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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Quem ganhou

Os brasileiros que gastarão 20 bilhões de dólares em viagens ao exterior em 2018 vão para os EUA e o mundo capitalista, não para a Guiné Equatorial

Publicado na edição impressa de VEJA

Está havendo muito espanto, e até bem mais do que isso, cada vez que o novo presidente Jair Bolsonaro anuncia algum nome para o ministério ou o primeiro escalão do seu governo. Alguns, para dizer a verdade, são aceitos sem muita conversa — gente para o Banco Central, o Ministério da Infraestrutura, a chefia do Tesouro Nacional etc., mesmo porque boa parte do público nem sabe que existe um Tesouro Nacional. São coisas sérias, chatas e, fora os próprios interessados nos cargos, quem vai discutir para valer por um negócio desses? Não dá bem para ver, realmente, nenhuma briga de foice por causa do novo secretário-geral adjunto da Fazenda, por exemplo, ou algo parecido — também não se veem, nesses casos, amizades íntimas que explodem, rixas de morte dentro das famílias ou bloqueios tempestuosos no Facebook, como se tornou praxe na campanha eleitoral. 

Mas assim que aparece uma nomeação mais vistosa, daquelas que mexem com os chamados “grandes temas nacionais”, o tempo fecha. Os surtos de irritação, impaciência e nervosismo que têm acompanhado o anúncio dos nomes se concentram, até agora, numa questão básica: como é que foram escolher um sujeito desses? O novo ministro das Relações Exteriores, por exemplo, foi descrito pelos cientistas políticos praticamente como um doente mental. O da Educação se viu mais ou menos acusado de acreditar que a Terra é plana. A ministra “da Mulher”, ou coisa que o valha, é outro objeto de assombro.

O que está acontecendo? A resposta é: não está acontecendo nada. Ou melhor, está acontecendo exatamente aquilo que tinha de acontecer. No último dia 28 de outubro, o deputado Jair Bolsonaro ganhou as eleições para presidente da República e, dali por diante, passou a escolher para o governo o tipo de pessoa que o seu eleitorado quer ver lá — ou, pelo menos, as pessoas que ele imagina serem as mais capazes de fazer as coisas que prometeu aos 58 milhões de brasileiros que votaram nele. Forçosamente, se você não gosta do que Bolsonaro propôs para o Brasil do começo ao fim de sua campanha eleitoral, e em seus trinta anos de vida pública, também não pode gostar das figuras que ele tem escolhido para ajudar no governo. Não há outro jeito. Como poderia haver? Se o novo presidente estivesse colocando nos ministérios figuras aplaudidas, aprovadas ou aceitáveis por quem votou contra ele, alguma coisa estaria profundamente errada na história toda.

Quem está contra Bolsonaro, e há muita gente contra, tem mais é que não gostar mesmo das escolhas feitas por ele. Quem tem de gostar são os que estão a favor do novo presidente — e há mais gente a favor do que contra, razão, aliás, pela qual é Bolsonaro, e não Lula, quem está nomeando os ministros. Fazer o quê, a esta altura? Esperar que o governo comece, só isso. Aí, sim — se os escolhidos não fizerem o que foi combinado na campanha, ou fizerem mal, haverá toda a razão para dizer que suas nomeações foram um desastre.

O ministro nomeado para o Itamaraty, Ernesto Araújo, ilustra bem esse curioso descompasso entre o resultado da eleição e a condenação do ministério de Bolsonaro pela crítica. Araújo acha que o Brasil deve ter os Estados Unidos como o principal aliado em suas relações exteriores. Não gosta de Cuba, da Venezuela nem de ditaduras africanas, tampouco de que recebam dinheiro de presente do BNDES. 
Desconfia de toda essa constelação internacional de doutrinas que vê com alarme o agronegócio no Brasil, quer que os países abram suas fronteiras à imigração ou imagina um mundo governado por comitês da ONU e burocracias do mesmo gênero.

Mas não é justamente tudo isso que o eleitorado de Bolsonaro espera de um novo Itamaraty? Os brasileiros que gastarão 20 bilhões de dólares em viagens ao exterior em 2018 vão para os Estados Unidos e o mundo capitalista, não para a Guiné Equatorial ou a Faixa de Gaza — quem gosta desses lugares é o ex-chanceler Celso Amorim, só que ele está do lado que perdeu. A população, na verdade, nem sabe quem é esse Araújo; o que sabe, isso sim, é que os Estados Unidos dão mais certo que a Palestina. Se o novo ministro também acha isso, ótimo.

Da mesma forma, criou-se grande escândalo em torno da ministra Damares Alves — ela é contra o aborto, acha que há meninos e meninas, e não “meninxs”, e é a favor do ensino religioso, que existe no Brasil desde o padre Anchieta. O novo ministro da Educação é considerado um homem da Idade da Pedra por ser contra a escola “com partido” — e assim por diante. Queriam o quê? Outro ministério, agora, só com outra eleição.

