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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

China e Brasil contra o marxismo

Há minorias por aqui, à direita e à esquerda, que gostariam de uma ditadura 

[chamar de ditadura uma opção - quase que obrigatória, por ser a única capaz de funcionar - é um acerto exagero.

Vamos chamar de Governo forte. É amplo e notório que o atual 'estado de coisas' no Brasil exige a adoção de medidas enérgicas e todas de caráter urgente.

Inegável que adotar tais medidas com um Congresso que perde tempo com picuinhas - que, se não for coibido,  pretende entregar o controle da pauta de votações a um Renan Calheiros (aliado do PT, portanto, adepto da teoria do partido perda total = quanto pior, melhor) e com um Poder Judiciário que além de intervir demais na competência dos outros, por várias vezes não tem certeza do que está determinando = INSEGURANÇA JURÍDICA. - é algo impossível.

Só um GOVERNO FORTE poderá implementar medidas que levarão ao Brasil a posição privilegiada entre as nações.]

 
Coluna publicada em O Globo - Economia 17 de janeiro de 2019
 
O que existe de comum entre o governo de Xi Jinping e o de Bolsonaro? O temor e o combate ao marxismo.
Não é brincadeira. Ou melhor, é, mas tem conteúdo.
Comecemos pela China. No ano passado, o Partido Comunista comemorou com grande cerimônia os 200 anos de nascimento de Marx. O ensino do marxismo foi exaltado e reforçado nas escolas.
Também foi exaltado o fantástico crescimento econômico da China, isso vinculado à prática do que chamam por lá de socialismo com características chinesas.  O crescimento é incontestável. Alguns números: em 1978, o PIB chinês era de US$ 150 bilhões; hoje, US$ 12,3 trilhões!
Nesse período, nada menos que 740 milhões de chineses ultrapassaram a linha da pobreza.

E não há nada acontecendo por lá que lembre os sinais da derrocada da União Soviética e dos satélites na Europa. Mas há protestos de sociedades estudantis, grupos que se formam nas universidades. No ano passado, eram mais de 50 grupos, um deles com mais de 5 mil membros, conforme reportagem do NY TimesSão esses jovens que se consideram “marxistas radicais”. Eles acham que o atual regime chinês é coisa de “reformistas radicais”.  Tudo verdade.

A maior parte da China funciona como economia de mercado, com propriedade privada e tal, mas forte controle do Estado e ditadura do PC. Não é bem oficial, mas muitos ideólogos locais chamam isso de “socialismo de mercado”.  Mercado, pode ser, socialismo, jamais – é o que proclamam as sociedades estudantis. Protestam e agem. No ano passado, no melhor estilo leninista, um grupo tentou organizar sindicatos de trabalhadores em fábricas de Huizhou. Os operários não toparam e, mesmo assim, o governo local prendeu os subversivos e suspendeu suas contas de Internet.

A crítica que fazem ao regime é a mesma que se ouve aqui no Ocidente. Ou seja, o capitalismo produz riqueza e desenvolvimento, mas também desigualdade e concentração de renda. Eis os dados da World Wealth and Income Database, citados pelo NYT: em 1995, o 1% mais rico detinha 15% da renda nacional chinesa. Vinte anos depois, esses mais ricos levavam 30% da renda.
O que fazer?
Uma revolução marxista, respondem os estudantes.
Isso surpreendeu o governo que, até aqui, havia lidado com protestos bem diferentes.
Há 20 anos, tropas do presidente Hu Jintao literalmente massacraram os manifestantes que pediam democracia e liberdade na praça chamada de Paz Celestial. Pediam uma espécie de complemento político da economia de mercado, que seria a democracia à ocidental.

Mais recentemente, o governo se acostumou a lidar com outros tipos de manifestações, não políticas, mas ligadas ao dia-a-dia. São protestos, por exemplo, contra a poluição, problemas no transporte urbano, falta de casas etc. – até tolerados.
Agora, comunistas subversivos no país dominado pelo Partido Comunista e que tem o marxismo inscrito na Constituição? [aqui está um fato incontestável: comunismo não presta mesmo - a única coisa aproveitável nele e se souber aproveitar, e a China sabe, é a a característica dura de controle e comando e que permitem a adoção de medidas duras, muitas delas contra o próprio comunismo.]
 
Pensando bem, entretanto, está tudo nos conformes. Se tem um capitalismo avançado no país, é normal que surjam protestos contra a distribuição de renda, contra o aparecimento de cada vez mais milionários e bilionários. Por outro lado, sendo uma ditadura, também é de se esperar que de algum modo surjam movimentos por mais liberdade e cidadania.

Já no Brasil, não tem ditadura. Temos uma democracia, com um regime político cheio de vícios, é verdade, mas com eleições regulares e legítimas. Por outro lado, há minorias por aqui, à direita e à esquerda, que gostariam de uma ditadura, a sua ditadura. No governo Bolsonaro e no seu entorno, tem pessoas achando que está em curso uma tentativa de subversão comunista. [em curso? está tudo preparado um vacilo e os comunistas bagunçarão o Brasil, acabando de vez com o pouco que o PT não conseguiu roubar;
Gleisi Hoffmann e a cúpula do perda total mais o lulopetismo aguardam só um descuido para implantar a política do quando pior, melhor;
felizmente, serão coibidos a tempo e vão ter o mesmo resultado que esperavam  com a prisão de Lula - ruas cheias de militontos protestando. FRACASSARAM.]
 
 Na oposição, tem gente achando que o grupo Bolsonaro trama para trazer de volta o regime militar.  Não vai acontecer nem uma coisa, nem outra, assim como é nula a chance de os jovens chineses conseguirem uma revolução marxista. Mas o bate-boca no Brasil – que se manifesta em diversos assuntos – acaba deixando de lado nossa questão principal: como recuperar a capacidade de crescimento, no capitalismo e com democracia mais eficaz.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista