Revista Oeste
"Não é questão de acreditar. É o Tribunal Superior Eleitoral quem dá o resultado oficial da eleição"
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
— Tá fazendo o que aí?
— Protestando.
— Protestando contra o quê?
— Contra a eleição.
— Você é contra eleição?
— Não. A favor.
— Então tá protestando por quê?
— Porque sou a favor de eleição limpa.
— Você acha que a eleição não foi limpa?
— Acho.
— Mas foi limpa.
— Isso é o que você tá dizendo.
— Isso é o fato.
— Quem disse?
— O TSE.
— Você acredita no TSE?
— Não é questão de acreditar. É o Tribunal Superior Eleitoral quem dá o resultado oficial da eleição.
— Oficial não quer dizer legal.
— A legalidade é conferida pela autoridade, que é a representação oficial.
— Isso no caso de a autoridade agir corretamente.
— Quem disse que a autoridade não está agindo corretamente?
— Eu.
— Quem é você?
— Eu sou eu. Esse que está diante de você.
— Perguntei quem é você pra condenar a autoridade?
— Ninguém. Não condeno ninguém. Só falo sobre o que vejo. E critico o que desaprovo.
— Você não está criticando. Está desinformando.
— Não. Estou protestando.
— Está induzindo outras pessoas a acreditarem numa falsidade, portanto está desinformando sim, e isso é grave.
— Grave, quanto?
— Muito grave. Gravíssimo.
— Onde está escrito isso?
— Todo mundo sabe que desinformar é gravíssimo.
— O Direito foi substituído pelo Todo Mundo Sabe?
— Você não devia brincar com uma situação tão grave.
— Quem está brincando é você.
— Brincando de quê?
— De legislar.
— Vamos parar de dar voltas.
— Não estou dando voltas. Estou parado, aliás há um bom tempo. E vou continuar aqui.
— Não vai, não.
— Por quê?
— Porque o seu protesto é ilegal.
— Onde está a ilegalidade?
— No ato de levantar suspeitas sobre uma eleição limpa.
— Eu expresso o que eu quiser, sobre o que eu quiser. Se alguém se sentir ofendido que vá à Justiça.
— Não precisa.
— Por quê?
— Porque a Justiça sou eu. Estou aqui para te dizer o que você não deve fazer e falar, economizando o seu tempo e o de quem você ofender.
— Não é assim que funciona uma democracia.
— Não mesmo. Mas aqui é.
— Aqui não é uma democracia?
— Não.
— Ah, bom. Por que você não falou isso antes?
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Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste