Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador entrevista. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador entrevista. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Bolsonaro sofreu uma emboscada dentro do PL - Entrevista

Ricardo Salles revela bastidores de emboscada a Bolsonaro no PL

 
Entrevista com Ricardo Salles, deputado federal (PL-SP), sobre a desistência da pré-candidatura a prefeito de São Paulo em 2024 depois que o presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, declarou apoio à reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Salles revela os bastidores de como se deu essa aliança PL-MDB, fala de seu futuro no partido e também sobre o trabalho como deputado federal e relator da CPI do MST.

Cristina Graeml, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Lula mente 7 vezes em entrevista ao Flow Podcast

Petista distorceu declarações do presidente Jair Bolsonaro e disse que o PT acabou com a fome no Brasil 

Edilson Salgueiro
 
Em participação no <i>Flow Podcast</i>, Lula disse ter criado o Fies
Em participação no Flow Podcast, Lula disse ter criado o Fies | Foto: Divulgação/Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato ao Palácio do Planalto nas eleições de 2022, mentiu sete vezes durante entrevista ao Flow Podcast. Em conversa com Igor 3K, na terça-feira 18, o petista fez declarações falsas sobre o legado dos governos do PT.

Ao contrário do que disse Lula, o Brasil não foi o último país a legalizar o voto feminino. Argentina (1947), Chile (1949), Peru (1955) e México (1995), por exemplo, garantiram esse direito depois de 1932, ano em que as mulheres brasileiras começaram a votar.

O ex-presidente disse que o Brasil é o maior produtor de proteína animal do mundo. Segundo a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), no entanto, a China é quem lidera o ranking. O país asiático produziu mais de 90 mil toneladas de carnes em 2021, enquanto o Brasil praticamente atingiu a marca de 30 mil toneladas.

O petista afirmou ter criado o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Contudo, essa política foi elaborada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1999, e instituída em 2001.

De acordo com Lula, 90% das categorias organizadas conquistaram aumento real no salário ao longo de seu governo. No entanto, esses números foram registrados apenas em três anos: 2006, 2007 e 2010. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese) mostra que, em 2003, 2004, 2005, 2008 e 2009, menos de 80% das categorias tiveram aumento real no salário (acima da inflação).

Os governos petistas não acabaram com a fome no Brasil, ao contrário do que disse o ex-presidente. Apesar de o menor índice de insegurança alimentar grave ter sido registrado durante a administração de Dilma Rousseff (PT), os governos do PT não resolveram o problema da fome. Desde 2004, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou as pesquisas sobre insegurança alimentar, o Brasil registra milhões de pessoas na categoria “grave”. Na prática, isso significa que muitos brasileiros ainda não têm o que comer. O melhor desempenho foi registrado em 2013: 3,6% da população, ou 7,2 milhões de pessoas.

É mentira que Lula cresceu 15 pontos porcentuais nas pesquisas de intenções de voto depois de sua prisão, em 2018. Nenhum dos levantamentos divulgados pelos institutos de pesquisas aprovados pelo “consórcio de imprensa” registrou tal variação naquela época. Datafolha e Ibope, por exemplo, mostravam que o petista tinha entre 30% e 31% das intenções de voto em abril de 2018, depois de sua prisão. Três meses antes, em outubro de 2017, Lula tinha entre 35% e 36%. As intenções de voto caíram entre 4% e 6%.

O petista afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu, durante entrevista ao canal Paparazzo Rubro-Negro, a necessidade de mentir para conseguir governar. É falso. Na ocasião, o atual presidente da República disse ter sido aconselhado diversas vezes a mentir, mas não teria seguido a sugestão.

Edilson Salgueiro - Revista Oeste

 

domingo, 4 de julho de 2021

Ditadores, saiam do armário - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza

O governador do Rio Grande do Sul foi um dos líderes dos trancamentos por suposta segurança sanitária. Saiu fechando tudo, assim como seu colega e correligionário de São Pauloambos se apresentando como presidenciáveis, ambos dizendo seguir a ciência contra um presidente negacionista, ou seja, ambos fazendo política.  
Se essa política servisse para cacifá-los à Presidência e também para proteger as pessoas da pandemia, ótimo. 
Infelizmente, não serviu para nenhuma das duas coisas. Não serviu para nada. Ou melhor (pior): serviu para piorar a vida das pessoas.

Com quase um ano e meio de pandemia, o governador do Rio Grande do Sul resolve dar uma entrevista confessional. Para falar de tudo. Qualquer um teria o direito de esperar que ele finalmente fosse explicar por que fez os gaúchos passarem a se sentir como se vivessem na Coreia do Norte. Mas ele não falou disso. Depois de quase um ano e meio de tirania, o governador revelou que é gay.

LEIA TAMBÉM: A lição japonesa e as prioridades na educação

Na condição em que está, com a quantidade de explicações que tem a dar, com a quantidade de contas que tem a prestar, o governadorzinho de estilo soviético autoriza você, a partir dessa revelação, a uma série de conjecturas. 
O que esse personagem quis dizer? 
Que a opção sexual dele lhe dá poderes supraconstitucionais
Que ser gay é credencial para subjugar a população por um ato de vontade?

"Não”, responde você. “Ele só quis contar que é homossexual”. Ok. Então vamos responder a ele com a mesa singeleza: companheiro, com quem você dorme é problema seu. Poderia até ser saudável o compartilhamento da sua experiência se você tivesse algum exemplo para dar no terreno da liberdade – mas você não tem nenhum. Você é um ditador que não saiu do armário – e quer posar de humano. Não cola. Saia do armário primeiro. Assuma o seu autoritarismo covarde, fantasiado de empatia. Depois disso pode ser até que valha a pena conversar com você – mas autoritário não é chegado a conversar. É chegado a prender.

