As decisões da Procuradoria-Geral
da República
divulgadas
na última terça-feira criam sérios
obstáculos ao futuro político do ex-presidente Lula – além de reforçar a tese do impeachment contra a presidente
Dilma Rousseff e colocar figuras proeminentes do “lulopetismo” em maus lençóis, com potenciais riscos de se
tornarem inelegíveis para a disputa de 2018.
O mais grave dos movimentos da
PGR foi o pedido de abertura de inquérito contra Dilma, Lula, José Eduardo
Cardozo, atual
advogado-geral da União, e Aloízio
Mercadante, ministro da Educação, por tentativa de obstrução da Justiça. O processo já está com o ministro Teori
Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e deve resultar em condenação, tendo em vista que tanto o ambiente no Supremo – bastante hostil a Lula – quanto a abundância de provas comprometem os investigados.
A
acusação contra Dilma – ter tentado
obstruir o andamento da Operação Lava-Jato – reforça, sem nenhuma dúvida, a tendência de aprovação do impeachment no Senado e
deve levar à adesão de mais alguns senadores à tese. Hoje, mais de 54 apoiam a saída da presidente do governo.
Outra consequência é o
enfraquecimento da imagem de Dilma no STF, reduzindo dramaticamente as suas chances de obter
alguma decisão interlocutória na Corte sobre o andamento do impeachment no
Senado. À espera de fato novo, Dilma
poderia recorrer ao STF. Mas como fazê-lo se seu
advogado está sendo acusado de promover obstrução da Justiça?
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu
ainda a inclusão de Lula, Ricardo Berzoini, ministro da Secretaria de Governo,
Jaques Wagner, entre outros, no inquérito da Operação Lava-Jato que já tramita
no STF. Cabe ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no
Supremo, autorizar a inclusão ou não dos novos suspeitos no inquérito, que já
abrange 39 pessoas. No pedido, Janot sugere
que Lula era o “chefe da organização criminosa” que explorou a Petrobras.
Para piorar o que já estava muito
ruim, o empresário Ronan Maria Pinto, envolvido nas
investigações do assassinato, em 2002, do petista Celso Daniel, ex-prefeito de Santo
André, foi
indiciado pelo juiz Sergio Moro no âmbito da Lava-Jato. A prisão de Ronan pode
ter impacto no andamento do caso, sob exame no STF há mais de dez anos!
Os fatos
da última terça-feira apontam para o comprometimento definitivo de Lula, que provavelmente gastará o resto de sua vida política se
defendendo no STF de acusações variadas. Inclusive aquelas que poderão
afetar casos antigos, como o mensalão e
o já mencionado assassinato.
A acusação a Lula, caso
confirmada, pode resultar em sua inelegibilidade para 2018, bem como
a de próceres do PT como Wagner, Mercadante, Berzoini e Cardozo.
Enfim, trata-se de um verdadeiro Titanic partidário que pode ceifar lideranças
importantes que poderiam sustentar a bandeira do PT com alguma chance
eleitoral.
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