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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

O lulismo vai morrer com Lula - Augusto Nunes

Revista Oeste

Líderes de partidos estimulam o surgimento de sucessores. Chefes de seita não deixam herdeiros


 Partido dos Trabalhadores | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

 “Acredito que existe consenso dentro do PT e da base aliada sobre a candidatura do presidente Lula em 2026”, recitou Fernando Haddad em recente entrevista à Folha. “É uma coisa que está bem pacificada, não se discute”, enfatizou o ministro da Fazenda. Aos 79 anos, completados em outubro, Luiz Inácio Lula da Silva acaba de superar Michel Temer no ranking dos mais idosos ocupantes do cargo. Mais um ano e se terá transformado no primeiro octogenário a governar o país.

É pouco, acham Haddad, os demais sacerdotes e todos os devotos que enxergam num ex-presidiário seu único deus — além do que o ministro chama de “base aliada”.  
O que será isso? 
A expressão inclui os órfãos do Muro de Berlim pendurados nos cabides de empregos públicos?
As
siglas nanicas que orbitam em torno da estrela vermelha e se juntam ao PT nos anos eleitorais para cumprir ordens do comandante vitalício da autodenominada esquerda brasileira? 
Fazem parte da base as porções do centrão contempladas com ministérios, verbas ou empregos? Difícil saber.
 
O que se sabe é que não há nesse amontoado de obscenidades algo que se possa chamar de partido político
Eis aí uma salto civilizatório que nunca deu as caras nestes tristes, trêfegos trópicos. O que nasceu em 1980 com o nome de Partido dos Trabalhadores, por exemplo, passou a comportar-se como delinquente juvenil ainda no berçário e, com a descoberta do Mensalão, ficou com cara de quadrilha antes de alcançar a maioridade.
A devassa do Petrolão confirmou que o templo das vestais camuflava um bordel de quinta categoria. 
 E a notícia de que as organizações criminosas se entendem por meio de conversas cabulosas revelou que o PT só difere do PCC na especialidade que cada bando elevou à categoria de arte. 
Marcola e seus parceiros fazem bonito no tráfico de drogas. Lula e a companheirada brilham em bandalheiras concebidas e consumadas nas catacumbas de Brasília.  
Com a transformação do partido em seita, o PT foi reduzido a codinome do lulismo. Haddad parece não saber disso, sugere a continuação da entrevista. “Mas o PT tem de começar a pensar na sucessão de Lula: excluído 2026, o fato é que a questão vai se colocar”, ressalvou o ministro. Ele finge ignorar que tais questões só figuram nas pautas de partidos de verdade, providos de projetos de país com cláusulas pétreas, programas de governo convincentes, ideário sólido e valores inegociáveis
É assim nas nações amadurecidas. O Brasil jamais produziu algo parecido.
 
O Brasil é um deserto de partidos infestado por 33 siglas. 
Nunca foram tantas as lucrativas sopas de letras, mas a indigência partidária está no DNA do País do Carnaval. 
Quatro vezes prefeito de Taquaritinga, meu pai foi filiado ao PTB, ao PTN, ao MDB e ao PMDB. 
O resultado da eleição teria sido o mesmo caso fosse candidato pelo BNDES ou pelo FBI. Brasileiro não vota em partido, sobretudo em eleições municipais. 
Escolhe uma pessoa, seja qual a sigla que habite. Foi assim antes do bipartidarismo inventado pelo regime militar. Assim continuou a ser nos tempos em que grupos distintos tiveram de espremer-se em sublegendas da Arena e do MDB. 
E assim será até que apareçam partidos de verdade, como os que existem nas democracias maduras.

No Brasil, o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral usam dinheiro dos pagadores de impostos para bancar as atividades e a sobrevivência de 33 ajuntamentos de oportunistas

Nos Estados Unidos, por exemplo, o eleitorado se dá por satisfeito com o duelo entre o Partido Democrata e o Partido Republicano — o que não impede a existência de legendas liliputianas nem proíbe o lançamento de candidaturas avulsas. Mais: democratas e republicanos abrigam correntes que disputam nas eleições primárias o direito de indicar o candidato à Presidência. Consumada a escolha, os grupos desavindos se unem no esforço para derrotar o inimigo principal na corrida rumo à Casa Branca.

