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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

A guerra de Lula - O Estado de S. Paulo

Opinião do Estadão

Na ânsia de se autopromover como líder global dos ‘pobres’ contra os ‘ricos’, Lula reduziu o Itamaraty a linha auxiliar de sua ideologia maniqueísta e de seu voluntarismo narcisista 

O presidente Lula da Silva parece ter declarado guerra ao Ocidente. Uma guerra imaginária, claro, mas nesse delírio o petista pretende posicionar o Brasil na vanguarda da luta contra tudo o que simboliza os valores ocidentais – tendo como companheiros de armas um punhado de notórias ditaduras, como China, Rússia, Irã e Venezuela.

A irresponsável declaração de Lula sobre Israel, comparando a campanha israelense contra os terroristas do Hamas ao Holocausto, está perfeitamente alinhada a esse empreendimento ideológico. Não foi, portanto, fortuita nem acidental.

Lula parece empenhado em usar seu terceiro mandato para lançar-se como líder político do tal “Sul Global”, uma espécie de aggiornamento do “Terceiro Mundo” dos tempos da guerra fria. Nessa nova ordem, as características distintivas do Ocidente – democracia, economia de mercado e globalização são confrontadas por regimes autocráticos que buscam reviver o modelo que põe o Estado e a soberania nacional em primeiro lugar, à custa das liberdades individuais, direitos humanos e valores universais, denunciados como armas retóricas das democracias liberais para perpetuar sua supremacia.

No confronto Ocidente-Oriente, a geopolítica e a segurança nacional prevalecem sobre a economia e a globalização. A geopolítica multilateral do pós-guerra se fragmenta em arranjos insuficientes para as necessidades de cooperação ante desafios globais, como mudanças climáticas, pandemias, terrorismo e guerras.

O Brasil não está imune a essas incertezas, mas, comparativamente, tem vantagens. Suas dimensões, sua democracia multiétnica e pacífica e sua economia relativamente industrializada e diversificada o tornam uma potência regional. Seus recursos o colocam numa posição-chave para equacionar o tripé do desenvolvimento sustentável global: segurança alimentar, energética e ambiental.

Nessas águas turvas e tumultuosas, sem grandes instrumentos de poder, o País precisa, para defender interesses nacionais e promover os globais, de sutileza, inteligência e credibilidade. 
Felizmente, conta com uma tradição diplomática consagrada nos princípios constitucionais do respeito aos direitos humanos, à democracia e à ordem baseada em regras, e corporificada nos quadros técnicos do Itamaraty.
 
Mas esse capital está sendo dilapidado pela diplomacia sectária do presidente Lula da Silva. Lula já disse que a democracia é relativa. Mas sua política externa é definida por um princípio absoluto: a hostilidade ao Ocidente (o “Norte”, os “ricos”) e o alinhamento automático a tudo o que lhe é antagônico.

Sua passagem pela África foi um microcosmo desse estado de coisas. Interesses econômicos foram tratados de forma ligeira. Em entrevista, ele se evadiu de cobrar a Rússia e a Venezuela por sua truculência autocrática, ao mesmo tempo que insultou judeus de todo o mundo ao atribuir a Israel práticas comparáveis às dos nazistas.

Seja em conflitos onde o País teria força e autoridade para atuar, como os da América Latina, seja naqueles nos quais não tem força, Lula se alinha ao que há de mais retrógrado e autoritário. Abrindo mão de sua neutralidade, o País se desqualifica como potencial mediador. 
O Brasil poderia promover seus interesses econômicos e pontos de cooperação com a Eurásia sem prejuízo da defesa de valores civilizacionais comuns ao Ocidente. Mas Lula sacrifica os últimos sem nenhum ganho em relação aos primeiros. 
Em sua ânsia de se autopromover como líder global dos “pobres” contra os “ricos”, reduziu a máquina do Itamaraty a linha auxiliar de sua ideologia maniqueísta e seu voluntarismo narcisista.
 
A “frente ampla democrática” propagandeada na campanha eleitoral deveria ter sido projetada para as relações internacionais. 
Mas também aqui ela se mostrou uma fantasia eivada de sectarismo ideológico – arrastando consigo o Brasil, obliterando suas oportunidades de integração econômica e prejudicando possibilidades de cooperação pela promoção da paz, da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais que a Constituição traçou como norte da diplomacia nacional.


Notas & Informações - O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

O barbarismo petista envergonha - Alex Pipkin, PhD

       Entre os corredores de um grande shopping, reencontrei uma querida amiga. Surpresa agradável em tempos de novidades horrorosas. Notadamente, ela reza pela cartilha das ideias gosta das artes.

Lê todos os meus textos, meu juízo, sinal de inteligência. O contraditório é sempre essencial “para se pensar”, de fato. Evidente, se nossa dissonância cognitiva assim permitir.

Astuta, observou que meus textos andam um pouco ácidos. Concordamos. Adiciono que o tenebroso momento, não me faculta outra opção. Na verdade, se meus dedos não funcionassem tais quais um Rivotril, minha aspereza seria, seguramente, muito maior.

Socraticamente, pergunto a mim mesmo, seria razoável ser diferente? Ato contínuo respondo: objetivamente, não.

