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sábado, 19 de março de 2022

PCB: 100 anos de história e de muitos crimes - Félix Maier

 Neste ano de 2022, comemoram-se vários centenários. 

No dia 7 de setembro de 2022, comemora-se o bicentenário da Independência do Brasil. Há muitos anos, a data é contestada pelos partidos e movimentos de esquerda, que inventaram o “Dia dos Excluídos” para marcar posição contra o “poder burguês” e manter viva a chama da revolução socialista. Não será surpresa se nessa data a esquerda, com apoio maciço da “mídia antifa” (a que se diz antifascista, mas que é fascista por natureza), organize uma “anticomemoração”, como fizeram por ocasião dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. 

Outro evento importante a ser comemorado durante o ano de 2022 é o centenário da Semana de Arte Moderna, ocorrida no Teatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 18 de fevereiro. Os objetivos e os principais atores desse movimento famoso, que pregava a ruptura de todos os movimentos anteriores, podem ser vistos em  https://www.brasilparalelo.com.br/entrevistas/semana-de-arte-moderna?gclid=CjwKCAiA4KaRBhBdEiwAZi1zzr5C97Z5LkqFmA50q2ovh
O livro “Pauliceia Desvairada”, de Mário de Andrade, também é de 1922, assim como o livro de Monteiro Lobato, “Fábulas”. A propósito, Lobato foi um dos mais ferozes críticos da Semana de Arte Moderna, em especial, de Anita Malfatti, cujas pinturas seriam como os “desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios”. Críticos acharam o máximo, um “provocador”, quando o maestro Heitor Villa-Lobos subiu ao palco do Teatro Municipal de São Paulo para reger uma orquestra vestindo chinelos, enquanto a plateia promoveu imensa vaia. O maestro apenas estava sofrendo do mal da gota e, assim, tinha dificuldade para calçar um par de sapatos. 

O ano de 2022 marca também o centenário do lançamento do livro “Ulysses”, do irlandês James Joyce, que acarretou admiração e escândalo em todo o mundo. Utilizando neologismos quilométricos e escrevendo no livro 50 páginas sem pontuação, no processo literário conhecido como “fluxo de consciência”, Joyce exerceu grande influência sobre escritores brasileiros, como Guimarães Rosa e Clarice Lispector. Um pouco dessa “epopeia popular” de Mr. Leopold Bloom, uma espécie de “volta ao dia em 80 mundos”, pode ser visto em um texto de minha autoria - cfr. http://felixmaier1950.blogspot.com/2022/03/ulysses-de-james-joyce-volta-ao-dia-em.html. O dia 16 de junho foi instituído na Irlanda como sendo o Bloomsday, para homenagear o personagem Bloom. 

O ano de 2022 marca o centenário do medicamento Novalgina. Pode não ter resolvido nenhum problema humano sério, mas diminuiu a dor de cabeça de milhões, bilhões de pessoas nesses 100 anos. 

Personalidades que fariam 100 anos em 2022: José Saramago, Tônia Carrero, Leonel Brizola, Paulo Autran, Bibi Ferreira, Doris Day, Pier Paolo Pasolini, Jack Kerovac, Alan Resnais, Dias Gomes, Darcy Ribeiro, Otto Lara Resende. O filme “Nosferatu”, de F. W. Murnau, foi lançado em 1922, assim como o filme “Doutor Mabuse, o Jogador”, de Fritz Lang. 

Outro evento importante ocorrido em 1922, com a vitória dos bolcheviques na guerra civil que se seguiu à Revolução Russa de 1917, foi a formação da União Soviética, englobando a Rússia, a Ucrânia, a Bielorússia e a Transcaucásia

Nesse mesmo ano, ocorreu no Brasil a criação do Partido Comunista Brasileiro, no dia 25 de março. Fundado por nove comunistas, tinha a denominação de Partido Comunista-Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC). Colocado na ilegalidade no mesmo ano de fundação, o PC-SBIC voltou à legalidade em 1927. 

Como o próprio nome diz, não se tratava de um partido político brasileiro, mas de um partido estrangeiro, apátrida, subversivo, dirigido e orientado pelo Komintern (Internacional Comunista), que foi criado em 1919 e encerrado em 1943, também conhecido como Terceira Internacional, para propagação do comunismo em todo o mundo. 

O PC-SBIC tinha obrigação de seguir as “21 condições” para novos partidos comunistas ingressarem no Komintern, estabelecidas pelo II Congresso Mundial da Internacional Comunista, reunido em Moscou no período de 19 de julho a 7 de agosto de 1920: 

1. A propaganda e a agitação cotidianas devem ter um caráter efetivamente comunista e corresponder ao programa e às resoluções da 3.ª Internacional. Os órgãos de imprensa controlados pelo Partido devem ter a redação a cargo de comunistas fiéis, provadamente devotados à causa proletária. A ditadura do proletariado não deve ser abordada como um simples chavão de uso corrente, mas preconizada de modo que todo operário, operária, soldado e camponês comum deduzam sua necessidade dos fatos da vida real, mencionados diariamente em nossa imprensa.

As editoras partidárias e a imprensa, periódica ou não, devem estar inteiramente submetidas ao Comitê Central, seja o Partido como um todo atualmente legal ou não. É inadmissível que as editoras abusem de sua autonomia e sigam uma política que não corresponda à do Partido.

Nas páginas dos jornais, nos comícios populares, nos sindicatos, nas cooperativas e onde quer que os partidários da 3.ª Internacional encontrem livre acesso, é indispensável atacar de modo sistemático e implacável não somente a burguesia, mas também seus cúmplices, os reformistas de todos os matizes. 

2. As organizações que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem afastar de modo planejado e sistemático os reformistas e os “centristas” dos postos minimamente importantes no movimento operário (organizações partidárias, redações, sindicatos, bancadas parlamentares, cooperativas, municipalidades etc.) e substituí-los por comunistas fiéis, sem abalar-se com o fato de às vezes ser necessário, de início, trocar militantes “experientes” por operários comuns. 

3. Em quase todos os países da Europa e da América, a luta de classes está entrando na fase da guerra civil. Em tais circunstâncias, os comunistas não podem confiar na legalidade burguesa e devem formar em toda parte um aparelho clandestino paralelo que possa, no momento decisivo, ajudar o Partido a cumprir seu dever perante a revolução. Nos países onde os comunistas, por conta do estado de sítio ou das leis de exceção, não possam atuar em total legalidade, é absolutamente indispensável combinar o trabalho legal e o clandestino. 

