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terça-feira, 15 de novembro de 2022

Livre para obedecer - Guilherme Fiuza

  Revista Oeste

"Não é questão de acreditar. É o Tribunal Superior Eleitoral quem dá o resultado oficial da eleição" 

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock 

— Tá fazendo o que aí?

Protestando.

— Protestando contra o quê?

Contra a eleição.

— Você é contra eleição?

Não. A favor.

— Então tá protestando por quê?

Porque sou a favor de eleição limpa.

— Você acha que a eleição não foi limpa?

Acho.

— Mas foi limpa.

Isso é o que você tá dizendo.

— Isso é o fato.

Quem disse?

— O TSE.

Você acredita no TSE?

— Não é questão de acreditar. É o Tribunal Superior Eleitoral quem dá o resultado oficial da eleição.

— Oficial não quer dizer legal.

— A legalidade é conferida pela autoridade, que é a representação oficial.

— Isso no caso de a autoridade agir corretamente.

— Quem disse que a autoridade não está agindo corretamente?

— Eu.

— Quem é você?

Eu sou eu. Esse que está diante de você.

— Perguntei quem é você pra condenar a autoridade?

Ninguém. Não condeno ninguém. Só falo sobre o que vejo. E critico o que desaprovo.

— Você não está criticando. Está desinformando.

Não. Estou protestando.

— Está induzindo outras pessoas a acreditarem numa falsidade, portanto está desinformando sim, e isso é grave.

— Grave, quanto?

— Muito grave. Gravíssimo.

Onde está escrito isso?

— Todo mundo sabe que desinformar é gravíssimo.

O Direito foi substituído pelo Todo Mundo Sabe?

— Você não devia brincar com uma situação tão grave.

— Quem está brincando é você.

— Brincando de quê?

De legislar.

— Vamos parar de dar voltas.

— Não estou dando voltas. Estou parado, aliás há um bom tempo. E vou continuar aqui.

— Não vai, não.

— Por quê?

— Porque o seu protesto é ilegal.

— Onde está a ilegalidade?

— No ato de levantar suspeitas sobre uma eleição limpa.

— Eu expresso o que eu quiser, sobre o que eu quiser. Se alguém se sentir ofendido que vá à Justiça.

— Não precisa.

— Por quê?

— Porque a Justiça sou eu. Estou aqui para te dizer o que você não deve fazer e falar, economizando o seu tempo e o de quem você ofender.

Não é assim que funciona uma democracia.

— Não mesmo. Mas aqui é.

— Aqui não é uma democracia?

— Não.

— Ah, bom. Por que você não falou isso antes?

Leia também “Os profetas da inércia”

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste

 

 

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

TSE garante o direito ao vexame - Gazeta do Povo

Vozes - Guilherme Fiuza

Eleição limpa é fundamental. Por causa disso, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, vem adotando uma filosofia de fiscalização e dissuasão para garantir a lisura do pleito
 
Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
 
Destacamos a seguir alguns dos princípios que norteiam a ofensiva democrática do TSE contra os eleitores maldosos:


1 - Não serão toleradas críticas a cantores decadentes que fazem clip em defesa de ladrão. Os artistas são patrimônio cultural da nação, e isso inclui os artistas medíocres, ultrapassados, oportunistas, cínicos e espíritos de porco. Basta de preconceito. Só existe eleição limpa com plenas garantias a todos os que queiram dar o seu vexame em paz.

2 - Esclarecimento importante: a campanha em vídeo que mostra subcelebridades fazendo gesto de arma e depois o L de Lula não significa “mãos ao alto” – mesmo que as referências a um revólver e a um ladrão deem a impressão de que é o anúncio de um assalto
Os democratas de auditório jamais defenderiam um assalto à mão armada. 
Eles já deixaram claro que preferem o roubo pacífico, progressista, empático e solidário.
 
3 - Estão proibidos na campanha eleitoral os vídeos que mostram multidões de verde e amarelo nas ruas apoiando o candidato da situação. Como o referido candidato é o atual presidente da República, essas reuniões gigantescas configuram claramente uso da máquina. 
Todo mundo sabe que verde e amarelo são cores oficiais, jamais podendo ser usadas em manifestações eleitorais, que aliás nem deveriam ser permitidas nas ruas – porque espaço público não é lugar para a expressão de preferências particulares.

4 - Reunião de motocicletas também é uso da máquina. Só a bicicleta não configura uso da máquina – desde que não seja elétrica.

5 - Fotografar com iPhone também é uso da máquina. Não adianta se fazer de distraído, pois todo mundo sabe que o celular é a máquina fotográfica de hoje.

6 - Reunião de mais de dez pessoas de verde e amarelo em Londres configura invasão ao Império Britânico e, consequentemente, ato antidemocrático. Por isso está proibido o uso de imagens de aglomeração de brasileiros na capital inglesa na campanha presidencial.

7 - Vídeos que mostrem brasileiros numa churrascaria em Nova York apoiando Bolsonaro não podem ser mostrados na campanha dele à reeleição. O presidente brasileiro estava nos EUA para discursar na Assembleia Geral da ONU, e churrasco não combina com diplomacia.

8 - Lula pode xingar quem ele quiser de corrupto e genocida porque, ainda que a crítica não proceda, todo mundo sabe que ele não fez por mal.

9 - Folha, UOL, Piauí e demais veículos de alta credibilidade e isenção têm todo direito de chamar qualquer concorrente que não faça vista grossa para os crimes do bom ladrão de milícia bolsonarista.

10 - O TSE não tem candidato. Se você pensa que ele tem, e o seu pensamento for captado pelo mesário na seção eleitoral, você poderá ser preso em flagrante. Não desafie a democracia.
Veja Também:

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Conteúdo editado por:Jônatas Dias Lima

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Lula usa dinheiro público para enganar eleitorado [Não é aceitável que a Justiça faça papel de boba.]

Lula será proibido de disputar o Planalto. Isso acontecerá porque ele é ficha-suja e a Justiça Eleitoral decidiu fazer valer a Lei da Ficha Limpa. O PT sabe que registrou no TSE um candidato-fantasma. Tanto que já levou à vitrine um substituto: Fernando Haddad. A insistência de Lula em prolongar a polêmica sobre sua falsa candidatura tem dois propósitos: desmoralizar a Justiça e enganar o eleitor.

A defesa de Lula mobilizou advogados especializados em jurisprudência eleitoral para esticar um processo que todos sabem que não dará em nada. Um político que se imaginava invulnerável e está preso numa sala de 15 metros quadrados tem todo o direito de optar por viver no Mundo da Lua. O que não seria aceitável é que a Justiça fizesse o papel de boba.

Lula prepara o ambiente para transferir votos para Haddad. No limite, gostaria que o veto do TSE viesse depois de 17 de setembro, quanto não haveria mais tempo de retirar sua foto das urnas, facilitando o cambalacho. Como se fosse pouco, Lula usa o Tesouro Nacional para ludibriar o eleitorado, pois sua campanha fantasma é financiada com dinheiro público. Já não basta indeferir a candidatura de Lula. A Justiça terá de exigir ressarcimento dos gastos.

Lula ignora direito do eleitor a uma eleição limpa

O PT protocolou no TSE o pedido de registro da candidatura de Lula. O candidato-fantasma apresentou-se à Justiça Eleitoral como um político ficha limpa. Pense só nisso. Esqueça o resto. Condenado a 12 anos e um mês de cana, encarcerado desde 7 de abril, Lula pede ao Brasil que se finja de bobo e acredite que sua biografia continua imaculada.

A pseudo-candidatura de Lula já era inacreditável. Tornou-se inaceitável. A insistência do presidiário em prolongar uma postulação fictícia parecia uma imprudência. Virou um escárnio. Num Brasil imerso em indignação, em que 60% do eleitorado oscila entre a raiva e o desalento, o excesso de desfaçatez transforma Lula numa caricatura de si mesmo.

Todos sabem onde Lula quer chegar com sua chapa três-em-um. Quando for barrado pela Justiça Eleitoral, o presidiário promoverá Haddad de vice para poste, içará Manuela D’Ávila à condição de número dois da chapa e intensificará o processo de transfusão de votos.  Noutros tempos, isso seria chamado de astúcia política. Hoje, é apenas mais um cambalacho.

Lula vive uma experiência paradoxal: considera-se um político acima de qualquer suspeita. No Judiciário, contudo, o que Lula chama de reputação é apenas a soma das ilegalidades que lhe atribuem sem que ele consiga rebater.  Ao esticar a pantomima de sua candidatura ilegal, Lula ignora o direito do eleitor brasileiro a uma eleição eticamente sustentável. Cabe à Justiça Eleitoral limpar o processo. Quando mais rápida for a higienização, menor a desmoralização.

Blog do Josias de Souza