Estão
atrasados.Muito
atrasados. O
golpe na democracia brasileira já foi dado há muito tempo. Começou
lá atrás, quando Celso de Mello, no dia 17 de agosto de 1989, tomou posse como
ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo coronel José Sarney. E
seguiu em frente, nos anos seguintes, muito bem elaborado e desenvolvido em sua
estratégia inicial, enfiando no que seria o poder supremo do país figuras como
Marco Aurélio de Mello, indicado por Fernando Collor ou Gilmar Mendes, por
Fernando Henrique.
O
aparelhamento do poder máximo judiciário foi em frente, recrutando indivíduos
como Lewandowski, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Luis
Roberto Barroso, Edson Fachin, todos encaixados nas cadeiras por Lula e seu
poste sem luz, Dilma Roussef. Finalmente,
para completar o quadro, Temer, o conspirador de porão, acabou nomeando
Alexandre de Moraes. As
consequências desse golpe, que colocou o STF como poder supremo no Brasil,
imune e acima de qualquer contratempo como um poder executivo hostil ou um
possível levante das forças armadas estão aí, cristalinas, diante dos olhos
esbugalhados dos brasileiros.
Hoje,
em mais um golpete imoral e anticonstitucional armado desta vez com o PDT, um
poder, o judiciário, decreta que nenhum poder tem o poder de fazer exatamente o
que eles acabam de fazer: interferir em outro poder. Por
pressuposto, a partir de hoje o STF comanda as Forças Armadas e determina o que
elas podem ou não fazer. O
Exército brasileiro. Deu
pra entender? A
decisão, desta vez representada pelo ministro Fux, é tão descabida, oportunista
e descarada que parece ter sido feita para retardados, e não para o povo
brasileiro.
Ofende
a inteligência e a soberania, inclusive, de outra classe: a dos militares. É
evidente que quando o STF, através de seus ministros, outorga a si mesmo o
papel de controlador máximo dos poderes brasileiros, assume também, sem sequer
um voto do povo, o controle da nação e de seu governo ostensivamente,
finalizando a estratégia que começou em 1989. Sobre
esse golpe justicialista, avisos não faltaram durante anos, como o do cientista
político Christian Lynch. Numa
situação semelhante, já em 1929-1930, segundo Lynch, a sociedade descrente do
aparato institucional - políticos, governantes, partidos - gerou a revolução
tenentista, que pegou em armas citando Rui Barbosa para restabelecer a
moralidade à força.
O
movimento dos tenentes do Exército que ficou conhecido pelos episódios da
Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ou a Coluna Prestes acabou fracassando
miseravelmente, como se sabe. Já a
partir de 1989, o golpe dos judiciaristas usou como arma a caneta ao invés das
baionetas. Travestidos,
como qualquer grupo golpista, de defensores da moralidade e da democracia, esse
grupo, com motivação eminentemente política, foi aplicando o golpe nas
instituições, na Constituição, e se blindando de qualquer ataque externo à sua
soberania.
O
resultado está aí, finalmente, para quem quiser ver: todo e qualquer cidadão
brasileiro, do mais rico ao mais miserável é refém, literalmente, do STF, que
detém o poder de vida ou morte, censura ou liberdade, direitos básicos como ir
e vir e outros sobre todos. É
refém, inclusive, ao que parece, o presidente eleito pelo povo. A
alegação pífia de que uma mudança forçada e radical nesse estado lamentável de
coisas seria um ‘ataque à democracia’ não resiste sequer à uma questãozinha
simples:
Que
democracia? O
Brasil vive apenas um arremedo de democracia, debaixo do tacão autoritário e
poderoso de quem realmente dá as cartas por aqui: o STF. Se a
constatação é dura, ou parece surrealista, lembremos que neste país atuam
picaretas como um pastor vendendo feijões a 1 mil reais que pretensamente matam
o covid-19 e causam uma balbúrdia infernal, obrigando até o Ministério da Saúde
a emitir um desmentido. O
Brasil é a terra das impossibilidades possíveis. O
inimaginável acontece aqui. Charles
de Gaulle, quando afirmou que o Brasil não era um país sério, não sabia do que
falava. É bem
pior do que isso.
Bela Crítica Suprema
A atriz Karina Michelin bateu duro no
STF.
Vídeo inserido pelo Prontidão Total