Brasil". Ele continua disposto a cumprir essa promessa.
 

Bruno Boghossian, colunista - Folha de S. Paulo