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sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Grupo internacional de combate à lavagem vê com 'preocupação' decisão do Supremo de limitar Coaf - O Globo

Organização diz que aguarda atualizações e garantias do Brasil no trato com a corrupção; OCDE já tinha se manifestado no mesmo sentido e enviará grupo para conversar com autoridades

O Grupo de Ação Financeira contra a Lavagem de Dinheiro e o Financiamento do Terrorismo (Gafi) emitiu nesta sexta-feira um comunicado no qual manifestou preocupação com o combate à lavagem de dinheiro no Brasil depois da decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal , ministro Dias Toffoli de restringir os relatórios do  antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) substituído pela Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central (UIF). [mais um grupo estrangeiro, o tal de Gafi, comete a gafe de desrespeitar a SOBERANIA DO BRASIL e pretender interferir em decisão soberana prolatada por um dos Poderes da República Federativa do Brasil;
Além desse intrometido que cometeu a GAFE, temos aquele aquele de Costa Rica,o 'comitê de boteco' da ONU - que tentou soltar Lula às vésperas das eleições passadas e outros que seria perder tempo citá-los.]

No comunicado emitido a partir de Paris, na França, o órgão internacional apresentou o tópico sobre o Brasil afirmando que "está seriamente preocupado com a capacidade do Brasil de manter padrões internacionais de combate à lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo como resultado de uma limitação imposta por uma decisão provisória dada por um ministro da Suprema Corte em relação ao uso de material de inteligência financeira em investigações criminais".
Além disso, o Gafi disse estar "preocupado que a decisão da corte esteja impactando o compartilhamento de  dados pela Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central (UIF) com autoridades de investigação." Por fim, o comunicado diz que "o Gafi acompanha a situação de perto e aguarda atualizações e garantias do Brasil a esse respeito."
O comunicado foi emitido em uma reunião em Paris, durante um encontro com representantes de 205 países e representantes do FMI, ONU, Banco Mundial e outras organizações. 

Casos de corrupção
Na quarta-feira, a Comissão Antissuborno da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) afirmou , em comunicado, que a capacidade do Brasil de investigar casos de corrupção envolvendo funcionários públicos estrangeiros e processar os envolvidos está “seriamente ameaçada”. Integrantes do grupo virão ao país em novembro para conversar com autoridades.

O Brasil é signatário da Convenção Antissuborno da OCDE, que estabelece punições para pessoas e empresas que ofereçam propina a funcionários públicos de outros países para obter vantagens em transações internacionais. No comunicado, a OCDE também cita como motivos de “preocupação” a decisão de Toffoli, de  proibir o compartilhamento de informações com o antigo Coaf, e órgãos de investigação sem prévia autorização judicial e a aprovação da Lei de Abuso de Autoridade.[percebe-se que os gringos além da pretensão de internacionalizar a Amazônia, também criticam o Poder Legislativo e o Poder Judiciário do Brasil.]
O texto também faz referência à possibilidade, em discussão no Congresso, de auditores fiscais serem proibidos de comunicar imediatamente os órgãos de investigação quando encontrarem indícios de lavagem de dinheiro e crimes correlatos durante investigações tributárias. 

Investigação contra Flávio suspensa
Periodicamente, o Gafi faz avaliação dos países membros acerca da implementação de medidas de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. As agências de classificação de risco como Standard & Poor's (S&P), a Fitch e a Moody's us
am o cumprimento das normas editadas pelo Gafi para emitir as notas dos países.
O Gafi foi criado em 1989 e é uma organização com o propósito de desenvolver e promover políticas nacionais e internacionais de combate à lavagem de dinheiro.
No início, o foco principal era sufocar as organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas. Depois do atentado de 11 de setembro nos EUA, o grupo também voltou esforços contra o terrorismo internacional. 