A ideologia marxista, coletivista, e completamente populista, voltou ao poder, e com ela o regresso do inchaço do Estado - basta ver o número e a temática dos ministérios petistas -, da explosão dos gastos públicos, do câncer do intervencionismo estatal, do apoio ao MST, do encorajamento do multiculturalismo, do ativismo identitário, do suposto combate ao racismo (somos 100% racistas para eles) e de suas pautas, entre essas, a ditadura do pensamento único nas universidades.

Inacreditavelmente, o Ministro - negro - dos Direitos (des)Humanos e da Cidadania, continua calado e omisso ao massacre de israelenses. Contudo, a locomotiva da guerra cultural gramciana está a todo vapor.

Por sua vez, a farra com o dinheiro público já faz com que o governo acumule um déficit de mais de R$ 100 bilhões
Sem dúvidas, o déficit zero para 2024 é somente “para inglês ver”.

É chocante constatar que a grande maioria dos condenados, comprovadamente, por corrupção, retornaram a cena do crime, inclusive o presidente demiurgo.

Enfim, as visões antimercado, de cunho marxista, dormem entre nós e, pasmem, para petistas e assemelhados, os inimigos do desenvolvimento brasileiro, continuam sendo os mesmos, os imperialistas americanos e seus sócios, ou seja, sempre a culpa é dos outros.

Mas nada há que não possa ficar pior! Se não bastasse o horrendo cenário tupiniquim, o presidente Da Silva, e sua cúpula de “lideres”, nitidamente antissemitas, posicionam-se agora, pela sectária religião ideológica, em favor da “causa palestina” e, de forma surreal, a favor do grupo terrorista do Hamas, que massacrou bebês, mulheres, jovens, adultos e idosos inocentes, civis israelenses.

Como judeu, evidentemente, não disponho de sangue de barata, sendo impossível me calar e não rechaçar essa barbárie, apoiada pelo governo brasileiro, contra o Estado de Israel, e por consequência, contra o povo judeu. Repito, tenho que factualmente medir minhas palavras… Verdadeiramente, pelos valores civilizacionais e pela verdadeira dignidade humana, nenhum ser humano de bem poderia ficar acomodado frente a tal situação.

O semideus Marx afirmou que a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. Pois os governos petistas sempre foram anões diplomáticos, tomando o lado errado da história, alinhando-se a terroristas e ditadores de todo o mundo.

O semianalfabeto fanfarrão Da Silva, equiparou moralmente o massacre do Hamas, ao direito de defesa de Israel. Não disponho de adjetivos… O sectarismo ideológico do (des)governo Da Silva, sanciona a barbárie e, mais uma vez, desmoraliza, e mancha de sangue, a imagem do Brasil diante de todo o mundo.

Nenhuma novidade. O primitivismo petista é claro. A placa de Petri das ideologias esquerdistas são o Estado mastodôntico, o abissal intervencionismo, a gastança desmedida do dinheiro público, como forma de dependência e de votos e, grotescamente, o alinhamento ideológico às ditaduras e ao terrorismo.

Interrogo-me novamente. Diante dos fatos acima mencionados, posso eu me dar o direito de não ser “ácido”?

 Alex Pipkin, PhD

 

sábado, 16 de setembro de 2023

O império da lacração - Percival Puggina

        Outro dia, dei-me conta de que um novo mal havia acometido o país e que eu apresentava, por vezes, sintomas desse mal. Refiro-me à “lacração” como peça do debate político.

A lacração não é uma síntese, um concentrado de sabedoria. Ela é um diminutivo da Razão, que ganha R maiúsculo, estatura necessária e cumpre papel importante na formação de ideias quando, no conteúdo e na forma, se expressa apta e consistente para o natural contraditório.

Por conta desse vício, as ideias ganham o tamanho da frase com que se apresentam. Forma-se o hábito da brevidade. Do textão para o textinho e do textinho para a frase lacradora que em segundos de leitura arranca um sorriso ou uma gargalhada. Nesses poucos segundos, de algum modo, o debate político se atrofia.

A lacração é parente muito próxima da maledicência, que é outro vírus que infesta o ambiente nacional, tendo seus principais hospedeiros na comunicação social e no mundo político. Desqualificar o adversário tornou-se o dever número 1 de quaisquer antagonismos como forma de vencer sem ter razão.
 
Esse é um terreno perigoso, moralmente desastroso se a epidemia se alastra e toma conta do ambiente acadêmico e cultural, porque a pessoa humana é um ser em construção. 
Ela deveria buscar, pelo exercício da liberdade, a perfeição de sua natureza. 
Quando negligenciado esse dever, com o abandono da leitura de bons autores, porque uma tuitada é a coroa da verdade que se quer apresentar, há uma perda individual com consequências sociais.
 
Deus nos fez dotados de inteligência que nos permite conhecer o bem, de liberdade que nos possibilita escolher o bem, e de vontade para resistir a tudo que nos pode afastar do bem. 
Sim, caros leitores, a palavra vontade tanto designa aquilo que queremos quanto significa a força para renunciar ao que queremos para fazer aquilo que devemos
Comumente chamamos a isso de força de vontade. 
Muito embora a primeira regra moral afirme que devemos evitar o mal e buscar o bem, quem evita o mal está cumprindo a metade mais neutra e mais comum da regra. 
Difícil é fazer o bem; e mais difícil, ainda, é fazer todo o bem que se possa. Na vida pública, isso é especialmente significativo. 
Ali, não fazer o mal – tarefa dos medíocres, segundo José Ingenieros – já é difícil. Fazer o bem é a missão de estadistas, dos quais estamos tão carentes! Os que temos, por poucos que são, não atendem a demanda nacional.
 
