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domingo, 9 de abril de 2023

Quem tem medo da Unasul? - O Globo

Na noite em que Jair Bolsonaro foi eleito, Paulo Guedes deu uma amostra do que os novos ocupantes do poder pensavam sobre a América do Sul. Ele festejava a vitória num hotel da Barra da Tijuca, a poucos metros da casa do presidente eleito.Ao ouvir uma pergunta sobre o Mercosul, o futuro ministro acusou o bloco de ser dominado por “inclinações bolivarianas”. Em seguida, engrossou com uma repórter do jornal argentino Clarín. “O Mercosul não será prioridade. Era isso que você queria ouvir?”.

Por birra ideológica, o bolsonarismo torpedeou décadas de esforços pela integração regional. Hostilizou países vizinhos, esvaziou a cooperação econômica e ressuscitou a velha política de alinhamento automático aos Estados Unidos. Em abril de 2019, o capitão anunciou pelo Twitter que o Brasil sairia da União de Nações Sul-Americanas, a Unasul. [decisão acertadíssima.] Depois de quatro anos, o presidente Lula acaba de formalizar o retorno à entidade. [EXCELENTE!!! cada vez que o apedeuta presidente destrói alguma realização do presidente Bolsonaro, está também destruindo uma ponte que poderia levar o atual DESgoverno a um final menos infeliz; 
-  cada vez que o boquirroto presidente fala alguma coisa, destrói alguma realização do governo do capitão, e planeja construir algo (só planeja, realizar que é bom, nada) é mais um ponto para a oposição. Aliás, hoje recomendamos aos que querem ler algo criticando, com fundamentação, o DESgoverno atual,  de um texto do  jornal o Globo - parece até escrito pela oposição ao ex-presidiário.]

Apesar de terem muito em comum, os países da região levaram quase dois séculos para dividirem a mesma mesa. A primeira reunião dos 12 presidentes sul-americanos só aconteceu em 2000, por iniciativa de Fernando Henrique Cardoso.Oito anos depois, Lula assinaria o tratado de criação da Unasul. O subcontinente vivia uma maré de governos de centro-esquerda, mas a entidade estava longe de ser monolítica. Entre seus fundadores, figuravam o colombiano Alvaro Uribe e o paraguaio Nicanor Duarte.

Apesar da presença de conservadores, a direita brasileira estrilou. Olavo de Carvalho escreveu que a Unasul teria “poderes para impor o socialismo a todo o continente”. Nesta sexta, o deputado Kim Kataguiri definiu a Unasul como uma “associação de países de regime socialistas (sic), todos extremamente autoritários”. “Não se sabe se o órgão agirá como uma união soviética latina ou um fórum de ditadores do narcotráfico”, [pretendem ser uma URSS latina, uma associação de ditadores narcotraficantes e tudo o mais que não prestar] emendou o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança.

Na última edição dos “Cadernos de Política Exterior”, a embaixadora Eugênia Barthelmess lançou a pergunta: “Quem tem medo da integração da América do Sul?”. A diplomata anotou que os 12 países da região têm PIB conjunto de US$ 3,6 trilhões. [incluindo o PIB do Brasil (PIB em 2022 do Brasil: US$ 1,92 trilhão)  sem o Brasil, o PIB da Unasul cai a menos da metade;
 e, se prosperar a ideia do Brasil se associar a Unasul, tal 'casamento' só dura até o final do governo Lula, evento que se aproxima a cada vez que o 'estadista de fundo de quintal' abre a boca.] representariam a quinta economia do mundo, atrás da Alemanha e à frente da Índia.

O potencial da cooperação não se limita à esfera comercial. Ao somar forças, os sul-americanos podem ampliar sua voz em negociações de temas como defesa, desenvolvimento, saúde e combate às mudanças climáticas. O Brasil é quem tem mais a ganhar com a atuação conjunta. O país concentra quase a metade do território, da população e da economia do subcontinente. A Unasul tem defeitos a serem corrigidos, mas abandoná-la foi uma atitude contrária ao interesse nacional. Para a embaixadora Barthelmess, a medida significou uma “abdicação de liderança brasileira”. “Em nome de rancores cultivados na esfera da política doméstica, sacrificaram-se princípios tradicionais de política exterior do país”, resumiu. [liderar não é, necessariamente, demonstração da importância do líder; muitas vezes, especialmente no caso da Unasul, os liderados são tão sem importância, que liderá-los compromete a imagem do líder.]

Bernardo M. Franco, jornalista - O Globo

 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Os doze desafios hercúleos de Lula depois da vitória sobre Bolsonaro

Derrotar Jair Bolsonaro foi apenas a primeira tarefa de uma complexa e extensa lista de obstáculos que o presidente eleito terá pela frente

A sabedoria política ensina que muitas vezes é mais fácil ganhar uma eleição do que governar. 
No primeiro volume de suas memórias, o ex-­presidente americano Barack Obama conta que, após a vitória nas urnas, ele e sua equipe se questionaram se, diante da magnitude da catástrofe econômica, não deveriam ter preparado o país para as dificuldades que estavam no horizonte. 
Obama também lembra que, no dia em que foi empossado, ouviu num sermão que ele, como novo mandatário, seria lançado às “chamas da guerra” e da “ruína econômica”. O recado era claro: o desafio dele estava só começando. 
O Brasil não está em guerra, mas saiu da eleição de 2022 dividido, em clima de hostilidade e com focos de conflagração. 
O Brasil também não vive uma fase nova de ruína econômica, mas tem 33 milhões de pessoas com fome, 40 milhões de trabalhadores na informalidade e uma série de outros problemas, como um rombo gigantesco nas contas públicas. Eleito no último domingo, Lula terá, portanto, de enfrentar pelo menos doze desafios hercúleos em diferentes frentes, domésticas e externas (veja abaixo).  
Entre eles, o mais urgente é pacificar o país. Não será fácil.

Os sinais de dificuldade apareceram logo após a divulgação do resultado do segundo turno, no qual Lula recebeu 60 345 999 votos, novo recorde nacional, e Jair Bolsonaro, 58 206 354 votos, a menor diferença entre dois candidatos a presidente desde a redemocratização. Apoiadores de Bolsonaro, que se tornou o primeiro mandatário a fracassar na tentativa de reeleição, não aceitaram a derrota, bloquearam rodovias e, em alguns casos, passaram a defender uma intervenção militar a fim de impedir a posse de Lula, o único brasileiro a conquistar três vezes a Presidência em eleições diretas.[também o único brasileiro a se tornar presidente sendo ladrão, ex-presidiário, mentiroso doentio e outras coisas mais - todas negativas.]    Esses focos de insurreição ganharam corpo diante do silêncio do presidente em fim de mandato. Contrariando uma tradição democrática, Bolsonaro demorou 45 horas para se manifestar sobre o desfecho da votação e, quando o fez, entoou um discurso pouco assertivo. Sobre os bloqueios de rodovias, mostrou-se inicialmente compreensivo e solidário. “Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, declarou, encenando o eterno papel de vítima — sem provas — de fraude. Em seguida, ele emendou uma recriminação tímida, afirmando que “manifestações pacíficas são bem-vindas”, mas que os atos não podem cercear o direito de ir e vir.

Em público, Bolsonaro não reconheceu a derrota nem citou nominalmente o presidente eleito. [nenhuma lei obriga o presidente Bolsonaro reconhecer derrota, falar sobre o adversário, passar a faixa presidencial - Bolsonaro continua presidente com mandato até 31 dezembro 2022 e o outro,  candidato eleito para o futuro mandato.] Mesmo assim, ele determinou, como manda a lei, o início formal da transição de governo.

A partir de agora, a faixa presidencial passará de forma gradativa do capitão, que tentará se manter como o principal líder da direita no Brasil (veja a matéria na pág. 42), para Lula, que escreveu um novo capítulo de redenção em sua biografia, depois de ter ficado preso 580 dias e ter sido proibido de disputar a eleição de 2018 em razão de condenação imposta no âmbito da Operação Lava-­Jato (veja a matéria na pág. 32). 

No discurso da vitória, como era esperado, o petista fez um apelo pela união nacional. “A partir de 1º de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo, uma grande nação”, declarou. Na campanha, Lula montou uma coligação de dez partidos e se apresentou como representante de uma frente ampla em defesa da democracia, em contraposição a Bolsonaro, que personificaria um projeto de extrema direita e autoritário.[enquanto o eleito faz discurso fake de união nacional, os petistas  querem vingança, com sangue nos olhos e faca nos dentes.]

Um dos desafios do presidente eleito é reproduzir o modelo eleitoral e formar um governo plural, capaz de dialogar com setores que têm resistência ao PT. Não faltam nomes para ajudar nessa empreitada, como a senadora Simone Tebet (MDB), a ex-ministra Marina Silva (Rede Sustentabilidade) e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Quatro vezes governador de São Paulo e candidato derrotado por Lula no segundo turno da corrida presidencial de 2006, Alckmin foi escalado para coordenar a transição de governo em razão de sua notória experiência administrativa. Também pesou na decisão a intenção do presidente eleito de dar credibilidade ao discurso de que o governo não será apenas do PT.

 Correndo contra o tempo, Lula também delegou ao petista Wellington Dias, senador eleito pelo Piauí, a negociação com o Congresso do Orçamento da União de 2023. O tema é espinhoso. Na quarta-feira passada, Dias confirmou que o salário mínimo terá reajuste acima da inflação. Outras promessas de campanha também devem ser cumpridas, como a manutenção do valor de 600 reais do Auxílio Brasil e a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 000 reais por mês.[está chegando o Natal, época de Papai Noel e sempre haverá crédulos que o eleito vai cumprir essas promessas - o valor que o petista eleito prometeu para o Auxilio Brasil seria os R$ 600,00 de agora, mais R$ 150,00 para cada criança até seis anos.]

O problema é que essas medidas têm custo para os cofres públicos, e até agora não se sabe como serão financiadas. Relator da proposta de Orçamento, o senador Marcelo Castro (MDB-PI), aliado de longa data de Lula, estima que faltem 100 bilhões de reais para fechar a conta de todas as despesas previstas. 
Este não é o único problema a ser resolvido por Lula, já que o petista também disse que acabaria com o chamado orçamento secreto, que prevê 19 bilhões de reais para deputados e senadores enviarem às suas bases eleitorais em 2023. 
Os parlamentares não aceitam abrir mão desses valores. Ciente disso, o presidente eleito trabalha com a possibilidade de negociar uma redução da quantia, além de uma regra determinando que parte do dinheiro seja destinada a áreas específicas, como saúde e educação. A forma como esse nó das emendas de relator será desatado pode definir as bases da relação entre Lula e o Congresso. “Está dado que as emendas de relator serão mantidas. Qualquer novidade terá de ser fruto de uma ampla negociação do Congresso com a nova equipe econômica”, disse Marcelo Castro antes de se reunir pela primeira vez com Wellington Dias.
 
Durante a campanha, Lula comparou o orçamento secreto a um esquema de corrupção, sem apresentar um caso específico de quem desviou dinheiro para o próprio bolso. Fez uma acusação baseada na falta de transparência e de fiscalização dos recursos, mas genérica.  
Em seus dois mandatos sim, conforme processos julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), houve compra de apoio parlamentar por meio do mensalão e do petrolão, os dois maiores escândalos de corrupção descobertos e punidos na história do país. 
O recurso ao suborno foi adotado porque o PT e seus aliados não tinham sozinhos votos para formar maioria no plenário. 
Em 2023, eles enfrentarão o mesmo problema. Na Câmara, por exemplo, as legendas da coligação eleitoral de Lula só elegeram 122 dos 513 deputados. Para ampliar a futura base governista, interlocutores do presidente eleito intensificaram conversas com representantes de siglas de centro, como o MDB de Simone Tebet, o PSD e o União Brasil. Petistas também dão como certo que parcela dos parlamentares do Centrão, grupo que apoiou Bolsonaro, aderirá ao governo porque não gosta de ser oposição nem sabe desempenhar esse papel.

Tudo dependerá dos termos do acerto. “Se o Lula se desvencilhar dos ortodoxos do PT, será bem-sucedido. Se segui-los, será derrotado”, diz um ex-parlamentar influente nas gestões petistas, que pediu para não ser identificado. “Se o Lula botar a cabeça no lugar, dividir o Centrão e atrair o chamado centrinho, o quadro será diferente”, acrescentou. Desde a sua fundação, o PT sempre foi acusado de ter postura hegemônica e dificuldade para dividir o poder. A conjuntura do país, que está rachado e desmantelado, forçou Lula a buscar novas alianças. A dúvida é se os novos parceiros de centro e de direita abraçados durante a campanha eleitoral conseguirão impor algumas de suas ideias, sobretudo no campo da economia. Alguns deles são favoráveis a que o presidente eleito tente aprovar uma reforma administrativa, como forma de conseguir uma folga fiscal que permita a ampliação dos programas sociais e das medidas de combate à fome. O tema sempre enfrentou a rejeição de servidores públicos e da base petista, mas esses mesmos grupos foram contrariados em 2003, quando Lula, em seu primeiro ano de mandato, aprovou uma reforma da Previdência.

Na época, havia a necessidade de dissipar as dúvidas do mercado e demonstrar compromisso com a responsabilidade fiscal, o que também ocorre agora. Os novos aliados, sobretudo economistas liberais, também defendem a manutenção do teto de gastos (veja matéria na pág. 52). “A prioridade na área econômica será a volta ao respeito ao teto de gastos, porque isso é que vai viabilizar a volta da confiança e, em consequência, um crescimento sustentável”, diz Henrique Meirelles, presidente do Banco Central no governo Lula. 

Além de tentar reduzir a miséria e impulsionar o PIB, que cresceu em média pouco mais de 4% em seus dois mandatos, Lula terá de lidar com outra dezena de missões complicadas. Uma delas é devolver protagonismo no cenário externo ao Brasil, que se tornou um “pária internacional” na gestão de Bolsonaro, conforme expressão cunhada pelo ex-chan­celer bolsonarista Ernesto Araújo. Outra é melhorar a imagem do país no que diz respeito ao meio ambiente.

(...)

Quando deixou a Presidência, em 2010, Lula costumava se gabar de ser o presidente mais popular da história do país. Dez anos depois, ele conquista o direito de retornar ao cargo apesar de ser rejeitado por pelo menos 40% da população, segundo as pesquisas. Boa parte dos apoios que recebeu durante a campanha não foi motivada por concordância com suas propostas, até porque poucas foram apresentadas ao eleitorado, mas por aversão a Bolsonaro e sua retórica autoritária. Com a saída de cena do capitão, a manutenção desses apoios dependerá do desempenho do novo governo no enfrentamento de problemas tão diversos e complexos. A volta por cima — do petista e do país — ainda depende da superação de desafios hercúleos. Perto deles, ganhar de Bolsonaro foi apenas o começo.

OS DOZE TRABALHOS
A lista de desafios que Lula terá de enfrentar

1 REDUÇÃO DA POBREZA
Como em 2002, Lula considera prioridade combater a miséria e acabar com a fome, que atinge 33 milhões de brasileiros, segundo estimativa repetida por ele durante a campanha. Além da preservação do Auxílio Brasil nos moldes atuais, pretende-se estimular a geração de empregos, por meio da retomada de grandes obras de infraestrutura, e o empreendedorismo na base da pirâmide social, com a ajuda de bancos públicos

2 PACIFICAÇÃO DO PAÍS
O Brasil está rachado, como ficou claro no resultado do segundo turno, decidido pela menor diferença de votos desde a redemocratização. Quando governou o país, Lula adotou a estratégia do “nós contra eles” e falou em exterminar o DEM. Alvo de retórica parecida, o petista estendeu a mão na campanha a antigos adversários, como Geraldo Alckmin e Simone Tebet, com os quais conta para estabelecer um diálogo entre o futuro governo e setores que rejeitam o PT

3 GOVERNO PLURAL
Eleito por uma coligação formada por dez partidos, de esquerda e de centro, Lula disse durante a campanha que não fará um governo do PT, mas em linha com a frente democrática que representa. O histórico petista, no entanto, é um dos obstáculos para que esse modelo plural se torne realidade. Além das brigas internas, em seus governos o partido sempre ocupou os principais cargos, relegando aos aliados postos de pouca expressão

4 ORÇAMENTO SECRETO
Lula prometeu acabar com o mecanismo, chamado de grande esquema de corrupção em sua propaganda eleitoral. Ele nunca explicou como resolverá a questão, mas adiantou que tentará reduzir a quantidade de verbas orçamentárias reservadas para as emendas de relator, de cerca de 19 bilhões de reais em 2023, ou pelo menos obrigar que elas sejam destinadas a áreas prioritárias, como saúde e educação

5 CRESCIMENTO ECONÔMICO
Nos dois mandatos de Lula, o PIB cresceu pouco mais de 4% ao ano, a melhor média em décadas. Na ocasião, o cenário externo era favorável, o que não ocorre agora. A dúvida, ainda não esclarecida, é qual será a política econômica e o receituário para estimular a atividade econômica. Poucas pistas foram dadas. Entre elas, a retomada de grandes obras, o estímulo às micro e pequenas empresas e a promessa de uma reforma tributária

6 EQUILÍBRIO FISCAL
Lula terá de conciliar o compromisso de governar com zelo pelas contas públicas às promessas de manter o valor de 600 reais do Auxílio Brasil e de isentar do imposto de renda quem ganha até 5 000 reais por mês. Uma das ideias em estudo é aprovar uma regra que permita desrespeitar o teto de gastos no caso de algumas despesas específicas, como o programa de transferência de renda. Henrique Meirelles, um dos cotados para o ministério, é defensor do teto

7 DESCONFIANÇA DOS MERCADOS
Nas poucas vezes em que se manifestou sobre economia na campanha, Lula desagradou a investidores por defender a revogação do teto de gastos, a revisão da reforma trabalhista e rechaçar as privatizações. Numa tentativa de tranquilizar os mercados, garantiu que haverá responsabilidade fiscal, como em seu primeiro mandato. A resposta não é satisfatória, mas há boa vontade do outro lado do balcão. No dia seguinte à vitória, o dólar caiu, e a bolsa subiu

8 REFORMAS
No seu primeiro mandato, Lula aprovou uma reforma da Previdência. Mais tarde, ele também tentou votar uma reforma tributária, mas fracassou. Uma nova ofensiva para mudar o sistema de impostos é dada como certa, mas há um projeto mais ambicioso: alguns aliados defendem uma reforma administrativa, que sempre foi rechaçada pelo PT. Com ela, dizem, será aberto espaço fiscal para bancar programas assistenciais dentro do teto de gastos

9 PODERES
O país experimentou um ambiente permanente de faroeste institucional. Lula promete baixar a temperatura, apostar no diálogo e aprofundar laços com alguns representantes das cúpulas do Legislativo e do Judiciário, aos quais credita a retomada de seus direitos políticos e boa parte da resistência à pregação autoritária de Bolsonaro. A meta é consolidar pontes, inclusive com parlamentares e magistrados que lhe fizeram oposição no passado

10 IMAGEM INTERNACIONAL
Lula conta com o prestígio que amealhou em seu governo para devolver protagonismo no cenário externo ao Brasil, que se tornou um pária internacional na gestão de Jair Bolsonaro, conforme definição do ex-chanceler Ernesto Araújo. Presidentes de países das Américas e da Europa já felicitaram o presidente eleito, que tem como fragilidade nessa seara a postura — que vai da benevolência ao apoio explícito — diante de ditadores amigos

11 CORRUPÇÃO
Os governos do PT protagonizaram os dois maiores esquemas de corrupção da história do país, o mensalão e o petrolão. Apesar disso, Lula não apenas se recusou a fazer um mea-culpa sobre escândalos como esgrimiu a tese de que ambos só foram descobertos porque as administrações petistas eram transparentes. Controversa, essa retórica ajuda a entender por que o presidente eleito tem tanta dificuldade para discorrer sobre o assunto

12 GOVERNABILIDADE
Os partidos da coligação de Lula elegeram 122 deputados federais e também não fizeram maioria no Senado. Ele, portanto, terá de negociar no Congresso a fim de aprovar projetos. As conversas com partidos de centro, como o MDB e o PSD, já estão em andamento. O desafio será firmar uma parceria dispensando mecanismos de cooptação de apoio parlamentar, sejam eles pretéritos, como o mensalão, ou atuais, como o orçamento secreto

Publicado em VEJAedição nº 2814 de 9 de novembro de 2022

Colaborou Hugo Marques



sábado, 3 de setembro de 2022

Segundo turno é uma nova eleição? E o papel da mobilização - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os levantamentos mais recentes aumentaram a expectativa de a eleição presidencial deste ano ser decidida em dois turnos. O desfecho da trama depende, em última instância, de as terceiras vias, nas versões mais ou menos centristas, conseguirem reter os votos diante da pressão que virá (já está vindo) da esquerda. [a esquerda a cada nova notícia se dana toda; Bolsonaro leva no primeiro turno, com as bênçãos de DEUS.]

Numa conversa esta semana veio do interlocutor a dúvida sobre se o segundo turno é sempre "uma nova eleição”. Tecnicamente sim, pois o eleitor tem de ir novamente à seção eleitoral, digitar o número do candidato e apertar “confirma”. Mas, a dúvida não é essa: é se a corrida recomeça do zero, ou quase. Em geral não.

A esta altura, o pensamento do eleitor atento à corrida presidencial já está percorrendo dois circuitos: sua escolha no primeiro turno e em quem votará caso o segundo turno seja disputado entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Na mente desse eleitor, os dois turnos já correm em paralelo.

Segundos turnos são tanto mais “uma nova eleição" quanto menos previstos. Se Simone Tebet conseguir a dupla façanha de ultrapassar Ciro Gomes e um dos dois líderes, e se a decisão ficar para 30 de outubro, o segundo turno será mesmo, em boa medida, uma nova eleição.[Mulheres! não esqueçam que a feminista Simone considera que as mulheres são ideais para arrumar uma casa. No Brasil a expressão é muito usada quando se quer dizer que uma casa está precisando de uma limpeza geral. = faxina. Será complicado o empoderamento das mulheres com uma 'líder' pensando assim.]

Mas, quando acontece o mais provável, quando o previsto prevalece, cenários de segundo turno são estruturados essencialmente no primeiro. São uma continuidade do primeiro. Em particular, costumam ser uma extensão da reta final do primeiro. Um exemplo cristalino aconteceu em 2018.

Os levantamentos na quinzena final do primeiro turno apontavam para um equilíbrio entre Bolsonaro e Fernando Haddad no possível segundo turno. Mas o arranque do capitão na reta final do primeiro turno fez, até por uma certa inércia, ele abrir o segundo turno exibindo larga vantagem sobre o petista.

Até hoje esse contraste entre o que diziam as pesquisas antes do primeiro turno e o que elas mostraram depois é explorado pelos apoiadores do presidente como uma evidência de as pesquisas terem errado. Não erraram, mudou foi o estado de espírito de parte do eleitorado que antes se mostrava algo indiferente ou distante. A campanha de Bolsonaro espera fazer do 7 de setembro uma alavanca para o arranque rumo ao 2 de outubro. A ideia faz sentido, pois o capitão precisa ou ultrapassar ou chegar o mais próximo possível de Lula, neste caso para minimizar o risco decorrente dos apelos da esquerda pelo voto útil.

Claro que há uma variável complicadora: uma forte mobilização bolsonarista acelerar a convergência do antibolsonarismo em torno do candidato do PT. Aconteceu com sinal trocado em 2018: a espetacular demonstração de força do #elenao desencadeou uma ainda mais expressiva reação conservadora.

Mas quem entra em campo tem de jogar. Ficar parado não costuma ser inteligente. Menos ainda para quem está correndo atrás. Já Lula está jogando parado por enquanto, mas sua diferença real para o presidente, entre cinco e dez pontos percentuais, talvez tampouco recomende ficar estacionado na zona de conforto. 

Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político. 

 

quarta-feira, 27 de julho de 2022

A sinceridade de Bolsonaro - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que Jair Bolsonaro “acreditava sinceramente” que a cloroquina era um remédio eficaz contra a Covid-19. A esta altura, a pandemia já matou mais de 677 mil pessoas no Brasil. A doutora disse isso para respaldar o pedido de arquivamento das conclusões da CPI da Covid. É direito da Procuradoria-Geral da República acreditar sinceramente no seu pedido de arquivamento. Caberá ao STF decidir o que fazer com as denúncias.

Hoje, estima-se que de cada cem pessoas, 27 não acreditam que os astronautas americanos foram à Lua. Nesse grupo, 21 têm o ensino médio completo. Vinte em cada cem acham que a Terra é plana.

O relatório da CPI que a doutora prefere arquivar informa que no dia 24 de março de 2020 Bolsonaro anunciou, em rede nacional, que “o vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará”. Como? Talvez com a cloroquina. Voltou ao assunto no dia 24 de outubro: “No Brasil, tomando a cloroquina no início dos sintomas, 100% de cura”. Na véspera haviam morrido 566 pessoas, e o total de mortos estava em 156.528. [necessário lembrar que na ocasião do anúncio em rede nacional, no qual o presidente incluiu o advérbio talvez, não existia nada que fosse comprovadamente eficaz contra a pandemia; primeira dose de vacina aplicada ocorreu no reino unido no inicio de DEZEMBRO/2020, mesmo assim, nada garantia sua eficácia.
Em um quadro de incertezas, o direito de cada um acreditar, e defender, que acredita é aumentado. Ainda que milhões de brasileiro não tenham acreditado no presidente, não tiveram disponibilidade de um trtamento alternativo ao defendido pelo presidente.
Ainda hoje, as vacinas contra a covid-19 não são eficazes em evitar as contaminações pela covid-19 - felizmente, possuem elevada eficácia em reduzir a gravidade dos sintomas e a consequente mortalidade.]

Bolsonaro tem uma queda por substâncias e iniciativas mágicas. Acredita nos efeitos econômicos milagrosos do nióbio e do grafeno. Chegou a anunciar que visitaria uma empresa de militares americanos que pesquisa a transmissão de energia elétrica sem fios. Seria um milagre para a Amazônia. Felizmente, não foi à empresa.

Acreditar que a Terra é plana, que o homem não foi à Lua e que a cloroquina controla a Covid-19 é um direito de cada um. Cardeais e Papas acreditavam em coisas desse tipo. Em 1600, a Inquisição romana queimou Giordano Bruno por defender as ideias de Copérnico, para quem a Terra girava em torno do Sol. (A estátua de Bruno, no Campo das Flores, em Roma, informa: “Aqui ardeu a fogueira”.)

Em 2020, Bolsonaro demitiu dois ministros da Saúde porque não acreditavam nas virtudes da cloroquina. Bruno metia-se com ocultismos. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich nunca se meteram com mágicas e não foram queimados.  [Teich até hoje não sabe as razões pelas quais aceitou o convite para ser ministro; já o Mandetta, a exemplo de Moro, tentou usar o cargo para conspirar contra Bolsonaro e formar cacife para disputar a Presidência da República. Ao que se sabe disputa com frequências partidas de sinuca]. Um terraplanista convicto pode ter acreditado sinceramente que a cloroquina controlaria a Covid-19. A diferença entre ele e Bolsonaro está na persistência da convicção do capitão e, sobretudo, no fato de ter se baseado nessa crença sincera para demitir dois ministros, irradiando a superstição enquanto pessoas morriam. Registre-se que ninguém morreu porque o vizinho achava que a Terra girava em torno do Sol e, desde o fim da Inquisição, ninguém foi queimado por isso.

Existem dois tipos de ignorância. A plena e aquela que, mesmo podendo ser sincera, é instrumentalizada. Os cardeais que mandaram Giordano Bruno para a fogueira podiam acreditar que a Terra era fixa, mas estavam interessados também em preservar seu poder. Quando a Inquisição chegava à Bahia, seus defensores queriam também tomar as propriedades dos judeus. No século XX, essa mesma instrumentalização alimentou o antissemitismo europeu.

Enquanto esteve na moda, a cloroquina pouco teve a ver com a sinceridade da convicção. A partir das evidências científicas de sua inutilidade, foi um instrumento político (e comercial em alguns hospitais e planos de saúde).

Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - Elio Gaspari, colunista


sexta-feira, 3 de junho de 2022

O CEO e os acionistas - Alon Feuerwerker

Análise Política

Os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro apontam a contradição entre o bom número de pessoas que costuma recebê-lo com entusiasmo nas ruas país afora e os números não tão bons das pesquisas de intenção de voto. [pesquisas com o número de pesquisados em torno de 2.000.] Mas não há antagonismo entre os dois achados.

A base bolsonarista está mais mobilizada que os adversários nas ruas e nas redes sociais, é visível, e 35% ou 40% do voto válido é uma baita multidão. Mas seria errado acreditar que todas as pesquisas estão furadas no que têm em comum: hoje, Luiz Inácio Lula da Silva lidera com alguma margem, no primeiro e no segundo turnos, no voto espontâneo e no estimulado. [não esqueçam que o 'líder' das pesquisas não sai às ruas - as raras vezes que saiu foi devida e merecidamente ovOcionado.]

E lidera, basicamente, porque o presidente está encaixotado na fatia de mercado que esteve com ele no primeiro turno de 2018, cerca de um terço do total dos eleitores. A liderança de Lula se dá por Bolsonaro apresentar a esta altura um teto baixo, apesar do piso alto. Tem um belo estoque fidelíssimo de votos, mas acrescenta pouco fora do círculo mais fiel.

E por que um contingente de eleitores numa ordem de grandeza equivalente à que só aderiu ao capitão no segundo turno em 2018 vem resistindo à reeleição? Houve um período em que isso se deveu ao desconforto com as palavras, talvez mais que com as ações, dele na pandemia. Hoje o nó parece concentrar-se na economia. E mais no futuro que no passado dela.[DEUS está com o Brasil, com os brasileiros do BEM - o que,  felizmente,  exclui a maldita esquerda, os inimigos do Brasil = inimigos do presidente, os adeptos do 'quanto pior, melhor o establishment - o PIB está crescendo (pouco mas é melhor'  do que crescimento 0 ou negativo)  a pandemia arrefeceu, o nível de desemprego está em queda, a inflação menor que as dos EUA, só restando  aos contra o Brasil se prepararem para engolir mais quatro anos de mandato do capitão, ou seguirem o ame-o ou deixe-o, de um passado não muito distante.]

As mesmas pesquisas mostram o eleitor até que distribuindo a responsabilidade pelas dificuldades econômicas, especialmente a inflação. A ideia de a pandemia e a guerra na Europa terem criado dificuldades que pressionam os preços encontra receptividade entre os votantes. Mas o eleitor não parece estar atrás, principalmente, de apontar culpados.

O eleitor está em busca de quem possa apresentar soluções. De preferência imediatas. Ou, pelo menos, um plano capaz de enfrentar os problemas. Candidato a presidente em campanha é tipo um CEO que se apresenta diante dos acionistas da empresa. Não dá para ficar no “a situação é difícil mesmo, mas a culpa pelos números ruins não é minha”.

Boa parte da inflação brasileira é importada? Sim, mas essa explicação não resolve a vida de quem vê o salário comprar cada vez menos. E há o teatro do absurdo nos combustíveis, com Bolsonaro indo para o quarto presidente da Petrobras, mas sem conseguir influir na política de preços da companhia, apesar de o governo ser o acionista majoritário.

A paridade com os preços internacionais é um sucesso entre os acionistas minoritários da petrolífera e, aparentemente, no público que se identifica com o desejo de uma terceira via na corrida eleitoral. É pouca gente, talvez consigam eleger alguns deputados. Não que Lula tenha sido objetivo no tema, apesar de prometer “abrasileirar” o preço do combustível na bomba. [não podemos olvidar que em uma das intervenções em matéria de combustíveis, o melhor que o descondenado conseguir fazer foi ficar de quatro diante do cocalero Morales e permitir a desapropriação de refinarias da Petrobras em solo boliviano.]

Nem precisa. Como o presidente não apresenta, até agora, caminhos para aliviar o peso dessa despesa no bolso do povão, o petista pode jogar parado, esperando que prevaleça o “se Bolsonaro não está resolvendo, por que não dar um chance ao Lula, que já esteve lá e deve saber o que fazer?”.[o importante é que a situação esteja resolvida até setembro próximo -  medidas lentas, mas eficazes e com efeitos duradouros; Bolsonaro fosse um irresponsável, decretava um congelamento um congelamento de preços para segurar, ou mesmo 'derrubar' a inflação, e conseguiria criar um Brasil suíço até uma semana após as eleições. Mas o presidente governa para passar a história como a solução e não a enganação.]

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

Publicado na revista Veja de 8 de junho de 2026, edição nº 2.788

 

domingo, 15 de maio de 2022

O absurdo de Bolsonaro contra Fachin que passou despercebido - Blog Matheus Leitão

Presidente, o descortês é você 

O presidente Jair Bolsonaro está precisando urgentemente de um dicionário. Nesta quinta, 12, ele afirmou que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, foi descortês ao citar as Forças Armadas.“Por favor, não se refira dessa forma às Forças Armadas. Sou capitão do Exército, é uma forma descortês de se referir à instituição que presta excelentes serviços ao Brasil”, disse o presidente.

Se tem alguém nesse país que não tem moral para falar sobre descortesia, esse alguém é o Bolsonaro. O presidente é a pessoa mais descortês que este colunista já viu, e precisa fazer uma auto análise com urgência. Bolsonaro também foi descortês, para dizer o mínimo, com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). E, por diversas vezes. “Se não tem ideia, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí sem encher o saco dos outros. Como atrapalham o Brasil”, esbravejou em um dos ataques mais recentes. Nesta sexta, 13, insinuou que os magistrados são marginais.

O que dizer sobre as ofensas do presidente a Sérgio Moro, que foi seu ministro e revelou que Bolsonaro queria “interferir” na Polícia Federal para beneficiar seus aliados. “Sergio Moro, além de traíra, é mentiroso”, disse o presidente sobre o ex-ministro.

A descortesia do presidente também é velha conhecida da imprensa. Bolsonaro não aceita notícias que critiquem seu governo e já protagonizou episódios vergonhosos com jornalistas. “Vocês são uma porcaria de imprensa”, berrou em uma das ocasiões.

Nesta quinta, 12, ele voltou a fazer um comentário racista ao se dirigir a um apoiador negro.  “Tu pesa o quê? Mais de sete arrobas, né?”, disse o presidente descortês e racista. O presidente já fez inúmeras críticas à comunidade LGBTQIA+ com comentários homofóbicos. “Ninguém gosta de homossexual, a gente suporta”, disse anos atrás. Em outra ocasião, já como presidente, afirmou a um jornalista: “você tem uma cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual”.

Bolsonaro não deve saber o significado de “descortês”. [Certamente sabe e não é descortês. Apenas o nosso  presidente tem o hábito de dizer o que pensa e com as palavras adequadas - qualidade muito apreciada pela maioria dos brasileiros. 
Entendemos que não houve racismo no comentário do presidente sobre seu apoiador = arroba é uma unidade de peso, muito usada no interior, e que significa 15 Kg. Perguntamos: seria racismo se o presidente houvesse dito que o apoiador pesava 105 Kg? ] Se soubesse, jamais aplicaria esse termo a qualquer pessoa e, principalmente, a Edson Fachin, que apenas respondeu à altura, e de forma cortês, os ataques que o presidente e seus aliados vêm fazendo ao bem-sucedido processo eleitoral brasileiro.

Matheus Leitão, jornalista - Blog na Revista VEJA

 


sábado, 30 de abril de 2022

‘O pior racista é o negro vitimista’ - Revista Oeste

Paula Leal

Para o pastor e pré-candidato a deputado federal Wesley Ros, o negro precisa se libertar e superar o auto preconceito

Wesley Ros é pastor, cantor gospel, compositor e produtor musical. Aos 45 anos, ele é hoje um dos pastores evangélicos mais influentes das redes sociais. Em junho de 2020, Ros gravou um vídeo manifestando sua opinião sobre racismo, na esteira do que aconteceu com George Floyd, morto por um policial na cidade de Minneapolis, nos EUA, em maio daquele ano. O discurso foi na contramão dos movimentos antirracistas que se insurgiram na época, como o Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), ao criticar a vitimização de grupos que usam a cor de pele como justificativa para a falta de oportunidades. “Era necessário que alguém que pensasse fora da bolha vitimista falasse alguma coisa”, disse Ros. A publicação viralizou nas mídias sociais. 


O pastor Wesley Ros | Foto: Arquivo Pessoal
O pastor Wesley Ros | Foto: Arquivo Pessoal

 

Desde então, ele ganhou milhares de seguidores e passou a compartilhar suas opiniões e a defender abertamente pautas de direita, como a não legalização das drogas e do aborto. Em dezembro passado, foi a Brasília e realizou uma apresentação musical no Palácio da Alvorada. Na plateia estavam o presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, além de políticos e ministros. Ao término do show, Bolsonaro convidou o pastor para ser candidato a deputado federal por São Paulo: “Negão… Bora pra São Paulo? Se os bons se omitirem, os maus prevalecem”, disse o presidente. “Na hora fiquei meio sem entender o que ele estava dizendo”, confessou o pastor. “Não sabia o que fazer, só abracei o presidente.” Ros aceitou o convite e hoje é pré-candidato a deputado federal por São Paulo pelo PL, partido de Bolsonaro

Nesta entrevista, o produtor musical fala sobre a atuação de movimentos antirracistas, critica o discurso da “dívida histórica” em razão dos tempos da escravidão para justificar ações inclusivas e diz que não vai aceitar receber cota do fundo eleitoral pelo fato de ser negro. “Se for obrigado a receber, recebo e faço uma doação”, disse.  

A seguir, os principais trechos da entrevista.

Em junho de 2020, na esteira da morte de George Floyd, um vídeo em que o senhor fala sobre racismo viralizou nas redes sociais. Por que o senhor resolveu gravar o vídeo? 

Desde a morte do George Floyd, começou nos Estados Unidos uma onda de manifestações, para que as pessoas ficassem com ódio dos brancos. Em um protesto nos EUA, por exemplo, manifestantes jogaram uma tampa de ferro de esgoto na cabeça de um policial, que era branco, e ele morreu. O foco era contra policiais, de preferência brancos. Então, tive de me posicionar. Essa onda se espalhou por alguns países, inclusive no Brasil, com o episódio do Carrefour [em novembro de 2020, um homem negro foi morto por seguranças dentro de um supermercado da rede em Porto Alegre]. Pessoas tocando fogo no Carrefour e aquela situação toda. Era necessário que alguém que pensasse fora da bolha vitimista falasse alguma coisa. Caso de racismo existe? Existe. Algo que, inclusive, já aconteceu comigo. A ideia do vídeo era não maximizar o vitimismo. Quis  apontar o racista e não generalizar que todo branco é racista. Acho que meu recado foi muito bem dado.

Como foi a repercussão desse vídeo nas redes sociais? 

Ganhei muitos seguidores. Com isso, pude maximizar o que penso sobre a convivência entre negros e brancos e externar minhas opiniões políticas. Na época, os principais blogs entraram em contato para me entrevistar. Vi o carinho das pessoas. E não foi pela minha cor. Foi pelas minhas opiniões. Quantos negros chegaram para mim dizendo que pensavam diferente, que abri a cabeça deles, como um machado no cérebro. Mas também sofri um pouco de cobrança, de perseguição nas redes sociais. Esses que já têm carteirinha de militante disseram que eu estava negando o movimento, que eu era negro com discurso de branco. Esses são os verdadeiros racistas.

“A cota deveria ser social. Existem brancos embaixo de pontes, brancos na cracolândia, existe branco passando necessidade”

Como o senhor responde a negros que dizem que os brancos têm uma dívida histórica em razão da escravidão e que é preciso compensar esse período com ações inclusivas?

O negro tem uma licença para ser racista. Qual é? Jogar a culpa na dívida histórica. ‘Estou atacando o branco, mas não é um ataque. Sou a vítima, porque o branco tem uma dívida comigo’. E por isso o negro se acha no direito de atacar o branco. E o branco não pode se defender, mesmo sofrendo racismo por parte do negro. Quem é o verdadeiro racista nessa história?

O que o senhor pensa sobre a política de cotas nas universidades?

A cota deveria ser social. Existem brancos embaixo de pontes, brancos na cracolândia, existe branco passando necessidade. Tá cheio de negão milionário e de branco pobre. Esse discurso de dívida histórica pode ter funcionado por um determinado tempo, hoje não mais. Não há por que cobrar uma dívida do branco se não foi ele que fez e não é o negro de hoje que está amarrado num tronco. Isso não faz sentido. Além disso, é uma depreciação quando o negro entra em uma universidade e diz que conseguiu com a ajuda do branco. O mesmo branco que ele critica. 

O Brasil é um país racista?

Nos Estados Unidos, existiam bairros negros e brancos, escolas para negros e para brancos. No Brasil não houve isso. Você sai na rua e vai encontrar negros e brancos em qualquer esfera da sociedade. Aí vem o discurso: ‘Mas o negro não tem chance’. Como assim? Ele tem chance no funk e ganha milhões, tem chance no rap, no samba e ganha milhões, tem chance no futebol. Se existem setores em que o negro pode crescer e se tornar milionário, por que não na intelectualidade? Não é que não tem oportunidade, é que muita gente escolhe não estudar. É o negro que cresce com essa mentalidade ‘não tenho, não sou, não posso, não consigo’. A cadeira do intelectual branco, por exemplo, quem fundou foi um negro, Machado de Assis [o escritor fundou a Academia Brasileira de Letras, em 1897]. O pior racista é o negro vitimista. Porque ele sempre acusa o branco. E não é um branco, é o branco, no coletivo.

O senhor já disse que não acredita na existência da raça negra e que isso seria uma criação afro para distinguir preto de branco e dizer que preto tem raça e o branco não. Por quê?

Os movimentos de minorias sempre cobram que eu defenda a raça. Mas que raça? ‘A negra’, eles dizem. Mas eu não sou da raça negra, sou da raça humana. O cara que se ofende por ser chamado de negão precisa rever seus conceitos. Ele é preconceituoso. Porque essa mesma pessoa que se ofende, muitas vezes, é aquela que veste uma camiseta escrita “100% preto”, mas se sente ofendida quando um branco a chama de preto.

O senhor tem bastante contato com a classe artística. Como o senhor avalia o engajamento dos artistas em defesa de movimentos negros e antirracistas?

Veja o exemplo da música cantada pelo Seu Jorge no filme Marighella,a carne mais barata do mercado é a carne negra’. Ele já foi casado com quatro mulheres, e as quatro são brancas
Por acaso, ele estava em promoção quando elas chegaram para casar com ele? 
Olha os carros que ele tem, quanto custa um show dele? R$ 300 mil, R$ 400 mil? 
Ele é carne barata? Isso é tripudiar em cima dos negros, fazer deles palanque para alcançar fortuna e chamar todos os brancos de racistas. 
 
Menos as mulheres dele. Não entendo essa hipocrisia. A Ludmilla, funkeira, disse que precisou se mutilar para ser aceita na sociedade e que, por isso, fez cirurgia para afinar o nariz. Aí eu pergunto: e branco não faz também? É questão de estética. Ludmilla se mutilou não porque não foi aceita na sociedade, mas porque ela não se gosta. Ela se mutilou porque não se aceita negra. Por isso que ela usa peruca, alisa o cabelo. Quantas mulheres se cuidam, fazem dieta, alisam cabelo, fazem cirurgia plástica independentemente de serem brancas ou pretas? O negro precisa vencer o seu autopreconceito para depois dizer que algum branco é preconceituoso. 

Como o senhor define o negro que não pensa como o senhor?

Chamo de prisioneiro de uma senzala ideológica. Não se pode mais amarrar fisicamente os pulsos dele, os pés dele, então ele permite que amarrem seu cérebro. No fundo, ele ainda é um escravo. 

O senhor foi convidado pessoalmente pelo presidente Jair Bolsonaro para ser candidato a deputado federal. Por que aceitou o convite? 

Nunca tinha passado pela minha cabeça entrar na política. Nunca trabalhei em gabinete, na esfera pública. Meu negócio sempre foi a música, o palco, gravar artistas. Quando Bolsonaro me convidou, foi uma grande surpresa. E capitão não pede, capitão ordena. E o soldado que é inteligente obedece. O presidente me abriu os olhos para encarar o pedido como uma missão, um propósito. Para mim, lucrativamente, é andar para trás. Abrir mão das minhas agências, produções, shows, para ganhar o salário de deputado federal, é preciso ter muito amor no coração. Mas entendi o chamado de Bolsonaro e que ele precisa de ajuda. 

Por ser negro, o senhor terá direito a cotas do fundo eleitoral do seu partido. Como enxerga esse benefício?

Meu partido vai dar cota para que eu receba verba partidária só porque sou negro? Não quero. ‘Mas é obrigatório.’ Se for obrigado a receber, recebo e faço uma doação. Veja, isso foi um projeto da Benedita da Silva [em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral acatou o projeto da deputada federal do PT para que os partidos destinassem recursos do fundo eleitoral de maneira proporcional à quantidade de candidatos negros e brancos]. O que a deputada quis com isso? Ela quis vender a ideia de que está ajudando a comunidade negra com essa iniciativa. Ela quis mostrar que os brancos sempre estiveram no poder na política e que seu projeto vai promover mais candidatos negros. Benedita ganhou o que queria: votos. Negros escravizam negros. Como lá atrás. A história se repete, só que agora é na ideologia.

O que o senhor pretende realizar caso seja eleito deputado? 

O político hoje não tem de ter bandeira, ele precisa atender o Estado que o elegeu e os eleitores que confiaram nele. Vou dizer que sou simpatizante a alguns temas, como a cultura e o foco em investimentos na periferia. Simpatizo também com a ideia de instalar escolas cívico-militares. Por que não? Eu gostaria de ver meus filhos hasteando a bandeira, cantando o Hino Nacional. Juntando todas as emendas a que um parlamentar federal tem direito, ele consegue movimentar cerca de R$ 60 milhões por ano. Dá para fazer muita coisa. Acho que serei uma peça fundamental caso isso se concretize, porque vou mostrar para os meus irmãos de cor que é possível pensar diferente daquilo que eles aprenderam a vida toda em um universo totalmente vitimista. E quero fazer por todos. Não pelos negros, mas pelas pessoas. 

Leia também “O socialismo promove a socialização da escassez”

Paula Leal, colunista - Revista Oeste



domingo, 3 de abril de 2022

A pregação de Jair Messias: Deus, armas e insultos ao STF - Bernardo Mello Franco

O pretexto era inaugurar uma estação de trem em Parnamirim, no Rio Grande do Norte. O prefeito reduziu o expediente e liberou os servidores para engrossar a claque. Jair Bolsonaro chegou ao palanque montado num cavalo branco. Depois de ser adulado por três ministros, entregou o microfone a um pastor evangélico. Seguiu-se um comício disfarçado de culto, com transmissão ao vivo na TV Brasil.

“Vamos fazer uma oração especial pelo nosso presidente. Levantemos nossas mãos para o céu em clamor a Deus”, ordenou Martim Alves, da Assembleia de Deus. “Pedimos uma bênção muito especial para o presidente da nossa República, pela sua saúde, seu governo e sua família”, prosseguiu.

O bispo Lindomar Sousa, da Igreja Sara Nossa Terra, assumiu o púlpito e continuou a pregação eleitoral. “Não é mais uma briga da esquerda contra a direita, é uma guerra espiritual”, proclamou. “Deus levantou a vida deste homem”, disse, referindo-se ao capitão.

O ministro Rogério Marinho já havia apelado ao discurso religioso para louvar o chefe. Candidato ao Senado, acusou a oposição de “espezinhar”, “maltratar” e “ridicularizar” a família brasileira. [COMPROVE - doutrinar com pornografia as nossas crianças, nos moldes em que estão tentando nos Estados Unidos.]   Em seguida, manifestou o desejo de silenciar os adversários. “Eles têm que escutar e ficar calados”, decretou.

Jair Messias inflamou o rebanho com um grito de rodeio. Exaltou o “povo armado”, atacou os “vermelhos” e definiu a Presidência como uma missão divina. “A luta, como disse o pastor agora há pouco, não é da esquerda contra a direita, é do bem contra o mal”, bradou.

Na semana em que um escândalo de propinas derrubou seu quarto ministro da Educação, ele descreveu a corrupção como um problema de governos passados. Depois empilhou chavões sobre o “país maravilhoso” e sua “gente trabalhadora”. Em 16 minutos de falatório, não disse uma palavra sobre a obra usada como desculpa para o comício com dinheiro público.

A performance deu uma amostra do Bolsonaro que disputará a reeleição em outubro: um político sem pudor de explorar a fé e usar a máquina em benefício próprio.  No dia seguinte, em Brasília, o capitão começou e terminou um discurso citando o nome de Deus. Recheou o monólogo com elogios à ditadura militar e ao deputado Daniel Silveira, que armou um circo para descumprir decisão do Supremo. Ao defender o brucutu, voltou a insultar ministros da Corte. “Cala a boca, bota a tua toga e fica sem encher o saco dos outros”, decretou.