O Globo 
 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Novo rebaixamento marca a falácia do ajuste

Diante de um governo que demonstra de forma sucessiva que não se compromete para valer com o equilíbrio fiscal, a Moody’s não tinha alternativa

Por mais esperado que fosse, o rebaixamento da nota de risco do Brasil para o “grau especulativo" ou “lixo” (junk) ganhou o devido destaque. Porque, entre outros motivos, se trata do último dos três grandes escritórios do ramo no mundo, ao lado da S&P e Fitch, a retirar do país o selo de qualidade como devedor. Isso ratifica a retirada do país do grupo de economias gerenciadas de forma prudente. Não é mesmo o caso do Brasil, e já há algum tempo.

Outro aspecto é que a revisão da nota em dois níveis para baixode “Baa3” para “Ba2" —, corte reforçado por um viés de baixa, ocorre há dias da apresentação pelo governo de uma proposta para limitar os gastos. Em Brasília, ouviu-se declaração esperançosa de que a Moody´s e outras agências de risco mudarão a percepção do Brasil assim que o governo, em abril, enviar ao Congresso as diretrizes orçamentárias de 2017.
Não passa de uma ilusão — a não ser que o Planalto mude de forma radical a leniência mal disfarçada diante do descalabro fiscal, e deixe de tentar fazer uma ajuste a conta-gotas, de todo ineficaz.

A leniência ficou cristalina, na semana passada, quando o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, propôs que o governo possa abater da meta de superávit a soma de R$ 84,2 bilhões, basicamente devido à frustração de receita, provocada pela persistente recessão. Assim, um superávit de 0,39% do PIB se converterá em um déficit de 0,97%. Somado ao de estados e municípios, poderá passar de 1% do PIB. Não há de ter passado despercebido pela Moody´s.  Se houvesse compromisso firme com o equilíbrio fiscal, o governo, a esta altura, com o país a caminho de completar o segundo ano no vermelho nas contas públicas, tomaria medidas de choque para reverter o quadro.


Mas não. Mesmo a necessária reforma da Previdência ainda que produza resultados a médio e longo prazos passará por um fórum onde sindicatos a bombardearão, com a ajuda de um ministro petista do governo, Miguel Rossetto. Enquanto o bom projeto de meta para gastos, não se sabe quando entrará em vigor. 

O governo Dilma não engana. Já foi o tempo, na década de 80, ainda no regime militar, que o Brasil assinava "cartas de intenção" com o FMI, para sacar bilhões de dólares de ajuda, não as cumpria e depois pedia perdão (“waver"). Tanto que as cartas passaram a ser chamadas de “más intenções". Hoje, está tudo na internet, de forma instantânea.

Um ajuste que na verdade gera um déficit de 1% do PIB chega a ser risível. O lulopetismo conseguiu destruir o equilíbrio fiscal, o qual aceitou apenas no início do primeiro mandato de Lula. Mas, não muito tempo depois, sucumbiu às tentações populistas e colocou tudo a perder. O resultado está aí.

Fonte: Editorial - O Globo

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Moody's rebaixa Brasil, que perde último 'selo de bom pagador'

Agências de classificação de risco Fitch e S&P já haviam retirado grau de investimento

 Quais são as notas das agências - Editoria de Arte / S&P, Moody's e Fitch
 
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou nesta quarta-feira a nota de crédito do Brasil e retirou o grau de investimento do país, que perdeu o último "selo de bom pagador". De uma só vez, a nota do país foi reduzida em dois degraus, passando de “Baa3” último nível de grau de investimento — para “Ba2”. Com a decisão, o Brasil não conta mais com o aval de "bom pagador" de nenhuma das três principais agências de rating do mundo, já que Fitch e Standard & Poor's já haviam tomado tal decisão no ano passado. A perspectiva da nota brasileira passou para negativa, indicando que pode haver novos cortes devido ao ambiente econômico e político desfavorável do país.

A decisão da Moody's foi baseada na deterioração adicional dos indicadores de dívida do Brasil em um ambiente de baixo crescimento, com a dívida provavelmente excedendo 80% do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos três anos, e na “desafiadora dinâmica política, que continua dificultando os esforços de consolidação fiscal das autoridades e adiando reformas estruturais”.