4. O dever de propagar as ideias comunistas inclui a necessidade especial da propaganda persistente e sistemática nos exércitos. Nos lugares onde as leis de exceção proíbem essa agitação, ela deve ser realizada clandestinamente. Renunciar a essa tarefa equivale a trair o dever revolucionário e desmerecer a filiação à 3.ª Internacional.  

5. É indispensável a agitação sistemática e planejada no campo. A classe operária não pode garantir sua vitória sem atrair ao menos uma parcela dos assalariados agrícolas e dos camponeses mais pobres e neutralizar com sua política uma parte dos setores rurais restantes. O trabalho comunista no campo está adquirindo atualmente a mais alta importância. Para realizá-lo, é especialmente indispensável o auxílio dos trabalhadores comunistas revolucionários da cidade e do campo ligados ao campesinato. Renunciar a essa tarefa ou delegá-la a semirreformistas duvidosos equivale a renunciar à própria revolução proletária. 

6. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar não somente o social-patriotismo aberto como também a falsidade e a hipocrisia do social-pacifismo, demonstrando sistematicamente aos trabalhadores que, sem a derrubada revolucionária do capitalismo, nenhuma corte internacional de arbitragem, nenhum tratado de redução de armamentos e nenhuma reorganização “democrática” da Liga das Nações livrará a humanidade de novas guerras imperialistas. 

7. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem reconhecer a necessidade da ruptura completa e definitiva com o reformismo e o “centrismo” e preconizá-la entre o grosso da militância. Sem isso, torna-se impossível realizar uma política comunista consequente. 

A Internacional Comunista exige de modo incondicional e categórico que se realize essa ruptura o mais rápido possível. Não se pode admitir que oportunistas notórios como, por exemplo, Turati, Kautsky, Hilferding, Hillquit, Longuet, MacDonald, Modigliani e outros tenham o direito de considerarem-se membros da 3.ª Internacional, o que a levaria a equiparar-se fortemente à falida 2.ª Internacional. 

8. Na questão colonial e das nações oprimidas, é indispensável que tenham uma linha particularmente clara e precisa os Partidos dos países cuja burguesia possui colônias e oprime outros povos. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem denunciar implacavelmente as artimanhas de “seus” imperialistas nas colônias; apoiar os movimentos de libertação nas colônias não somente em palavras, mas também em atos; exigir a expulsão de seus compatriotas imperialistas das colônias; cultivar nos corações dos operários de seus países um sentimento fraternal sincero para com a população trabalhadora das colônias e das nações oprimidas; e realizar entre as tropas da metrópole uma agitação sistemática contra todo tipo de opressão dos povos coloniais.

9. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem realizar uma atividade sistemática e persistente nos sindicatos, nos conselhos operários e industriais, nas cooperativas e em outras organizações de massas, onde é indispensável criar células que, após longo e persistente trabalho, ganhem-nas para a causa comunista. Inteiramente subordinadas ao conjunto do Partido, essas células devem, a cada passo de seu trabalho cotidiano, denunciar as traições dos sociais-patriotas e as hesitações dos “centristas”. 

10. Os Partidos filiados à Internacional Comunista devem insistentemente lutar contra a “Internacional” Sindical Amarela de Amsterdã e preconizar entre os operários sindicalizados a necessidade de romper com ela. Esses Partidos devem apoiar, por todos os meios, a nascente unificação internacional dos sindicatos vermelhos que apoiam a Internacional Comunista.

11. Os Partidos que desejam filiar-se à 3.ª Internacional devem rever a composição de suas bancadas parlamentares, removendo os elementos desconfiáveis, submetendo-as ao Comitê Central do Partido não somente em palavras, mas também na prática, e exigindo que cada parlamentar comunista sujeite sua atuação aos interesses da propaganda e da agitação realmente revolucionárias. 

12. Os partidos filiados à Internacional Comunista devem ser organizados segundo o princípio do “centralismo” democrático. No atual período de guerra civil encarniçada, um Partido Comunista só poderá cumprir seu dever se for organizado da maneira mais centralizada possível, se nele predominar uma disciplina férrea que beire a militar e se seu órgão central gozar de forte autoridade, de amplos poderes e da confiança unânime da militância. 

13. Os Partidos Comunistas que atuam legalmente devem realizar depurações periódicas (recadastramentos) entre os efetivos de suas organizações para remover sistematicamente os inevitáveis elementos pequeno-burgueses. 

14. Os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem apoiar incondicionalmente cada República Soviética em seu combate às forças contrarrevolucionárias. Os Partidos Comunistas devem buscar continuamente convencer os trabalhadores a não transportar material bélico aos inimigos dessas Repúblicas, devem realizar uma propaganda legal ou clandestina entre as tropas enviadas para sufocar as repúblicas operárias etc. 

15. Os Partidos que ainda mantêm seus velhos programas social-democratas devem revisá-los o mais rápido possível e elaborar um novo, afinado com as resoluções da Internacional Comunista e adaptado às particularidades nacionais. Como regra, os programas dos Partidos filiados devem ser aprovados pelo Congresso Mundial seguinte ou pelo Comitê Executivo da Internacional Comunista. Caso este não aprove determinado programa, o Partido tem o direito de recorrer ao Congresso Mundial. 

16. Todas as resoluções dos congressos da Internacional Comunista, bem como as de seu Comitê Executivo, são obrigatórias para os Partidos a ela filiados. Atuando em meio à mais encarniçada guerra civil, a Internacional Comunista deve ser organizada de forma muito mais centralizada do que a 2.ª Internacional. Além disso, o trabalho da Internacional Comunista e de seu Comitê Executivo deve evidentemente levar em conta as diferentes circunstâncias em que luta e atua cada Partido e só tomar decisões de obrigação geral nas questões em que isso seja realmente possível. 