Onde estão os laudos comprovando a eficácia das suas medidas extremas que prenderam a população e lhe roubaram direitos básicos de cidadania?  
Onde está a comprovação das suas ações brutais que chegaram ao nível fascista de lacrar gôndolas de supermercado com o pretexto de diminuir o contágio? 
Onde estão os estudos anteriores e posteriores a essa barbaridade atestando seu resultado no controle ou mitigação da pandemia? Companheiro: você tem OBRIGAÇÃO de demonstrar cientificamente isso, porque se a sociedade não desistiu para sempre do estado de direito, você vai ter que responder pelo que fez.
Uma dica sobre algo que você já sabe: você nunca vai demonstrar tecnicamente a eficácia do seu surto trancador. 
Porque não há no Rio Grande do Sul, nem na América do Sul, nem no Hemisfério Sul, nem no Hemisfério Norte, nem no mundo inteiro estudo algum comprovando que bloquear alas de supermercados – enquanto o transporte público, por exemplo, continuou levando as pessoas de lá para cá em ambientes fechados e frequentemente aglomerados tem alguma serventia para bloqueio ou redução de contágio.

Ao contrário. Há estudos e ensaios (ver John Ioannidis, Michael Levitt e outros pesquisadores laureados) mostrando que as áreas com lockdown mais severo não alcançaram vantagem sobre as que não restringiram tanto em termos de enfrentamento à pandemia. Não vale fazer como o seu correligionário de São Paulo, que botou o Instituto Butantã para soltar panfletos com número exato de vidas supostamente salvas por esse trancamento burro e grosseiro. O nome disso é fraude.

Governador, pode falar à vontade sobre a sua vida sexual aos que se interessarem por ela, que isso não o redimirá da sua fraude. Você não tem ciência nenhuma. Você tem um slogan. E ele não salvou ninguém. Mas os prejudicados pelo seu espetáculo prepotente, destrutivo e mórbido são seus credores. Não adianta se esconder em propaganda politicamente correta que não ajuda minoria alguma. A sua única chance é a liberdade, contra a qual você atentou, morrer de vez. Do contrário, você terá de pagar pelo que fez.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES



sábado, 6 de junho de 2020

"Generais viram que proposta é a guerra civil", diz Gabeira

Para Gabeira, ação do presidente sugere o espectro de uma guerra civil ou um golpe de Estado

Um ano atrás, o jornalista Fernando Gabeira tinha críticas ao presidente Jair Bolsonaro, mas avaliava que as instituições eram suficientes para contê-lo, como expressou em junho de 2019 em entrevista ao Estadão, onde é colunista. Não pensa mais assim. A pregação em favor de armar a população, seus movimentos para atrair as Forças Armadas e sua aproximação das polícias militares foram decisivos para o jornalista mudar de ideia. 

[aos desavisados:
por favor, não confundam entrevista com profecia.]

  Para ele, a ação do presidente sugere o espectro de uma guerra civil ou um golpe de Estado, sem, necessariamente, participação direta das Forças."Muito possivelmente ele pode estar articulando um golpe usando polícias militares e neutralizando as Forças Armadas", disse Gabeira, em nova conversa com o Estadão, anteontem.

Há quase um ano, o senhor fez críticas ao governo Bolsonaro, mas se mostrou confiante nas instituições. Recentemente, o senhor passou a defender que os brasileiros se mobilizem para barrar um possível golpe do presidente. O que aconteceu?
O primeiro aspecto da minha confiança eram os contrapesos democráticos, que estavam baseados no Congresso e no Supremo. Esses contrapesos continuam tentando fazer frente a esse processo. Mas há sobre eles, hoje, uma carga muito intensa, a partir do bolsonarismo. As manifestações foram claramente dirigidas ao fechamento do Congresso e do Supremo. Então, o que alterou é que Bolsonaro não está aceitando muito bem a presença desses contrapesos, pelo contrário, está tentando neutralizar alguns deles. Esse é um fato. Outro é a relação com as Forças Armadas, que sempre (desde a redemocratização) tiveram, aparentemente, um papel democrático, e funcionaram. E as Forças Armadas foram muito envolvidas pelo Bolsonaro. Não só pelo trabalho orçamentário, mas pela visão da reforma da Previdência dos militares, pela entrada de 3 mil militares no governo, entende? E sobretudo agora pela aliança que fizeram na Saúde. 
Praticamente, (as Forças) estão atraindo, participando ou partilhando uma política que pode trazer para elas uma repercussão nefasta. Então, isso tudo alterou muito o quadro.

Recentemente, algum fato acelerou a mudança de opinião?
Aquela reunião (de 22 de abril) apresentou fatos alarmantes. O mais importante foi a defesa pelo Bolsonaro do uso de armas. Se você lembrar a campanha, Bolsonaro tinha como proposta de armamento da população a necessidade de se defender da violência urbana. Mas naquela reunião ficou evidente que ele tem uma visão de armas para a expressão da sua visão política.
A pessoa armada teria condições de se expressar politicamente através das armas. Inclusive, sugeriu que isso fosse feito contra a quarentena. Quatro generais do Exército estavam presentes e não moveram uma palha, nem houve expressão de surpresa. Isso é absolutamente novo: os generais ouvindo a ideia de armar a população para a sua expressão política, sem terem algum tipo de reação.

Na campanha de 2018, muita gente dizia "Bolsonaro só fala essas coisas horríveis para ganhar voto". Ou: "Ele já pensou assim, não pensa mais..."
Bolsonaro, na Câmara dos Deputados, tinha um tática de popularização. Ele utilizava vários temas, como direitos humanos, como a questão das mulheres, da homossexualidade...

(....)

Quando começou o governo, havia expectativa de que os militares seriam um fator moderador dos impulsos do Bolsonaro.
Olha, aconteceu o seguinte: ao invés de os militares se tornarem moderadores do Bolsonaro, ele se tornou um fator de radicalização dos militares. O general Augusto Heleno tem se tornado um radical, cada vez maior, dentro do governo. É claro que, no caso dele, pesou aquela prisão, na Espanha, de um oficial (na verdade, o sargento Manoel Silva Rodrigues) da Aeronáutica com cocaína. E ele, como o homem do GSI, foi considerado responsável pelo furo de segurança pelo Carlos Bolsonaro. Depois disso ele ficou assustado e começou a se unir a este grupo ideológico. Outros generais, por exemplo, o Braga Netto (chefe da Casa Civil) tem até uma capacidade de organização boa, mas não tem condições de segurar o Bolsonaro.