A Moody's havia colocado a nota do Brasil em revisão para rebaixamento no início de dezembro, alegando piora da trajetória fiscal e econômica e risco de paralisia política.
"Os acontecimentos macroeconômico e fiscal nos próximos anos devem produzir um perfil de crédito significativamente mais fraco. A dinâmica do crescimento vai permanecer fraca nos próximos anos aumentando a pressão sobre a política fiscal", disse a Moody's em comunicado.

O Ministério da Fazenda reagiu ao rebaixamento do Brasil pela agência de classificação de risco Moody’s por meio de uma nota em que afirma que está adotando medidas estruturais para reverter as incertezas do mercado em relação à trajetória da dívida pública e retomar a confiança dos agentes econômicos. Entre as ações, a Fazenda cita as propostas de reforma da Previdência, que será encaminhada ao Congresso até abril, e de fixação de um teto para os gastos públicos.


S&P e Fitch retiraram o grau de investimento do Brasil em 2015, sendo que a S&P voltou a cortar o rating brasileiro na quarta-feira passada, afastando o país ainda mais de seu "selo de bom pagador". Com o corte do último dia 17, a nota de crédito da dívida do país passou de “BB+” para “BB”, com perspectiva negativa. O novo patamar, dois abaixo do grau de investimento, enquadrou o Brasil na mesma situação de países como Bolívia, Paraguai e Guatemala.

Segundo a Moody’s, a perspectiva negativa reflete a visão de que estão crescendo os riscos de uma recuperação ainda mais lenta, ou de que ocorram choques adicionais. Com isso, há incertezas sobre a magnitude da deterioração do perfil de dívida do Brasil.

'CRESCIMENTO ANÊMICO'
A agência considera também que o progresso na consolidação fiscal será lento e que o crescimento econômico será anêmico nos próximos dois a três anos. O nível "Ba2", afirma a Moody's, incorpora a premissa de que o perfil de crédito se deteriorará nesse período.
"Já a a perspectiva negativa reflete a incerteza relacionada à interação entre política, economia e dinâmica financeira no Brasil e, em consequência, o potencial para materialização de choques adicionais, o que exerceria mais pressão negativa sobre o perfil de crédito soberano", afirma a Moody's.

A Moody's também alerta que um novo corte pode ocorrer se a agência concluir que a deterioração nos indicadores fiscais e de dívida ultrapassarão seu cenário-base e que as autoridades brasileiras não serão capazes de alcançar a consolidação fiscal e encaminhar os desequilíbrios fiscais que impedem a reversão do aumento da dívida pública.

A agência considera que uma elevação da nota brasileira é "bastante improvável" no curto prazo devido à perspectiva negativa e à esperada deterioração nos indicadores de dívida. No entanto, reconhece que pressões positivas sobre o rating podem surgir se as autoridades forem capazes de ordenar os desequilíbrios estruturais que levaram a uma persistente deterioração fiscal e ao aumento da dívida soberana.


"Tal resultado provavelmente seria associado à aprovação de reformas estruturais para reduzir a rigidez orçamentária, indexação de receitas e crescimento obrigatório em várias categorias de despesas apesar do fraco desempenho da receita", explica a agência.
A Moody' diz ainda que a uma maior clareza sobre a possibilidade e a magnitude de passivos migrarem para o balanço patrimonial do país, mais provavelmente vindos da Petrobras, também poderia levá-la a estabilizar a perspectiva da nota do país.

OPOSIÇÃO CRITICA GOVERNO
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), cobrou e culpou o governo pela demora do envio de propostas de reformas que o Congresso tem que apreciar o mais rápido possível para que o país saia da inércia em que se encontra. A oposição também diz que o rebaixamento é prova de que os agentes econômicos não confiam no pacote fiscal levado pelo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, à reunião do G-20.