Nas democracias modernas, partidos políticos e duelos eleitorais são financiados por eventos organizados por comitês e contribuições feitas às claras, sem truques nem camuflagens, por indivíduos ou empresas. 
O governo não desperdiça um único e escasso centavo. No Brasil, o Fundo Partidário e o Fundo Eleitoral usam dinheiro dos pagadores de impostos para bancar as atividades e a sobrevivência de 33 ajuntamentos de oportunistas
Esse defeito de fabricação resultou na multiplicação de seitas identificadas pelo acréscimo do sufixo ismo ao nome do líder carismático, cuja cabeça baldia não reserva espaço para programas partidários. 
Os devotos se curvam às ordens da divindade. Também por isso, nenhuma seita sobrevive à ausência física do chefe supremo. O janismo, por exemplo, morreu com Jânio Quadros. 
O ademarismo se foi com Ademar de Barros. 
O brizolismo descansa no jazigo de Leonel Brizola. 
O lulismo não sobreviverá à partida de Lula.

Desde o nascimento do Partido dos Trabalhadores, em 1980, Lula tudo decide, do candidato à prefeitura de Cabrobó à formação da comitiva que desfrutará da próxima viagem reivindicada por Janja, passando pela escolha dos parceiros da negociata em gestação. 

 Mas um populista barato, incapaz de ler mais que a orelha de um livro ou de redigir um bilhete de três linhas sem assassinar o idioma, não tem nada que preste a legar. 
Gente assim não tem ideias aproveitáveis, propostas interessantes, princípios éticos, padrões morais, nada disso. 
Não tem afetos reais, admirações genuínas. Também por isso, nunca tem sucessores.
 
Haddad, portanto, logo será dispensado de perder eleições por determinação do deus da seita.  
Deveria planejar desde já o que pretende fazer no pós-Lula. 
Tempo é o que não vai faltar. 


Leia também “O ano fora da lei”
 
 
Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste
 
 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Nada mais fascista do que um imposto sindical obrigatório - Gazeta do Povo

Vozes - Guilherme Macalossi

O DNA do imposto sindical obrigatório é fascista
Não se trata de matéria de opinião, é apenas fato histórico. 
A declaração III da Carta del Lavoro estabelecia que “somente o sindicato legalmente reconhecido e submetido ao controle do Estado tem o direito de impor a todos os integrantes da categoria o pagamento da contribuição”.  
Era uma forma de, pela via sindical, submeter a classe operária aos dirigentes fascistas.

Esse documento de 1927 que institucionalizou o modelo corporativo nas relações de trabalho da Itália de Benito Mussolini inspirou a CLT, promulgada por Getúlio Vargas durante sua ditadura do Estado Novo. Desde então, a cobrança compulsória sobre o vencimento dos trabalhadores brasileiros foi praticada indiscriminadamente até 2017, quando o governo de Michel Temer fez a Minirreforma Trabalhista. Agora, Lula pretende ressuscitar o monstrengo, como forma de ajudar seus amigos sindicalistas, ávidos por recursos fáceis.

    Era uma forma de, pela via sindical, submeter a classe operária aos dirigentes fascistas

Desde que o pagamento se tornou facultativo, a arrecadação dos sindicatos e demais entidades desabou de R$ 3.6 bilhões em 2017 para R$ 68 milhões em 2023. Uma queda de 98%.  
O recado dos trabalhadores é bem evidente: não se sentem representados pelas entidades existentes, muitas delas voltadas menos aos interesses coletivos e mais para aqueles de suas respectivas cúpulas, muitas vezes formado por castas umbilicalmente ligadas a partidos políticos de esquerda.
 
Luiz Marinho, que Lula nomeou para o Ministério do Trabalho e Emprego, é um dinossauro sindical cujas concepções e noções econômicas o fazem acreditar que se a Uber saísse do país bem poderia ser substituída pelos Correios, uma estatal que mal consegue distribuir boletos.  
Eis a figura que foi encarregada de reestabelecer a obrigatoriedade do financiamento sindical.
 
Ainda que agrade a companheirada emboletada nas sinecuras da CUT, da UGT, da Força Sindical e outras, o retrocesso trabalhista pretendido pelo governo Lula ainda terá de ser debatido no Congresso Nacional, em que se projetam dificuldades objetivas para a aprovação. 
 Ainda mais se o texto apresentado for aquele sonhado por essas entidades.

Em nota conjunta publicada na última segunda-feira (21), as centrais denunciam que seu campo foi “prejudicado pelo avanço de políticas antissociais e antidemocráticas que se viu durante os governos Temer/Bolsonaro”, e que para “restaurar plenamente o Estado Democrático de Direito precisamos restaurar o erro que foi a ofensiva antissindical”. Para tanto, defendem a volta de um subsídio obrigatório, na contramão das legislações de outros países com economias mais dinâmicas, em que associações são voluntárias e há pluralidade.

É preciso uma boa dose de desonestidade intelectual e de descaramento para instrumentalizar o estandarte da democracia como forma de fazer lobby por uma proposta de concepção fascista. 
O corporativismo monopolista das entidades sindicais já está na rua para reivindicar a tungada no dinheiro dos assalariados, devolvendo o Brasil a 1927.


Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Guilherme Macalossi, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Campos Neto é o melhor gestor público do Brasil e isso é insuportável para Lula - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

Foto: Agência Brasil

O Banco Central decidiu reduzir a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, depois de uma longa e paciente caminhada para combater as ameaças de disparada da inflação que apareceram junto com a Covid. Foi um combate extremamente bem-sucedido – pela primeira vez na história, a inflação anual do Brasil, em 2022, ficou abaixo da inflação dos Estados Unidos, da Alemanha e de outros exemplos mundiais de seriedade econômica. Hoje está menor ainda. 
Pode haver uma prova mais clara de competência na gestão de um Banco Central? Os números mostram que não.  
A comunidade financeira mundial, que tem um julgamento neutro sobre as questões de estabilidade da moeda - e trabalha apenas com realidades, não com demagogia - deu aprovação unânime e vigorosa a tudo o que o Brasil tem feito para enfrentar a inflação. 
Seu presidente, Roberto Campos Neto, foi eleito em 2022 como o melhor presidente de banco central da América Latina, por seu desempenho diante da desgraça geral da pandemia, da guerra da Ucrânia e outros traumas da economia global. 
O real é hoje uma das moedas mais estáveis do mundo, e as reservas internacionais do Brasil em divisas, atualmente em 350 bilhões de dólares, estão entre as dez maiores do planeta.
 
No Brasil de Lula, do PT e dos “economistas de esquerda”, porém, Campos é amaldiçoado todos os dias como o responsável único e direto por todos os problemas que possam existir na sociedade. 
Não há, naturalmente, fundamento técnico nenhum para essas agressões. O que há, desde o primeiro dia, é a desonestidade, a má fé e o uso deliberado da fraude como método de ação política que estão na alma de todos os governos Lula. 
Ele decidiu, e o cardume de bajuladores-raiz que tem em volta de si foi atrás automaticamente, que o presidente do Banco Central tinha de ser o judas do Brasil. Jogam em cima dele todas as culpas por sua própria incompetência – e a sua incapacidade fundamental em resolver qualquer das dificuldades do Brasil, sobretudo as que eles próprios criaram. 
Está ruim? A culpa não é nossa. É “do Campos”. 
Nunca tiveram a menor intenção de fazer um debate sério em relação aos juros, ou de apresentarem uma única ideia útil para a política monetária. Em vez de discordar com respeito e com a sugestão de alternativas, o que seria a obrigação elementar de um presidente da República, Lula e o PT só fizeram insultos.  
Campos, a um momento, foi chamado de “este cidadão” por Lula.


    No Brasil de Lula, do PT e dos “economistas de esquerda”, porém, Campos é amaldiçoado todos os dias como o responsáve
l único e direto por todos os problemas que possam existir na sociedade

O problema do presidente do Banco Central é que ele é hoje, disparado, o melhor gestor público do Brasil e não foi nomeado por Lula, não precisa dele para nada e, por lei, trabalha com autonomia em relação ao governo
O rancor básico que comanda a cabeça de Lula, e a inveja rasteira que faz parte do seu DNA, o levaram a surtar de novo, no mesmo dia em que o BC baixava os juros – aliás, com o voto decisivo de Campos a favor na redução. 
Acusou o presidente do BC de não entender nada “de Brasil” e “do povo”; disse, também, que não sabe quais os “interesses” que ele “defende”. 
O presidente do Banco Central, para o interesse do cidadão, não tem de entender de Brasil”.
Tem de entender de estabilidade monetária – é esse o seu trabalho, e ele está fazendo seu trabalho melhor do que ninguém. “O Banco Central brasileiro conseguiu um feito que tem sido perseguido por todas as autoridades monetárias globais: um pouso suave da economia, com controle da inflação”, disse a Goldman Sachs, um termômetro básico do consenso financeiro mundial. Lula não suporta ouvir essas coisas.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 23 de julho de 2023

Lula prega a desordem ao incentivar linchamento dos inimigos políticos - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Petista é hoje o maior pregador do ódio, da violência e da discórdia em atuação no Brasil

O Brasil está afundando, cada vez mais, num abismo em que a autoridade pública incentiva abertamente o linchamento dos inimigos políticos – ou de quem é considerado inimigo. 
O último surto desse tipo de doença degenerativa, presente no DNA de todas as ditaduras, se manifestou em mais um dos crescentes disparos de ira do presidente da República. 
Sem esperar qualquer decisão da Justiça, Lula chamou de “animal selvagem” um cidadão acusado de ofender o ministro Alexandre de Moraes num bate-boca no aeroporto de Roma. Sustentou, mesmo, que não se trata de “um ser humano”. Disse, em seguida, que eles devem ser “extirpados”. O que significa isso? 
A lei brasileira exige que todos, sem distinção, sejam tratados como seres humanos e tenham direito à vida; não há exceções
A lei também estabelece que todo mundo é inocente até ser provada a sua culpa, e no caso, ainda não se provou nada; talvez não se prove nunca. Não está previsto em lugar nenhum, enfim, que uma pessoa deva ser “extirpada” – apenas que seja punida segundo o processo legal. 
O que Lula fez não foi exigir a aplicação rigorosa da lei. Foi estimular a desordem.
Qual a surpresa, aí? Este tem sido, há muito tempo, o comportamento natural do presidente – ele é hoje o maior pregador do ódio, da violência e da discórdia em atuação no Brasil. 
Há algum outro que diga em público as coisas que ele vive dizendo? 
O que há de realmente perturbador não é isso. É a aceitação passiva de um regime político que obriga a sociedade a engolir a mentira no lugar da verdade e que ameaça com cadeia, e outros tipos de repressão, quem aponta os fatos.  
É uma ordem jurídica que trocou a lei pela vingança, usa a polícia como o seu serviço particular de segurança armada e substituiu a realidade pela propaganda oficial. É, mais do que qualquer outra coisa, a continuação do vale-tudo ideológico e moral que começou com o combate ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a tudo o que havia ao seu redor. Bolsonaro ia acabar com o Brasil; nesse caso, era justo usar qualquer meio para acabar com ele antes, como aplicar a censura “só até a eleição”, ou dizer que a “sociedade está acima da lei”.  
É a velha história: vamos matar mil para salvar um milhão
Houve a mesma coisa com a histeria descontrolada, por parte da máquina estatal, de todas as elites e da mídia, no tratamento da covid. O Brasil ia desaparecer; era preciso, para salvar o País, eliminar as liberdades, os direitos individuais e a vigência das leis.

Bolsonaro já foi. A covid já foi. Ficou, e vai ficando cada vez mais, a ideia de que só há um Deus, o consórcio STF-Lula, e uma só verdade – a deles.

J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

A confissão da Pfizer e o acerto de quem errou - Revista Oeste

Paula Schmitt

Há cerca de um mês, o Project Veritas divulgou um vídeo em que um suposto funcionário da farmacêutica faz uma confissão chocante 

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock  

No dia 25 de janeiro, o Project Veritas (grupo jornalístico que se propõe a investigar e divulgar casos de corrupção e outros desvios de conduta para, segundo suas próprias palavras, “alcançar uma sociedade mais ética e transparente”) divulgou um vídeo em que um suposto funcionário da Pfizer faz uma confissão chocante. Sem saber que estava sendo filmado, e acreditando estar falando com um pretendente romântico, Jordon Walker diz que a Pfizer está provocando mutações no vírus da covid para criar vacinas antes que mutações naturais aconteçam. Traduzo abaixo alguns trechos do diálogo entre Walker e o jornalista do Project Veritas, cujo nome não é revelado.

PV A Pfizer está pensando em fazer mutações na covid?

Walker — Bem, não é isso que a gente fala para o público, não. Não. Não conte pra ninguém isso. Aliás, você tem de prometer que não vai contar pra ninguém. […] Nós estamos explorando tipo… Sabe como o vírus continua sofrendo mutações?

PV — Sim.

Walker — Então, uma das coisas que estamos explorando é tipo, por que a gente simplesmente não faz a mutação nós mesmos? Assim poderíamos… Poderíamos preventivamente desenvolver novas vacinas, correto? Então a gente tem de fazer isso. Se a gente vai fazer isso, no entanto, existe um risco de, tipo… Como você pode imaginar, ninguém quer uma empresa farmacêutica fazendo mutações em vírus. […] A gente tem de fazer tudo com muito controle para garantir que esse vírus no qual você fez a mutação não crie algo tipo… Que ele não se espalhe por todo lugar.

PVLoucura.

Walker — Que [aliás] eu suspeito… Foi o jeito que o vírus começou em Wuhan, para ser sincero. Tipo, não faz sentido que esse vírus tenha aparecido do nada.

Em outro trecho, Walker explica melhor o que quis dizer:

PV — Qual o objetivo da Pfizer em fazer isso [as mutações virais]?

Walker — Então, parte do que eles querem fazer é tentar entender… Até certo ponto, tentar entender tipo, sabe todas essas cepas e variantes que aparecem? Por que a gente não tenta encontrá-las antes que elas apareçam na natureza e a gente pode desenvolver vacinas profilaticamente, antes, como novas variantes. Então, é por isso que eles estão pensando tipo, se você faz isso sob controle em um laboratório, então a gente diz que isso é um novo epítopo, e, se mais tarde isso surgir entre o público, então você já tem uma vacina que funciona.

PV Meu deus. Isso é perfeito. Isso é tipo o melhor modelo de negócios, né? Simplesmente controle a natureza antes de ela se manifestar, correto?

Walker — Sim, se funcionar.

PV — Como assim ‘se funcionar’?

Walker — É porque algumas vezes existem mutações que acontecem para as quais não estamos preparados, tipo Delta e Ômicron e outras do tipo. Quem vai saber? Quero dizer, de qualquer maneira, vai ser uma máquina de fazer dinheiro. Covid provavelmente vai ser uma máquina de fazer dinheiro por um bom tempo, obviamente. [risos]

Depois de ser pego falando de mutação viral feita pela Pfizer, Jordon Walker explicou em um vídeo que ele tinha mentido de propósito

O vídeo original, de dez minutos, estava neste link do YouTube, mas foi removido por “desrespeitar as regras” da empresa. Vale lembrar que o YouTube é uma empresa do grupo Google/Alphabet, que tem como seus dois maiores acionistas os bancos Vanguard e BlackRock — não por acaso, os dois maiores acionistas da Pfizer também são os bancos Vanguard e BlackRock.

Foto: Shutterstock
O Project Veritas se autodescreve como “uma empresa jornalística sem fins lucrativos” especializada em “reportagens sob disfarce.” Eu já citei o site em outras ocasiões, especificamente neste artigo, em que falo do vídeo que mostra Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, dizendo que não iria obrigar seus funcionários a tomarem a injeção da covid. Só para não perder a deixa: adivinha quem são os dois maiores acionistas do Facebook, que agora chama Meta Platforms?  
Acertou: BlackRock e Vanguard. Você pode até chamar isso de capitalismo, apesar de eu preferir a expressão tecnofascismo, mas tem uma coisa que isso definitivamente não é: livre mercado.

