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segunda-feira, 17 de julho de 2023

Podemos voltar a falar da confissão de Barroso? - Rodrigo Constantino

Gazeta do Povo - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

O país parou para falar da suposta agressão sofrida pelo ministro Alexandre de Moraes e seu filho no aeroporto de Roma, na Itália. Muito pouco se sabia sobre o caso, mas nossos "jornalistas" e autoridades já tinham o veredicto: uma família bolsonarista agredira o ministro verbalmente e seu filho fisicamente. 
Ninguém quis ouvir o outro lado, esperar com cautela por mais informações, aguardar os fatos e as imagens.
 
De João Amoedo a Sergio Moro, de Gilmar Mendes a Augusto Aras, todos os puxa-sacos foram bem rápidos em publicar mensagens se solidarizando com o ministro e repudiando a agressão - da qual não tinham qualquer prova ou contexto. 
Nas redes sociais, tinha gente pedindo a prisão da família, expondo suas fotos e alimentando a Inquisição com desejos incontidos de linchamento em praça pública.

Na velha imprensa, chegou-se a se falar em prisão de vários anos por "ameaça ao Estado de Direito", isso por conta de uma confusão ainda não esclarecida que se deu em outro país. A Polícia Federal foi acionada imediatamente, o que causa algum espanto: sua jurisdição é o Brasil. João Mauad comentou:  Xingue um ministro do Olimpo, num país estrangeiro, e seja acusado de tentativa de abolição do estado democrático de direito. Parece piada, mas é o que a mídia sabuja anda especulando, a sério. Em Pindorama, eu não duvido mais de nada. Nem mesmo que o meliante super perigoso, de 70 anos, seja trancado em prisão perpétua. Basta que os poderosos assim desejem…

Agora a Itália vai entregar as imagens das câmeras de segurança para a PF, mas esta, segundo a Folha, pede preservação das imagens. O Brasil aguarda para descobrir o que realmente aconteceu, enquanto nossa mídia, que matou o jornalismo, não liga a mínima, pois já tem o culpado e a vítima - que precisa bajular para ser poupada de sua caneta poderosa.

Enquanto todos discutem o caso envolvendo Alexandre de Moraes em Roma, a confissão do seu colega Luís Roberto Barroso pode ser finalmente esquecida. A imprensa agradece! 
Barroso, sem se segurar na vaidade, assumiu os créditos por ter derrotado Bolsonaro. 
Torcedor na melhor das hipóteses, ativista ilegal na mais provável. 
É crime essa partidarização escancarada, e Barroso é reincidente. 
Várias vezes. "Perdeu, mané, não amola!" "O Poder Judiciário virou um poder político". "Eu impedi aquela PEC do retrocesso, do voto impresso!" "Eles queriam a volta do voto em cédulas de papel..."
 
Por que falar dessas confissões bizarras, não é mesmo?  
Isso derruba toda a narrativa encampada pela imprensa de que uma terrível ameaça fascista justificava atos mais "ousados" do nosso STF. 
O ladrão voltou à cena do crime, como diria Alckmin, com a ajudinha do sistema, o "amor" venceu, e o Brasil está de volta: Gedel, aquele das malas com cinquenta milhões de reais, pode prestar consultoria em Brasília, Sergio Cabral virou influencer, a Odebrecht pode negociar com a Petrobras e os impostos vão aumentar muito.
 
As armas serão confiscadas, mas não as dos traficantes, e sim da turma dos CACs, pois o governo vai endurecer nas regras.  
Está tudo funcionando que é uma maravilha no Brasil. 
Ai de quem ousar dizer o contrário! 
A democracia foi salva, os golpistas estão sendo punidos, e todos podem voltar à normalidade, sem Lava Jato para encher o saco. 
Empresários "bolsonaristas" se arrependem em público para ganhar o aval do sistema, e "jornalistas" petistas já liberam a volta do consumo de esfirras.
 