Da mesma maneira, o (vice-presidente Hamilton) Mourão não tem esse papel. O Mourão sempre foi considerado pelos próximos ao Bolsonaro como um adversário em potencial. Então, ele se recolheu. O general (Luiz Eduardo) Ramos (chefe da Secretaria de Governo), que deu entrevista dizendo que são todos democratas e que é uma ofensa às Forças Armadas pensar que elas podem estar sendo cúmplices de um golpe, ele também é o cara que está fazendo a política do Bolsonaro. Então, esses generais viram que a proposta do Bolsonaro é a guerra civil. Eles sabem muito bem que Bolsonaro é um homem que ganha as eleições e denuncia as eleições como fraudadas. Então, com as armas na mão, o que vai querer fazer? Vai querer se rebelar. Eles sabem disso.

O que explica a reação de Bolsonaro à pandemia?
O Bolsonaro pensa muito curto. Ele pensou: 'O que isso pode fazer comigo? O que isso pode representar para o meu governo? Então, uma crise econômica, o desemprego, vão atrapalhar minha gestão. Então, vou negar essa epidemia'. Ele negou a epidemia porque achava que era contrária a ele.

Como o senhor avalia a participação de Bolsonaro nas manifestações que pedem o fechamento do Supremo e do Congresso?
Qualquer democrata, diante de uma manifestação desse tipo, passa longe. Ele (Bolsonaro) vai lá saudar os manifestantes. Meio que demonstra, com isso, que tem uma simpatia pela causa deles. Ele tem alguma simpatia pela causa do fechamento do Congresso e do fechamento do Supremo.

Bolsonaro pode ser levado a respeitar as leis?
Acho que é evidente agora que Bolsonaro está querendo armar o povo para uma expressão política, para que o povo tome uma posição política que eles querem. Está querendo criar milícias armadas. E um homem que quer armar parte da população está preparando uma guerra civil. Naquele momento, ficou bastante claro para mim qual é o desígnio dele, qual é a posição. Então, acho que tem que trabalhar para, ou neutralizá-lo visando ir até 2022, ou afastá-lo antes disso.

Aqui, MATÉRIA COMPLETA

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




sexta-feira, 31 de maio de 2019

Bolsonaro: ‘Não está na hora de termos um ministro do STF evangélico?’

Presidente questionou a postura do Supremo Tribunal Federal ao discutir a equiparação de homofobia ao crime de racismo: "Estão legislando"



O presidente Jair Bolsonaro (PSL) questionou a ausência de um evangélico na composição do Supremo Tribunal Federal durante um evento da 46ª Assembleia Geral da Convenção Nacional das Assembleias de Deus – Ministério da Madureira, em Goiânia, na manhã desta sexta-feira, 31. Ele também afirmou que os ministros do STF “estão legislando” ao discutir a equiparação de homofobia ao crime de racismo. "Com todo respeito ao Supremo Tribunal Federal, eu pergunto-lhes: existe algum, entre os 11 ministros do Supremo, evangélico? Cristão assumido? Não me venha a imprensa dizer que eu quero misturar a Justiça com religião. Todos nós temos uma religião ou não temos. E respeitamos, um tem que respeitar o outro. Será que não está na hora de termos um ministro do Supremo Tribunal Federal evangélico?”, disse.

O presidente foi aplaudido em pé pelos espectadores, que gritavam “mito” após a declaração. Ainda, Bolsonaro disse também que “a fé tem que estar presente em cada instituição do nosso país”. A fala foi compartilhada ao vivo pelo Facebook do Ministério da Madureira — confira o vídeo no final da reportagem. Bolsonaro concluiu reafirmando o slogan de sua campanha presidencial: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”.

Na última quinta-feira, o STF formou maioria para declarar omissão do Congresso Nacional no enfrentamento da discriminação contra a população LGBTI e enquadrar a homofobia e a transfobia como uma forma de racismo. Após os ministros Rosa Weber e Luiz Fux votarem neste sentido, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, encerrou a sessão e anunciou que a discussão do tema será retomada em 5 de junho.

Entrevista

Em entrevista exclusiva a VEJA, de duas horas, o presidente Jair Bolsonaro falou com o diretor de redação, Mauricio Lima, e o redator-chefe Policarpo Junior sobre as reformas propostas por seu governo, a possibilidade de reeleição, os filhos, o amigo enrolado Fabrício Queiroz, o guru Olavo de Carvalho, as trapalhadas de ministros, Lula, o PT, sabotagens, tuitadas e o atentado que sofreu durante a campanha, tema que, ao ser invocado, mudou completamente o ritmo da conversa, a fisionomia e o humor do presidente. [clique aqui para  ler: Adélio diz que vai matar Bolsonaro e Temer ao sair da cadeia, aponta laudo.]


Em uma das respostas, disse que cinco meses depois de ter assumido, ele sente que a maioria dos parlamentares entendeu o que está acontecendo, que muitos apoiam a pauta do governo, mas que não imaginava que ia ser “tão difícil assim”. Aqui, tenha acesso ao conteúdo completo, com toda as respostas do presidente. 

Revista Veja

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Paulo Guedes diz que renunciará se Previdência virar ‘reforminha’

Em entrevista exclusiva a VEJA, ministro adverte que, sem a correção, o país 'vai pegar fogo' e poderá quebrar em 2020

O ministro da Economia, Paulo Guedes, garante que o presidente Jair Bolsonaro está totalmente empenhado em aprovar a reforma da Previdência nos moldes em que o projeto foi enviado pelo governo ao Congresso. A proposta prevê mudanças que gerariam uma economia de até 1,2 trilhão de reais aos cofres públicos nos próximos dez anos. É, de acordo com a equipe econômica, a senha para o Brasil deixar a crise de lado e impulsionar o crescimento. O contrário disso seria o caos, que pode, segundo o ministro, ocorrer já em 2020.

Guedes, em entrevista exclusiva a VEJA, é muito claro: se houver uma mudança muito radical na proposta original da reforma, se aprovarem, como alguns defendem, uma espécie de remendo chamado jocosamente de “reforminha”, ele renunciará ao cargo. “Pego um avião e vou morar lá fora”, avisa. “Já tenho idade para me aposentar.” A seguir, os principais trechos da entrevista, em que o ministro também fala de política, de suas relações com o presidente Bolsonaro e do desempenho do governo, ao qual concede nota 7,5.

“Se não fizermos a reforma, o Brasil pega fogo. A velha Previdência quebrou. Não vamos ter nem dinheiro para pagar aos funcionários. Vai ser o caos no setor público, tanto no governo federal como nos estados e municípios”, afirma Guedes. “A Previdência é hoje um buraco negro, que engole tudo ao redor. O déficit tem crescido cerca de 40 bilhões de reais por ano. A reforma é urgente, porque os mercados não vão esperar muito mais. Eles fogem antes. A engolfada pode vir em um ano, um ano e meio.”