Voltando ao Zuckerberg, no vídeo do Project Veritas, ele diz: “Eu só quero ter certeza de compartilhar minha cautela sobre isso [a vacina de mRNA], porque nós simplesmente não sabemos os efeitos de longo prazo da modificação do DNA e RNA… Basicamente a habilidade de produzir os anticorpos e se aquilo pode causar mutações ou outros riscos mais para a frente.” O vídeo continua disponível no site do Project Veritas.

Depois de ser pego falando de mutação viral feita pela Pfizer, Jordon Walker explicou em um vídeo, também gravado pelo Project Veritas, que ele tinha mentido de propósito, e inventou tudo aquilo para impressionar um potencial parceiro sexual. Jordon, em outras palavras, mentiu por amor. 
É compreensível — quem nunca fingiu ser parte de um genocídio para conquistar um coração? 
Mas as cenas com as explicações acaloradas foram tão dramáticas que alguns suspeitaram que a coisa toda foi arranjada, uma novela de qualidade mais baixa que a Televisa — nível Globo mesmo. 
Isso gerou todo um debate na internet, em que o alvo da dúvida deixou de ser a Pfizer e passou a ser o Project Veritas, que poderia ter caído numa pegadinha para ser desacreditado mundialmente.
 
Jornalistas e pesquisadores diletantes começaram a investigar se Jordon Walker de fato era funcionário da Pfizer e se a coisa toda era genuína ou não.  
Tudo diz que sim, o vídeo é genuíno, e Jordon de fato era (ou ainda é) funcionário da Pfizer. 
A própria empresa reforça essa teoria. Em uma carta respondendo às acusações, publicada dois dias depois da divulgação do vídeo, a Pfizer deliberadamente se nega a refutar que Jordon Walker seja seu funcionário
Mas, quando tenta negar que arquiteta mutações genéticas, a farmacêutica faz o que muitos consideraram uma confissão: “Em um número limitado de casos, quando um vírus completo não contém nenhuma mutação de ganho de função, tal vírus pode ser projetado [engineered] para permitir a análise de atividade antiviral em células”.
Ilustração: Lightspring/Shutterstock

Jornalistas menos independentes, ou com menos massa encefálica, tentaram reduzir o debate pós-escândalo a questões semânticas, como seria do gosto da Pfizer. Para o cidadão comum, contudo, as diferenças entre as expressões ganho de função, engenharia genética, edição de genes, evolução direcionada são herméticas demais, e inteligentes de menos. Eu as classifico como menos inteligentes, porque essas diferenças pouco ajudam no que realmente importa: a decisão de tomar ou não tomar uma “vacina” que quanto menos imuniza, mais vende. Jordan Walker descreveu essa obra de ficção com o nome que merece: uma “máquina de fazer dinheiro”.

Nas últimas semanas, várias pessoas famosas declararam publicamente seu arrependimento por ter tomado a “vacina” da covid. Meu favorito entre eles é o professor Shmuel C. Shapira, que declarou para suas dezenas de milhares de seguidores que ele errou: “Eu errei três vezes: tomando a primeira injeção de mRNA; tomando a segunda injeção de mRNA; e novamente tomando a terceira injeção de mRNA. Infelizmente, erros irreversíveis”.

Mas quem é Shmuel C. Shapira? Prepare-se, caro leitor, porque Shapira não é nenhum garoto-propaganda pago para defender o indefensável na TV Globo, e um mero tuíte publicado por ele tem mais peso científico do que todos os estudos não feitos por Átilas e Paspalhaks. Shmuel é ninguém menos que o diretor-geral do Instituto Israelense de Pesquisa Biológica. Aqui, o site oficial do governo de Israel anuncia o encontro de Shapira com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em 2020, para tratar de nada menos que o desenvolvimento das vacinas da covid. É isso mesmo, leitores: Shapira não apenas era defensor das vacinas — ele era um dos seus proponentes e pesquisadores.

Professor Shapira também foi o vice-diretor do renomado Hadassah University Hospital de Jerusalém, e seu currículo não para por aí. Segundo apresentação da Georgetown University, Dr. Shapira é professor pleno de administração da Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica, diretor e fundador da área militar da Universidade Hebraica de Medicina, fundador e chefe do Departamento de Medicina Militar da Universidade Hebraica e do Corpo Médico das Forças de Defesa de Israel (o Exército israelense), no qual ele também foi o chefe do Departamento de Trauma. Mas, acima de todas essas qualificações, o professor Shapira tem uma qualidade ainda mais rara, e mais rara ainda entre pessoas com a sua excelência acadêmica, algo que nenhuma universidade fornece, e nenhum dinheiro compra: a nobreza e a coragem de se confessar falível e admitir que errou. Aos professores Shmuels deste mundo cada vez mais corrupto e imoral, deixo aqui minha admiração eterna e gratidão infinita.

Leia também “O contrato que ninguém leu”

Paula Schmitt, colunista - Revista Oeste

 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

'Somos solidários à Rússia', diz Bolsonaro no início de seu encontro com Putin - O Globo

Depois de fazer teste de Covid aplicado por russos, brasileiro cumprimenta colega com aperto de mãos ao chegar ao Kremlin 

O presidente Jair Bolsonaro se declarou solidário à Rússia ao chegar ao Kremlin no início da tarde desta quarta-feira em Moscou, manhã em Brasília, para o encontro com o colega russo Vladimir Putin, depois de se  submeter pela manhã ao último teste de Covid-19 exigido pelo governo russo.

Bolsonaro e Putin se cumprimentam no início do encontro no Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS
Bolsonaro e Putin se cumprimentam no início do encontro no Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS

[O presidente francês sendo recebido por Putin. A  distância mostra o quanto o francês - que quer defender o que resta do meio ambiente  do País que preside, sacrificando o Brasil - é tóxico.]
 
Com os testes negativos feitos pela equipe médica russa, Bolsonaro pôde ter um encontro mais próximo com Putin, como ocorreu com o presidente da Argentina, Alberto Fernández, no início de fevereiro, e não com cada um de um lado de uma mesa de seis metros de comprimento, como ocorreu na semana passada com o presidente francês, Emmanuel Macron, e na terça-feira com o chanceler alemão, Olaf Scholz — ambos se recusaram a fazer o teste PCR russo e foram recebidos com o distanciamento que virou meme na internet.
Presidente russo, Vladimir Putin (E), durante reunião com o premier húngaro, Viktor Órban, tendo ao centro a famosa mesa do Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS
Ele foi recebido por Putin com um aperto de mão. Em suas falas iniciais, ambos indicaram que esperam um crescimento da cooperação entre os dois países. — Estamos retomando as relações que foram interrompidas, de certa forma, pela pandemia de coronavírus — afirmou Putin, sentado em uma cadeira ao lado de Bolsonaro, sem a longa mesa que utilizou com mandatários europeus que se recusaram, por questões de segurança, a realizarem os testes russos. É uma alegria recebê-lo, senhor presidente. espero que nosso encontro seja produtivo. É muito importante porque o Brasil é o principal parceiro nosso na região da América  Latina. Bem vindo. [aqui se faz, aqui se paga; corretíssima a conduta de Putin em relação aos mandatários europeus - alegaram, pelo menos o francês, que não queriam que os russos tivessem acesso ao DNA.
Alegação estúpida, por justificar uma conduta inútil. Até o mais idiota dos 'especialistas', sabe que nos tempos atuais NINGUÉM consegue evitar que seu DNA seja colhido.]

O presidente russo lembrou que,  apesar de todas as restrições provocadas pela pandemia no ano passado, o comércio bilateral registrou um aumento  de 87%. Bolsonaro agradeceu a recepção: — Estou muito feliz e honrado por este convite. Somos solidários à Rússia. Queremos muito colaborar em várias áreas, defesa, petróleo e gás, agricultura, e as reuniões estão acontecendo. Tenho certeza que esta passagem por aqui é um retrato para o mundo que nós podemos crescer muito as nossas relações bilaterais — disse o brasileiro, sem especificar a que se dirigia sua solidariedade, no momento em que a Rússia enfrenta tensões com o Ocidente por causa das manobras militares no entorno da Ucrânia. O brasileiro também agradeceu o indulto concedido ao brasileiro que estava detido na Rússia ao ser preso com um remédio proibido.