Por isso, me desgosta vê-los, tantas vezes, perdidos em lacrações que valem tanto quanto duram
A vitória dos conservadores e dos liberais só terá a extensão necessária se as respectivas ideias e as correspondentes ações alcançarem com clareza os corações e as mentes que andam por aí, vazias por falta de quem lhes proporcione bons conteúdos.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Tempo de rigor e cautela - Merval Pereira

O aparato policial montado com dias de atraso na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, demonstra que é possível manter a ordem dentro dos limites da lei. As manifestações bolsonaristas falharam em todo o país, pois os governos estavam organizados para controlá-las. Nunca foi tão importante manter um sistema preventivo de inteligência, porque estamos sendo alvo de esquema terrorista, organizado e financiado com o objetivo de derrubar o governo.

Começou com o quebra-quebra em Brasília no dia da diplomação de Lula, prosseguiu com uma bomba num caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, o que já dava a dimensão do perigo. Agora tivemos a vandalização dos prédios na Praça dos Três Poderes, torres de transmissão sendo sabotadas. Mesmo com a derrota para os poderes institucionais, os golpistas [golpistas? ou esquerdistas infiltrados (entre manifestantes pacíficos) para justificar ações de repressão?] não pararão tão cedo, porque continuam sendo insuflados por diversas facções, a começar pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.

A divulgação de um vídeo, mesmo que por alguns minutos, nas suas redes sociais, avalizando uma suposta denúncia de que a eleição foi fraudada para favorecer Lula, só ratifica o que todo mundo já sabe: Bolsonaro está por trás das manifestações, insuflando e estimulando os ataques.

A situação continua delicada, os bolsonaristas estão se reorganizando nas redes e divulgando notícias falsas, inclusive a velha história de que quem vandalizou os prédios públicos e os tesouros artísticos lá guardados foram pessoas infiltradas pela esquerda. Ao mesmo tempo, uma ala radical do PT quer tirar José Múcio do Ministério da Defesa, alegando que foi fraco na condução da segurança e se deixou enganar pelos militares. Pela inação com os acampamentos de bolsonaristas, permitiu que acontecessem os atos terroristas de domingo.

É verdade que o novo ministro da Defesa se excedeu na boa-fé, assumindo que os acampamentos eram compostos de democratas que apenas queriam manifestar sua rejeição ao resultado das eleições. Fazer oposição é do jogo democrático, mas não pedir intervenção militar para derrubar o governo eleito. De qualquer maneira, é um movimento perigoso querer substituí-lo por alguém “mais assertivo”, pois significa esticar a corda na relação com os militares. [é da ala radical citada pelo articulista no parágrafo anterior que surgem os infiltrados, indivíduos adeptos do quanto pior, melhor = eles querem o clima de confronto, querem cadáveres, o que faz lembrar 1968, quando a esquerda tanto procurou um 'cadáver' até que encontrou o do estudante Edson Luiz e as consequências que todos sabem quais foram.

A situação não está totalmente controlada. As Forças Armadas, como instituição, até o momento seguiram a Constituição, mas ainda há setores bolsonaristas revoltados. Ontem de manhã, vários ex-ministros da Defesa se reuniram virtualmente com o senador Jaques Wagner, líder do governo, para alertá-lo do erro político que será tirar Múcio neste momento delicado que o país vive.

A conversa virtual foi entre cinco ex-ministros da Defesa, de diversos governos. Além do próprio Jaques Wagner, que foi ministro de Dilma, Nelson Jobim (de Lula), Raul Jungmann (de Temer), Aldo Rebelo (também de Dilma) e general Fernando Azevedo e Silva (de Bolsonaro). Mudar a orientação de pacificação e moderação na relação com os militares, a principal razão da escolha de José Múcio, seria grave, quanto mais agora, que a situação não está pacificada.

Ainda estamos na fase de tentativa de prevenir novos atos, de montar um sistema de informação minimamente confiável. O que estava em funcionamento no domingo foi um desastre, e está claramente cooptado. Esse, aliás, é um grave problema a ser resolvido: encontrar atores de confiança para atuar no Palácio do Planalto e no sistema de inteligência e informação do governo.

Há grupos colaboracionistas em vários setores das Forças Armadas, das polícias militares e do setor público. Resolver isso é tarefa que demandará tempo e paciência — se partirem para a decisão radical, criam o clima que Bolsonaro quer. A divisão eleitoral do país se transforma em potencial guerra civil.

Todo cuidado é pouco para, sem deixar de ser rigoroso, não criar atritos nas áreas que ainda não estão totalmente aderentes à democracia e à troca de comando. Essas posições ainda persistem e precisam ser acompanhadas com rigor, mas também com cautela. 