Sobre a possibilidade de uma versão desidratada da reforma, Guedes é incisivo: “Se os parlamentares aprovarem algo que represente uma economia menor que 800 bilhões de reais, não há a menor possibilidade de lançar uma nova Previdência. Estaríamos só remendando a velha.” 

Leia a entrevista completa, publicada na edição de VEJA desta semana.

sábado, 27 de abril de 2019

Lula usa entrevista para tentar se aproximar de Mourão

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Entrevista do comandante do Exército, tutela, e o verdadeiro perigo de que fala general. Ou: não existe risco de um golpe, mas de bagunça

A entrevista concedida pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, à Folha deste domingo gerou barulho no PT. Por quê? Já vamos ver. Noto, de saída, que foi uma boa entrevista, em que ele rechaçou, mais uma vez, a eventual intervenção das Forças Armadas na política, expressando, adicionalmente, preocupação com a eventual politização dos militares em razão da ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência.

Sobre a tal intervenção, foi explícito: “Intervenção militar constitucional, até hoje não descobri como é que faz isso. Até houve discussões de juristas sobre isso, que o Exército teria um mandato para intervir, e isso foi verbalizado pelo general Mourão, gerando uma pequena crise [em 2015]. Em função dessa pressão, elaboramos diretrizes que transmiti internamente e que passaram a preencher espaço externamente. A conduta seria baseada em três pilares. Primeiro, a manutenção da estabilidade. Segundo, a legalidade: o Exército jamais agiria fora de preceitos legais, dentro do artigo 142 da Constituição e leis subordinadas.

Bem, meus caros, o que vai acima não tem nada de ambíguo: o general está dizendo que não cabe uma ação unilateral dos militares. E ponto final. Na conversa, o comandante do Exército chegou a apontar o que considera de aspectos “messiânicos” na forma como Bolsonaro se manifesta e deixou claro que o fato de ele ter sido militar não implica que se vá ter um governo militar. Lembrou, o que é correto, que a pauta do presidente eleito, quando deputado, era mais corporativista do que ligada à defesa do país.

Mas um trecho de sua fala gerou barulho - íntegra da entrevista, aqui. Comentando dois tuites por ele publicados no dia 3 de abril, véspera da votação no STF do habeas corpus que pedia a liberdade de Lula, ele disse: “Eu reconheço que houve um episódio em que nós estivemos realmente no limite, que foi aquele tuíte da véspera da votação no Supremo da questão do Lula. Ali, nós conscientemente trabalhamos sabendo que estávamos no limite. Mas sentimos que a coisa poderia fugir ao nosso controle se eu não me expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Me lembro, a gente soltou [o post no Twitter] 20h20, no fim do Jornal Nacional, o William Bonner leu a nossa nota.”

Cumpre aqui lembrar o conteúdo dos dois tuites então publicados pelo general: “Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”
“Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.

O que eu tenho a dizer? Considerei então que havia, sim, ali a sombra de uma tutela. Afinal, se o que o general diz na entrevista de domingo vale, inexiste interferência das Forças Armadas no processo político à revelia da Constituição que não seja golpe. Parece-me que o “limite” a que ele se refere é justamente o limite possível da legalidade: qualquer coisa além daquelas palavras, e se trataria de uma ameaça.

Entendo, por óbvio, os protestos do PT. Mas cumpre lembrar que Villas Bôas não participou daquela sessão do Supremo. Votaram contra o habeas corpus Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Votaram a favor Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello. Convenham: não dá para afirmar que seis ministros ficaram com medo do general e que cinco decidiram enfrentá-lo, certo?

Eu realmente não creio que os tuítes de Villas Bôas tenham tido algum peso na votação. Parece-me que sua fala de agora revela outra coisa: ele se manifestou no que chamou “limite” para evitar eventual indisciplina nos quarteis. E isso, sim, é preocupante. Não que eu ache que um golpe, no velho modelo latino-americano, possa ser desfechado ou, se desfechado, possa prosperar.

Se, no entanto, o comandante do Exército se viu compelido a ir “ao limite” para evitar a bagunça, então convém que se fique atento. Não para evitar o golpe que não haverá, mas para impedir a baderna de setores militares.  Os petistas deveriam considerar, em sua reação, que não é exatamente esperto jogar todas as Forças Armadas no colo de Jair Bolsonaro. Até porque isso é falso. Basta ler direito a entrevista do general Villas Bôas.

Blog do Reinaldo Azevedo

LEIA TAMBÉM: Escola com Polícia 1: O veto ao debate sobre gênero acumula derrotas na Justiça; PGR já foi à Justiça em ao menos sete oportunidades

[Comentário: 
O Brasil, ainda, a república da Banânia, é o único país em que uma Lei Municipal, de autoria de um vereador em um municipio que poucos brasileiros já ouviram falar, é capaz de ter repercussão nacional e servir de supedâneo para que o STF decida tornar a decisão sobre a constitucionalidade (estadual) da mesma, assunto de repercussão geral - o que obriga todos juízes a seguirem, sem delongas,  a suprema decisão.]
 

 

domingo, 11 de novembro de 2018

Comandante do Exército vê bom nacionalismo na eleição de Bolsonaro e reconhece apelo messiânico e improviso, mas não vê riscos

 'Bolsonaro não é volta dos militares, mas há o risco de politização de quartéis', diz Villas Bôas

Para o comandante do Exército, o presidente eleito é mais político do que militar

Leiam a excelente entrevista concedida pelo general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, a Igor Gielow na Folha deste domingo. O general afirma que a eleição de Jair Bolsonaro “liberou uma energia, algum nacionalismo que estava latente e que não podia ser expresso” e vê, nesse particular, algo positivo.


O general observa que Bolsonaro é um político, não um militar no poder. Na verdade, ele se preocupa com o risco de politização dos quartéis e é explícito: “Alguns militares foram eleitos, outros fazem parte da equipe dele, mas institucionalmente há uma separação. E nós estamos trabalhando com muita ênfase para caracterizar isso, porque queremos evitar que a política entre novamente nos quartéis.”