Fonte: O Globo


Corte de dois degraus na nota de crédito terá mais impactos

A decisão da Moody´s não foi trivial. Com mais esse rebaixamento na nota de crédito, o país agora não é considerado grau de investimento por nenhuma das três grandes agências internacionais. Para que não reste dúvida sobre o desequilíbrio das contas do país, a Moody´s cortou a nota brasileira em dois degraus e colocou o viés negativo.

O país vai ter mais dificuldade de se financiar no exterior. O “Valor” de hoje mostra como as empresas estão deixando de “rolar” suas dívidas lá fora. Com a péssima impressão que a economia brasileira passa, elas não estão conseguindo tomar novos empréstimos e são obrigadas a encerrar os financiamentos. O movimento deve se intensificar com a dura decisão da Moody´s.

Foi um movimento muito forte, mas justificável. A dívida bruta, de acordo com a agência, deve saltar dos atuais 66% para 80% em três anos. A dinâmica política “desafiadora” atrapalha a consertar os problemas fiscais e o desequilíbrio do orçamento. A economia deve demorar a se estabilizar, tornando a recuperação mais lenta. Para a Moody´s, há incerteza sobre o tamanho da deterioração no perfil da dívida de longo prazo do país. 

O lado fiscal está desarrumado e a dívida está crescendo rapidamente. Esqueça por um momento a piora do cenário externo. O novo rebaixamento da nota de crédito brasileira mostra que os maiores riscos para a nossa economia estão aqui dentro. E a perspectiva ainda é negativa.

Fonte: Blog da Míriam Leitão 

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Risco país do Brasil dispara e retorna a níveis de 2009



O risco país do Brasil, medido pelo indicador CDS instrumento financeiro que funciona como um seguro contra calote -, atingiu 400 pontos nesta sexta-feira, o maior nível desde 9 de março de 2009, quando chegou a 410 pontos. Naquela época, o mundo vivia os desdobramentos da crise hipotecária americana e a alta do risco país era um reflexo do temor que se espalhou pelos mercados financeiros globais. Agora a disparada do indicador está ligado à perda do grau de investimento na avaliação da agência Standard & Poor’s. Entre quarta-feira, dia em que o país foi rebaixado pela S&P, e quinta, o Credit Default Swap passou de 372 pontos para 390,5 pontos. Os números foram repassados à reportagem pela consultoria Tendências.




Com o resultado desta sexta, o risco país do Brasil supera o de países que também não têm grau de investimento. A Rússia, que também tem nota “BB+” na S&P, terminou o dia com 367 pontos. Na máxima do ano, em 30 de janeiro, ficou em 630 pontos. A Rússia perdeu o grau de investimento em janeiro deste ano, depois de permanecer com o selo de boa pagadora por dez anos. Conflitos com a Ucrânia e sanções por parte do Ocidente enfraqueceram a economia do país e ajudaram a deteriorar sua política monetária. No entanto, a Rússia mantém o grau de investimento pela Fitch, embora no último nível (BBB-). Pela Moody’s, a nota russa é Ba1, o nível mais alto do grau especulativo.


O prêmio de risco do Brasil também terminou acima de Indonésia e Turquia, outros dois países que também já perderam o grau de investimento na avaliação da S&P. Ambos têm nota de crédito “BB+”. O CDS da Turquia fechou esta sexta em 293,25 pontos, e o da Indonésia, em 245 pontos. Ambos os países tiveram sua história recente marcada por turbulências políticas e sociais. Na escala da S&P, a Turquia perdeu o grau de investimento em 1994 e a Indonésia, em 1997.