Merval Pereira, colunista - O Globo 


domingo, 16 de outubro de 2022

Por que o socialismo é uma péssima ideia? - Roberto Rachewsky

Tudo começa quando alguém lê Marx e acha que descobriu a pedra filosofal.

Após a leitura, ele reúne amigos que leram (ou disseram que leram) Marx e aceitaram suas ideias para implantá-las.

Entre os amigos, ganha destaque um que fala bem, é carismático e vaidoso, para convencer o povo; e os outros nove que não têm medo de usar a força, nem vergonha de usar até mesmo violência física, para tratar dos que não se deixaram enganar por aquele.

Em seguida eles tomam o governo, tomam os meios de comunicação, tomam as escolas. Convocam os revoltados, ressentidos, invejosos e outros seres desprovidos de autoestima e de senso crítico para defender a revolução através da cultura e da coerção.

As pessoas começam a fugir do lugar onde vivem e os marxistas resolvem então fechar as fronteiras. Fechar as fronteiras é pouco, começam a aprisionar o povo e os corajosos que insistem em resistir acabam sendo mortos.

Como a escassez toma conta, decidem concentrar o que é produzido para seu próprio deleite, deixando o povo aproveitar a igualdade na miséria.

Os traços evidentes da destruição tentam ser escondidos para baixo do tapete. Quando aparecem, censuram dizendo se tratar de “manipulação na informação”.

Quando a miséria chega e os assassinatos acabam sendo percebidos pela opinião pública mundial, dizem que as pessoas boicotaram o projeto e que o marxismo acabou não sendo implantado como manda o figurino.

Quem acredita que para algo funcionar é preciso matar inocentes, tirar o que é dos outros à força, censurar opiniões e fatos, doutrinar crianças para serem obedientes, prender as pessoas para não fugirem e matar quem tenta, esse sujeito é muito infantil, desprovido de inteligência ou psicopata.

Se você acha, que depois de ter sido tentado inúmeras vezes, em algumas delas por décadas, chegando sempre ao mesmo resultadoopressão, miséria e morte – é possível dar certo, então você é insano.

O marxismo consegue convencer alguns como tese, só não funciona com seres humanos. Logo, marxismo como sistema social, político e econômico, é uma péssima ideia que só os oligofrênicos aplaudem e os psicopatas tentam colocá-la  

Publicado originalmente no site do Instituto Liberal

O autor é empresário e presidente do Instituto Liberdade.

 

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Quantas pessoas estão morrendo ‘de covid’ e quantas estão morrendo ‘com covid’? O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Existe uma diferença fundamental entre uma coisa e a outra

Números de mortes relacionadas como consequência da covid são um enigma

Os números de mortes relacionadas pelas autoridades como consequência da covid, que avançam neste momento para além de onde estavam seis meses atrás, são um enigma. Ajudam, com toda a certeza, a reproduzir pânico, insegurança e angústia
Deixam uma mensagem de terror: as coisas nunca estiveram piores, e se você tinha alguma esperança de que melhorassem pode desistir, pois nada está melhorando. Isso tudo aí continuará igual por um tempo indefinido, e de preferência para sempre. Mas não se sabe, com um nível razoável de lógica comum e de mero bom senso, o que esses números querem realmente dizer. Ninguém está fazendo o menor esforço para descobrir.

Não se trata de nenhuma complicação de matemática das curvas, ou de alta cirurgia de cérebro. É algo que qualquer professor de ginásio poderia perfeitamente estar tratando em suas aulas, se estivesse dando alguma aula após dois anos de pandemia. É apenas o seguinte: quantas pessoas, nessas listas diárias de mortos, estão morrendo “de covid” e quantas estão morrendo “com covid”? 
Existe uma diferença fundamental entre uma coisa e a outra — e essa diferença não está sendo apresentada ao público com um mínimo de honestidade, ou sequer de inteligência elementar. É assim de propósito? 
É resultado da desordem que tem marcado os números da covid desde o primeiro caso? São as duas coisas ao mesmo tempo? 
 
O fato é que a população está sendo ativamente desinformada. Deve continuar assim. Hoje em dia tudo o que não se conforma exatamente aos “protocolos” vigentes sobre como pensar a respeito da doença é imediatamente denunciado como “negacionismo”.
É claro que os dados exatos revelariam outra realidade. Se o paciente que pegou covid entra no hospital com um enfarte, tem uma parada cardíaca e morre, a sua morte se deve ao que: à covid ou à parada cardíaca? E, se além do vírus, ele tem um câncer de fígado, disfunções renais extremas ou pneumonia dupla, razões pelas quais, aliás, foi levado ao hospital? Qual é a causa real da sua morte?  
Muitas dessas mortes, ou um número literalmente incalculável, são atestadas pelas autoridades e reportadas pela mídia como resultado “da covid”; é óbvio que isso distorce completamente o que de fato está acontecendo.
 
O número de infectados com certeza subiu enormemente, considerando-se os números do passado recente — é inevitável, em consequência, que tenha aumentado o número de doentes graves internados nos hospitais com covid, com os seus outros problemas de saúde
 Na imensa maioria dos casos, quem pega a covid simplesmente se cura, sem precisar ir sequer ao pronto-socorro
Mas os que começam a passar realmente mal por causa de suas doenças (chamam a isso de “comorbidades”) vão para o hospital, como iriam tendo ou não tendo covid — e ali os que não têm recuperação morrem. Vão direto para a “lista” do dia seguinte.
 