 J R Guzzo - Veja


sexta-feira, 11 de maio de 2018

CNE retira gênero e orientação sexual da Base Curricular e dedica mais atenção a LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais




Órgão acatou alterações propostas pelo MEC sobre o tema, mas alterou abordagem da questão em ensino religioso


O Conselho Nacional de Educação (CNE) modificou diversos pontos da revisão feita pelo Ministério da Educação (MEC) na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e alterou, principalmente, o conteúdo relacionado ao ensino religioso. O novo documento com alterações feitas pelos conselheiros, divulgado ontem pelo CNE e pelo MEC, retirou temas relacionados a gênero e orientação sexual das habilidades a serem trabalhadas pela religião no 9º ano do ensino fundamental. Mas, por outro lado, o órgão também se dobrou às últimas modificações do MEC e retirou totalmente os termos sobre o tema do restante texto. A BNCC norteará os currículos escolares das escolas de todo o país na educação infantil e no ensino fundamental e deve ser votada na sexta-feira. 

No fim de novembro, o MEC encaminhou ao CNE uma revisão da terceira versão da Base, que foi divulgada em abril, na qual estabelecia como um dos objetos de conhecimento “corpo, gênero e sexualidade nas tradições religiosas” e definia que, nesse eixo, as escolas deveriam “discutir as distintas concepções de gênero e sexualidade segundo diferentes tradições religiosas e filosofias de vida.” Com as alterações feitas pelos conselheiros durante rodadas de discussão na semana passada,a temática não compõe os objetos de conhecimento. Foi incluído, por outro lado, o eixo “princípios e valores éticos” que estabelece como umas das habilidades “reconhecer a coexistência como uma atitude ética de respeito à vida e à dignidade humana”. Há ainda outras alterações que permeiam o conteúdo de ensino religioso, modificando algumas estruturas e redações de determinados objetos e habilidades.

A minuta de resolução do texto, também divulgada ontem, determina que, por meio de uma comissão específica do CNE, o órgão vai deliberar se o ensino religioso terá tratamento como área do conhecimento ou como componente curricular da área de Ciências Humanas, no Ensino Fundamental. Na resolução o CNE também afirma, como mencionado na semana passada, que emitirá orientações específicas sobre orientação sexual e identidade de gênero. No parecer, a justificativa é que a temática ‘gênero’ foi objeto de muitas controvérsias durante os debates públicos da BNCC. Neste sentido, entende-se que o CNE deve, em resposta às demandas sociais, aprofundar os debates sobre esta temática, podendo emitir, posteriormente, orientações para o tratamento da questão, considerando as diretrizes curriculares nacionais vigentes”. 

Esse projeto de resolução, que orienta a implantação da BNCC, e o próprio texto da Base ainda podem sofrer alterações e devem ser votados pelo CNE na próxima sexta-feira. Posteriormente, eles seguem para apreciação do ministro da Educação, Mendonça Filho, que pode homologá-los, caso concorde. O MEC tem pressa. Na última semana, os conselheiros começaram a debater, no pleno do CNE, os documentos. Mas não chegaram a uma decisão e houve um pedido de vista. Uma cisão dentro do conselho ocorreu depois que o MEC retirou os termos ligados à questão de gênero e sexualidade da BNCC.  — O pedido de vista deu um tempo importante para que os conselheiros possam continuar analisando o material. Mas existe por parte da sociedade a expectativa de concluir o processo o quanto antes, é um documento importante para nortear o trabalho na educação — afirmou o presidente do CNE, Eduardo Deschamps.

MAIOR ATENÇÃO PARA LIBRAS
Tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017, que aconteceu no início de novembro, a educação dos surdos ganhou destaque. Na terceira versão havia apenas uma menção à Língua Brasileira de Sinais (Libras). No documento revisado pelo MEC em novembro houve três menções à Libras. Já no texto modificado pelo CNE, a temática foi abordada quatro vezes e trouxe um detalhamento maior na parte de Língua Portuguesa quando citada a importância da diversidade linguística do país, incluindo também variações culturais. O novo documento afirma que “mais de 250 línguas são faladas no país” e destaca que a lei que oficializou a Libras em 2002 tornou possível “realizar discussões relacionadas à necessidade do respeito às particularidades linguísticas da comunidade surda e do uso dessa língua nos ambientes escolares.” 

O Conselho estabelece a BNCC deve estar implantada nos currículos das redes estaduais e municipais até no máximo o início do ano letivo de 2020. Cinco anos após esse prazo, o documento deve passar por uma revisão. Já as avaliações e exames em larga escala, como Enem, terão um ano para se alinhar à BNCC.