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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Sabem o que significam as manifestações do lado de fora do TRF-4? ABSOLUTAMENTE NADA



Para relator, Lula era o chefe da organização criminosa

O relator João Pedro Gelbran Neto acolheu a sentença do juiz Sergio Moro e, segundo ele, todas as declarações, delações de ex-diretores e dos políticos envolvidos no esquema indicam que o ex-presidente Lula era o chefe da organização criminosa. 

Era ele quem decidia quando havia discordância entre os membros do cartel e os políticos, como quando ele ameaçou demitir todo o conselho da Petrobras que não queria indicar Paulo Roberto Costa diretor da empresa. O relator partiu também da teoria de que é possível condenar se todos os indícios corroboram numa mesma direção, mesmo que não exista ato de ofício.


Análise: Terapia de desilusões  

A defesa titubeou e não transformou o processo numa causa

Há um choque de realidade no julgamento de Porto Alegre. Em parte, está nas cenas explícitas (ao vivo) do tribunal. São eloquentes sobre o funcionamento das instituições. Um ex-presidente da República no banco dos réus em tribunal de segunda instância indica efetividade na ação da Justiça. É, no mínimo, didático a um país que sequer completou três décadas de redemocratização.

Também inédito e relevante é a presença ostensiva da Petrobras na bancada da acusação. Com o peso de seus 64 anos de história, embalados na bandeira do nacional-estatismo que até hoje alimenta sonhos de poder de parte das forças autoproclamadas de esquerda, a empresa pediu a condenação do ex-presidente. A Petrobras declarou-se "vítima" de Lula. 

 Apoiou o Ministério Público, que assim resumiu acusação: "Lamentavelmente, Lula se corrompeu."

A defesa titubeou. Cumpriu a "tabela" do rito processual, e não transformou o processo numa causa, algo que Lula realizou com competência, como mostram as manifestações do lado de fora do tribunal. Na política, choques de realidade podem ser úteis na terapia de desilusões com a democracia.

José Casado, jornalista - O Globo 

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Janot torpedeia Dilma, Lula e o PT



As decisões da Procuradoria-Geral da República divulgadas na última terça-feira criam sérios obstáculos ao futuro político do ex-presidente Lulaalém de reforçar a tese do impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e colocar figuras proeminentes do “lulopetismo” em maus lençóis, com potenciais riscos de se tornarem inelegíveis para a disputa de 2018.

O mais grave dos movimentos da PGR foi o pedido de abertura de inquérito contra Dilma, Lula, José Eduardo Cardozo, atual advogado-geral da União, e Aloízio Mercadante, ministro da Educação, por tentativa de obstrução da Justiça. O processo já está com o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e deve resultar em condenação, tendo em vista que tanto o ambiente no Supremo – bastante hostil a Lula – quanto a abundância de provas comprometem os investigados.

A acusação contra Dilma – ter tentado obstruir o andamento da Operação Lava-Jato – reforça, sem nenhuma dúvida, a tendência de aprovação do impeachment no Senado e deve levar à adesão de mais alguns senadores à tese. Hoje, mais de 54 apoiam a saída da presidente do governo.

Outra consequência é o enfraquecimento da imagem de Dilma no STF, reduzindo dramaticamente as suas chances de obter alguma decisão interlocutória na Corte sobre o andamento do impeachment no Senado. À espera de fato novo, Dilma poderia recorrer ao STF. Mas como fazê-lo se seu advogado está sendo acusado de promover obstrução da Justiça?

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ainda a inclusão de Lula, Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria de Governo, Jaques Wagner, entre outros, no inquérito da Operação Lava-Jato que já tramita no STF. Cabe ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo, autorizar a inclusão ou não dos novos suspeitos no inquérito, que já abrange 39 pessoas. No pedido, Janot sugere que Lula era o “chefe da organização criminosa” que explorou a Petrobras.

Para piorar o que já estava muito ruim, o empresário Ronan Maria Pinto, envolvido nas investigações do assassinato, em 2002, do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, foi indiciado pelo juiz Sergio Moro no âmbito da Lava-Jato. A prisão de Ronan pode ter impacto no andamento do caso, sob exame no STF há mais de dez anos!
Os fatos da última terça-feira apontam para o comprometimento definitivo de Lula, que provavelmente gastará o resto de sua vida política se defendendo no STF de acusações variadas. Inclusive aquelas que poderão afetar casos antigos, como o mensalão e o já mencionado assassinato.

A acusação a Lula, caso confirmada, pode resultar em sua inelegibilidade para 2018, bem como a de próceres do PT como Wagner, Mercadante, Berzoini e Cardozo.  Enfim, trata-se de um verdadeiro Titanic partidário que pode ceifar lideranças importantes que poderiam sustentar a bandeira do PT com alguma chance eleitoral.

Fonte: Murillo Aragão