O comandante do Exército reconhece aspectos “meio messiânicos” no discurso de Bolsonaro e aponta que, em certas áreas, o presidente eleito ainda esta apenas “tateando” — é o caso, por exemplo, da política externa.

E os discursos mais agressivos de Bolsonaro, alguns evidenciando intolerância com instâncias da democracia? Villas Bôas considera que é “marketing” e aposta: “O país está amadurecido, tem um sistema de freios e contrapesos que não permite que essas coisas prosperem a ponto de ameaçar a eficiência do processo democrático.”

Leiam trechos da conversa. * (…) O sr. esteve com o presidente na terça (6). Como foi a conversa?
Era mais uma visita de cortesia. Tivemos uns dez minutos de conversas específicas. Aqui no Exército será alguém da turma dele, e os quatro generais mais antigos são da turma dele. Sugeri que colocasse um civil na Defesa. Com o ministério com tantos militares, teria um equilíbrio interessante. Mas ele insistiu que fosse um oficial-general de quatro estrelas.
  Eu sugeri que o general [da reserva Augusto] Heleno fosse para o GSI [Gabinete de Segurança Institucional], e ele já estava com essa ideia na cabeça.
  Daí falamos um pouco sobre política externa, questionei quem eles tinham em mente para o Itamaraty. Achei curioso, eles estavam em um nível bem superficial, com vários nomes, inclusive de pessoas que eles não conheciam e estavam prospectando. Senti que em alguns setores eles estão com a coisa bem definida, e em outros, ao contrário, estão tateando.


Bolsonaro é o primeiro militar eleito pelo voto direto desde 1945, é o primeiro no poder desde o fim da ditadura. Como o Exército vê um membro de seus quadros hoje na Presidência?
A imagem de Bolsonaro como militar é uma imagem que vem de fora. Ele saiu do Exército em 1988. Ele é muito mais um político.
Ele foi muito hábil quando saiu para se candidatar a vereador, passou a gravitar em torno dos quartéis, explorando questões que diziam ao dia a dia dos militares. Ele nunca se envolveu com questões estruturais da defesa do país. Mas aí criou-se essa imagem de que ele é um militar.
  Estamos tratando com muito cuidado essa interpretação de que a eleição dele representa uma volta dos militares ao poder. Absolutamente não é. Alguns militares foram eleitos, outros fazem parte da equipe dele, mas institucionalmente há uma separação. E nós estamos trabalhando com muita ênfase para caracterizar isso, porque queremos evitar que a política entre novamente nos quartéis.
  (…)
  Desde que o presidente foi eleito, ele tem buscado fazer gestos simbólicos de deferência à Constituição e à democracia. Ao mesmo tempo, ele tem feito ameaças explícitas a órgãos de imprensa, como este jornal e outros, que não falem o que ele considera ser a verdade. Aliás, ele sempre fala em verdade…
Uma coisa meio messiânica, né?


Isso. Mas enfim, é compatível a defesa da democracia e esses chutes na canela de instituições que fazem parte da democracia?
Acho que, se nós olharmos da perspectiva dele, esse é um marketing que ele faz em torno de si, que explora. Eu não creio que ele vá materializar isso a ponto de ameaçar o funcionamento das instituições. O país está amadurecido, tem um sistema de freios e contrapesos que não permite que essas coisas prosperem a ponto de ameaçar a eficiência do processo democrático.
(…) Íntegra aqui

Blog do Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Jornalistas, não robôs


Para que precisamos de jornalistas?

Sei que muita gente responde com outra pergunta: precisamos?

Mas o fato é que não há como escapar dos jornalistas. Alguém precisa contar o que está acontecendo e os que as pessoas estão achando disso tudo. De maneira que vale a questão: como a imprensa, como nós, jornalistas, exercemos esse papel indispensável, especialmente em um momento eleitoral. Façam as perguntas e deixem a gente falar – é o diriam os candidatos se fossem sinceros.

Mas é também o que muitos eleitores reclamaram, por exemplo, das entrevistas do Jornal Nacional.  (Sim, todas as emissoras estão trabalhando pesado nestas eleições. Mas tomaremos o JN como o caso principal, simplesmente porque suas entrevistas são elas próprias um fato da campanha. Sei que os colegas do JN, como os jornalistas em geral, não gostariam de ser notícia, mas, paciência, faz parte das eleições em um regime democrático. Falar daquelas entrevistas é também, espero, dar uma geral no jornalismo brasileiro do momento eleitoral).

Assim, quais as queixas principais feitas nas mídias?
Primeira: os âncoras não deixam o candidato falar, interrompem demais, voltam toda hora aos mesmos temas.
Ora, se fosse para perguntar e ficar ouvindo a resposta, qualquer que fosse, não precisaríamos de jornalistas. Bastariam robôs. O papel do jornalista é justamente o de intervir, questionar uma resposta insatisfatória, relacionar a fala do momento com comentários passados e com atitudes do candidato. [o que complica a definição do papel do jornalista é que eles não questionam apenas as respostas que possam considerar insatisfatória, eles sempre tentam impedir que o entrevistado (especialmente quando se trata de Bolsonaro ou mesmo do Alckmin) explique um ponto que começou a ser respondido, o jornalista, digamos, não gostou da resposta - ou do ruma da prosa - tenta desviar o assunto.
Inclusive, na entrevista de Bolsonaro ao JN, a forma encontrada pelo candidato para se defender da pergunta/acusação apresentada pelo entrevistador (que parecia mais um investigador) foi não se calar diante das interrupções e conseguiu explicar um pouco, diminuindo a força da pergunta /acusação e inibiu o entrevistador de adotar a medida extrema: cortar o microfone.]

 
Se não for assim, a coisa fica como aqueles debates cercados por regras impostas pelos políticos. Um pergunta sobre a previdência, o outro fala do gasto com pessoal, o primeiro replica com segurança e a tréplica vai para a educação. Tudo com tempo cronometrado e sem possibilidade de alguém dizer e insistir: ei! Não se trata disso!   De todo modo, o candidato e seus simpatizantes não gostam quando o jornalista intervém, mas adoram quando isso acontece com os adversários. 

Segunda queixa: os âncoras parecem inquisidores.
Exagerado. Inquisidores, isso lembra tortura, violência – e não se pode dizer isso de âncoras tão educados. Mas se considerarmos inquisição uma técnica para extrair do entrevistado algo que ele não gostaria de expor, então vá lá. 