17. Conforme tudo o que foi exposto acima, os Partidos que desejam filiar-se à Internacional Comunista devem mudar seu nome para Partido Comunista de tal país (Seção da 3.ª Internacional Comunista). A questão do nome não é meramente formal, mas possui grande importância. A Internacional Comunista declarou uma guerra decidida contra o mundo burguês e os partidos social-democratas amarelos. É indispensável deixar completamente clara a todo trabalhador comum a diferença entre os Partidos Comunistas e os velhos partidos “social-democratas” ou “socialistas” oficiais que traíram a bandeira da classe operária. 

18. Os órgãos dirigentes da imprensa partidária de todos os países devem publicar todos os documentos oficiais importantes do Comitê Executivo da Internacional Comunista. 

19. Os Partidos filiados à Internacional Comunista ou que solicitaram sua filiação devem convocar o mais rápido possível, mas até quatro meses após o 2.º Congresso Mundial, um congresso extraordinário para discutir internamente estas condições. Além disso, os Comitês Centrais devem cuidar para que todas as organizações de base conheçam as resoluções do 2.º Congresso da Internacional Comunista.  

20. Os Partidos que gostariam de filiar-se agora à 3.ª Internacional, mas ainda não mudaram radicalmente sua antiga tática, devem cuidar para que, até sua filiação, não menos de 2/3 de seu Comitê Central e de seus principais órgãos centrais sejam compostos por camaradas que, antes do 2.º Congresso da Internacional Comunista, já tenham se manifestado de forma aberta e inequívoca a favor do ingresso de seu Partido. O Comitê Executivo da 3.ª Internacional tem o direito de admitir exceções, inclusive no caso dos representantes “centristas” mencionados na condição 7. 

21. Devem ser expulsos do Partido os membros que rejeitarem por princípio as condições e teses apresentadas pela Internacional Comunista. O mesmo vale para os delegados do congresso extraordinário de cada Partido” (in “21 condições de admissão (Comintern)”, com tradução de Erick Fishuk - cfr. em http://www.fishuk.cc/2014/08/condicoes.html#volta30). 

Luiz Carlos Prestes foi o mais famoso “militante” do PCB, ocupando o cargo de Secretário-Geral por 37 anos. Passou a ser membro do PC-SBIC em 1931. 

Em 1934, o PC-SBIC passou a denominar-se Partido Comunista Brasileiro (PCB). 

Prestes, convertido ao comunismo após a dissolução da Coluna Miguel Costa-Prestes (que os gatunos comunistas conseguiram rebatizar como sendo a “Coluna Prestes”), realizou cursos em Moscou e, a soldo do Komintern, do PCB e da Aliança Nacional Libertadora (ANL), deflagrou a sangrenta Intentona Comunista, em 1935. Esse primeiro grande crime de lesa-pátria do PCB, ocorrido em Natal, Recife e Rio de Janeiro, ocasionou a morte de 34 militares (alguns friamente assassinados enquanto dormiam nos quartéis) e de mais de 1.000 civis. O jornal Inconfidência, no dia 27 de novembro de 2018, publicou uma edição históricadaIntentonaComunista-cfr.em http://www.grupoinconfidencia.org.br/sistema/images/pdf/jornaisanteriores/inconfidencia258.pdf

Em 1935, antes do levante comunista, um “Tribunal Vermelho” do PCB promoveu o “justiçamento” (assassinato) de Bernardino Pinto de Almeida, o ”Dino Padeiro”, por crime de traição. Em 2 de dezembro de 1935, o PCB fez “justiçamento” de Afonso José dos Santos, cujo crime só foi elucidado em 1941. 

Um dos crimes mais horrendos perpetrados pelo PCB foi o assassinato de Elvira Cupelo Colônio, a “Elza Fernandes” ou “Garota”, amante, desde os 16 anos, de Antônio Maciel Bonfim, o “Miranda”, na época secretário-geral do PCB. Presa junto com “Miranda” após a Intentona Comunista, no início de janeiro de 1936, a “Garota” foi solta e passou a ser considerada traidora junto à cúpula do PCB. Condenada à morte por Luís Carlos Prestes, escondido em sua casa no bairro do Méier, Rio de Janeiro, seus companheiros foram contra, levando reprimenda de Prestes, que assim se expressou em uma carta: 

“Fui dolorosamente surpreendido falta de resolução e vacilação de vocês. Assim, não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe e revolucionária. (...) Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? Que tem a ver uma coisa com a outra? Há ou não há traição por parte dela? É ou não é ela perigosíssima para o Partido? (...) Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar. (...) Uma tal linguagem não é digna dos chefes do nosso Partido, porque é a linguagem dos medrosos, incapazes de uma decisão, temerosos ante a responsabilidade. Ou bem que vocês concordam com as medidas extremas, e neste caso já as deviam ter resolutamente posto em prática, ou então discordam mas não defendem como devem tal opinião”. 

A “Garota” foi então estrangulada com uma corda em volta do pescoço e, como o corpo não coubesse em um saco, foi partido ao meio e enterrado nos fundos de uma casa, em Guadalupe, no Rio de Janeiro. Estava perpetrado um dos crimes mais hediondos cometidos pelo PCB. 

A história do Partidão e “Os crimes do PCB”, incluindo outros “justiçamentos”, podem ser conferidos no “ORVIL” 

Após esse levante militar, o PCB foi colocado na ilegalidade. Preso em 15 de março de 1936, Prestes foi anistiado pelo Presidente Getúlio Vargas, em 1945, ano em que o PCB retorna à legalidade e Prestes se elegeu senador pelo PCB, com 140 mil votos, até então a maior votação para o Senado. 

A bancada comunista, em 1945, foi de 17 deputados federais, entre eles Jorge Amado, Carlos Marighella e Gregório Bezerra. O PCB foi colocado novamente na ilegalidade em 1947 pelo Superior Tribunal Eleitoral, por ser um partido supranacional que defendia a ditadura do proletariado. Em 1948, os parlamentares do PCB foram cassados. 

Em 1962, ocorre a primeira grande dissidência dentro do PCB, com a criação do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Essa dissidência ocorreu após as denúncias dos crimes de Stálin apresentadas por Nikita Krutschev durante o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), em 1956. O PCdoB teria destaque, anos mais tarde, na Guerrilha do Araguaia (1967-1974). 

O PCB conheceu seu mais longo período de clandestinidade durante o governo dos generais-presidentes, de 1964 a 1985. Diferente do PCdoB, o PCB não se envolveu diretamente na luta armada durante o “regime militar”, empunhando armas pela “redemocratização” do Brasil, mas na luta gramscista de “ocupação de espaços” em todos os setores nacionais, onde “Herbert Marcuse dava o pretexto ideológico e Antonio Gramsci a modalidade de organização partidária”, no dizer de Olavo de Carvalho. 

Ainda na década de 1970, essa tomada de “ocupação de espaços” ocorreu especialmente nas redações de jornais e revistas, com destaque para a atuação de Frei Betto e frades dominicanos, que tinham contato com o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP), embrião da Ação Libertadora Nacional (ALN), fundado em 1968 por Carlos Marighella, por discordar do PCB quanto à luta armada após este participar da OLAS, em Cuba, em 1967. Marighella havia abandonado um curso de Engenharia para se filiar ao PCB em 1934. O AC/SP tinha assistência jurídica, composta de 3 advogados: Nina Carvalho, Modesto Souza Barros Carvalhosa e Raimundo Paschoal Barbosa. Quando procurado pela polícia, em São Paulo, Frei Beto, que havia ingressado no convento dos dominicanos, em São Paulo, em 1966, foi acobertado pelo Provincial da Ordem, Frei Domingos Maia Leite, e transferido para o seminário dominicano Christo Rei, em São Leopoldo, RS. Frei Beto foi preso no RS, onde atuava junto com a ALN para fuga de terroristas ao Uruguai. 

Frei Betto, quando atuava como repórter na Folha da Tarde, recrutou os jornalistas Jorge Miranda Jordão (Diretor), Luiz Roberto Clauset, Rose Nogueira e Carlos Guilherme de Mendonça Penafiel. A “ocupação de espaços” incluía também a TV Cultura (Vladimir Herzog), as universidades (método Paulo Freire), as editoras de livros (Civilização Brasileira, de Ênio Silveira), o meio intelectual (Caio Prado), os centros de cultura popular e até as igrejas, especialmente a Igreja Católica dos “progressistas” Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Hélder Câmara e Frei Leonardo Boff. 

Na Editora Abril, a base de apoio era de aproximadamente 20 pessoas, comandadas pelo jornalista Roger Karman, e composta por Karman, Raymond Cohen, Yara Forte, Paulo Viana, George Duque Estrada, Milton Severiano, Sérgio Capozzi e outros, que elaboraram um arquivo secreto sobre as organizações armadas (servia também como fonte de informações para organizações subversivas). O antigo membro do PCB, escritor e filósofo Olavo de Carvalho, em depoimento à “História Oral do Exército - 31 Março 1964”, descreve como ocorreu essa nova intentona comunista, cujas consequências permanecem até os dias atuais, com destaque para a predominância do ensino da ideologia comunista nas escolas e nas universidades (cfr. trechos da entrevista de Olavo em https://felixmaier1950.blogspot.com/2020/12/olavo-de-carvalho-na-historia-oral-do.html). 

Assim, pode-se afirmar que tanto a ALN de Carlos Marighella, quanto a VPR de Carlos Lamarca, são filhos diletos do PCB. Durante o “regime militar”, mais de uma centena de “genéricos do PCB” foram criados no Brasil, para propagar o terrorismo e a subversão, com vistas a implantar uma ditadura comunista no País. Para isso, os terroristas fizeram cursos em Moscou, Pequim e em Cuba. Uma lista desses movimentos terroristas que infernizaram o Brasil nas décadas de 1960 e 1970 pode ser conferida no link https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/12/organizacoes-subversivas-brasileiras.html

Com a Lei da Anistia, de 1979, muitos brasileiros voltaram do exílio e começaram a reorganizar partidos políticos, como Leonel Brizola. 

Em maio de 1980, Prestes foi substituído na presidência do Partidão pelo cabo Giocondo Dias, por muitos anos seu motorista e guarda-costas. 

Em 1985, com o fim do governo militar, tanto o PCB, quanto o PCdoB voltaram a funcionar como partidos políticos. 

O Senador Roberto Freire foi o último comunista brasileiro a receber dinheiro da antiga URSS, o tal “ouro de Moscou”, por ocasião de sua campanha eleitoral à Presidência do Brasil, em 1989. Quem fez esta declaração foi o ex-diplomata da União Soviética no Brasil, Vladimir Novikov, coronel da KGB, que serviu em Brasília sob a fachada de Adido Cultural junto à Embaixada Soviética, nos anos de 1980. 

O Ministro da Justiça do Presidente Fernando Henrique Cardoso, Aloysio Nunes Ferreira Filho, foi “militante” do PCB e da Aliança Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, ocasião em que participou do assalto ao trem-pagador Santos-Jundiaí, em 1968. 

Nesses 100 anos de história e inúmeros crimes praticados, o PCB teve três candidatos a Presidente da República: Minervino de Oliveira (1930), Yedo Fiúza (1945) e Roberto Freire (1989). 

Em 1992, o PCB transformou-se em Partido Popular Socialista (PPS) após a dissolução da União Soviética, porém foi recriado em 1995 (bandeira com foice e martelo) por comunistas históricos, que não aceitaram a nova ordem mundial após o fim da URSS. 

Ultimamente, voltou à baila a ideia de criminalizar também os símbolos comunistas, como já é feito, acertadamente, com os símbolos nazistas, como estabelece a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989. Obviamente, essa Lei está incompleta, pois não pode um país democrata permitir que o símbolo da foice e do martelo seja tolerado. Assim, em 6 de junho de 2016, elaborei um abaixo-assinado, para que esse símbolo que promoveu a morte de mais de 100.000.000 de pessoas ao redor do mundo durante o século XX seja também criminalizado, e o PCB e o PCdoB proscritos definitivamente em nosso País - cfr. em https://felixmaier1950.blogspot.com/2021/07/pela-criminalizacao-dos-simbolos.html

No livro do pensador francês Jean-François Revel, “A Grande Parada”, há um capítulo com o sugestivo nome de “Cláusula do totalitarismo preferido”. Nesse capítulo, uma passagem chama a atenção para descrever a diabolização dos totalitarismos ditos de direita e a santificação dos totalitarismos comunistas:  

“Alguns diques se romperam, a linha fortificada da ideologia nem sempre conseguiu se manter intacta, mas o essencial, ou seja, o princípio da desigualdade de tratamento entre o totalitarismo dito de esquerda e o dito de direita permaneceu. A década de 1980-1990 foi marcada pelo reconhecido desmoronamento do socialismo democrático. A década de 1990-2000 foi marcada pelos esforços desenvolvidos, com grande sucesso, para obliterar os ensinamentos advindos dessas experiências históricas” (REVEL, 2001: 147). 

