Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador extintor de incêndio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador extintor de incêndio. Mostrar todas as postagens

domingo, 12 de março de 2023

A insurreição teatral - Rodrigo Constantino

Revista Oeste

Um vídeo exibido por Tucker Carlson, da Fox News, provou que a narrativa partidária em torno dos eventos envolvendo a invasão do Capitólio foi uma grande farsa

 Manifestantes em frente ao Capitólio, em Washington, Estados Unidos, em 2021 | Foto: Sebastian Portillo/Shutterstock

 Manifestantes em frente ao Capitólio, em Washington, Estados Unidos, em 2021 | Foto: Sebastian Portillo/Shutterstock  

Por dois anos o público teve acesso apenas às imagens que a grande mídia escolheu divulgar sobre a invasão do Capitólio naquele fatídico 6 de janeiro
A narrativa era que os Estados Unidos viveram uma tentativa terrível de golpe e que a sua democracia correu enorme perigo. 
Tudo teria sido culpa de Trump, claro, apesar de o então presidente ter sido claro sobre o lado pacífico da marcha de protesto que incentivou. Todo apoiador de Trump era um potencial golpista, eis o resumo da ópera.
 
Uma ópera-bufa, agora fica mais claro. O Comitê do Congresso que teve acesso ao material completo das câmeras de segurança nunca havia divulgado essas imagens, tampouco a velha imprensa pareceu interessada no tema. A líder era Nancy Pelosi, a democrata
Agora, sob o comando de um republicano, essas imagens finalmente chegaram ao público, por meio de Tucker Carlson, da Fox News.
 
Na segunda-feira, Tucker Carlson divulgou a primeira parte da investigação de sua equipe sobre cerca de 40 mil horas de imagens de segurança do Capitólio naquele 6 de janeiro de 2021.  
O vídeo que Carlson exibiu para seu grande público provou que a narrativa partidária em torno dos eventos foi uma grande farsa. “Os democratas no Congresso, auxiliados por Adam Kinzinger e Liz Cheney, mentiram sobre o que aconteceu naquele dia. Eles são mentirosos. Isso é conclusivo e deve impedir que eles sejam levados a sério novamente”, disse Carlson. A primeira série de clipes de Carlson reproduzidos foi uma filmagem adicional não divulgada anteriormente dos manifestantes de 6 de janeiro circulando sem violência pelo Capitólio, muitas vezes ao lado da equipe de segurança e dos policiais.

Certamente, alguns dos primeiros a entrar no capitólio quebraram janelas e forçaram a abertura da porta. Mas, para as centenas que se seguiram, eles pareciam inconscientes do dano causado e eram claramente não violentos. A polícia simplesmente os deixou entrar. Alguns são vistos parando para limpar alguns danos causados ​​por outros que haviam passado antes.

O foco então mudou para Jacob Chansley, mais conhecido como o xamã QAnon. Os policiais do Capitólio, por sua própria vontade, guiaram Chansley por todo o local. 
Mesmo quando a polícia superou Chansley em nove para um, eles não se moveram para prendê-lo ou removê-lo. 
Chansley mais tarde agradeceria aos oficiais em oração no plenário do Senado.
Se o 6 de janeiro foi o que a mídia e o Comitê Seleto dizem que foi — uma insurreição violenta destinada a interromper a transferência pacífica de poder e assumir o controle do governo federal à força em nome de Donald Trump —, esse é um cenário em que a polícia do Capitólio deveria guiar tranquilamente os participantes do golpe violento? 
Onde estavam as armas dos terroristas, aliás? 
E quantos foram mortos naquele dia?

E eis, no fundo, a essência disso tudo: uma elite “progressista” e arrogante despreza a democracia verdadeira, pois despreza o povo, tido como ignorante demais para tomar decisões importantes

Eis outra farsa que vem abaixo com as imagens divulgadas por Carlson. Além de uma manifestante que morreu baleada pela polícia, a única outra morte explorada pela imprensa como prova do perigo da “insurreição” era a de um policial, que foi a óbito um dia após o evento. Alegava-se, sem provas, que Brian Sicknick teria sofrido traumatismo, ao apanhar com um extintor de incêndio durante a entrada forçada dos manifestantes. Mas o mesmo policial aparece nas imagens depois, calmo, organizando o fluxo de pessoas, usando seu capacete intacto.

Por suas ações, os policiais no local claramente não interpretaram os manifestantes que estavam entrando no Capitólio como um ataque à democracia norte-americana
Se os oficiais entenderam isso como uma tentativa de derrubar o governo norte-americano, então o Departamento de Polícia do Capitólio deveria ser destituído de vez por incompetência ou mesmo cumplicidade. 
A covardia deles seria imperdoável e incompatível com a missão em jogo.
Manifestantes em Washington, em janeiro de 2020 - 
Foto: Bryan Regan/Shutterstock
As imagens mostradas por Tucker Carlson são devastadoras para as narrativas midiáticas sobre aquele dia
E a reação da mesma imprensa, agora que tudo veio à tona, é ainda pior e mais suspeita: eles acusam o líder republicano de ter liberado essas imagens apenas para Carlson, ou alegam que o apresentador da Fox News é partidário (como se eles, na CNN e companhia, fossem imparciais e objetivos)
É como se a transparência com o público fosse prejudicial para a democracia!

E eis, no fundo, a essência disso tudo: uma elite “progressista” e arrogante despreza a democracia verdadeira, pois despreza o povo, tido como ignorante demais para tomar decisões importantes. É por isso que caberia aos parlamentares do Comitê Seleto observar e revelar suas conclusões, tomadas como verdade absoluta. É por isso que caberia aos jornalistas da imprensa tecer análises e disparar julgamentos, condenando Trump pelo “golpe”.

Se o povo analisar por conta própria as imagens, ele poderá concluir que um bando de fanfarrões desarmados não configura um movimento fascista ameaçador.  
Ele pode até mesmo acreditar que arruaceiros fantasiados e escoltados pela própria polícia não passam de idiotas sem qualquer perigo real para as instituições republicanas. Ele pode, cruzes!, interpretar que a maior ameaça à democracia não veio daquela turba descontrolada e exótica, mas, sim, do establishment, incluindo a mídia, que insistiu por anos em narrativas furadas só para derrubar o presidente de direita que não suportavam, mas foi eleito pelo povo.
[a matéria,lida com isenção, praticamente nos obriga a ter em conta que as narrativas do 'nosso' 8 de janeiro, apresentam ações praticadas por esquerdistas infiltrados como se praticadas por bolsonaristas.
Esqueceram apenas de indicar quem, caso os bolsonaristas 'golpistas',lograssem êxito quem seria indicado para ser o beneficiário do golpe = assumir a Presidência da República.?
Querem criar o primeiro golpe de estado sem tropas e sem alguém para assumir o comando da nação após "êxito" do golpe.]
Foto: Orhan Cam/Shutterstock

Leia também “A mídia é racista”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste


sábado, 26 de setembro de 2015

O Contran e a mulher de César

Arejar a composição do Contran com participação da sociedade civil pode ajudar a reduzir o que parece ser seu empenho em provocar a desconfiança alheia 

Ficou parecendo pirraça. No exato dia em que eu o elogiava aqui pela escolha do tema da Semana Nacional de Trânsito para este ano, o Contran se reunia para protagonizar um dos episódios mais bizarros de sua história. A ponto de merecer do Jornal Nacional da TV Globo a comparação com as tristemente anedóticas decisões sobre o kit de primeiros socorros. É que data do mesmo dia 17 sua Resolução no. 556/2015, que torna opcional o extintor de incêndio para automóveis particulares, item que considerava essencial até a véspera.

ADVERTISEMENT
A mesma matéria do Jornal Nacional traz a declaração do presidente do conselho, Alberto Angerami, de que todas as decisões do órgão são sopesadas e fundamentadas em estudos técnicos. Não duvido. Aliás, mais que não duvidar, confirmo a seriedade do processo de decisão do Contran, que é assessorado por seis câmaras temáticas formadas por técnicos representantes de órgãos federais estaduais e municipais de trânsito e especialistas indicados por entidades ligadas aos respectivos campos de trabalho e conhecimento. Meu testemunho tem lastro nos dez anos em que pertenci à Câmara Temática de Educação para o Trânsito e Cidadania, representando a Anpet – Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes.

Testemunhos como este, porém, nunca serão suficientes para neutralizar a desconfiança que a população tem das reais motivações de quem elabora normas. Por isso, caberia muito bem ao caso aplicar a lógica que o imperador romano usou para justificar sua separação da mulher Pompeia, embora nada tenha sido provado contra ela – não lhe bastava ser honesta, era preciso também parecer ser.

Idas e vindas são comuns em estudos técnicos e científicos, inclusive com consequências econômicas e para a saúde (também no dia 17 minha nutricionista me contou o diálogo em que o ovo tentava consolar o glúten, mostrando com seu próprio caso como a vida é feita de altos e baixos). Como disse em editorial o jornal gaúcho Zero Hora, é legítimo que o Contran experimente e aperfeiçoe suas deliberações. No caso presente, o jornal até considera que a nova decisão foi acertada. Mas o que não se conseguiu até agora explicar – nem o jornal cobrou é por que, se havia um estudo em curso, isso não foi tornado público e a decisão anterior não foi suspensa até a conclusão das análises.

Talvez a resposta esteja em um aspecto que a matéria do Jornal Nacional até abordou, mas não explorou: o Contran só tem representantes dos ministérios. A sociedade civil não tem assento lá. Esse debate já aconteceu algumas vezes no âmbito do Sistema Nacional de Trânsito, terminando sempre com a justificativa de que a sociedade está representada nas câmaras temáticas (que efetivamente têm representantes dos órgãos estatais em só metade de sua composição). O problema é que nelas o debate não flui para a sociedade, porque os membros das câmaras são orientados a não se manifestarem sobre os assuntos antes de eles virarem resoluções..
.

Por: Paulo Cesar Marques da Silva, Engenheiro, doutor em estudos de transportes pela University College London... - Blog do Noblat