Terceira queixa: os âncoras só falam do passado do candidato, do que falou, fez ou deixou de fazer, em vez de perguntar sobre propostas para o futuro.
Ora, como um candidato pode propor algo que contraria seu comportamento e opiniões anteriores? Claro, ele pode dizer que mudou seu ponto de vista e tentar explicar por que fez isso – assim como o âncora pode insistir no tema o quanto quiser. [a insistência exagerada pode induzir quem assiste a pensar que o entrevistado não mudou seu ponto de vista (aquele que a insistência do âncora deixa a impressão de que era algo ruim para o Brasil) e com isso o prejudicado, pela pressão indevida do 'inquidiro', é o candidato.]
 
Quarta: a entrevista deve servir para o candidato mostrar suas propostas.
Aí fica fácil demais. Sabem qual o tipo de pergunta que o candidato mais gosta? Assim: tantas mulheres são assassinadas por dia; isso é um absurdo; qual a sua proposta?
Jornalismo é diferente de propaganda. Nesta, o candidato fala o que quiser. Para o jornalista, porém, informar o público não é simplesmente relatar as propostas, mas explicar o que significam, sua viabilidade, suas falhas.

Quinta queixa: os âncoras brigaram com os entrevistados, num clima de disputa eleitoral, como se fossem eles candidatos ou donos da verdade.
Ora, não são candidatos a nada, a não ser entregar o serviço que se espera deles. O ambiente da entrevista depende do candidato. Nunca tem briga com Marina, Alckmin, Haddad ou Lula. São espertos, mesmo quando apanhados em equívocos. Seguem a velha regra: não há perguntas inconvenientes, há respostas inconvenientes. Mas quase sempre tem briga com Bolsonaro ou com Ciro. Aliás, o comentário era de que Ciro estava muito calmo no JN. Treinou.

Também os jornalistas não se julgam nem são donos da verdade. Mas baseiam as perguntas em inúmeras pesquisas e investigações, checadas e rechecadas. E, finalmente, quem julga tudo é o público, antes, durante e depois das eleições. E o público pode não saber definir, mas reconhece quando encontra jornalismo independente. E dá sua audiência.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

 

sábado, 12 de maio de 2018

Entrevista livre com Bolsonaro: Temas Atuais


O pré-candidato a Presidente pelo PSL teve liberdade para expor seus pensamentos e visão sobre o Brasil aos jornalistas de O Tempo, de MG

 

 12 maio 2018 


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

"Não há guerra que não seja letal", declara ministro da Justiça

Ministro da Justiça afirma que os militares terão de se adaptar ao combate com traficantes no Rio de Janeiro, pois a guerra é desconhecida. E não descarta alterações na legislação para dar salvaguardas às tropas, como querem os generais [querem e precisam]

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, compara a intervenção federal no Rio de Janeiro a uma guerra assimétrica, em que o inimigo, no caso os traficantes, tem várias frentes de ação, dificultando o trabalho das forças militares e policiais. “Essa guerra moderna não é mais aquela de 1945, com inimigos uniformizados, terreno definido e batalhão organizado”, disse ele, que foi protagonista de duas decisões do governo em nomear um general para comandar a segurança do estado fluminense e criar um ministério para coordenar as ações de combate à violência nas cidades brasileiras.

Em entrevista na tarde desta segunda-feira (19/2), na sede do Correio, Torquato disse que, no Rio, qualquer um pode ser o inimigo. “Não se sabe que arma virá, não se sabe quantos virão. O seu inimigo não tem linha de comando longamente estabelecida. Não tem um centro nevrálgico para atacar. Pior, no caso do narcotráfico e do crime organizado, está também nas fronteiras com outros países.” A missão do general Braga Netto é complexa, segundo ele. “Nessa guerra assimétrica, você não sabe nem quais são os recursos necessários, não sabe quantos homens são necessários e qual arma usar. Quantos eu preciso para a Rocinha? Não sei.”
 
Torquato é direto sobre o combate: “Não há guerra que não seja letal”. E diz que as forças do Estado devem se adaptar aos terrenos e aos armamentos, não descartando alterações da própria legislação, para dar salvaguardas aos militares em operação. O tema é uma reivindicação dos generais, que defendem alterações jurídicas para proteger as tropas que cometerem crimes intencionais de futuros processos, tal qual estabelecido pelo Conselho de Segurança da ONU na ocupação no Haiti. “Não temos legislação totalmente adequada. Nenhum país tem. É razoável imaginar que haja mudança legislativa. Nesse pacote que está sendo discutido pelo deputado Rodrigo Maia e pelo senador Eunício de Oliveira, é provável que esses temas sejam enfrentados.”

Torquato ainda fala sobre a criação do Ministério da Segurança e a pressão dos outros estados por ajuda do governo federal. “Marola vai ter, só não podemos deixar virar tempestade.”

Confira os principais trechos da entrevista:

Os próprios militares estão apreensivos sobre a intervenção no Rio, a ponto de alguns até publicamente questionarem a medida. 
Não conheço essas fontes. Mas a preocupação de todos os envolvidos direta e indiretamente é a natureza e o treinamento militar, que não é de PM. O Exército não é PM, cada um tem sua função diversa. A questão é com que intensidade retreinar e reequipar as Forças Armadas para uma ação de PM, ainda que apenas em apoio à PM. Os próprios equipamentos militares. Aquele tanque é grande para entrar na favela, então, você precisa de um menor, um veículo mais leve. O que foi utilizado na operação do Rio é um veículo mais leve, que podia passar naquela ruazinha, mas não tinha couraça necessária. 

Teve que ser abandonado porque não tinha blindagem necessária. Esse é um desafio para as Forças Armadas, que força usar, com que intensidade usar, com qual equipamento disponível. As Forças Armadas não têm a experiência de ver o colega morrer. Por proteção divina, se quiser, nenhum deles foi morto até agora. Teve um baleado ligeiramente, na Avenida Brasil, meses atrás. O problema que preocupa a todos é a natureza da instituição, o treinamento dela decorrente e como bem utilizar. Se tem fuzileiro naval, uma infantaria acostumada em terreno perigoso, poderá ser uma utilização mais direta. Você tem um batalhão de infantaria na selva que está acostumado a um terreno mais perigoso, então pode entrar em uma mata. Paraquedista também está acostumado a um terreno mais agressivo. As outras unidades, não sei. Cada uma vai ter que se adaptar a um terreno, a uma circunstância. É sempre um risco.
Vai morrer gente...
Em algum momento, lamentavelmente, vai. Não há guerra que não seja letal.

Os militares estão fazendo uma pressão muito grande para ter mais salvaguardas como aconteceu, por exemplo, no caso do Haiti, com aval da ONU, inclusive os protegendo de processos futuros.
Já mudou a lei do Brasil sobre o militar ser julgado pela Justiça Militar.
Mas eles acham que é pouco. Querem mais proteção, inclusive jurídica.
Esse é um problema seriíssimo, quando em qualquer país você engaja Forças Armadas e reação civil interna. Não é uma guerra civil. Essa pergunta não tem resposta. Isso já me foi comentado em mais de uma ocasião. Se está lá com PM, Polícia Civil e Forças Armadas, se passar um guri de 15 anos de idade, você vê a foto dele, já matou quatro, entrou e saiu do centro de recuperação, uma dúzia de vezes, e está ali com um fuzil exclusivo das Forças Armadas, você vai fazer o quê? Prende. O guri vai lá e sai, na quarta ou quinta vez que você vê o fulano, vai fazer o quê?
(...)
 
Mas tem de adaptar a legislação também?
Nós não temos legislação totalmente adequada a isso também. Aliás, nenhum país tem.

A partir da pressão dos militares, pode haver mudança?
É razoável imaginar que haja uma mudança legislativa. Esse pacote que está sendo discutido pelo deputado Rodrigo Maia e pelo senador Eunício de Oliveira. É provável que esses temas sejam enfrentados.

Se essa intervenção der certo, põe o presidente como opção para a reeleição?
Não sei. Eu direi, do ponto histórico, que o chefe do poder Executivo, municipal e estadual, que possa ser reeleito é sempre uma opção, nunca é uma carta fora do baralho.

(...)
 
Como vai ficar essa divisão dos ministérios da Justiça e da Segurança?
É um corte cirúrgico. Historicamente, o Ministério da Justiça é um ministério de convivência política com o Congresso e jurídica, com o Poder Judiciário. É o elo entre o Executivo e o Legislativo e o Executivo e o Judiciário. Foi assim quando tomei posse. Visitei os tribunais, o Ministério Público, para recompor esse espaço tradicional de pensar as leis, as reformas, o espaço de fazer a assistência social, como a Secretaria Nacional Antidrogas, o espaço do índio, a Funai. Essa é a visão clássica que foi desaparecendo aos poucos por outras circunstâncias. O Ministério da Justiça tinha, por tradição, deveres, no direito brasileiro, conjunto do sistema e repensar códigos e legislação. Mas aí veio a ênfase na área de segurança pública. De uma certa maneira, a Polícia Federal e o governo federal sempre estiveram lá, mas não tinham a preeminência de passar a ter, nas últimas duas ou três décadas, um avanço da sofisticação da criminalidade. 

Então, veio esse lado forte da segurança pública, que absorve, barbaramente, o tempo do ministro de Estado. Acaba que as outras tarefas ficam com menos horas de dedicação. Você passa a ter 15 secretarias que aportam ao ministro de Estado. Fica muita coisa. É minha brincadeira: vou da tanga à toga todos os dias, da Funai à magistratura, passando pela Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Arquivo Nacional. O corte é este: você teria uma concentração de esforços com as verbas já disponíveis, uma concentração de trabalho de gerência — a motivação é política, mas a grande mudança é gerencial você teria PF, Polícia Rodoviária Federal, Departamento Penitenciário, Secretaria Nacional de Segurança Pública, essencialmente os quatro, formando esse novo ministério.

MATÉRIA COMPLETA no Correio Braziliense

 

sábado, 21 de janeiro de 2017

Chifres em cabeça de cavalo ou pelo em ovo?


Entrevista: filho de Teori Zavascki denuncia ameaças após delação

Francisco Prehn Zavascki, filho de Teori, disse que prefere crer que a tragédia foi apenas um acidente. Mas pede que o poder público e todas as autoridades responsáveis investiguem as causas da tragédia que matou outras quatro pessoas

Não era fácil para Teori Zavascki, morto em acidente aéreo na última quinta-feira, ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Sobretudo, ser o relator-geral da Operação Lava-Jato, que desvendou o bilionário esquema de corrupção na Petrobras. “A vida dele era basicamente trabalho. De manhã e de noite, estava sempre envolvido com o trabalho”, diz o advogado Francisco Prehn Zavascki, 36 anos, filho de Teori. A pressão ficou ainda maior quando ele assumiu a relatoria da operação, ficando responsável pela homologação das delações da Odebrecht. Para segurança própria, o ministro deixou de frequentar restaurantes e outros ambientes que gostava. “Teve que ficar mais recluso”, afirma o herdeiro.


A apreensão em relação ao trabalho realizado no centro do poder do país era partilhada em desabafos a amigos e familiares. “Uma frase que ele sempre dizia para quem dizia querer trabalhar em Brasília ou fazer qualquer coisa na capital era: Brasília não é para amadores”, ressalta. Em luto, Francisco reluta em acreditar em teorias da conspiração envolvendo a morte do pai. Prefere crer que a tragédia foi apenas um acidente. Mas pede que o poder público e todas as autoridades responsáveis investiguem as causas da tragédia que matou outras quatro pessoas. “Seria terrível ter um juiz, seja de qual instância for, assassinado, pagando com a vida por causa de um processo”, afirma.

Embora tivesse um semblante fechado e sério, natural para quem tinha tantas responsabilidades, Teori era um homem muito apegado à família e aos amigos. Torcedor do Grêmio, amava jogar bola e não abria mão de fumar um bom charuto. “Uma coisa que pouca gente sabe é que ele era boleiro. Quando mais jovem, jogava muita bola. E sempre foi muito brincalhão. Na intimidade, era muito debochado”, conta Francisco. A seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Correio.

A morte de Teori pode, de alguma forma, esfriar a Operação Lava-Jato?
Eu acho que, no mínimo, haverá um retardamento da Lava-Jato. E, isso, em um momento crucial.