Brasil, Turquia e Indonésia também têm a mesma avaliação pela Moody’s (Baa3, um nível acima do grau especulativo). No caso da Fitch, a nota da Turquia e da Indonésia é BBB-, no último nível do grau de investimento. Já o rating do Brasil é BBB, dois níveis acima do grau especulativo. Além disso, os três países fazem parte, ao lado de África do Sul e Índia, dos “cinco frágeis”, termo cunhado pelo banco Morgan Stanley para economias emergentes fortemente dependentes de investimento estrangeiro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Petrobras é rebaixada e perde grau de investimento

Depois de rebaixar Brasil, S & P tira grau de investimento da Petrobras

Estatal foi rebaixada em dois níveis, para ‘BB’, considerado grau especulativo

Após rebaixar o Brasil, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) rebaixou a nota de crédito da Petrobras em dois graus na tarde desta quinta-feira. A nota da estatal passou de “BBB-” para "BB" que é considerado grau considerado especulativo, abaixo da nota do país (BB+). A agência também manteve a perspectiva da companhia em estágio negativo. Há sete anos a Petrobras detinha o grau de investimento pela S&P.

Com o anúncio da S&P, a Petrobras perdeu o selo de boa pagadora por duas agências de classificação de risco. Em fevereiro, a Moody’s já havia classificado a estatal em grau especulativo, refletindo a preocupação com a Lava-Jato, atraso na divulgação do balanço auditado e aumento do endividamento da estatal. Ser considerada grau de investimento por pelo menos duas agências é uma exigência de grande parte dos maiores fundos de pensão e de investimento estrangeiros para comprar os papéis de uma companhia. [diferente do Brasil que obriga os fundos de pensão das estatais a investir em papéis de empresas da Venezuela, criando rombos como os  dos Correio, Previ e outros.]

Analistas davam como certo o rebaixamento da Petrobras na sequência da perda do grau de investimento do Brasil. — A Petrobras é considerada um ativo do governo. Ela é muito associada ao risco soberano, embora haja, em paralelo, a gestão do presidente Aldemir Bendine, que estar cortando gastos, vendendo ativos, tornando a empresa mais enxuta — afirmou Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora. 

Devido a essa perspectiva, as ações da Petrobras foram as que exerceram maior influência negativa no pregão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta quinta. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) da companhia caíram 3,82%, enquanto os preferenciais tiveram baixa de 5,01%. A Bolsa, por sua vez, fechou em baixa de 0,33%, aos 46.503 pontos.

Fonte: O Globo


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

É a dívida!




Quando a gente topa com um mesmo obstáculo no curto,  médio e longo prazo, bem, esse é o problema principal. No caso brasileiro hoje, trata-se da deterioração das contas públicas.


No curto prazo, o governo federal está com dificuldade para fechar as contas do mês. A receita é sempre menor que a esperada e a despesa cresce mesmo com os cortes já aplicados. Para o ano, e já estamos em agosto, o resultado primário - receitas menos despesas antes do pagamento de juros - pode variar de um superávit de R$ 8,7 bilhões a um déficit de R$ 17,7 bilhões. De fraco a muito ruim.


Os 8,7 bi são a meta ajustada, quer dizer, reduzida para este ano. Mas só será alcançada: 1) se a Receita Federal arrecadar R$ 10 bilhões com um programa tipo-anistia, que oferece vantagem para o contribuinte que desistir de um litígio na Justiça, admitir o débito e pagar; 2) se brasileiros que remeteram dinheiro para o exterior sem declarar trouxerem de volta R$ 10 bilhões, pagando taxa única de 35% para, digamos, "oficializar" os recursos; 3) se privatizações de obras de infraestrutura renderem R$ 5 bilhões.


É muito "se". No primeiro caso, vai depender da capacidade financeira de grandes contribuintes. Mas o próprio ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem dito que a arrecadação está caindo porque as empresas estão adiando ao máximo o pagamento de impostos. Preferem fazer caixa.


O segundo "se" depende do Congresso Nacional, que não tem sido propriamente amistoso com os projetos da presidente Dilma. É preciso votar a legislação estabelecendo as regras de repatriação e de utilização do dinheiro eventualmente obtido.

