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domingo, 5 de março de 2023

Fábrica de mentiras - Mentira se permite só para um lado – e Lula parece ter descoberto que pode ir dobrando a aposta

O Estado de S. Paulo - J. R. Guzzo

 O presidente da República acaba de dizer, com a combinação de má-fé, de má-educação e de ignorância que habitualmente utiliza quando quer se exibir como “chefe de Estado”, que o Brasil não cresceu “nada” em 2022. É uma mentira grosseira, mal-intencionada e irresponsável. 
 
O Brasil cresceu 3% no ano passado – mais do que a China, a maravilha permanente da economia universal, coisa que não acontecia havia mais de 40 anos. [só não cresceu mais, devido a queda havida no quarto trimestre de 2022 - exatamente no trimestre em que o mentiroso que presidente o Brasil, passou a ter chances concretas de ser declarado presidente da República.]
Como assim, “nada”? Na mesma linha: a Petrobras, que, segundo ele, está em “ruínas” e precisa ser “reconstruída”, deu lucro de quase R$ 190 bilhões em 2022, o maior de sua história. 
Segundo o presidente da República, o MST “nunca invadiu terra produtiva” – quando está fazendo exatamente isso no presente momento, no sul da Bahia e na cara de todo mundo. 
É como se houvesse, no cargo mais importante do País, uma linha de montagem para a produção permanente de mentiras.
Diante do desastre em formação em seu governo, Lula corre para a mentira.
Diante do desastre em formação em seu governo, Lula corre para a mentira. Foto: Wilton Junior/Estadão

Onde está, diante desta manipulação de notícias comprovadamente falsas, o alto-comissariado de combate às fake news e ao “discurso do ódio” que acaba de ser criado no “Ministério dos Direitos Humanos”?  
Onde estão os furiosos inquéritos criminais e perpétuos do STF contra a “desinformação”? 
Onde estão as agências de “verificação” de fatos? Estão no mais perfeito silêncio, é claro, pois seu objetivo nunca foi combater notícias falsas ou promover a verdade, mas, sim, censurar e reprimir a liberdade de expressão de quem se opõe a Lula, ao PT e à esquerda em geral. 
Mentira é algo que se permite só para um lado – e Lula parece ter descoberto que pode ir dobrando a sua aposta até o infinito. Diz, agora, que o Brasil não cresceu “nada” em 2022. 
Vai dizer amanhã que o seu governo criou o salário mínimo de R$ 25 mil por mês, acabou com a saúva e inventou o ovo frito.
 
A mentirada de Lula tem método. Talvez nunca se tenha visto antes na história deste País um governo capaz de produzir tanta notícia ruim, em tão pouco tempo, como o Lula 3. 
 Eles conseguiram, em dois meses, aumentar os preços da gasolina – que vinham baixando. 
Vão taxar as exportações da Petrobras, o que é puro dinamite. 
As queimadas na Amazônia bateram recorde em fevereiro. 
Neste mesmo mês, a venda de veículos teve o seu pior desempenho em 17 anos; o da Bolsa foi o pior dos últimos 22 anos.
O MST, que manda cada vez mais no governo
, se propõe a destruir o setor mais produtivo da economia brasileira.  
A política econômica está a cargo de um esquadrão de homens-bomba. 
Lula não sabe como lidar com nada disso. Diante do desastre em formação, corre para a mentira.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo
 

terça-feira, 16 de maio de 2017

A prisão de Bolsonaro nos anos 1980

O artigo em VEJA e a prisão de Bolsonaro nos anos 1980

Em 1986, na seção 'Ponto de Vista', capitão se queixava do salário. No ano seguinte, VEJA revelava plano de oficiais para provocar explosões em quartéis

O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), pré-candidato à Presidência da República, admitiu em 1987 ter cometido atos de indisciplina e deslealdade para com os seus superiores no Exército, segundo revelação feita nesta segunda-feira em reportagem do jornal Folha de S. Paulo.

A admissão ocorreu em uma investigação interna conduzida pelo Exército com base em um artigo e uma reportagem publicados por VEJAo primeiro, escrito pelo próprio Bolsonaro, foi publicado em 1986 e nele o capitão reclama que “o salário está baixo”; a segunda, em 1987, revela que ele elaborou um plano que previa a explosão de bombas em quartéis e outros locais estratégicos no Rio de Janeiro. “Como capitão do Exército brasileiro, da ativa, sou obrigado pela minha consciência a confessar que a tropa vive uma situação crítica no que se refere a vencimentos. Uma rápida passada de olhos na tabela de salários do contingente que inclui de terceiros-sargentos a capitães demonstra, por exemplo, que um capitão com oito a nove anos de permanência no posto recebe – incluindo soldo, quinquênio, habitação militar, indenização de tropa, representação e moradia, descontados o fundo de saúde e a pensão militar – exatos 10.433 cruzados por mês”, escreveu no artigo publicado na edição de VEJA de 3 de setembro de 1986.

´[é pacífico ser da autoria do hoje deputado federal JAIR BOLSONARO - próximo presidente da República - o artigo  'O SALÁRIO ESTÁ BAIXO'; 
quanto a alegada explosão de bombas se percebe que o atual deputado fez ironias com a potência da explosão ('algumas espoletas') deixando claro ser uma brincadeira, talvez de mal gosto, inconveniente, mas, uma brincadeira.
A prova cabal da inocência de Bolsonaro é que o Superior Tribunal Militar, instância máxima da Justiça Militar da União, considerou Bolsonaro INOCENTE.]

“Esse quadro é a causa sem retoques da evasão, até agora, de mais de oitenta cadetes da Aman [Academia Militar das Agulhas Negra]. Eles solicitaram desligamento. Não foram expulsos, como sugere o noticiário”, escreve Bolsonaro, citando notícias que relatavam que dezenas de militares haviam sido expulsos por “homossexualismo, consumo de drogas e uma suposta falta de vocação para a carreira”. “Em nome da verdade: é preciso esclarecer que, embora tenham ocorrido efetivamente casos residuais envolvendo a prática de homossexualismo, consumo de drogas e mesmo indisciplina, o motivo de fundo é outro. Mais de 90% das evasões se deram devido à crise financeira que assola a massa dos oficiais e sargentos do Exército brasileiro”.

No final do artigo, Bolsonaro diz que “torna público este depoimento para que o povo brasileiro saiba a verdade sobre o que está ocorrendo”. “Corro o risco de ver minha carreira de devoto militar seriamente ameaçada, mas a imposição da crise e da falta de perspectivas que enfrentamos é maior. Sou um cidadão brasileiro cumpridor dos meus deveres, patriota e portador de uma excelente folha de serviços. Apesar disso, não consigo sonhar com as necessidades mínimas que uma pessoa do meu nível cultural e social poderia almejar”.

Após a publicação do artigo, Bolsonaro foi preso por “transgressão grave”, acusado de “ter ferido a ética, gerando clima de inquietação no âmbito da organização militar” e também “por ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial”.

Bombas
Em 1987, na edição de 25 de outubro, VEJA publicou a reportagem “Pôr bombas nos quartéis, um plano na Esao [Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais]”, mostrando que Bolsonaro e outro militar, Fábio Passos, tinham um plano de explodir bombas em unidades militares do Rio para pressionar o comando.

“Só a explosão de algumas espoletas”, brincou Bolsonaro, instado a responder se planejava alguma operação para mostrar a insatisfação da categoria. “Sem o menor constrangimento, Bolsonaro deu uma detalhada explicação sobre como construir uma bomba-relógio. 

O explosivo seria o trinitrotolueno, o TNT, a popular dinamite. O plano dos oficiais foi feito para que não houvesse vítimas.

 A intenção era demonstrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro (do Exército) Leônidas Pires Gonçalves”, relatava VEJA. “De acordo com Bolsonaro, se algum dia o ministro do Exército resolvesse articular um golpe militar, ‘ele é que acabaria golpeado por sua própria tropa, que se recusaria a obedecê-lo’. ‘Nosso Exército é uma vergonha nacional, e o ministro está se saindo como um segundo Pinochet’”. 

Assim que a reportagem foi publicada, “o ministro do Exército, numa entrevista de 40 minutos na porta do Palácio do Planalto, defendeu a estabilidade do governo, assegurou que detém o comando de sua tropa e acusou VEJA de ter fraudado uma notícia publicada em sua última edição”, relatou a edição seguinte de VEJA, de 4 de novembro de 1987. “Os dois oficiais envolvidos, eu vou repetir isso, negaram peremptoriamente, da maneira mais veemente, por escrito, do próprio punho, qualquer veracidade daquela informação”, disse o ministro. “Quando alguém desmente peremptoriamente e é um membro da minha instituição e assina embaixo, em quem eu vou acreditar?”. Em seguida, respondeu à própria pergunta, esclarecendo que acredita “nesses que são os componentes da minha instituição – e eu sei quem é minha gente”.

(...)

Bolsonaroque sempre negou a autoria de plano para colocar bombas em unidades militares – recorreu ao Superior Tribunal Militar (STM). A Corte, por 8 votos a 4, considerou Bolsonaro “não culpado” dessa acusação, já que havia dois laudos inconclusivos em relação à autoria dos esboços publicados por VEJA.  

Sobre o artigo publicado na revista em que Bolsonaro reclamava de salários, o STM decidiu que “o justificante assumiu total responsabilidade por seu ato e foi punido com 15 dias de prisão.”

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui
 

Fonte: Revista VEJA