O Globo
Ele reciclou a usina de besteiras de Bolsonaro
Ao mandar [???] Jair Bolsonaro para casa, o Brasil parecia ter se livrado de um encosto. [encosto? supomos que o adjetivo está sendo utilizado no sentido 'religioso' e, segundo a Wikipédia, o adjetivo encosto, significa "... é um fenómeno maligno provocado a alguém por uma entidade exterior ou nomeadamente um próprio espírito malicioso ou demônio. Considerando ser o emissor dos desastrados comentários (que não são os primeiros nem serão os últimos) o demônio encarnado, não cabe atribuir a presença do encosto ao ex-presidente.] Durante a pandemia, esse espírito duvidava da vacina, sugeria que o vírus da Covid-19 havia sido fabricado na China e exaltava a cloroquina. Lula recolocou o Brasil nos eixos na questão ambiental e atravessou o mundo para resgatar o encosto, escorregando na casca de banana de Gaza.
Nesta semana, em Adis Abeba, ele disse que “o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”. Com isso, abriu uma crise e foi declarado persona non grata pelo governo de Israel.
Lula já havia costeado o alambrado dias antes, no Cairo, com duas frases:
— O Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e o sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de “ato terrorista”.
Falso. O ataque do Hamas aconteceu no dia 7 de outubro. Cinco dias depois o Itamaraty informou que a classificação do Hamas como organização terrorista competia à ONU. Posteriormente é que falou em terrorismo.
Lula acrescentou:
— Não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel. A pretexto de derrotar o Hamas, está matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra que eu tenha conhecimento.
Ressalvada a falta de conhecimento, essa afirmação foi um exercício de retórica amparada na ignorância.
A fala de Adis Abeba teve a ver com a classificação do comportamento de Israel em Gaza como “genocídio”. Que as tropas de Benjamin Netanyahu cometem crimes de guerra, é certo. Genocídio é outra coisa, é um ato deliberado de exterminar um povo, esteja ele onde estiver.
Em junho de 1944, com a guerra perdida, os alemães capturaram os 400 judeus que viviam na Ilha de Creta. Naquele mês, o brasileiro Benjamin Levy, a mulher e a filha foram presos em Milão e deportados para o campo de Bergen-Belsen.