O terceiro "se" depende da eficiência do governo federal na realização de leilões. Só um exemplo: estudos de viabilidade econômica para a concessão da “Rodovia dos Frangos”, entre Santa Catarina e Paraná, estimam que o PIB crescerá no mínimo 1,5% neste ano. O próprio governo espera hoje uma recessão de 1,5%. Como pode um erro assim num item essencial para se calcular o valor do pedágio? Simples: os estudos são do final do ano passado e não foram atualizados quando da colocação em audiência pública.  Se tudo der certo, ou seja, se contribuintes, investidores e Congresso se comportarem como espera o governo, então se terá um superávit primário de R$ 8,7 bilhões, positivo, mas contra a meta inicial de R$ 66 bilhões. Foi por isso que a agência Moody`s rebaixou a nota do Brasil no último dia 11: o estado das contas públicas era pior que o esperado e deteriorou-se muito rapidamente, enquanto caíam a popularidade e a capacidade do governo Dilma aplicar suas políticas. 

O que nos leva ao médio prazo. Reparem: houve grande alívio nos meios econômicos e nos mercados financeiros com o rebaixamento da nota. O pessoal esperava coisa pior: uma queda de dois degraus, perdendo o grau de investimento, ou o rebaixamento com perspectiva negativa.


Com apenas degrau abaixo e perspectiva estável, ficou menos ruim. Por alguns meses, a agência manterá o país como grau de investimento, enquanto espera o andamento da crise política e os eventuais efeitos daqueles três "se". 


De novo, mesmo que dê certo neste ano e no próximo - e aqui já estamos no longo prazo, longo para os padrões de crise - as contas públicas seguirão piorando num quesito básico. A dívida bruta, que era de 53% do PIB ainda em 2013, entrou numa escalada de alta desde o ano passado e pode ultrapassar os 70% do PIB já em 2017. Isso porque a economia feita para o pagamento de juros não será suficiente, de modo que a cada ano será preciso emitir dívida nova para financiar dívida antiga. Nenhum país com grau de investimento tem esse endividamento.


Na terça-feira à noite, quando soube do rebaixamento da nota, o ministro Levy fez um breve comentário que pode ser assim resumido: eu não disse? Estou avisando... Mas parece que Levy é a única pessoa em Brasília que acredita nisso, que a situação das contas públicas é muito grave e requer ações fortes e rápidas. Em resumo, não é com as tais agendas positivas que isso será encaminhado. Muito menos com aqueles fantásticos planos de investimentos que a presidente Dilma adora lançar, garantindo que a crise é pequena e passageira.


Não é só a presidente que parece alheia ao perigo. No seu relatório, a Moody’s nota que um grande obstáculo está na falta de consenso político em torno do ajuste fiscal. Verdade. Basta verificar a quantidade de propostas de aumento de gastos que circulam no Congresso. Dizem que a sociedade brasileira só reage no limite. Bem, estamos no limite.


Fonte: CARLOS ALBERTO SARDENBERG, jornalista - http://www.sardenberg.com.br/

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Brasil tem nota rebaixada e fica a um passo de perder grau de investimento

Agência rebaixa nota do Brasil, mas mantém grau de investimento

Decisão da Moody's já era esperada pelo mercado. País está apenas uma nota acima do nível especulativo

A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito do Brasil de Baa2 para Baa3, o que mantém o país ainda no grau de investimento, mas apenas uma nota acima do nível especulativo. A decisão já era esperada. Além do rebaixamento, a perspectiva (outlook) foi alterado de negativo para estável — a expectativa é que fosse mantido o negativo, já vislumbrando a perda do grau de investimento no curto prazo.

De acordo com a Moody’s, uma performance da economia abaixo do esperado é uma das razões para esse rebaixamento. “Um desempenho econômico mais fraco que o esperado, uma tendência de crescimento de gastos públicos e uma falta de consenso politico sobre as reformas fiscais impedirá que as autoridades alcancem um superávit primário alto o suficiente para segurar e reverter a tendência de alta da dívida este e no próximo ano”, justificou. 