O público está sendo enganado — no mínimo, nessa história toda, há a obrigação, por parte de quem informa, de separar uma coisa da outra. Isso simplesmente não está sendo feito. É muito simples. Todos os dias as autoridades da área da saúde, as prefeituras e os Estados divulgam os seus números — mesmo porque, na sua incompetência estatística sem limites, o Ministério da Saúde jamais conseguiu, desde o primeiro morto dois anos atrás, entregar uma única cifra decente sobre o que está acontecendo. Ninguém tem a mais remota ideia, do ponto de vista técnico, da seriedade das informações que passam — e ninguém tenta investigar qualquer uma delas, nunca. 
Os jornalistas apenas regurgitam, exatamente como engoliram, os números enviados pelas “autoridades locais”. Não é aritmética. Não é “ciência”. Não é jornalismo.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo
 
 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Palpite suspeito, Constituição de 88 (e Rêgo Barros) - por Vitor Hugo

Blog do Noblat

O deputado abusou da inteligência do país 

Transição de outubro para novembro de 2020 – o tempo mais sombrio e desesperador de que tenho lembrança – é quando começa, nas redações dos jornais e revistas, nos sites, blogs e outros portos de informações nas redes sociais, o levantamento de dados e fatos que os 12 meses do calendário legaram ou nos tragaram, para o bem ou para o mal. Desde já, peço espaço para indicação do “palpite mais infeliz e suspeito do ano”, da lavra do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP/PR), representante destacado do Centrão no nosso parlamento.

Misturando alhos com bugalhos, a começar por comparar a mobilização democrática da sociedade chilena pela Constituinte (que joga no merecido lixo da história, a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet), com a Constituição brasileira de 1988: nascida da Assembleia Nacional Constituinte depois do fim da ditadura militar. O deputado abusou da inteligência do país e da paciência de qualificados juristas e políticos que reagiram, sem meias palavras, à proposta golpista embutida na sugestão feita durante debate promovido pela Academia Brasileira de Direito Constitucional. Pois é!

Partindo de achismo pessoal, de que “o Brasil está ingovernável”, Barros propôs saída à chilena. “Para que possamos refazer a carta magna e escrever muitas vezes nela a palavra “deveres”, porque a nossa carta só tem direitos”, justificou. E recebeu o primeiro “chega prá lá” na lata, dentro do próprio evento – denominado “Um dia pela Democracia” – na voz do ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (e presidente do TSE). Ele assinalou que o Brasil tem uma democracia “bastante resiliente, que vive sob a Constituição de 1988, há 32 anos recém completados”. Para o jurista, além de qualquer retórica, nós temos as instituições sólidas, que têm resistido aos constantes vendavais.[uma 'constituição' em que o presidente da República = Poder Executivo = não governa, o Congresso Nacional = Poder Legislativo = não legisla e o Supremo Tribunal Federal = instância máxima do Poder Judiciário = julga, governa, legisla, investiga, denuncia.

Um único ministro do STF pode em decisão monocrática suspender a vigência de uma lei - que foi decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República.

Com um detalhe: a decisão solitária do supremo ministro só será modificada por decisão do colegiado do STF, quando apreciar o mérito da liminar solitária. Porém, quem decide quando a liminar será apreciada é o próprio ministro.]

Outra reação expressiva partiu da política. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) frisou: No Brasil, o marco final do processo de redemocratização foi a Constituição de 88. “No Chile esse processo não se concluiu até hoje”, disse Maia, que conhece as duas realidades e considera imprópria a comparação. Com visão estratégica e objetiva, dos fatos, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, foi direto ao ponto. Em mensagem na rede social, o ex-juiz condutor da Lava Jato escreveu: “O que dificultou a governabilidade do Brasil nos últimos anos foi a corrupção desenfreada e a irresponsabilidade fiscal, não a Constituição de 1988 nem a Justiça ou o Ministério Público”. Ponto.

Para o jornalista, porém, o alerta amarelo parece acender, de fato, com o texto do general Otávio Rêgo Barros, rompendo em ressonante estilo com Bolsonaro e seu governo, publicado no Correio Brasiliense. Mesmo que, aparentemente, não tenha relação direta com a proposta da “nova constituinte” do bolso do colete do parlamentar do Centrão. Em sua análise do governo, o ex – porta-voz escreve: “As demais instituições dessa república – parte da tríade do poder – precisarão blindar-se contra atos indecorosos, desalinhados do interesses da sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser firmes, não recuar diante das pressões. A imprensa, sempre ela, deve fortalecer-se na ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo a população os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do Cesar”. Precisa desenhar? [o ministro foi eloquente e suas palavras se sustentam parcialmente  na teimosia do presidente Bolsonaro em conceder 'entrevistas de corredor', 'conversas de cercadinho';

O presidente Bolsonaro, em teimosia extrema, insiste em não seguir o protocolo ideal: 
-  só se manifestar através de um porta-voz;
- entrevistas só em circunstâncias excepcionais - a juízo do presidente da República - com perguntas apresentadas previamente,  por escrito e, exclusivamente, a jornalistas credenciados.] 

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA

 E-mail: vitors.h@uol.com.br  - Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta.



domingo, 6 de setembro de 2020

Se burrice doesse… por Maria Helena RR de Sousa

A ele devemos a erradicação de várias doenças 


… muitos de nossos problemas estariam resolvidos. Mas como não dói, vamos em frente aceitando as opiniões de ignorantes que se arvoram em “entendidos” nos mais variados assuntos. [os especialistas em nada, conseguiram se tornar astros de televisão, servindo aos interesses de emissoras de TV.]Já tivemos grandes figuras no Brasil. Na política, nas artes, na medicina, no urbanismo e em vários outros temas que interessam ao país e ao seu progresso.

Todas as vezes que acho imprescindível citar um Brasileiro com B maiúsculo lembro de Joaquim Nabuco, ou Machado de Assis, ou do Barão do Rio Branco. Hoje, a dificuldade não está na memória que com a  a idade vai se apagando… hoje a dificuldade está em encontrar um nome que mereça ser citado. No momento que atravessamos, a pandemia por conta do vírus Covid-19, só me ocorre lastimar que não tenhamos mais um dr. Oswaldo Cruz para nos guiar e defender. A ele devemos a erradicação de várias doenças e as vacinas que nos livraram de miles de mortes. 

“Ao combater a febre amarela, Oswaldo Cruz enfrentou vários problemas. Grande parte dos médicos e da população acreditava que a doença se transmitia pelo contato com as roupas, suor, sangue e  secreções de doentes. No entanto, Oswaldo Cruz acreditava em uma nova teoria: o transmissor da febre amarela era um mosquito. No que foi veementemente condenado. 

Em 1904, a oposição a Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Com o recrudescimento dos surtos de varíola, o sanitarista tentou promover a vacinação em massa da população. Os jornais lançaram uma campanha contra a medida. O congresso protestou e foi organizada a Liga contra a vacinação obrigatória. No dia 13 de novembro, estourou a rebelião popular e, no dia 14, a Escola Militar da Praia Vermelha . se levantou. O Governo derrotou a rebelião, que durou uma semana, mas suspendeu a obrigatoriedade da vacina. Mesmo assim, em 1907, a febre amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. Em 1908, em   uma nova epidemia de varíola, a própria população procurou os postos de vacinação”. (Wikipedia).

Dali em diante tornou-se obrigatória a vacina contra a febre amarela.Para ser matriculado numa escola era necessário o comprovante da vacina. Para empregos públicos também; para o casamento, fosse num cartório ou numa igreja, idem. Em suma, a inteligência vencera a a burrice. Claro está que sendo o Brasil como é, mal a febre amarela foi erradicada, o poder público abandonou o controle. Mas como o  castigo vem a cavalo, há cerca de dois anos voltamos a nos ver frente a frente com a doença e logo foi necessário retomar a vacinação contra a temível febre. 

Não temos mais um Oswaldo Cruz. Mas temos países que estão sofrendo com um novo vírus, o Covid-19, pesquisando e elaborando vacinas contra essa nova e atemorizante doença. Que o espírito do dr. Oswaldo Cruz recaia sobre nós e que em breve o mundo e suas novas vacinas vençam mais essa dor que nos fere tanto. E que arrebente com a burrice: Viva as Vacinas! 

Blog do Noblat - VEJA - Maria Helena RR de Sousa


quinta-feira, 16 de julho de 2020

Governo aponta risco de conflito na América do Sul - Estadão


Tânia Monteiro e Vinícius Valfré, O Estado de S.Paulo

Ao atualizar Política Nacional de Defesa, ministério cita possibilidade de tensões no continente e reforça necessidade de proteção de costa do Atlântico e da Amazônia

A América do Sul não é mais considerada uma “área livre” de conflitos. É o que diz a nova Política Nacional de Defesa (PND), que será encaminhada ao Congresso na próxima semana. Numa atualização da diretriz preparada em 2016, o texto ao qual o Estadão teve acesso destaca a possibilidade de “tensões e crises” no continente, que podem levar o Brasil a mobilizar esforços na garantia de interesses nacionais na Amazônia ou mesmo ajudar na solução de problemas regionais. 





Sem citar nominalmente a Venezuela, o trecho sobre política externa do documento avalia “possíveis desdobramentos” das crises nos países vizinhos. A reportagem apurou que o principal foco de tensão se refere a ações do regime chavista de Nicolás Maduro. Em 21 páginas, a Política Nacional de Defesa traça cenários internacionais para o ambiente regional e assinala que é papel do País “aprofundar laços” no continente. Uma das novidades da nova versão do documento do Ministério da Defesa, porém, é justamente o alerta para as possibilidades de conflitos. “Não se pode desconsiderar tensões e crises no entorno estratégico, com possíveis desdobramentos para o Brasil, de modo que poderá ver-se motivado a contribuir para a solução de eventuais controvérsias ou mesmo para defender seus interesses”, diz o texto.

O documento pede, ainda, atenção especial ao Atlântico Sul, onde se concentram as reservas do pré-sal – entre o Brasil e a África Ocidental. Nesta região também houve, recentemente, derramamento de óleo por navio desconhecido que causou danos ambientais ao litoral brasileiro.
A chamada Amazônia Azul enfrenta impactos de ilícitos transnacionais, inclusive suspeitas de espionagem por navios estrangeiros, como divulgou o Estadão, em fevereiro, ao noticiar que a Marinha brasileira monitorou durante uma semana um navio russo de pesquisa e inteligência, acusado de espionagem por países da Europa e pelos Estados Unidos. Além do Atlântico Sul, a política de Defesa mantém como prioridades regiões onde se concentram os poderes político e econômico – Brasília, Rio e São Paulo –, a faixa de fronteira com os vizinhos sul-americanos e a Amazônia. Pela primeira vez, os tratados que compõem a Política Nacional de Defesa incluem no radar do governo desdobramentos das mudanças climáticas e de pandemias. O texto da proposta destaca que estes fenômenos poderão “acarretar consequências ambientais, sociais, econômicas e políticas pedindo pronta resposta do Estado”.

A pandemia do coronavírus, que atinge o País e o mundo desde março, tem exigido mobilização nacional de todos os segmentos, inclusive do Ministério da Defesa que, segundo a pasta, emprega diariamente 34 mil militares no combate à doença. O efetivo é maior que o da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, quando foram mobilizados 25.800 homens.
A soberania e o desenvolvimento de ações de preservação da floresta amazônica estão entre as prioridades dos documentos que compõem a nova versão da PND. “A Amazônia, assim como o Atlântico Sul, é uma área de interesse geoestratégico para o Brasil. A proteção da biodiversidade, dos recursos minerais, hídricos, além do potencial energético, no território brasileiro é prioridade para o País”, constata o documento, que também apresenta uma “resposta” aos “interesses estrangeiros” na Amazônia.

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Os documentos serão oficialmente apresentados ao Conselho de Defesa, em reunião no Palácio do Planalto, com a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e, em seguida, enviados ao Congresso, no próximo dia 22.

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quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Golpe Judiciarista e a Democracia de Fachada - Marco Angeli Full

Aqueles que tecem longas e profundas elucubrações sobre um possível ou futuro ‘golpe’ ou desta e daquela ‘intervenção’ perdem seu tempo. 
Estão atrasados.Muito atrasados. O golpe na democracia brasileira já foi dado há muito tempo. Começou lá atrás, quando Celso de Mello, no dia 17 de agosto de 1989, tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo coronel José Sarney. E seguiu em frente, nos anos seguintes, muito bem elaborado e desenvolvido em sua estratégia inicial, enfiando no que seria o poder supremo do país figuras como Marco Aurélio de Mello, indicado por Fernando Collor ou Gilmar Mendes, por Fernando Henrique.

O aparelhamento do poder máximo judiciário foi em frente, recrutando indivíduos como Lewandowski, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, todos encaixados nas cadeiras por Lula e seu poste sem luz, Dilma Roussef. Finalmente, para completar o quadro, Temer, o conspirador de porão, acabou nomeando Alexandre de Moraes. As consequências desse golpe, que colocou o STF como poder supremo no Brasil, imune e acima de qualquer contratempo como um poder executivo hostil ou um possível levante das forças armadas estão aí, cristalinas, diante dos olhos esbugalhados dos brasileiros.

Hoje, em mais um golpete imoral e anticonstitucional armado desta vez com o PDT, um poder, o judiciário, decreta que nenhum poder tem o poder de fazer exatamente o que eles acabam de fazer: interferir em outro poder.  Por pressuposto, a partir de hoje o STF comanda as Forças Armadas e determina o que elas podem ou não fazer. O Exército brasileiro. Deu pra entender? A decisão, desta vez representada pelo ministro Fux, é tão descabida, oportunista e descarada que parece ter sido feita para retardados, e não para o povo brasileiro.

Ofende a inteligência e a soberania, inclusive, de outra classe: a dos militares. É evidente que quando o STF, através de seus ministros, outorga a si mesmo o papel de controlador máximo dos poderes brasileiros, assume também, sem sequer um voto do povo, o controle da nação e de seu governo ostensivamente, finalizando a estratégia que começou em 1989. Sobre esse golpe justicialista, avisos não faltaram durante anos, como o do cientista político Christian Lynch. Numa situação semelhante, já em 1929-1930, segundo Lynch, a sociedade descrente do aparato institucional - políticos, governantes, partidos - gerou a revolução tenentista, que pegou em armas citando Rui Barbosa para restabelecer a moralidade à força.

O movimento dos tenentes do Exército que ficou conhecido pelos episódios da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ou a Coluna Prestes acabou fracassando miseravelmente, como se sabe. Já a partir de 1989, o golpe dos judiciaristas usou como arma a caneta ao invés das baionetas. Travestidos, como qualquer grupo golpista, de defensores da moralidade e da democracia, esse grupo, com motivação eminentemente política, foi aplicando o golpe nas instituições, na Constituição, e se blindando de qualquer ataque externo à sua soberania.

