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segunda-feira, 7 de março de 2016

O poste destituído e o caudilho sujo que berra palavrões



Éramos 3% de brasileiros já indignados na aurora nefasta do lulopetismo. Pensei nisso ao ver o vídeo de Jandira Feghali [JANDIRÃO] que, desfazendo involuntariamente a farsa do líder calmo, flagra Lula excretando num telefonema para presidente, interlocutora à altura da linguagem e da moral de sarjeta, onde o pessoal da Lava Jato deveria enfiar “esse processo todo”. O insulto à nação, chocante por não surpreender, confirma a substância repulsiva de que é feito o homenzinho cujo projeto mafioso desgraçou o país e me fez lembrar que Dilma poderia dar outro destino ao retrato de Hugo Chávez que a ajuda a enfear o Palácio do Planalto.

Éramos uns gatos que pingavam aqui e ali dançando a música lúcida da indignação e fomos julgados insanos pelos 90 e tanto por cento que não a ouviam. Isso é Nietzsche? Não sei. É sonho, essa coisa que abre caminho para a realidade. Nossa lucidez acusada de tudo sempre soube que ganhos materiais obtidos no primeiro mandato lulopetista, por mais duradouros ou amplos que fossem sem nunca terem sido, não compensavam a lapidação do patrimônio moral da nação. Sobretudo, nossa lucidez não desistiu de sonhar em livrar o país da criatura que, degradando de modo insuportável o exercício do cargo, aprofunda a participação do governo na defesa de Lula e comparsas.

Assim, declarar “injusta a condução coercitiva” decidida por um juiz amparado na lei já seria um vergonhoso conflito institucional para qualquer governante com vergonha na cara e sem culpa no esbulho que a Lava Jato apura. Como lhe falta aquela e lhe sobra esta, o poste, sempre de costas para a nação, mantém o Estado à disposição das deformidades morais do PT, dos cúmplices e do dono de todos eles. Por exemplo, a medida provisória da leniência tramada entre o governo e a Procuradoria-Geral da República, impedindo criminosamente o TCU de acompanhar os processos respectivos, é a tentativa de subornar com a salvação os empreiteiros bandidos.

Contra a vigarice, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) conseguiu a liminar suspendendo a posse do Ministro ilegal da Justiça. A oposição oficial se mobiliza pelo 13 de março. Ações que indicam que ela parece ter perdido o medinho de se unir à nação que presta depois de 14 anos acovardada diante de um caudilho sujo que berra palavrões. É que às vezes é preciso andar muito para alcançar o que está perto (José Saramago).

Isso não importa agora, pois na porção degradada em bolivarianismo da América Latina, o atraso começa a ceder na Venezuela; na Bolívia, a população desautorizou Evo Morales a se candidatar pela – meu Deus! – quarta vez; na Argentina, Macri restaura a sanidade e, num ato de simbologia eloquente, devolve a beleza à linda Casa Rosada ao remover o retrato de Hugo Chávez. Dilma Rousseff, destituída de podre ou renunciando de podre, que leve consigo a tranqueira similar que ganhou porque o tempo dos facínoras chega ao fim. Se não souber onde colocar a prenda medonha, veja o vídeo e inspire-se: presenteie Feghali.

Fonte: Valentina de Botas -  Coluna do Augusto Nunes


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O jeca continuará dizendo que não tem o triplex que é dele e que não é dono do sítio que possui

No país do Carnaval em que uma nação perambula em busca de si, inexiste o risco de os farsantes renunciarem à farsa:  
o jeca continuará dizendo que não tem o triplex que é dele e que não é dono do sítio que possui; Dilma Rousseff visita o Congresso que despreza, como a qualquer instituto da democracia, fingindo que a tragédia brasileira que patrocina resulta do triunfo da opinião sobre os dados.


Tenho alguns dados para ela: na opinião de dois terços de brasileiros, ela é incapaz de tirar o país da crise e o jeca em que ela se escora morreu politicamente e o corpo será removido pelo Código Penal. Antes de entrarmos na Sapucaí para ganhar o público e perder o Carnaval, o para sempre eterno Paulinho da Viola entoou “Foi um rio que passou na minha vida”, uma das mais lindas músicas do mundo. Uma tristeza me carregava, não pensava que conseguiria e me lembrei da Clara Nunes dando um aperto de saudade no tamborim.

Além disso, estava ali acompanhando os alunos estrangeiros para quem eu ensinava português: era um compromisso de trabalho. Então, naquela manhãzinha que nascia única na longínqua apoteose de 1996, me dissolvi na Sapucaí dentro do azul e branco com prata e dourado da Portela bela. Mas não é isso. No Brasil de tantas agonias, a gastança na empolgante epidemia de alegria fugaz nunca fez sentido para mim. Mas o que que faz sentido num país em que o problema da ida da presidente ao Congresso pedir a CPMF não é Dilma ter o vício odioso de quebrar promessas e se fazer de sonsa, mas a ilegalidade do governo?

Prender o jeca, extinguir o PT, destituir o governo ilegal é a solução para a nossa insanidade? Talvez ela não tenha solução, mas essas medidas satisfariam a lei, único caminho para que um país insano ao menos preserve a consciência da doença. Releio tardes vividas pelas ruas de Olinda, eu menina e a parentada em folias no meio dos mamulengos. Mas não é isso. Nem o namoro, eu já mocinha, sob as energias do frevo do Galo da Madrugada do meu Recife antes de o bloco se agigantar na muvuca atual.

A tradução do Carnaval para mim é a cena final de “Zorba, o grego” em que Anthony Quinn e Alan Bates, na sequência de “um acidente magnífico” que os arruinou e para o qual não há solução, resolvem dançar o sirtaki. No Brasil de tragédias sucessivas danceteria Kiss, Mariana, microcefalia, para ficar nas recentes –, além do lulopetismo, a tragédia cotidiana para a qual a nação desperta tardia e parcialmente quando o esbulho já é o maior espetáculo da Terra, o Carnaval tem sentido?

Tem sentidos: minha filha já comprou um par de cílios postiços coloridos para fantasiar os lindamente espessos e longos cílios naturais dela e eu recuperei meu arranjo de cabelo de outros Carnavais para sairmos num pequeno bloco de rua em São Paulo porque o Anthony Quinn dança o sirtaki de camisa amarela e gravata vermelha, numa praia grega, para que eu não esqueça que a vida, o mais magnífico dos acidentes, não tem solução.


Fonte: Coluna do Augusto Nunes - Valentina de Botas 

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Valentina de Botas: ‘O lulopetismo viu que apenas roubando como nunca poderia ficar no poder para sempre’



A relação que a memória tem com o tempo e com a realidade é isto: uma relação. O caráter simbólico da memória desmancha o tempo e processa a realidade. Ou não haveria as artes, as paixões, a História, a Literatura, o próprio homem. Nem as madeleines de Proust. Consoladora criação para nossos corações, humanizados em desejos solenemente desdenhados pelo tempo jamais cúmplice.

Também a memória, esta sim, nossa cúmplice, permanece com os nexos dela que tecem sentidos incólumes à erosão do tempo. Ela diz quem somos, quem é nossa gente, como e onde é nossa pátria. Pode ser a rua onde crescemos, a nossa língua ou qualquer outra, digamos, experiência na qual esbarremos com nós mesmos e nos reconheçamos.

E pode ser a resistência democrática como vimos fazendo, na qual nos reconhecemos mesmo sem nos conhecer. A identidade de um país e de um indivíduo não existe sem a memória. E esta coluna é guardiã da memória do país que sonhamos e podemos ser nos textos luminosos dela e nos comentários que suscitaram e que, somados ao restante da resistência democrática, já conversavam com o futuro que é hoje.

Combatemos as trapaças do lulopetismo que desfaziam a memória e forjavam uma cínica e monolítica versão da história e do presente, outro integrante do arsenal de vigarices para emparedar o estado de direito democrático. Eis que é sob ele que o lulopetismo agoniza; o antídoto contra esse bando não é intervenção militar ou o atropelo das instituições, mas justamente o apelo a elas, pois esta sordidez de 13 anos não é inerente à democracia.

Comprova isso o próprio lulopetismo que, depois de alcançar o poder pela via democrática, viu que apenas roubando como nunca poderia ficar no poder para sempre. Não era política de esquerda nem de direita, mas somente roubalheira e incompetência a substância do petismo que, concebido por um jeca oportunista, não tem ideologia além a de garantir o perene exercício do poder para se arrumar na vida.

Há uma práxis lulista sim, mas não um pensamento; este é arrendado segundo a conveniência. À afirmação segundo a qual o que está dominado é o bando, alguém dirá ah, mas o jeca está solto, Dilma continua presidente, o Estado aparelhado e tal. São realidades que se superpõem, não se negam nem se complementam, mas enfrentam-se até que a decência vença.

Diluir esse embate essencial – e contínuo na defesa e aprimoramento da democracia – no limite brumoso entre entoar semanalmente que a casa caiu ou conclamar à resignação porque tudo estaria dominado é dispensar-se de tatear as nuances da realidade nas lonjuras do alarmismo e do conformismo. Se tenho certeza de que o país que presta vencerá?

Ora, temos sido vencedores em manter o embate no qual preservamos a memória do país que queremos ser. É memória que impregna o futuro. Que, como toda certeza, não pode ser cicatrizada, mas manter-se ferida primordial e sangrante para que, nos cuidados com ela, sustentemos o combate que não nos deixa esquecer: não somos dominados.

Fonte: Valentina de Botas – VEJA – Coluna Augusto Nunes