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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Em boca própria


A partir da declaração bombástica do ex-presidente Lula de que não existe ninguém no Brasil mais honesto do que ele, é possível constatar que a Operação Lava-Jato, assim como já acontecera com o mensalão, provoca em caciques petistas uma autorreferente sinceridade que chega às raias da comicidade.

Para começar, sem querer Lula repetiu, anos depois, a mesmíssima frase que o deputado Paulo Maluf cunhou para se defender das acusações de corrupção. A tal ponto que na internet já surgem montagens afirmando que Maluf queixou-se de que Lula roubara-lhe a frase, logo num debate sobre roubalheiras.

Esquecendo-se do ditado que diz que "elogio em boca própria é vitupério", Lula foi tão convincente quanto quando se diz pioneiro da boa governança no país:Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste País, é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da igreja católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”. Disse a blogueiros aliados, sem corar e nem provocar em seus “entrevistadores” reações de espanto ou risos.

Embora beire o ridículo, a frase de Lula tem o objetivo de criar constrangimento às investigações que se aproximam dele, tanto que o ex-presidente continuou em tom de desafio: “Duvido que exista um promotor, um delegado, com a coragem de afirmar que me envolvi em algo ilícito”. A postura de Lula tem antecedentes em diversos companheiros petistas, alguns deles na cadeia depois de pronunciá-las

A mais famosa e hilária pertence ao ex-ministro todo poderoso José Dirceu, ainda quando estava sendo investigado pelos crimes do mensalão, por que foi condenado. “Estou a cada dia mais convencido de minha inocência”, disse Dirceu, como se a cada reminiscência do que fizera como Chefe do Gabinete Civil de Lula, mais elementos absolutórios fossem agregados à sua memória. O resultado final dessa revisão foi que Dirceu acabou condenado pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão, e está novamente na cadeia, ainda sem condenação, devido à sua atuação nos escândalos do petróleo. E a cada dia deve estar mais convencido de sua inocência.

Também a presidente Dilma teve sua oportunidade de dar declarações assertivas sobre seu próprio comportamento.  Ao responder a uma pergunta de jornalistas estrangeiros sobre como reagiria se fosse constatado seu envolvimento nos escândalos do Lava-Jato, a presidente Dilma teve uma reação muito semelhante à do ex-ministro José Dirceu. Disse Dilma: "Eu sei que não estou nisso. É impossível. Eu sei o que eu faço”, assegurou ao canal francês TV France 24. Não fosse sua proverbial dificuldade em se expressar, a presidente Dilma poderia ter respondido a perguntas desse tipo de maneira direta, sem necessitar dar testemunho a seu próprio favor. O mesmo vício de linguagem pode ser encontrado em declarações do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, antes de ser preso na Operação Lava-Jato.

Em uma reunião do PT, ele disse ao microfone a seguinte pérola, sendo muito aplaudido, a respeito da quebra de seu sigilo telefônico: “Eu sei o que fiz. Não vão encontrar nada”. O que tanto pode significar que ele não fez nada de ilegal, como também que está convencido de que escondeu tão bem suas falcatruas que não há chance de ser descoberto.

Depois disso, Vaccari não apenas foi preso, como já foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Essa reação conjunta de lapsos e atos falhos de petistas graduados só pode ter origem na ansiedade de se livrar de acusações que a cada dia se mostram mais comprováveis, através das delações premiadas que fornecem informações confiáveis aos investigadores.

Fonte: Blog do Merval Pereira


quinta-feira, 11 de junho de 2015

O Sol e a peneira

A coroa de espinhos que Dilma Rousseff carrega por conta de seus desacertos na condução da política e da economia no primeiro mandato tem espinhos suficientes para agravar-lhe a dor da expiação. Poderia, portanto, poupar-se, e aos brasileiros, das canhestras tentativas de tapar o sol com a peneira na questão do escândalo da Petrobrás. Dias atrás, em entrevista à televisão francesa, a presidente da República irritou-se com uma pergunta sobre se “assumiria suas responsabilidades” no caso de ser comprovado seu envolvimento com a corrupção na estatal: “Eu não respondo a essa questão porque sei que não tenho nada a ver. Eu sei o que faço. Lutarei até o fim para mostrar que não estou envolvida. Tenho uma história. Nunca fui acusada de nada”.

Pouco antes, Dilma havia tentado dissociar a Petrobrás do escândalo, alegando que as investigações da Operação Lava Jato atingem apenas alguns funcionários da estatal: “É importante entender que a Petrobrás tem mais de 30 mil empregados e são 5 envolvidos”. Garantiu ainda que não há “nenhum indício” de que pelo propinoduto da estatal tenham transitado recursos destinados a sua campanha reeleitoral. As entrevistas à TV France 24 e a outras emissoras e jornais europeus foram concedidas a propósito da viagem de Dilma a Bruxelas para participar da reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac).

O público francês não há de ter opinião formada sobre a possibilidade de envolvimento de Dilma no esquema de corrupção da Petrobrás. No Brasil, a tendência é de acreditar que esse envolvimento não implique a participação da então ministra de Minas e Energia, depois chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da estatal, no sentido de locupletar-se com as ações ilícitas. Apesar da perda de credibilidade política e de popularidade, mantém-se a aura de honestidade pessoal de Dilma. Mas é impossível de acreditarlevando em consideração as posições que ocupou no governo, com alguma responsabilidade em relação à Petrobrás, e suas características de gestora centralizadora e detalhista – que Dilma não tivesse informação ou nem desconfiasse da trama criminosa que durante tantos anos movimentou bilhões de reais praticamente sob seu nariz. Para onde estaria ela olhando, a ponto de ignorar completamente o que se passava na empresa à qual, como ministra de Minas e Energia e da Casa Civil e, depois, como presidente da República, dava especial atenção?

Nessas entrevistas, Dilma entrou em contradições e inconsistências. À TV francesa negou veementemente que sua campanha se tenha beneficiado do petrolão, para afirmar em seguida, reclamando de “perseguição”, que “todas as campanhas”, em 2014, receberam contribuição das empresas envolvidas no escândalo: “Eu não sei por que só a minha (campanha) foi destacada”.

Ao jornal belga Le Soir, Dilma explicou, sobre a substituição de diretores da Petrobrás por ocasião de sua posse na Presidência: “Essas cinco pessoas já não estavam na Petrobrás desde o fim de 2011. Não porque eram suspeitos, mas porque eles não faziam parte dos membros da equipe em que eu confio”. Mas não explicou as razões de sua desconfiança em relação a diretores nomeados durante o governo Lula e com os quais conviveu, pelo menos formalmente, enquanto presidiu o Conselho da empresa.

Quanto ao bisonho argumento de que não se pode falar em escândalo “da Petrobrás” porque apenas 5 de seus mais de 30 mil funcionários estão sendo acusados de corrupção, é o caso de lembrar-lhe que cada centavo dos bilhões de reais foi surrupiado “da Petrobrás”.

Dilma Rousseff parece não ter aprendido, depois das patranhas que disse durante a campanha eleitoral – e pelas quais paga caro, agora –, que o peixe morre pela boca. Foi assim, por paradoxal que pareça, que ela começou a perder sua credibilidade e a aprovação popular no momento em que conseguiu ganhar a eleição de outubro. Não é com tentativas canhestras de tapar o sol com a peneira que ela recuperará a confiança dos brasileiros.


Fonte: O Estado de São Paulo - Editorial

 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

O mundo particular de Dilma - Dilma, com o devido respeito aos autistas - se torna autista, foge da realidade



A presidente Dilma voltou a ser aquela mesma do tempo da campanha presidencial, vendendo versões mirabolantes que se chocam com a realidade, parecendo que vive em outra dimensão. Ela foi obrigada por jornalistas estrangeiros a abordar nos últimos dias um tema que a perturba: sua participação nos escândalos da Petrobras.

