Thiago Braga No início de agosto deste ano, eu escrevi uma coluna
aqui na Gazeta da Povo explicando como historicamente a decapitação
fazia parte da cultura militar dos muçulmanos, e como essa prática foi
usada indiscriminadamente na Península Ibérica a partir do século VIII.
Estamos em outubro no meio de mais uma guerra sangrenta no mundo, e
aquele artigo volta a ser relevante pelo mesmo terror aplicado há
séculos: decapitações.
No sábado, dia 7 de outubro,
os terroristas do Hamas, lançaram uma série de ataques contra Israel.
Quem, com um mínimo de humanidade, não se chocou com o assassinato em
massa e intencional que matou mais de 200 civis em uma festa próximo a
Gaza?
Eles foram atirando em banheiros químicos, um a um, sem saber quem
estava dentro deles. Crianças e bebês foram assassinados e tiveram seus
corpos queimados pelos terroristas; mulheres estupradas; os terroristas
publicaram fotos e filmagens das vítimas mortas no próprio Facebook
delas, e foi desse jeito bizarro que algumas famílias souberam da morte
de seus parentes.
Mas os terroristas islâmicos
mataram muitas pessoas usando um velho método bem típico deles:
decapitação! Esse método repulsivo de matar tem sido muito usado não só
nesses ataques do Hamas, mas em especial nas últimas duas décadas as
decapitações têm sido usadas para chocar. Você deve se lembrar de várias
cenas dos terroristas do Estado Islâmico divulgando filmagens de
prisioneiros americanos prestes a serem decapitados em frente à câmera.
E
assim como todos os maiores grupos terroristas islâmicos do mundo, eles
justificam seus ataques nos procedentes históricos registrado em
crônicas islâmicas. Os terroristas islâmicos estão entre os maiores
exemplos de como a história pode se repetir... E da sua forma mais
terrível possível.
A
decapitação de reféns tem a intenção de transmitir duas mensagens. A
primeira é o puro horror, direcionado ao público ocidental. A segunda,
dirigida ao mundo islâmico, é aquela através da qual os terroristas
pretendem mobilizar as massas muçulmanas
E
a professora Maribel Fierro, nesse mesmo estudo que mencionei
anteriormente, o “Decapitation of Christians and Muslims in the Medieval
Iberian Peninsula: narratives, images, contemporary perceptions”
(Decapitação de cristãos e muçulmanos na Península Ibérica medieval:
narrativas, imagens e percepções contemporâneas) mostra as
justificativas históricas e religiosas dadas por esses mesmos
terroristas pra continuarem essas práticas literalmente medievais.
Na p.
140 ela cita um especialista francês em radicalismo islâmico, o
professor Gilles Kepel, e mostra como essa prática de “showbusiness”
inspira fascinação mórbida em especial em públicos mais jovens.
Kepel
mostra o maior impacto que decapitações podem ter na vítima e em quem
assiste, comparado por exemplo a explosões, que não causam o mesmo tipo
de conexão com as vítimas, como acontece com essas decapitações.
E
aqui nós chegamos no ponto alto da correlação histórica feita por esses
extremistas: a professora Fierro, ainda citando Kepel diz que “ele
salientou como é importante para militantes islamistas reprojetar suas
práticas políticas para o passado para onde eles consideram ser a
verdadeira e original tradição islâmica.” Para eles, a decapitação “é a
forma de execução mais islâmica”, particularmente a execução de homens
que foram feitos prisioneiros. “Assim, a decapitação de reféns tem a
intenção de transmitir duas mensagens. A primeira é o puro horror,
direcionado ao público ocidental. A segunda, dirigida ao mundo islâmico,
é aquela através da qual os terroristas pretendem mobilizar as massas
muçulmanas e, assim, procurar legitimação numa perspectiva religiosa.”
Portanto, o fator religioso está sempre presente na mente desses
extremistas islâmicos, a política nunca é o único fator, a religião
islâmica é um fator determinante nessas ações.
E
agora na p. 141 a professora destaca a parte onde os terroristas
defendem que a decapitação é a forma “mais islâmica de execução.” E aqui
ela cita o terrorista Abu Mus ab al Zarqawi, ex-jihadista famoso do
Al-Qaeda no Iraque... ex-jihadista porque ele já morreu, graças a Deus.
Em maio de 2004, depois de ter decapitado o americano Nicholas Berg ele
declarou a legitimidade do assassinato dizendo que “O Profeta (Maomé)
ordenou a decapitação de alguns dos prisioneiros de Badr, que tinham
suas mãos amarradas. Ele é nosso padrão e um bom exemplo a ser seguido.”
Na imagem acima a gente pode ver como eles seguem exatamente esse
precedente histórico: mãos amarradas para trás, e em seguida
decapitação.
E aqui no artigo a professora atesta esse precedente
histórico relatado desde 822 por cronistas muçulmanos pioneiros, como
Al-Waqid na sua crônica Maghazi, embora Saladino fosse contra a ideia de
matar um inimigo com suas mãos amarradas.
Nas
últimas décadas, muitos extremistas islâmicos têm aterrorizado o mundo
com suas táticas macabras e literalmente medievais. Eles se consideram
soldados de uma "Guerra Santa", e, portanto, os fins extremos sempre justificam os meios
mais extremos ainda. E isso é um problema quando ondas e mais ondas de
imigrantes muçulmanos chegam no Ocidente: no meio de pessoas de bem,
milhares de terroristas estão camuflados... Até que não queiram estar
mais; mas nesse caso, já pode ser tarde demais.
Thiago Braga, colunista - Gazeta do Povo - VOZES