Mas o senhor acredita que a operação vai parar?
Acho que não. Parar não vai. Dependerá muito de quem será o próximo relator da Lava-Jato. Do rumo e do ritmo que vai tomar. E eu acredito que pode haver até mudanças importantes, dependendo de quem assuma o processo.

O senhor acredita que quem assumir no lugar de Teori terá a mesma competência à frente da relatoria da Lava-Jato?
Espero que sim. O que se perde ali é o conhecimento e todo o estudo do meu pai ao longo desses dois, três anos, nos quais ele estava à frente dos processos. Esse arquivo mental se foi com ele.
 

Continue lendo no Correio Braziliense




 

terça-feira, 19 de abril de 2016

Um conjunto assombroso de mentiras na coletiva de Dilma

Se bem que não foi exatamente uma entrevista; a coisa esteve mais para pronunciamento. Presidente calça as sandálias da humildade e responde a uma pergunta que até ela deve ter achado submissa demais...

A presidente Dilma Rousseff concedeu uma quase-entrevista coletiva nesta segunda-feira, precedida de um pronunciamento. Houve momentos em que imaginei que se ouviriam gemidos de comoção da plateia. E, sim, o jornalismo sucumbiu de maneira miserável na pergunta de um repórter do UOL. Já chego lá.

Destaco que Dilma escolheu desta feita o figurino eficiente. A personagem, notória por sua arrogância e pela baixa tolerância com a adversidade, resolveu calçar as sandálias da humildade. Vi uma mancha vermelha no canto da boca. Felizmente para ela, não era herpes, mas o batom borrado. A capitoa estava cansada, mas ainda não está morta no convés do navio…

E foi com ar humilde, exibindo as marcas da luta, que Dilma falou uma notável coleção ora de asneiras, ora de inverdades, recheadas de um dado factual ou outro sem importância para o tema.

1: Disse que um presidente da República só pode ser afastado se cometer crime de responsabilidade. É uma inverdade irrelevante para a questão, mas eu prefiro a verdade: também o cometimento de crime comum e de improbidade pode cassar um mandatário. A assessoria precisa tomar mais cuidado. Mentira.

2: Afirmou que outros pedalaram antes dela e nada aconteceu. Isso já foi devidamente desmentido pelo TCU e pelo Banco Central. O que era quase residual em mandatos anteriores se tornou instrumento de política econômica no seu governo. Mentira. A “pedalada” no governo FHC chegou a 0,03% do PIB. No dela, a 1%. Mentira.

3: Afirmou não haver contra ela acusações de enriquecimento ilícito ou de roubar dinheiro público. É a verdade a serviço da mentira. Leiam o Artigo 85 da Constituição. Os crimes de responsabilidade nada têm a ver com roubalheira.

4: Afirmou que é a oposição que não a deixa governar há 15 meses. Os oposicionistas, somados, têm 134 votos na Câmara: PSDB (52), PSB (32), DEM (28), SD (14) e PPS (8). E olhem que o PSB é rachado. Com isso, não se evita nem aprovação de projeto de lei. O problema de Dilma é com partidos da base, incluindo o PT, que não aceita, por exemplo, a reforma da Previdência. Mentira.

5: Falou contra o impeachment em nome da defesa da nossa “jovem democracia”. O primeiro presidente eleito depois da ditadura foi impichado. A democracia ainda fazia cocô na fralda. Hoje, já é uma moça de respeito, experiente. Se Dilma estiver certa, o PT era infanticida em 1992. Mentira.

6: Afirmou que Cunha aceitou inicialmente a denúncia por vingança. Isso é circunstância: não muda a natureza do crime de responsabilidade cometido. De resto, o presidente da Câmara aceitou a denúncia três semanas antes da votação no Conselho de Ética. Mentira.

7: Referindo-se a Eduardo Cunha, disse que foi o rosto dele a correr o mundo como a cara desse processo. Assim é porque é ele o presidente da Câmara e quem proclama o resultado. O rosto de Lula negociando a República num quarto de hotel não pôde aparecer porque as raparigas que passavam por lá não podiam entrar nem com celular. Quem entrega a um estranho o poder de fatiar o país não pode ousar falar em nome da ética. Mentira moral.

8: Resolveu evocar o seu passado de suposta militante em defesa da democracia durante a ditadura. Infelizmente, é mentira (já volto a este ponto). Ela pertenceu a grupos terroristas que matavam inocentes e queriam uma ditadura comunista no Brasil.
A conversa mole serve ao propósito de acusar um suposto golpe de estado em curso, que agora seria dado pelo Parlamento. Mentira e mentira.

9: Acusou Michel Temer de conspirar contra ela. Antes que viesse a público qualquer mensagem do vice, Dilma recebeu sucessivos grupos de militantes no Palácio do Planalto, que demonizavam o vice aos berros, chamando-o de golpista. Dilma talvez não saiba, mas ele também foi eleito. Mais: alguns deles fizeram a apologia do crime, diante do silêncio cumplice da presidente. Além de ser crime de responsabilidade, há também o de improbidade administrativa. Mentira.

O jornalismo A imprensa, infelizmente, sucumbiu. Um repórter da Carta Capital indagou a presidente sobre jatinhos supostamente pagos por empresários para levar políticos pra votar em favor do impeachment, como se aquele senhores e aquelas senhoras não dispusessem de uma verba de R$ 40 mil mensais para arcar com custos assim. Atenção! A pergunta era dirigida à presidente que permitiu que a República fosse negociada num quarto de hotel.

O mergulho E houve o momento em que a coisa descambou. Dilma chamou o impeachment de golpe de estado; lembrou a sua “luta” nos tempos da ditadura etc.
O repórter do UOL certamente se emocionou e levou a sério a comparação. Mandou ver: quis saber, imaginem vocês, em qual período a presidente sofreu mais. A própria Dilma, nota-se, ficou surpresa e desenxabida. Teve de lembrar ao rapaz que o Brasil, hoje, vive uma democracia; que nada pode ser comparado à tortura; que eventuais paralelos que ela própria faz são pura força de expressão.

Que diabo leva alguém a fazer tal pergunta? A ignorância certamente está na raiz de muita coisa. Mas ainda é insuficiente para conduzir alguém a tamanha ousadia. Isso só é permitido pelo espírito do tempo.
Dilma certamente vai tentar outras “entrevistas” como a desta segunda. O conjunto da obra, vamos convir, é dessas coisas que provocam a tal vergonha alheia.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo