O que
estamos vivendo é diferente. Acusado de ser um “ditador”, o presidente
legítimo da República sofre severa e majoritária oposição do Congresso e
a ela se submete.
Recebe antagonismo frontal, cumpre ordens mesmo se
esdrúxulas e acumula interferências do STF em seu governo. É
cotidianamente atacado, vinte e quatro horas por dia, sete dias por
semana, pela quase totalidade dos grandes meios de comunicação do país.
Expressa sua indignação, muitas vezes de modo grosseiro, mas jamais
prendeu um jornalista, censurou um veículo ou recolheu uma edição seja
lá do que for.
Como se vê,
fica difícil diante desse quadro reconhecer a narrativa lançada ao
mundo pela mídia e pelos partidos de esquerda a respeito dos momentos
opressivos que estamos a enfrentar em nosso país. Nesse concurso de
narrativas, em cuja plateia sentamos como cidadãos consumidores de
informação, resulta impossível desconhecer a falta de sintonia entre as
mentiras contadas e a realidade vivida.
Sim, há
opressão. Sim há medo no ar. Sim, a democracia, constrangida, está em
licença. Sim, as idéias consagradas nas urnas de 2018 são recusadas por
instituições da República.
Sim, a vontade popular é objeto de desprezo, a
voz das ruas renegada e quando se expressa não é ouvida.
Sim, a
Constituição é ruim, mas muito pior é o que fazem com ela! Sim, há
censura, mas por ações concretas do STF.
Sim, temos jornalistas presos,
não pelo governo, mas pelo Supremo.
Sim, há também uma censura privada,
nas plataformas das redes sociais, em parte por conta própria, em parte
por ordens judiciais.
Como em Cuba, há jornalistas presos, um deles em
greve de fome, como em Cuba. Mas aqui, presos e censurados são
apoiadores do presidente...
A tudo, o
Congresso Nacional consente, incapaz de cumprir seu papel, por temor e
ciência das vergonhas de tantos de seus membros.
Aliás, a maioria se
vale das condições inerentes ao totalitarismo em curso para aprovar
qualquer coisa em benefício próprio e em favor da impunidade dos
corruptos e dos ímprobos. Não é assim nos totalitarismos?
Selando a
trama sinistra, cai sobre tais malefícios o silêncio da mídia militante,
que só tem um assunto, um alvo e um objetivo: descarregar os males de
uma democracia irreconhecível e o absoluto descrédito em que mergulharam
as instituições sobre a pessoa do presidente da República.
Com quanto
pesar escrevo este pequeno diagnóstico, pedindo a Deus que suste as mãos
das quais saem os golpes contra a liberdade de seus filhos!
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.