Para manter Lula na disputa, petistas apostam na fragilidade da lei eleitoral e no poder de convencimento dos caciques do partido para atrair o PSB
[O PT = perda total = sabe que se Lula conseguisse ser candidato, seria derrotado, (Lula não tem os votos que os seguidores de sua seita dizem ter) mas, atrairia alguns votos que dariam uma sobrevida ao partido perda total;
Lula não sendo candidato - e não será - o perda total não chega a dezembro próximo.]
O PT prepara estratégias políticas e jurídicas para chegar ao segundo turno das eleições. O caminho, no entanto, não vai ser fácil. No campo eleitoral, a dificuldade é convencer o PSB a embarcar na campanha petista e evitar o fortalecimento de Ciro Gomes, do PDT, na esquerda. Pelo lado da Justiça, os petistas estudam brechas na legislação que possam render recurso que convença a ministra Laurita Vaz, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a conceder um habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A aposta da legenda
em Lula continua firme e forte. Embora caciques do partido admitam que
há alternativas — como Jaques Wagner, ex-governador da Bahia; e Fernando
Haddad, ex-prefeito de São Paulo —, eles não dão o braço a torcer,
animados, inclusive, por resultados de pesquisas eleitorais. A última
sondagem da XP, divulgada na sexta-feira, após tentativa do PT de soltar
o ex-presidente com um recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal
da 4ª Região (TRF-4), mostrou um aumento do desempenho do ex-presidente
nas intenções de voto de 28% para 30%.
A
decisão do desembargador Rogério Favreto de conceder habeas corpus a
Lula foi revertida pelo presidente do TRF-4, Thompson Flores, mas gerou
impacto positivo ao petista, avalia o deputado federal w.d. (PT-RJ), vice-líder do partido na Câmara dos Deputados. “Todas as
pesquisas mostram que ele sobe. O episódio de domingo acabou sendo um
fator positivo, politicamente falando”, destaca. Com esses indicativos, o
PT promete manter Lula como postulante na corrida eleitoral. “É óbvio
que ele será nosso candidato. Que partido abriria mão da sua maior força
eleitoral? Dia 15 de agosto, vamos registrar a candidatura no TSE
(Tribunal Superior Eleitoral)”, [garante o fracassado em mais uma tentativa de soltar lula - fingindo esquecer que Lula mesmo solto é ficha suja e não pode ser candidato.]
O partido e a defesa do ex-presidente estudam, agora, uma nova
estratégia para liberar Lula, tendo como base as decisões de Laurita no
STJ, que negou, na semana passada, mais de 260 habeas corpus a favor do
ex-presidente. A maioria sustentada com base em um pretenso fato novo,
de que Lula é pré-candidato e, por isso, deve ser solto. As centenas de
indeferimentos mostram aos advogados que a tática adotada deve seguir
por outro caminho. “Vamos tentar tudo que estiver ao nosso alcance,
dentro da lei, para tentar liberar o presidente Lula. Mas ainda não
temos nada definido”, admite o deputado.
Alianças
No
campo eleitoral, o PT espera alinhar o discurso com o PSB. Para isso, o
diretório nacional, capitaneado pela presidente da legenda, senadora
Gleisi Hoffmann (PR), estuda oferecer apoio a candidaturas estaduais
pessebistas em Pernambuco, Amapá, Amazonas, Tocantins, Rondônia e
Paraíba. A oferta petista balançou a cúpula da legenda, mas ainda não há
nada fechado, uma vez que as negociações com o PDT estão em estágio
avançado.
A ideia de coligar com uma legenda
cujo presidenciável se encontra preso, somada às dificuldades em
conseguir alguma vitória na Justiça que o libere, é uma situação que
constrange líderes dos partidos com quem o PT mantém conversas,
sobretudo diante da impossibilidade de Lula assumir a Presidência da
República caso seja eleito, devido à Lei da Ficha Limpa. Por esse
motivo, o PR, que conversou com os petistas, não cogita uma coligação. O
partido ofereceu, em troca, o posto de vice em uma chapa com o
empresário Josué Alencar, filho do ex-vice de Lula, José Alencar. A
proposta foi bem avaliada por Wagner, mas rechaçada pela cúpula do PT.
Diante
das dificuldades em chegar ao segundo turno, há quem defenda, no PT, o
registro da candidatura de Haddad ou Wagner. No último dia antes da
definição dos nomes nas urnas, em 17 de setembro, o escolhido seria
substituído por Lula. O especialista em direito eleitoral Marcellus
Ferreira Pinto, do escritório Nelson Wilians e Advogados Associados,
acredita que “o PT vai tirar proveito das brechas eleitorais”, que,
segundo ele, não são poucas.
Para o analista político
Cristiano Noronha, sócio da Arko Advice, o TSE deve se manifestar antes
de 17 de setembro sobre o registro de Lula. “Já vão ter transcorrido
quase 20 dias de propaganda de rádio e televisão. Acho que a Justiça
Eleitoral não vai dar tanto tempo para responder”, pondera.
Correio Braziliense