No Brasil da democracia e do amor, todos serão agraciados com alguma boquinha, desde que acendam velas aos reis.  
Só não pode bater boca com um deles, nem que seja reagindo a alguma ofensa. Isso é o único crime que vai restar no país, além de apoiar Bolsonaro...

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta o Povo


domingo, 17 de setembro de 2017

Irmãos suspeitos de agressão a sírio controlam camelôs em Copacabana


Durante operação da Seop, eles vendiam seus produtos na Rua Siqueira Campos

Para quem passa, não há nenhuma ordem na confusão de ambulantes que vendem pelas ruas do Rio produtos roubados, falsificações grosseiras e contrabando. Observando de perto, a história é outra: cada pedaço do espaço público tem um xerife. Um dos pontos de maior concentração de camelôs, Copacabana é o retrato de como organizações criminosas estão loteando o Rio. Conhecidos como “Irmãos Metralha”, Sidney e Denílson Pinto "donos" de dois quarteirões da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua com a Rua Barata Ribeiro, entre as ruas Siqueira Campos e Santa Clara.


Sem fiscalização: Banquinhas de camelôs são montadas nas calçadas em frente às lojas na Avenida Nossa Senhora de Copacabana: ambulantes são obrigados a pagar até R$ 200 por semana aos irmãos que mandam no trecho - Domingos Peixoto
 
Sem a repressão de guardas municipais e nunca condenados pela Justiça, eles são empresários das ruas há pelo menos 16 anos e controlam, com mãos de ferro, a maioria dos pontos. Para trabalhar ali, os ambulantes precisam da autorização deles, além de pagar um aluguel entre R$ 100 e R$ 200 semanais, sob pena de, em caso de recusa, serem vítimas de ameaças e até de violência.

Sem dinheiro para pagar aos irmãos, o refugiado sírio Mohamed Ali Abdelmoatty Ilenavvy, de 33 anos, foi atacado, no início de agosto, por outros camelôs, a mando de Sidney e Denílson. A descoberta foi feita pelo GLOBO na semana passada, a partir de relatos de testemunhas e ambulantes. Por trás das cenas de intolerância religiosa, que causaram repúdio à população, levando Mohamed a receber uma série de homenagens, há, na verdade, uma intensa disputa pelo espaço. Mohamed foi agredido porque tentava instalar, sem autorização da quadrilha, sua barraca para vender esfirras, na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Santa Clara.

É possível identificar Denílson Barcelos nas imagens do ataque a Mohamed, feitas por um cinegrafista amador. Ele aparece à frente dos ambulantes, enquanto um homem, empunhando um pedaço de pau, grita palavras de intolerância. O “xerife” da área vestia, na ocasião, camisa azul clara de malha, calça jeans e uma bolsa a tiracolo preta. O refugiado sírio não registrou queixa na polícia. Mesmo com todo apoio e solidariedade que recebeu desde então — na última quarta-feira, ele foi agraciado com o título de Cidadão Fluminense na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e convidado a desfilar na Portela —, Mohamed foi obrigado a se mudar. A barraquinha, com a qual garante sua subsistência longe de seu país, teve que ser posicionada fora do alcance dos “Irmãos Metralha”. Agora, ele vende seus salgados na Rua Santa Clara, a cerca de cem metros do ponto original, que ficava mais próximo da Nossa Senhora de Copacabana.



Guardas sofrem ameaças e têm medo
Ambulantes, comerciantes e moradores de Copacabana revelaram que os “Irmãos Metralha” contam com a proteção de seguranças que trabalham no comércio local, quase todos ex-policiais. Também apontaram Sidney e Denílson como os responsáveis pelo fornecimento de mercadorias para outros ambulantes. Os dois contariam, de acordo com eles, com uma rede de funcionários e bancas. Camelôs legalizados confirmaram que eles controlam o espaço público, e mesmo guardas municipais admitiram temer a dupla. — Tenho medo sim. A rede da família é muito grande. Já tivemos casos de guardas municipais ameaçados — afirmou um agente municipal, que pediu para não ser identificado.

Os irmãos também são suspeitos de participação nos ataques, na esquina da Nossa Senhora de Copacabana com Rua Siqueira Campos, a um grupo de torcedores uruguaios do Nacional, que vieram ao Rio assistir ao jogo em que o clube do país enfrentou o Botafogo e perdeu, durante a disputa da Libertadores da América. O tumulto também aconteceu em agosto, poucos dias depois de o sírio ser agredido. Pelo menos dez ambulantes espancaram os estrangeiros. 

Os uruguaios teriam começado a fazer provocações, quando estavam numa lanchonete, e, no caminho, se depararam com a turma dos “Irmãos Metralha”. Graças a um outro cinegrafista amador, que filmou camelôs agredindo um dos uruguaios já caído na Nossa Senhora de Copacabana, é possível saber que o mesmo grupo foi responsável pelas cenas de violência. Treze torcedores foram detidos pela PM e levados à 12ª DP (Copacabana). Mas nenhum ambulante foi preso. — A situação poderia ficar fora de controle, se a gente não chegasse. Estavam com pedra na mão, pedação de pau. Foi rápido, mas devastador — contou um policial do batalhão da área.
 
Vendendo produtos variados — óculos, eletrônicos, brinquedos e roupas de marcas famosas falsificadas —, os “Metralha” se movimentam nas esquinas de Copacabana, de forma organizada. Um homem atua como “olheiro”, de prontidão num ponto estratégico, para avisar sobre a chegada da fiscalização. Uma logística ousada para driblar a repressão. Durante uma operação da Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop), há duas semanas, mesmo com guardas municipais parados na Nossa Senhora de Copacabana, os irmãos vendiam seus produtos a apenas 50 metros, na Rua Siqueira Campos.

E, na semana passada, eles já estavam de volta à esquina da Nossa Senhora de Copacabana com a Siqueira Campos. Denílson e Sidney só se deslocavam dali para vender em outras áreas sob seu domínio: na esquina das ruas Barata Ribeiro com Siqueira Campos; na Nossa Senhora com Santa Clara; e ainda num trecho da Figueiredo Magalhães. Na segunda-feira passada, a dupla vendia óculos de sol e de grau em pelo menos cinco bancas improvisadas. Os negócios dos “Metralha” são diversificados, vão de roupas falsificadas a bijuterias “made in China”.

Bando conta com “olheiro”
Denílson, de 46 anos, tem 16 passagens pela polícia. Sidney, de 48 anos, supera o irmão: são 33. As acusações contra os dois são todas relacionadas à venda ilegal de produtos. Os primeiros registros são de 2001. Portanto, há 16 anos, eles atuam na clandestinidade. Entre as queixas já investigadas pela polícia, há de tudo um pouco: ameaça, desacato, venda de produtos falsos, pirataria. Há dez anos, os irmãos já eram conhecidos em Copacabana pelo comércio de CDs e DVDs piratas. Um registro dessa época, na Delegacia de Defraudações da Polícia Civil, chegou a virar processo na Justiça estadual, mas acabou arquivado por falta de provas. Ninguém apareceu para testemunhar. O medo impediu.

O delegado Gabriel Ferrando, titular da 12ª DP (Copacabana), reconheceu que ainda não abriu um inquérito contra os “Irmãos Metralha” porque nenhuma vítima procurou a polícia até agora. Mesmo o sírio Mohamed Ali Abdelmoatty Ilenavvy não quis levar a denúncia de agressão à frente. — Sabemos da atuação dos dois, temos uma investigação, mas nossa dificuldade é a falta de pessoas dispostas a testemunhar — disse o delegado.

O coronel Paulo César Amêndola, titular da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), alega que o setor de inteligência do órgão tenta mapear o loteamento de ruas de Copacabana por camelôs. Ele reconheceu que há “gargalos” na fiscalização, mas sustenta que não existe “donos de calçadas” no Rio.

Fonte: O Globo