Com referência ao projeto de criminalizar também os símbolos comunistas, Roberto Freire reclamou, no Twitter, que não poderia aceitar tal absurdo, porque ele seria classificado como “criminoso”. O velho comunista, hoje presidente do Cidadania, perdeu o Partidão, mas não o cinismo comunista, que é próprio de todo defensor da Peste Vermelha. 

Roberto Freire retuitou várias mensagens da Fundação Astrogildo Pereira, referente ao “Seminário Internacional do PCB”, ocorrido no período de 8 a 10 de março de 2022, do qual foi um dos palestrantes do evento - cfr. em https://www.fundacaoastrojildo.org.br/seminario-internancional-destaca-os-100-anos-do-partido-comunista-brasileiro/. Como se pode comprovar, Roberto Freire pode não se apresentar mais como um comunista, mas sente uma grande nostalgia do PCB, a exemplo de um cara que teve no passado uma querida namorada ou esposa, e que a “desfruta” de vez em quando para matar a saudade. 

No Twitter da Fundação Astrojildo Pereira, consta: 

“Astrojildo Pereira @FAPAstrojildo 8 de mar

Confira a transmissão do primeiro dia do Seminário Internacional PCB 100 anos.

https://twitter.com/FAPAstrojildo/status/1501241346169917440?s=20&t=LUV3Z9n0a934qQlHPF1Zrw” 

Como se pode observar, a “cláusula do totalitarismo preferido”, enunciado por Revel, referente aos partidos e ideólogos comunistas, continua sendo defendido no Brasil por uma multidão, com unhas e dentes na jugular, a mesma que defende os “bandidos de estimação” existentes no Brasil, a começar pelo maior ladravaz da história nacional, Lula da Silva.

Felix Maier - matéria transcrita do site Percival Puggina - por Blog Prontidão Total 

 

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Golpe Judiciarista e a Democracia de Fachada - Marco Angeli Full

Aqueles que tecem longas e profundas elucubrações sobre um possível ou futuro ‘golpe’ ou desta e daquela ‘intervenção’ perdem seu tempo. 
Estão atrasados.Muito atrasados. O golpe na democracia brasileira já foi dado há muito tempo. Começou lá atrás, quando Celso de Mello, no dia 17 de agosto de 1989, tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo coronel José Sarney. E seguiu em frente, nos anos seguintes, muito bem elaborado e desenvolvido em sua estratégia inicial, enfiando no que seria o poder supremo do país figuras como Marco Aurélio de Mello, indicado por Fernando Collor ou Gilmar Mendes, por Fernando Henrique.

O aparelhamento do poder máximo judiciário foi em frente, recrutando indivíduos como Lewandowski, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Luis Roberto Barroso, Edson Fachin, todos encaixados nas cadeiras por Lula e seu poste sem luz, Dilma Roussef. Finalmente, para completar o quadro, Temer, o conspirador de porão, acabou nomeando Alexandre de Moraes. As consequências desse golpe, que colocou o STF como poder supremo no Brasil, imune e acima de qualquer contratempo como um poder executivo hostil ou um possível levante das forças armadas estão aí, cristalinas, diante dos olhos esbugalhados dos brasileiros.

Hoje, em mais um golpete imoral e anticonstitucional armado desta vez com o PDT, um poder, o judiciário, decreta que nenhum poder tem o poder de fazer exatamente o que eles acabam de fazer: interferir em outro poder.  Por pressuposto, a partir de hoje o STF comanda as Forças Armadas e determina o que elas podem ou não fazer. O Exército brasileiro. Deu pra entender? A decisão, desta vez representada pelo ministro Fux, é tão descabida, oportunista e descarada que parece ter sido feita para retardados, e não para o povo brasileiro.

Ofende a inteligência e a soberania, inclusive, de outra classe: a dos militares. É evidente que quando o STF, através de seus ministros, outorga a si mesmo o papel de controlador máximo dos poderes brasileiros, assume também, sem sequer um voto do povo, o controle da nação e de seu governo ostensivamente, finalizando a estratégia que começou em 1989. Sobre esse golpe justicialista, avisos não faltaram durante anos, como o do cientista político Christian Lynch. Numa situação semelhante, já em 1929-1930, segundo Lynch, a sociedade descrente do aparato institucional - políticos, governantes, partidos - gerou a revolução tenentista, que pegou em armas citando Rui Barbosa para restabelecer a moralidade à força.

O movimento dos tenentes do Exército que ficou conhecido pelos episódios da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana ou a Coluna Prestes acabou fracassando miseravelmente, como se sabe. Já a partir de 1989, o golpe dos judiciaristas usou como arma a caneta ao invés das baionetas. Travestidos, como qualquer grupo golpista, de defensores da moralidade e da democracia, esse grupo, com motivação eminentemente política, foi aplicando o golpe nas instituições, na Constituição, e se blindando de qualquer ataque externo à sua soberania.

O resultado está aí, finalmente, para quem quiser ver: todo e qualquer cidadão brasileiro, do mais rico ao mais miserável é refém, literalmente, do STF, que detém o poder de vida ou morte, censura ou liberdade, direitos básicos como ir e vir e outros sobre todos.  É refém, inclusive, ao que parece, o presidente eleito pelo povo.  A alegação pífia de que uma mudança forçada e radical nesse estado lamentável de coisas seria um ‘ataque à democracia’ não resiste sequer à uma questãozinha simples:

Que democracia?  O Brasil vive apenas um arremedo de democracia, debaixo do tacão autoritário e poderoso de quem realmente dá as cartas por aqui: o STF.  Se a constatação é dura, ou parece surrealista, lembremos que neste país atuam picaretas como um pastor vendendo feijões a 1 mil reais que pretensamente matam o covid-19 e causam uma balbúrdia infernal, obrigando até o Ministério da Saúde a emitir um desmentido. O Brasil é a terra das impossibilidades possíveis. O inimaginável acontece aqui. Charles de Gaulle, quando afirmou que o Brasil não era um país sério, não sabia do que falava. É bem pior do que isso.