Para a agência, o aperto fiscal e a política monetária vão fazer com que o PIB caia em 2015, fique estagnado em 2016 e só comece a se recuperar no ano seguinte, com uma taxa anual de crescimento de 2% em 2017 e 2018. As investigações da Lava Jato também foram consideradas. “A baixa capacidade de utilização, a fraca confiança dos empresários e os desdobramentos relacionados à Petrobras afetarão negativamente as perspectivas de investimentos neste ano e no próximo”, afirmou em nota.

A Moody’s deixa claro, no ainda, que o país precisa desse crescimento na segunda metade do governo Dilma e do superávit primário (economia para o pagamento dos juros) de ao menos 2% do PIB nesse período. Essa decisão de sinalizar que o Brasil deve continuar como grau de investimento foi vista como uma espécie de segunda chance para o Brasil e, por isso mesmo, foi bem recebida. — O rebaixamento em só uma nota e a perspectiva neutra foi ótima. A grande preocupação era perder o grau de investimento — disse Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset.

Se a perspectiva fosse negativa, a sinalização era de que, já na próxima revisão, a probabilidade do Brasil perder o grau de investimento seria alta.

DECISÃO ERA ESPERADA DESDE JULHO
Em meados de julho, técnicos da agência visitaram o Brasil para analisar as contas públicas do país. Com a deterioração fiscal e a dificuldade de aprovar as medidas de ajuste fiscal no Congresso Nacional, cresceu a aposta de que o Brasil teria a sua nota cortada pela Moody’s. Essa expectativa aumentou após o Ministério da Fazenda, em 22 de julho, reduzir de 1,1% do PIB para 0,15% do PIB a meta de superávit primário para esse ano, o que dificulta o controle e redução da relação entre dívida pública bruta e o PIB.

No comunicado divulgado no final da tarde desta terça-feira, a Moody’s afirma que a dívida pública terá uma piora em 2015 e 2016 acima do esperado anteriormente pela agência. A expectativa é de uma estabilidade no nível da dívida apenas no final de 2018. A justificativa para a nota Baa3 é que, apesar dessa piora, o Brasil tem capacidade de resistir a choques externos devido ao estoque de reservas internacionais, baixa exposição à dívida externa e economia diversificada.

No último dia 28, a Standard & Poor’s mudou a perspectiva do Brasil de estável para negativa, mas manteve a nota em BBB-, ainda grau de investimento e também só uma nota acima do nível especulativo. Na ocasião, a agência sinalizou que a falta de avanços nos ajustes fiscais durante o próximo ano “poderia levar a um rebaixamento do rating”, ou seja, a perda do grau de investimento.

Na outra grande agência de classificação de risco, a Fitch, o Brasil segue duas notas acima do nível especulativo. Os investidores internacionais olham as notas das agências de classificação de risco para saberem onde vão alocar os seus recursos. Quanto pior a nota, mais alta tende a ser os juros pagos pelos emissores - além de governos, as empresas que emitem títulos de dívida também contratam essas agências.

Fonte: O Globo

 

terça-feira, 28 de julho de 2015

O terror bate à porta. Ou: O mercado antecipa a hora, não espera acontecer - Standard & Poor’s muda perspectiva de nota do Brasil para negativa



Há cinco dias, quando o governo decidiu baixar a meta oficial de superávit primário de 1,1% para 0,15% do PIB, escrevi aqui o seguinte: “Mais: todos têm a consciência de que as agências se classificação de risco deixaram claro que a situação fiscal será a pedra de toque da análise que farão da economia brasileira.

Por enquanto, o governo conseguiu produzir a recessão que se dava como certa, mas ainda não viu os efeitos positivos do corte de gastos — até porque eles cresceram — e da elevação da taxa de juros. Estamos na fase em que, para melhorar, será preciso piorar bastante.

O mercado só não sabia que o buraco era tão fundo. Agora sabe. Levy, em suma, virou o guardião de uma equação que parece sem solução. Pior para todos”

Pronto! A Standard & Poor’s fez a advertência, e o rebaixamento é agora mais do que uma possibilidade ruim: vai se materializando. É claro que o mercado antecipa a hora, não espera acontecer. Põe um preço na realidade. O dólar imediatamente disparou e chegou a R$ 3,44; depois, recuou um pouco para o patamar os R$ 3,40, mas já é a maior cotação desde 2003, ano em que o PT chegou ao poder, cercado por justa desconfiança.

Vale dizer, de 2003 a 2015, o PT nos conduziu de um dólar de R$ 3,40 para um dólar de R$ 3,40: de uma inflação de 9,3% para uma inflação de 9,3% (até agora; tudo indica que vai para dois dígitos); de um crescimento de 1,2% para uma recessão de que pode superar 2%. Entre uma ruindade e outra, tivemos mensalão, aloprados, petrolão, eletrolão e quantos outros aumentativos da impostura vocês queiram acrescentar aí. O PT é o pior caminho entre dois pontos.

Dilma afirma, o que é tão falso como suas promessas eleitorais, que a Lava Jato responde por uma queda de 1% do PIB ou por um aumento da recessão de 1%. Ninguém sabe de onde ela tirou esses números. Se, com isso, alimenta a esperança de que conseguirá colocar algum freio à operação, está enganada. 

E assim é por três motivos:
a: porque o PT passou a governar o país das sombras, e, como se diz em Dois Córregos, a cada enxadada, aparece uma minhoca;
b: porque a roubalheira despertou vocações justiceiras, e já há quem não consiga distinguir o lícito do ilícito;
c: porque ninguém mais confia no governo.


A eventual passagem do país do grau de investimento para o grau especulativo é o cenário de terror com o qual ninguém gostaria de lidar. Mas a coisa está aí, batendo à porta.

Standard &Poor’s muda perspectiva de nota do Brasil para negativa

Na VEJA.com:
A agência de classificação de riscos Standard & Poor’s (S&P) alterou a perspectiva do rating BBB - do Brasil de estável para negativa. A nota da agência representa o último degrau na escala com grau de investimento, espécie de selo de bom pagador, reconhecido por investidores. Com a revisão da perspectiva, que antes estava ‘neutra’, o rebaixamento se torna realidade cada vez mais plausível.

A agência citou que a série de investigações de corrupção entre certas empresas e políticos pesa cada vez mais sobre os cenários econômico e fiscal brasileiros. Mencionou ainda que o país enfrenta circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras “apesar do que consideramos ser uma correção de política significativa durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff”. “Apesar das mudanças generalizadas de política em andamento, que continuamos a acreditar que tem o apoio da presidente, os riscos de execução aumentaram. Na nossa visão, esses riscos derivam tanto do front econômico quanto político”, afirmou a S&P em nota.

O cenário político conturbado também pesa neste momento, em que o governo depende muito do Congressoem pé de guerra com o Executivo – para aprovar as medidas de ajuste fiscal. Nesta manhã, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, voltou a afirmar que fará todos os esforços junto ao Legislativo “para garantir a previsibilidade fiscal”. A agência lembra ainda que a dinâmica complexa entre o PT e o PMDB, que havia diminuído sob a coordenação política do vice-presidente Michel Temer, reapareceu. “Isso gera a perspectiva de apoio no Congresso um pouco menos consistente para aprovar as medidas necessárias de ajuste fiscal, até mesmo um pouco diluído, em comparação com o que já tínhamos observado e esperado no início deste ano”, afirma.  A S&P destaca ainda os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para angariar apoio para a “correção de rumo na política” e uma “reviravolta na economia”. A agência diz ainda que não trabalha com um cenário base de impeachment de Dilma.

Para a Moody’s, o rating do Brasil é Baa2, com perspectiva negativa, dois degraus acima do grau especulativo. Para a Fitch, o rating do Brasil é BBB, com perspectiva negativa, e também dois degraus acima do grau especulativo. No início do mês, a equipe de analistas da Moody’s esteve em Brasília reunida com ministros e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para entender os passos a serem percorridos pelo país para que a situação fiscal seja controlada.

Fonte: Blog do  Reinaldo Azevedo