A irritação visível com que respondeu ao canal de TV France 24 revela que se considera acima de qualquer suspeita, o que os fatos desmentem. Qualquer empresa privada teria demitido a presidente do Conselho de Administração e todo seu grupo de conselheiros depois da constatação de que a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, produziu um prejuízo de US$ 792 milhões em duas etapas, entre 2006 e 2012, de acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU).

A desculpa de que a autorização só foi dada por que o diretor responsável, no caso Nestor Cerveró, os induziu a erro ao apresentar um relatório “técnica e juridicamente falho" não deveria nem ser levada em conta, pois cabia aos membros do Conselho pedir mais informações. Mais ainda: depois de constatada a lambança, o diretor responsável foi “punido” com transferência para um cargo na diretoria da Petrobras Distribuidora, com direito a elogios funcionais à sua atuação na área internacional.

Ao responder a uma pergunta direta sobre como reagiria se fosse constatado seu envolvimento nos escândalos do Lava-Jato, a presidente Dilma teve uma reação muito semelhante à do ex-ministro José Dirceu, quer certa ocasião proferiu a seguinte jóia a respeito do mensalão: “Cada vez me convenço mais de minha inocência”.

Disse Dilma: "Eu não estou ligada [às denuncias]. Eu não respondo a esta questão porque eu não estou ligada. Eu sei que não estou nisso. É impossível. Eu lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada. Eu sei o que eu faço. E eu tenho uma história por trás de mim. Neste sentido, eu nunca tive uma única acusação contra mim por qualquer malfeito. Então, não é uma questão de 'se'. Eu não estou ligada", assegurou ao canal francês TV France 24.

Utilizando uma técnica diversionista muito própria das propagandas eleitorais, Dilma disse que o escândalo não é da Petrobras por que apenas "cinco funcionários" se envolveram nas irregularidades, unidos a políticos. A presidente deve pensar que o cidadão brasileiro é facilmente enganável, e tem razão para tanto, pois a tática deu certo na campanha eleitoral, se bem que por pouco tempo.

Então um esquema dessa magnitude pode ser montado por meia dúzia de funcionários e alguns políticos? Que tipo de governança tem essa empresa que perde ¼ de seu valor por causa de um esquema de corrupção tão improvisado e ao mesmo tempo tão sofisticado que, como ela mesma diz em outra entrevista, só com delações premiadas foi descoberto?  À Deutsche Welle, rede pública alemã de rádio e televisão, Dilma lamentou-se, dizendo que "um dos ônus [de se combater a corrupção] é acharem que nós é que fazemos a corrupção", esquecendo-se de comentar a participação de seu partido, o PT, no esquema que está sendo denunciado pela Justiça.

Dois tesoureiros presos, sendo que um já condenado e cumprindo pena, só é uma coincidência no relato fantasioso da Presidente. Absurdo não é desconfiarem que ela sabia do esquema montado para financiar as campanhas eleitorais do PT e de partidos aliados.  Absurdo é que suas campanhas presidenciais tenham sido irrigadas com dinheiro proveniente de desvios da Petrobras, conforme está sendo revelado dia após dia por várias delações premiadas, de ex-diretores da Petrobras a funcionários de empresas nacionais e estrangeiras.

Comprovadas as acusações, nada mais natural estranharmos que a candidata em 2010 e 2014 nada soubesse sobre os esquemas fraudulentos que financiavam suas campanhas eleitorais, como nada soube quando era Ministra das Minas e Energia ou quando presidiu o Conselho de Administração da Petrobras. Sua fama de boa gestora, que já está sendo destruída pelos estragos que fez na economia nos primeiros quatro anos de seu primeiro mandato, estará definitivamente desmoralizada, no mínimo pela infinita capacidade de não saber de nada do que acontece a seu redor, seja na Petrobras, seja no Palácio do Planalto.

Fonte: Merval Pereira – O Globo