Marco Angeli Full é Publicitário, Artista Plástico e Diretor de Criação 

Bela Crítica Suprema

 A atriz Karina Michelin bateu duro no STF.


Vídeo inserido pelo Prontidão Total



domingo, 21 de julho de 2019

Nas entrelinhas - Política, sexo e religião - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

“Não há força no mundo capaz de mudar a realidade das famílias policêntricas e multiétnicas, nem a complexidade das identidades de gênero no estilo de vida contemporâneo”


Clássico da sociologia brasileira, Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, é uma obra polêmica desde sua primeira edição, em 1933, pois desnudou aspectos da formação da sociedade que a elite da época se recusava a considerar. Teve mais ou menos o mesmo impacto de Os Sertões, de Euclides da Cunha, lançado em 1902, a maior e mais importante reportagem já escrita no Brasil. Seu autor descreveu com riqueza de detalhes as características do sertão nordestino e de seus habitantes, além de narrar, como testemunha ocular, a Guerra de Canudos, no interior da Bahia, uma tragédia nacional.

Nas palavras de Antônio Cândido, o lançamento de Casa-Grande & Senzala “foi um verdadeiro terremoto”. À época, houve mais críticas à direita do que à esquerda; com o passar do tempo, porém, Freyre passou a ser atacado por seu conservadorismo. Essa é uma interpretação errônea da obra, por desconsiderar o papel radical que desempenhou para desmistificar preconceitos e ultrapassar valores desconectados da nossa realidade: “É uma obra surpreendente e esclarecedora sobre a formação do povo brasileiro — com todas as qualidades e seus vícios”, avalia Cândido. Consagrou “a importância do indígena — e principalmente do negro — no desenvolvimento racial e cultural do Brasil, que é um dos mais complexos do mundo.”

O presidente Jair Bolsonaro talvez tenha lido Os Sertões, de Euclides da Cunha, porque a Guerra de Canudos faz parte dos currículos das academias militares. Esse foi o livro de cabeceira dos jovens oficiais que protagonizaram o movimento tenentista, servindo de referência para toda a movimentação tática da Coluna Prestes (1924-1927), que percorreu 25 mil quilômetros pelo interior do país. Certamente, porém, não leu Gilberto Freyre, obra seminal sobre a formação da cultura brasileira, traduzida em diversos países. Se o fizesse, talvez conhecesse melhor e respeitasse mais os “paraíbas”, como são chamados os nordestinos por aquela parcela dos cariocas que se acha melhor do que os outros. Ser paraibano é naturalidade, não é pejorativo.

Mas voltemos ao leito antropológico do sociólogo pernambucano. A ideia de que o livro defende a existência de uma “democracia racial” no Brasil, disseminada pelos críticos de Freyre, é reducionista. Casa-Grande & Senzala exalta a formação de nosso povo, mas não esconde as mazelas de uma sociedade patriarcal, ignorante e violenta. A origem dessa crítica é o fato de que o autor destaca a especificidade de nossa escravidão, menos segregacionista do que a espanhola e a inglesa. O colonizador português não era um fanático religioso católico como o espanhol nem um racista puritano como os protestantes ingleses.

Família unicelular
Tanto que Casa-Grande & Senzala escandalizou o país por causa dos capítulos sobre a sexualidade do brasileiro. Entretanto, não foram os indígenas nem os negros africanos que criaram a fama de promíscuo sexual do brasileiro. Foi o sistema escravocrata e patriarcal da colonização portuguesa, que serviu para criar um ambiente de precocidade e permissividade sexuais. Tanto os índios quanto os negros eram povos que viam o sexo com naturalidade, sem a malícia sensual dos europeus.
Freyre lutou como um gigante contra o racismo “científico”, que atribuía aos indígenas e ao africano as origens de nossas mazelas sociais. Há muito mais o que dizer sobre a sua obra, mas o que a torna mais atual é a agenda de costumes do presidente Jair Bolsonaro, que reproduz, em muitos aspectos, características atrasadas e perversas do patriarcado brasileiro, que estão na raiz da violência, da ignorância e do preconceito contra os índios, os negros e as mulheres.

Bolsonaro estabeleceu com eixo de sua atuação a defesa da fé, da ordem e da família. Há um forte ingrediente eleitoral nessa estratégia, mas não é somente isso. Há convicções de natureza “terrivelmente” religiosas e ideológicas, que não têm correspondência com o modo de vida e o imaginário da maioria da sociedade brasileira, com os nossos costumes e tradições, pautados pelo sincretismo e pela miscigenação. No Brasil, tudo é mitigado e misturado, não existe pureza absoluta. Além disso, não se pode fazer a roda da História andar para trás. A família unicelular patriarcal, por exemplo, é minoritária, nem o clã presidencial manteve esse padrão; não há força no mundo capaz de mudar a realidade das famílias policêntricas e multiétnicas, nem a complexidade das identidades de gênero no estilo de vida contemporâneo.

Um dos equívocos de Bolsonaro é acreditar que pode aprisionar a cultura nacional no âmbito dos seus dogmas. Quando investe contra o cinema nacional, a pretexto de que obras como Bruna Sufistinha, um blockbuster da nossa indústria cinematográfica, são mera pornografia e não um retrato da prostituição no Brasil, sua motivação é mais política do que religiosa. Na verdade, deve estar mais incomodado com filmes como Marighella e Democracia em vertigem, que glamoriza a luta armada e enaltece o ex-presidente Luiz Inácio Lula das Silva, respectivamente. [dois lixos: um enaltece um terrorista, um assassino frio, sanguinário e covarde; o outro enaltece um ex-presidente ladrão e atualmente presidiário cumprindo uma sentença e outra na espera para ter iniciado o seu cumprimento.

Felizmente, as duas imundícies terão o mesmo destino de uma outra, elogiando o ladrão = 'Lula, o filho do Brasil', qye foi um sucesso desde que seja como critério o elevado nível de fracasso que alcançou.]  Uma coisa é a crítica à obra cinematográfica, outra é o dirigismo oficial à produção cinematográfica, numa ótica que lembra o cinema produzido durante a II Guerra Mundial.

Pura perda de tempo. Com “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, o Cinema Novo emergiu como resposta à falta de recursos técnicos e financeiros. O que temos hoje no cinema brasileiro resulta da centralidade dada por Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e outros cineastas à discussão dos problemas e questões ligadas à “realidade nacional” e a uma linguagem inspirada na nossa própria cultura. “Domesticar” a cultura popular é uma tarefa tão inglória como foi a censura à música popular no regime militar, tanto quanto obrigar os jovens a manter a virgindade até o 
casamento e mandar os gays de volta para dentro dos armários.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB 


segunda-feira, 24 de junho de 2019

Os ancestrais da Lava-Jato

Por que ainda não condenei a Lava-Jato 

Vale a pena discutir a tese de Luiz Werneck Vianna, que compara operação ao tenentismo nos anos 20

Por ter sempre defendido a Operação Lava-Jato, sofri algumas críticas por não tê-la condenado agora, com o material divulgado pelo Intercept.  Na verdade, escrevi dois artigos sobre o tema. Provavelmente, não os acham adequados aos tempos de julgamento rápido e linchamento em série que a atmosfera da rede propicia. Há algumas razões para isso. Uma de ordem pessoal: o trabalho — às vezes imerso na Mata Atlântica e em outros biomas — não me permite olhar o telefone de cinco em cinco minutos. Há também uma razão de ordem prática: o próprio Glenn Greenwald, o jornalista que apresenta as denúncias, anunciou que tem um grande material sobre o tema e que vai divulgá-lo até o fim. Possivelmente, dada a dimensão, talvez compartilhe a análise com outras empresas de comunicação.

Portanto, Greenwald anuncia um jogo longo. Estamos apenas na primeira parada técnica. No final da partida, voltamos a conversar.  No momento, não me importo que me julguem rapidamente, pois esse é o espírito do tempo. Nem que me culpem por apoiar a Lava-Jato. De um modo geral, as pessoas que o fazem são as mesmas que culpo por omitirem os erros da esquerda, sobretudo a colossal roubalheira que tomou conta do país nos últimos anos. Portanto, jogo jogado. No entanto, vale a pena discutir, por exemplo, a tese do cientista político Luiz Werneck Vianna, que compara o papel da Lava-Jato ao do tenentismo nos anos 20. Na época em que ele lançou essa ideia, por coincidência, eu estava lendo o livro de Pedro Doria sobre o tenentismo. Concorde-se ou não com as teses de Werneck, ele lança um tema que merece ser discutido e estudado porque nos remete a alcance histórico mais longo que a sucessão diária no Twitter.

Werneck tem uma visão crítica da Lava-Jato. Considera que o objetivo dos procuradores é mais corporativo e que se esforçam para concentrar poder e, possivelmente, benefícios.  Mas se examinamos o momento mais tenso do tenentismo, a Revolta dos 18 do Forte, veremos que também eles costumam ser classificados de corporativistas. Em tese, estariam reagindo às criticas oficiais que maculavam a honra dos militares.
O tenentismo repercute por toda a década de 20 em espasmos distintos, inclusive a Coluna Prestes. Muitos dos integrantes do movimento são nome de rua em várias cidades do país.  O tenentismo lutava contra um poder concentrado na oligarquia de Minas e São Paulo, a chamada aliança café com leite. A Lava-Jato já encontra tantos anos depois um sistema mais bem distribuído nacionalmente e atinge quase todos os partidos.  Quando a candidatura de Nilo Peçanha enfrenta a oligarquia, existe uma tentativa de conquista da opinião da classe média para as teses do que se chamava Reação Republicana.

Aqui de novo uma grande diferença. A inspiração da Lava-Jato foi a Operação Mãos Limpas, na Itália. Nela estava contida também a necessidade de convencer a opinião pública.  Os meios de hoje são mais potentes, e a própria opinião pública, mais articulada e desenvolvida. Os tenentes estavam dispostos à ação armada, ainda que em condições dramaticamente desfavoráveis. A Lava-Jato optou pelo caminho legal. O que realizava na prática era passível de confirmação ou veto pelas instâncias superiores. Havia nela o mesmo fervor dos tenentes que esperavam com ação consertar o Brasil.

Dentro do quadro jurídico, ela sobreviveu até agora. Os julgamentos de seus atos foram públicos. No momento, sofre um ataque especial. Dificilmente um movimento histórico dessa dimensão não se desgasta com a divulgação de conversas íntimas que se acham protegidas da divulgação. Lendo o livro sobre o gênio político de Abraham Lincoln, a sensação é de que, se algumas conversas fossem vazadas como hoje, também seriam incômodas. Para abolir a escravatura, foi preciso um toma lá dá com parlamentares, ainda que em número pequeno. Isso não justifica nada. Apenas reforça a tese de que um julgamento depende de dados, de um contexto e, sobretudo, de verificação de sua autenticidade.

Por que tanta pressa, se garantem que é devastador o material contra a Lava-Jato?

 
 

 

terça-feira, 23 de junho de 2015

"Pelo menos isso"

"Nada veio de graça. Estudei e trabalhei muito para conquistar cinco mandatos parlamentares. Esse, aliás, é um conselho que gostaria de dar àqueles que têm dúvidas sobre o que querem para suas vidas: tracem planos, mentalizem e visualizem-se no futuro, todos têm condições de conquistar seus sonhos e objetivos".

O conselho de Augusto Nardes é perfeito. Não há, no entanto, garantia de que funcione para todos. Uma pitada do Destino sempre ajuda ou atrapalha muito...


O ministro nasceu em Santo Ângelo, RS. Cidade onde nasceu e de onde partiu a Coluna Prestes que tanto barulho e tantas reviravoltas fez em nosso país. Sabe-se lá se a Santo Ângelo está destinado outra vez um papel marcante em nossa história?  Por enquanto, o que o ministro conseguiu foi ter seu nome conhecido por simples membros da sociedade, como eu, sem nenhum vínculo com a política a não ser um interesse constante por tudo que se refere ao Brasil.

... Não acredito que o TCU acabe por rejeitar suas contas, mas se por obra e graça de Santo Ângelo o fizer, duvido que o Congresso aprove o parecer do TCU. Mas uma coisa mais do que positiva conseguimos: Augusto Nardes pediu a Renan Calheiros a retomada das votações das contas presidenciais...


