O
PT, cuja essência é autoritária sempre requereu para si o monopólio do poder, da virtude e da verdade. Logrou
ascender ao cargo mais alto da República na quarta vez depois da escalada
persistente de Luiz Inácio da Silva, cuja imagem cuidadosamente construída
simbolizou o proletário para estar de acordo com a teoria de classes de Karl
Marx. Ele nunca foi um proletário – homem pobre com família numerosa que só tem
por bens sua prole – e sim, por breve tempo, esteve entre os metalúrgicos que
compõem a elite do operariado.
Conquistado o poder o PT se
desfez do monopólio da virtude, pois se no Brasil a corrupção é histórica e
endêmica, a militância petista dos altos cargos transformou seu partido no mais
corrupto de toda nossa história. .Quanto ao monopólio da verdade evidenciou-se na prática ao contrário, ou
seja, da propaganda enganosa às contabilidades
criativas o governo do PT fez da mentira
sua arma de sustentação e manutenção no poder. Nesta linha de conduta os
petistas abusaram do contraditório, contradizendo o que antes afirmavam como o
próprio Luís Inácio que se disse uma metamorfose ambulante.
Além do mais, petistas nunca
erram sendo os outros são sempre os culpados. Em outra estratégia o governo dividiu para
governar estimulando o ódio entre ricos e pobres e, num esdrúxulo recorte da
luta de classes promoveu o embate entre
brancos e negros, heterossexuais e homossexuais.
Na
recente campanha que terminou com uma pequena diferença a favor de Rousseff a exacerbação da mentira teve contornos
sórdidos e logrou transformar primeiro, Marina, depois Aécio, em monstros
perniciosos que ao lado dos banqueiros matariam os coitadinhos dos pobres de
fome e lhes tiraria todos os benefícios presenteados pelo pai Lula. Marina seria a
vacilante, a homofóbica. Aécio
o bêbado que batia em mulher. Essas e outras sandices eram difundidas
incessantemente na propaganda eleitoral gratuita, em palanques onde Rousseff
“fez o diabo” e Luiz Inácio parecia necessitado de um exorcismo. Conforme a revista Veja, odiada
por Lula e demais companheiros: “o PT
distorceu fatos, falsificou a história e manipulou eleitoralmente a divulgação
de informações, jogando o nível da disputa na lama”.
No seu discurso após ser
reeleita, Rousseff
lançou Luiz Inácio ao chamá-lo duas vezes de presidente. Portanto, nem bem
terminou uma campanha outra já começou como demonstração do projeto que visa á
continuidade do PT no poder. Contudo, seria interessante considerar alguns
fatos:
1º – Luiz Inácio perdeu feio no seu
berço político, São Paulo, onde não logrou eleger o terceiro poste. Perdeu no
Rio de Janeiro, no Sul e em vários Estados. Seu partido, ainda que continue
forte, perdeu deputados, senadores, governadores.
2º – O primeiro mandato da
criatura, arrasador para a economia, tende a piorar neste segundo com aumento
da inflação, da inadimplência, da queda da renda, do desemprego e do
crescimento zero.
3º – O PT tanto utilizou o ódio
como ferramenta de divisão social que conseguiu implantar esse sentimento na
sociedade. Isto apareceu de modo inequívoco no comportamento antipetista que se
alastrou praticamente pela metade dos eleitores durante a campanha, de modo
nunca havido e que tende a continuar.
4º – O projeto golpista do governo
de criação de comitês populares ou sovietes foi derrubado na Câmara, enquanto
vai se armando no Congresso uma oposição que inclui parte do PMDB.
5º – Partidos estão se
engalfinhando por ministérios e demais cargos e vai ser difícil contentar a
todos, a menos que Rousseff acrescente mais ministérios aos 39 já existentes
com as devidas repercussões negativas para os cofres públicos.
Disto se deduz que Luiz Inácio e
seu partido nunca enfrentaram tantas dificuldades. Entretanto, não se pode
subestimar poderio petista. Para enfrentá-lo seria necessário o surgimento
lideranças parlamentares de fato oposicionistas e a manutenção da lucidez antipetista na sociedade. Se tal não acontecer e
o governo dominar o STF nos moldes bolivarianos, domesticar o Congresso e a
sociedade não reagir, a ditadura da militância se instalará de vez através de
uma constituição feita à sua imagem e semelhança, da censura aos meios de
comunicação, de outras medidas autoritárias que implantem a sonhada democracia
de massas. Ainda é tempo de não virarmos uma Venezuela e sistemas congêneres da
América Latina. Todavia o perigo existe porque os embriões da falsa democracia
já estão plantados no Brasil.
POR: Maria Lucia
Victor Barbosa é escritora e socióloga. www.maluvibar.blogspot.com.br