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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

O SILÊNCIO NOS TROUXE ATÉ AQUI - Percival Puggina

No princípio era a Palavra, e Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. (João 1:1)

Poucas coisas me incomodam tanto quanto ouvir que “palavras não adiantam nada, não resolvem o problema brasileiro”.

Acabei de ler algo assim. Olho para os livros que me envolvem cá onde trabalho. Milhões de palavras produzidas por pessoas que passaram suas vidas dedicadas a escrevê-las! Entre eles, alguns livros volumosos, encadernados, com obras primas da retórica universal. Palavras que impulsionaram ações que barraram o desastroso caudal por onde a civilização era arrastada. Obras que integram os anais do tempo em que foram escritas.

Diferentemente do que afirmam aqueles que recusam às palavras o devido valor, foi o silêncio que nos trouxe até aqui.

Foi o silêncio omisso dos que ficaram em casa, dos que permaneceram no sofá de sua cômoda omissão.

Foi o silêncio dos que poderiam ter falado, contestado, protestado, mas sequer tinham algo a dizer porque deixaram sua cidadania no canto mais inacessível da mais empoeirada prateleira.

Foi o silêncio dos que, nos parlamentos e nas cortes só falam quando as palavras fogem da verdade e tilintam como moedas.

Foi o silêncio daqueles cujas convicções se intimidam diante de pesquisas de opinião e aceitam o cabresto do consórcio das empresas de comunicação, organizado exatamente para isso.

Foi o silêncio, também, daqueles cuja ignorância é filha da miséria e simplesmente não entendem porque lhes foi tomado o direito de entender.

Pergunto: será destes últimos, destes desditosos irmãos nossos, que vamos cobrar quaisquer desastres que suas decisões de voto causem à vida nacional? Como ousaremos fazê-lo?

São os conectados, os modernos argonautas da Internet, que abandonam a missão no meio do caminho e nada levam adiante se isso exigir empenho ou contiver a simples ideia de renúncia ou sacrifício.

Querem que outros “resolvam”, que outros repreendam seus congressistas, que outros se exponham aos riscos de suscitar a incontida ira dos tiranos. Enquanto perseveram na mais amorfa das simpatias, esperam que outros, que todos os outros, conscientizem seus familiares, vizinhos e amigos.  Quando não, querem terceirizar aos demais as ações, os trabalhos e os riscos perante o presente e o futuro.

Martin Luther King, num de seus discursos, sentenciou: “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos.”

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Líder de comissão de 'mortos e desaparecidos': 'O Brasil empregou muito dinheiro em busca de ossada' - Veja

Chefe da Comissão de Mortos critica gastos com desaparecidos da ditadura

'O Brasil empregou muito dinheiro em busca de ossadas... Dinheiro poderia ter ido para saúde e educação', diz Marco Vinícius Carvalho, presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos no governo Jair Bolsonaro


Presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos do governo Jair Bolsonaro,  Marco Vinícius Carvalho Marco Vinícius Carvalho decidiu mexer mais uma vez com os fantasmas do país.

Ao Radar, ele criticou o dinheiro gasto pelo governo na procura de desaparecidos políticos.
“O Brasil empregou muito dinheiro em busca de ossadas. De 1.047, localizou apenas duas. Gastou 500.000 dólares. Dinheiro que poderia ter ido para saúde e educação. Talvez essas pesquisas de DNA pudessem ter sido estruturadas na nossa Polícia Federal e o custo seria bem menor”, diz.

O material de banco de dados com amostras de sangue de familiares foram enviados para Holanda e Bósnia, países com tecnologia apropriada.