O resultado está aí, finalmente, para quem quiser ver: todo e qualquer cidadão brasileiro, do mais rico ao mais miserável é refém, literalmente, do STF, que detém o poder de vida ou morte, censura ou liberdade, direitos básicos como ir e vir e outros sobre todos.  É refém, inclusive, ao que parece, o presidente eleito pelo povo.  A alegação pífia de que uma mudança forçada e radical nesse estado lamentável de coisas seria um ‘ataque à democracia’ não resiste sequer à uma questãozinha simples:

Que democracia?  O Brasil vive apenas um arremedo de democracia, debaixo do tacão autoritário e poderoso de quem realmente dá as cartas por aqui: o STF.  Se a constatação é dura, ou parece surrealista, lembremos que neste país atuam picaretas como um pastor vendendo feijões a 1 mil reais que pretensamente matam o covid-19 e causam uma balbúrdia infernal, obrigando até o Ministério da Saúde a emitir um desmentido. O Brasil é a terra das impossibilidades possíveis. O inimaginável acontece aqui. Charles de Gaulle, quando afirmou que o Brasil não era um país sério, não sabia do que falava. É bem pior do que isso.

Marco Angeli Full é Publicitário, Artista Plástico e Diretor de Criação 

Bela Crítica Suprema

 A atriz Karina Michelin bateu duro no STF.


Vídeo inserido pelo Prontidão Total



terça-feira, 2 de junho de 2020

Inteligência? Que nada! - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Ao exigir relatórios, Bolsonaro não visa dados estratégicos, mas sim de aliados e adversários

O presidente Jair Bolsonaro recebeu um relatório do Exército e outro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) mostrando com gráficos, curvas epidemiológicas e estudos científicos que o isolamento social era, como é, [??? - talvez... desde que saibam sair como sair.....] a forma mais eficaz de conter a disseminação e as mortes pela covid-19. O que ele fez? Deixou para lá, se é que não jogou no lixo, junto com as orientações da OMS e as pesquisas sérias sobre a cloroquina.

Isso confirma que, ao contrário do que disse na reunião de 22 de abril, o presidente não está preocupado com a qualidade dos relatórios de inteligência da Polícia Federal, dos órgãos de informações de Exército, Marinha e Aeronáutica e da própria Abin. Na verdade, ele não dá a menor bola para eles. O importante, para Bolsonaro, não é ter relatórios de inteligência, e de técnicos inteligentes, para refletir, tomar decisões e governar. Ele só quer informes que confirmem o que ele acha – como no caso do isolamento social – e que avisem direitinho se alguém está se metendo com sua família, amigos e aliados. Não é questão de inteligência, é de interesse.

Para que Bolsonaro precisaria da Abin (órgão de assessoramento direto da Presidência), se ele tem todas as certezas? Quando os relatórios da Abin e das Forças Armadas chegam, ele já foi emprenhado pelos ouvidos por filhos, gurus, empresários que financiam fake news contra instituições e por puxa-sacos variados que pululam à sua volta – como de qualquer presidente.

“Se os fatos não correspondem à versão, danem-se os fatos.” Se os dados não correspondem à vontade do presidente, danem-se também. E assim vai-se vivendo, e morrendo, com Bolsonaro jogando relatórios fora, indo a aglomerações golpistas, exibindo-se em helicópteros, jet skis e cavalos, com meio milhão de infectados, 30 mil mortos e uns malucos replicando a macabra Ku Klux Klan na porta do STF.

É chocante, mas não é novidade a guerra de Bolsonaro com ciência, estatística, pesquisas, estudos internacionais e racionalidade, para prestigiar achismos, teorias e maluquices em nome de uma ideologia que ninguém entende direito, mas em torno de 30% de brasileiros seguem obtusamente. O passado condena. E se repete o tempo todo. Desde a campanha, por exemplo, o presidente desconfiava de pesquisas e das urnas eletrônicas e depois até já acusou, sem mostrar qualquer prova, que a própria eleição foi fraudada. É inédito que seja o vencedor a denunciar fraude.

O cientista Ricardo Galvão foi demitido do Inpe porque os dados sobre desmatamento da Amazônia (como os da Abin sobre isolamento) diferiam do que o presidente exigia. Novos estudos confirmaram os de Galvão, o desmatamento em abril foi o maior em dez anos e a destruição da Mata Atlântica também só aumenta. Aliás, com o ministro Ricardo Salles aproveitando a “distração” com a pandemia para passar boiadas, as coisas podem piorar muito.

[é de causar piedade; primeiro, tentaram forçar um terceiro turno = perderam;
agora tentam o impeachment e já sabendo o resultado, perderão, já tentam manobrar junto ao TSE e uma PEC - também perderão.]

Assim, dados científicos de Saúde, Ambiente e Educação não valem. Bolsonaro não quer, nem tem paciência, para estudos sobre temas nacionais e estratégia. Ao acusá-lo de querer interferência política na PF e acesso direto aos relatórios de inteligência, o ex-ministro Sérgio Moro se refere a dados que possam ter uso político contra familiares e aliados, como “10 a 12 deputados do PSL”, ou de espionagem contra adversários. (Na mesma cesta, podem estar o Coaf e a Receita.)

Ah! Na segunda, o presidente criticou as posições de Moro contra o aumento de posse e porte de armas e a favor de medidas duras contra contaminados pela covid-19 que pusessem pessoas em risco deliberadamente. Nos dois casos, Moro se pautou em dados científicos e estatísticas. Mas errou. Não era inteligência que o chefe esperava dele, da PF, da Abin...

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo