Por Ricardo Noblat
O sofrimento do patriarca
O presidente Jair Bolsonaro desmaiou e por isso caiu e bateu com a cabeça no chão do banheiro da área residencial do Palácio da Alvorada?
Ou
apenas caiu por que escorregou ou tropeçou em alguma coisa? Essa era a
pergunta que muitos se faziam, ontem à noite, em Brasília, e que estava
sem resposta até esta madrugada.
Se ele caiu por ter
desmaiado, o caso pode inspirar maiores cuidados. Levado às pressas para
o Hospital das Forças Armadas, uma tomografia computadorizada não
detectou alterações no seu crânio, segundo nota oficial do governo.
Ficaria em observação por 6 ou 12 horas, devendo ser liberado logo em
seguida. Com 64 anos de idade,
Bolsonaro sempre gozou de boa saúde. Quando serviu ao Exército ganhou o
apelido de “cavalão”, tal era sua disposição física que lhe rendeu boas
notas em competições esportivas. Foi elogiado muitas vezes por seu
desempenho. Arriscou a vida para salvar um colega paraquedista que se
afogava.
[o que a imprensa tem apresentado como uma anormalidade, chegam a falar até ser paranóia, - na política do vale tudo para diminuir o presidente Bolsonaro - é um procedimento perfertamente normal na segurança de chefes de Estado e de Governo, especialmente quando as atitudes daquela autoridade incomodam criminosos perigosos, alguns em posição de mando e capazes de qualquer ato criminoso para impedirem que seus crimes sejam descobertos e tenham a execução dificultada. De qualquer forma, embora como consequência da facada e da própria idade, o presidente não pode ser mais o 'cavalão',mas, lhe sobram disposição e votos para mais mandatos no cargo - que voltou a ser honrado na presidência do capitão,
Na maior parte das vezes, a ação de segurança é executada contra os desejos da autoridade objeto da proteção.]
Não tivesse levado a
facada que quase o matou em Juiz de Fora, estaria em forma. A facada
pode tê-lo ajudado a se eleger presidente, mas fragilizou seu corpo e
principalmente sua mente. Foi operado mais de uma vez em menos de um
ano. Usa uma tela para proteger seu abdómen. Sente dores com frequência.
Ter visto a morte de
perto mexeu muito com sua cabeça. Vive assombrado. Receia ser alvo de um
novo atentado. Enxerga perigo por toda parte. Presidente algum desde a
redemocratização do país escolheu ser refém de um aparato de segurança
tão gigantesco como o que o protege. Apesar disso, ele cobra sempre
mais. Quando Bolsonaro fala que
só será candidato à reeleição se sua saúde permitir, não está blefando.
Muito menos se vitima para atrair mais votos. De fato, ele não parece
nem um pouco disposto a pôr sua vida novamente em risco para exercer por
mais quatro anos uma tarefa que tanto o desagrada.
Sua intenção inicial ao
lançar-se candidato a presidente era ajudar os filhos em suas carreiras
políticas. Não imaginava que venceria. Na hora que sua vitória foi
anunciada, teve uma crise de choro. Mais tarde, confessou que se sentia
esmagado pelo que acabara de acontecer. Sabia que carecia de preparo
para o novo ofício. Os filhos Flávio e
Eduardo tiveram votações expressivas nos rastros do pai. Mas um ano
depois, Flávio está cada vez mais enroscado com a Justiça, e Eduardo
frustrado por não ser embaixador do Brasil em Washington. A família
jamais se sentiu tão acuada. Natural que o patriarca sofra com tudo
isso.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA