Eventual condenação ameaça participação da presidente do partido no pleito
Além de
ter o seu pré-candidato à Presidência da República preso sem poder fazer
campanha, o que tem dificultado a costura de alianças, o PT pode ter um
problema a mais para lidar a partir desta semana. A presidente da legenda, senadora
Gleisi Hoffmann (PR), será julgada na terça-feira pela Segunda Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção e lavagem de
dinheiro. A ação
penal de Gleisi será a segunda a ser julgada pela Corte. O primeiro réu da
Lava-Jato julgado pelo STF foi o deputado Nelson Meurer (PP-PR), condenado pela Segunda Turma.
De acordo
com um dirigente do PT, uma eventual condenação de Gleisi representará mais
"um desgaste" e mais uma crise para a legenda. O papel que ela
exercerá na campanha presidencial também pode ser influenciado pelo julgamento.
Gleisi chegou a ser citada como uma possibilidade de vice da chapa, caso o PT
realmente não feche nenhuma aliança. Nos
últimos dias, o julgamento mudou a atuação de Gleisi pelo menos nas redes
sociais. Antes restritos à defesa de Lula e à propaganda de sua candidatura,
suas publicações passaram a tratar do processo no STF. A senadora alega ser
vítima da "máquina de delações contra o PT" e se diz inocente.
No mesmo
processo, também são réus o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo e o
empresário Ernesto Kugler. As investigações começaram com as delações premiadas
do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Segundo os delatores, Paulo Bernardo pediu R$ 1 milhão a Paulo Roberto para
abastecer a campanha da mulher ao Senado em 2010. O dinheiro teria sido
entregue, em quatro parcelas de R$ 250 mil, por um intermediário de Youssef a
Ernesto Kugler, um empresário ligado ao casal.
Se for
condenada, Gleisi pode ficar fora da eleição deste ano. Desgastada entre o
eleitorado do Paraná, berço da Lava-Jato, a presidente do PT desistiu de tentar
a reeleição para o Senado e pretendia concorrer a deputada federal, se a necessidade
de se apresentar como vice da chapa presidencial não se concretizasse. Há
divergência entre especialistas se uma eventual condenação na terça-feira já
seria suficiente para enquadrar a petista na Lei da Ficha Limpa.
Karina
Kufa, professora da área eleitoral do Instituto de Direito Público de São
Paulo, entende que não há necessidade de esperar recursos para que a senadora
seja considerada inelegível. Ela afirma que a “a primeira condenação colegiada
basta”.
O
promotor eleitoral Thales Tácito Cerqueira, do Ministério Público de Minas
Gerais, discorda e diz que é necessário esperar, pelo menos, o julgamento dos
primeiros embargos. —
Embargos de embargos ou outro recurso para o Plenário não são necessários.