De agora em diante, seus passos serão seguidos e pode ser que ele, que tanto estudou para ser político, chegue ao mais alto cargo da República. Quem sabe?  Há quem ache que a manobra do TCU para adiar a prestação de contas de Dilma Roussef foi um drible a mais, daqueles que fazem o time perder a partida. Outros pensam que foi uma jogada de mestre. Nessa seara não me meto, mal compreendo minhas contas, que dirá os 13 pontos nebulosos que dona Dilma terá que esclarecer, por escrito, em 30 dias a partir de anteontem, quarta-feira, 17 de junho.

Imagino - e é isso mesmo que quero dizer, imagino - que dona Dilma vá exigir explicações de Guido Mantega e Arno Augustín e que vá tentar repassar para eles a culpa dos erros, se erros houve. Mas creio que desta vez isso não vá funcionar. Afinal, ela é a presidente desde 2011 e, pelo que faz questão de demonstrar, é a Manda-Chuva Sabe-Tudo. Não tem muito como fugir disso.

Como disse Augusto Nardes: "As contas são dela. Tudo foi prestado por ela. Por isso, é a presidenta que precisa ser ouvida".  Não acredito que o TCU acabe por rejeitar suas contas, mas se por obra e graça de Santo Ângelo o fizer, duvido que o Congresso aprove o parecer do TCU.

Mas uma coisa mais do que positiva conseguimos: Augusto Nardes pediu a Renan Calheiros "a retomada das votações das contas presidenciais que costumam ficar paradas na Comissão Mista de Orçamento (CMO). Desde 2002, o Congresso não vota os pareceres do TCU".

Tive que ler mais de uma vez as linhas acima. Custei a crer que estivesse lendo isso mesmo. Desde 2002 o TCU trabalha à toa? Faz papel de bobinho e o Congresso não lhe dá a mínima?

Continuo com palavras do ministro Nardes: "Senti uma excelente boa vontade do presidente Renan em conversa que já tivemos. Ele disse que priorizaria isso. (...) é um avanço para a sociedade brasileira e também para os congressistas, porque a principal função do Congresso é fiscalizar as contas da República. E nós damos um parecer técnico. Já há declarações do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e também já senti do presidente Renan que isso possa acontecer".

Ficaremos com uma dívida junto a Renan Calheiros e Eduardo Cunha. Mas nem tudo pode ser perfeito, não é? Quanto mais não seja, ‘pedaladas fiscais’ nunca mais. Dona Dilma que se contente com sua bike pelas ruas de Brasília.

Fonte: * Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa* - Professora e tradutora.
https://www.facebook.com/mhrrs e @mariahrrdesousa

Transcrito:  www.brickmann.com.br


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Lideranças dos atos vão, agora, pressionar o Congresso

Membros do Vem Pra Rua e MBL avaliam que o foco deve ser Brasília – e não pretendem convocar manifestações de rua por ora

[é conveniente que a pressão se concentre na remoção da Dilma - por ser este o único ponto convergente de todos que foram às ruas.
Os organizadores dos movimentos citados e de outros não citados,  mas que também se destacam, não podem dispersar o foco de pressão, já que não representam todos os movimentos e, menos ainda, todos os manifestantes.
Assim, para não perder o foco, o essencial é pressionar o Congresso para que aceite abrir processo de impeachment contra a Dilma - antes que outras alternativas tenham que ser adotadas.
O argumento da não existência de provas contra a soberana búlgara é manobra dispersiva, enrolação, já que as provas surgirão durante o processo de impedimento - além do mais, nada sendo provado, o processo se encerra, a presidente continua destruindo o Brasil e o POVÃO (que já está sendo forçado a economizar na comida) vai saber se é melhor: 
- comer democracia; 
- ou comida de verdade.
O importante é manter como PRIORIDADE TOTAL a remoção da Dilma - o resto virá naturalmente.
O número de manifestantes que foi as ruas não ter sido superior ao de 15 de março, não é importante. A manifestação de ontem CONFIRMOU o firme propósito de remover Dilma - propósito movido pela necessidade de um Brasil  melhor, que jamais será alcançada Dilma e/ou a petralhada permanecendo no governo.
E o mais importante é que as convocações feitas por Lula não são mais atendidas - nem pelos manifestantes pagos, já que eles não confiam que vão receber o combinado.]


Depois de reunir cerca de 600.000 pessoas em quase 200 cidades neste domingo, as lideranças dos movimentos que organizam protestos contra a presidente Dilma Rousseff e o PT adotarão um novo foco: ao invés de convocar manifestações de rua, os movimentos Brasil Livre e Vem Pra Rua pretendem agora pressionar o Congresso.

Já na próxima sexta-feira, o MBL pretende dar início a uma caminhada de São Paulo a Brasília - o trajeto tem como ponto de partida a Praça Panamericana, na Zona Oeste da capital paulista. Assim como o Vem Pra Rua, o grupo entende que, mais do que seguir mobilizando brasileiros nas ruas, é preciso pressionar o Congresso a aprovar suas pautas. Sobre a caminhada de mais de mil quilômetros, Renan Haas, um dos líderes do MBL, brinca: "Vai ser tipo a coluna prestes dos reaças".

 Flávio Brado, um dos líderes do Vem Pra Rua, reafirma que o foco agora é levar as demandas populares a Brasília. "Nesta semana, formalizaremos item por item o que tem de ser feito. O voto distrital puro e não obrigatório será uma dos pedidos do grupo".

Os dois grupos celebram o número de manifestantes que saiu às ruas neste domingo. Embora menor em total de público do que as manifestações 15 de março, os protestos de 12 de abril conseguiram maior capilaridade e espalharam-se por mais cidades. "Foi positivo porque a mensagem dessa vez ficou clara. Ninguém estava aqui por uma pauta genérica de corrupção, mas todos os grupos estavam pedindo o impeachment de Dilma Rousseff", diz Haas. Brado tem opinião semelhante: "Mais importante que o número de pessoas aqui em São Paulo, que já sabemos que nos apoia, foi conseguirmos duplicar, triplicar, o número de municípios que tiveram manifestações contra o governo".

Leia também: indignação contra Dilma e o PT continua em alta......Veja OnLine