Liberou geral
Bolsonaro não é o único a subir no palanque antes da hora. Nos últimos dias, Lula e João Doria também fizeram campanha antecipada ao Planalto. Ninguém foi incomodado pelo TSE. [Fosse só o capitão, o TSE já teria agido contra; mas, os outros dois atrapalharam.]

Na quarta-feira, o petista ironizou apelos para que respeitasse a lei eleitoral. “Vim para cá pensando em colocar uma mordaça, porque não ia poder falar. Mas o que eu estranho é que não se falou em outra coisa aqui a não ser em eleição”, debochou, em ato na Uerj.

Na quinta, Doria usou a cerimônia de renúncia ao governo paulista para promover seu projeto pessoal. “Sim, serei candidato à Presidência da República pelo PSDB”, propagandeou, em pleno Palácio dos Bandeirantes.

Bernardo M. Franco, jornalista - O Globo

 

sábado, 15 de janeiro de 2022

Bolsonaro desmoraliza 64? - Sérgio Alves de Oliveira

Alguém porventura já parou para pensar, “arriscando” chegar à conclusão que os governos oriundos do “Regime Militar”, da Revolução (ou “golpe”,como preferirem) de 1964,que permaneceu até l985, cujos cinco (5) presidentes não foram eleitos diretamente pelo povo, todavia saíram-se, sem exceção, muito melhores que todos os outros governos,anteriores ao Regime Militar e, principalmente,posteriores?

Em todo esse tempo de “governos civis”, quantos aventureiros, oportunistas,falsários,demagogos e corruptos sairam consagrados das urnas para usar a faixa presidencial e outros cargos eletivos, porém acabaram estagnando, ou até regredindo o país, política, moral, econômica, e socialmente ?

Como explicar,por exemplo,que os Estados Unidos,comparado ao Brasil, os quais têm praticamente a mesma “idade”,são tão diferentes,um muito rico,inclusive o seu povo,e outro muito “pobre”,mais ainda o seu povo,desde o momento em que as potencialidades e riquezas dadas pela natureza a cada um privilegiaram muito mais o Brasil,em detrimento dos ”States”?  
E que na questão do desenvolvimento,a partir das respectivas potencialidades humanas e riquezas naturais de cada qual,essa equação se inverte? Qual a melhor explicação? Seria mérito e demérito dos respectivos povos? Dos seus políticos e governos?
Teria razão o filósofo francês Joseph-Marie De Maistre,de que “o povo tem o governo que merece”? 
E “avançando o sinal”,que “cada povo tem a realidade política,social,moral econômica ,“dirigida” por seus políticos ,que também merece”? 
Como explicar que os presidentes “civis” escolhidos pelo povo na prática da sua democracia deturpada foram sempre muito piores que os outros que não foram escolhidos em eleições diretas pelo povo,ou indiretas,pelo Congresso (Tancredo Neves/José Sarney)? 
 
Como explicar que os governos militares,de 1964 a 1985, fizeram muito mais em benefício do povo do que todos os outros que os sucederam,de 1985 a 2022,ou seja,durante 37 anos, passando por José Sarney, Collor de Mello,Itamar Franco,Fernando H.Cardoso,Lula da Silva,Dilma Rousseff,Michel Temer e Jair Bolsonaro? 
E sem falar que “antes” de 64,tivemos o tresloucado Jânio Quadros? E Jango Goulart,que terminou o mandato de Jânio,devido à sua renúncia,até ser apeado do poder em 1964?
Qual a razão do Brasil ter ficado completamente estagnado em obras de infraestrutura,de maneira que as obras dos governos militares ,que não foram eleitos,realizadas durante 21 anos ,praticamente “congelaram” de lá para cá? 
Que quase nada foi feito nesses 37 anos,além de muita politicagem, corrupção,e gastança inútil dos tributos “extorquidos” do povo,inclusive para sustentar uma ”máquina pública” mas cara que a de qualquer outro país mais rico?

É claro que nossas conclusões poderiam ser rebatidas pelo fato do Governo Bolsonaro estar “entupido” de militares, havendo generais e outros oficiais superiores por todos os cantos, até para “servir cafezinho”,além naturalmente,do próprio Presidente ter sido um militar (capitão), cuja saída do Exército até hoje não ficou bem esclarecida,para “se meter” na política. [a sentença do Superior Tribunal Militar, Instância máxima da Justiça Militar da União, é de clareza solar ao não condenar Bolsonaro e permite a dedução da saída ter sido motivada pelo capitão entender que na política poderia servir melhor ao Brasil - o que fará com o fim da pandemia e sua reeleição em outubro 2022.]

Essa enorme diferença entre os governos nos “dois tempos” só pode ter uma explicação. Quem já pensou que enquanto o “cérebro militar” governou de 64 a 85,o “cérebro político” se adonou do poder posteriormente,de 1985 a 2022? 
Que os militares que governaram de 64 a 85 assumiram o governo, mas não se transformaram nessa “praga” chamada “políticos”? 
E que os militares que entraram no governo junto com o “capitão” Jair Bolsonaro deixaram de ser militares e se transformaram em meros “políticos”,com todas as suas deficiências,sem terem a “malandragem” necessária, só presente nos políticos de carreira? 
E que o mesmo acontece com o próprio Presidente Bolsonaro,cuja inércia para afastar os obstáculos,sabotagens e boicotes ao seu governo,com o remédio “devido”,claramente previsto na constituição, certamente não significa menos que a preponderância na sua pessoa, do político”,ao invés do “militar”,como aconteceu nos governos de 64 a 85? 
 
Será que deu para entender porque os políticos “demonizam” tanto os militares,dando a entender nos seus discursos que só “eles” teriam capacitação para governar,jamais os militares? 
O que teria o militar a “menos”que qualquer outra profissão que pode livremente se dispor a governar? 
Civil pode,e militar,não? 
Será que o grande “álibi” dos políticos seria a sua grande capacidade de enganar o povo nas suas campanhas eleitorais,o que os militares não gostam e nem sabem fazer?

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Bolsonaro dá mais um tiro em Alexandre de Moraes - VEJA

Bolsonaro mandou recado para Moraes durante evento de filiação ao PL

'Alguns extrapolam aqui na região da Praça dos Três Poderes, mas essa pessoa vai ser reenquadrada', disse o presidente na filiação ao PL

Jair Bolsonaro fez um discurso cheio de recados na terça, ao se filiar ao partido de Valdemar Costa Neto. Uma das mensagens cifradas do capitão, dizem aliados, foi direcionada ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Disse Bolsonaro: “Tiramos o Brasil da esquerda. Olhem pra onde estávamos indo. Não queremos isso. Temos um bem. Está na nossa frente. Não podemos desprezá-lo, achar que ele não vai acabar nunca, que é a nossa liberdade. Alguns extrapolam aqui na região da Praça dos Três Poderes, mas essa pessoa vai ser reenquadrada, vai se enquadrando, vai vendo que a maioria somos nós. Nós aqui, que temos voto em especial, é que devemos conduzir o destino da nossa nação”.

Radar - VEJA