O encontro entre os dois começou quase uma hora depois do previsto anteriormente na agenda de viagem de Bolsonaro. A expectativa inicial é que a reunião, que incluirá um almoço, dure duas horas. Bolsonaro estava acompanhado do chefe do cerimonial da Presidência,  Marcos Henrique Sperandio. Ao lado de Putin, estava um intérprete.

DNA
O exame de Covid-19 realizado por Bolsonaro foi feito no hotel onde ele está hospedado por uma equipe médica russa destacada pelo governo local. O resultado foi negativo, o que garantiu o encontro bilateral. Integrantes do primeiro escalão também passaram pelo mesmo teste. Segundo autoridades brasileiras, ninguém testou positivo para a Covid.

Presidente russo, Vladimir Putin (E),tendo ao centro a famosa mesa do Kremlin Foto: SPUTNIK / via REUTERS

A mesa: Seis metros de comprimento e uma série de memes: conheça detalhes da mesa usada por Putin para reuniões no Kremlin

Os dois líderes europeus se negaram a fazer os testes alegando motivos de segurança, supostamente temerosos de que os russos pudessem reter o seu DNA. Autoridades brasileiras afirmam que a crise com a Ucrânia não deveria ser o foco do encontro. De todo modo, se abordado, Bolsonaro deveria reafirmar a posição do Brasil de solução diplomática para conflitos.

Além de tratar da cibersegurança e defesa, os presidentes também falariam sobre ciência e tecnologia,  energia e agronegócio. Um dos pontos principais para o governo brasileiro é buscar um compromisso para que a Rússia siga exportando insumos para a produção de fertilizantes. O Brasil também tem interesse em  exportar mais produtos acabados para os russos, que tentarão vender mais insumos e defensivos. O ponto alto será a confirmação da compra da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobras, que fica em Três Lagoas (MS) pelo grupo russo Acron.

Antes da reunião com Putin, Bolsonaro iniciou seu único dia de agenda oficial em Moscou com uma visita ao Túmulo do Soldado Desconhecido. Já depois de deixar o Kremlin, Bolsonaro se encontrará com o líder da Câmara Baixa do Parlamento russo, a Duma. Depois participará de um encontro de empresários dos dois países.

Pela manhã, Bolsonaro e seus ministros visitaram o Túmulo do Soldado Desconhecido, homenagem aos combatentes soviéticos mortos na Segunda Guerra Mundial, chamada na Rússia de Grande Guerra Patriótica. A União Soviética foi o país que sofreu mais baixas na luta contra o nazismo, com 27 milhões de mortos entre militares e civis.

Recomendamos: Como Putin converteu Rússia  e inspirou líderes como Trump e Bolsonaro 

Mundo - O Globo - Jussara Soares


terça-feira, 2 de novembro de 2021

Varginha: polícia identifica corpos de suspeitos mortos em operação

Na ação conjunta da Polícia Militar de Minas (PMMG) e da Polícia Rodoviária Federal, foram mortos 26 pessoas, que, de acordo com a PM faziam parte de um grupo criminoso

A Polícia Civil informou, na noite de ontem, que identificou os corpos de três suspeitos mortos na operação contra o novo cangaço, realizada na madrugada de domingo em dois sítios, em Varginha, no Sul de Minas Gerais. São eles Nunis Azevedo Nascimento, de 33 anos; Gleisson Fernando da Silva Morais, 36; e Gerônimo da Silva Souza Filho, 28.

Na ação, que resultou em 26 suspeitos mortos, PM apreendeu armas e munições - (crédito: Polícia Militar (PM) e Polícia Rodoviária Federal (PRF))

[PARABÉNS !!! aos policiais da Polícia Militar de Minas Gerais e da Polícia Rodoviária Federal pelo abate dos 26 bandidos que certamente não mais cometerão crimes. 
A eficiente ação dos policiais comprova que POLÍCIA tem que estar bem equipada - tanto em poder de fogo, quanto em  equipamento de defesa  -  só policiais bem armados podem sempre VOLTAR PARA CASA, SÃOS E SALVOS , deixando os bandidos presos ou mortos.
Agora chega a ser revoltante o que uma senhora, integrante de uma dessas ONGs de direitos humanos, que  sempre privilegiam os DIREITOS DOS MANOS, tenho tido a falta de noção para declarar que os policiais não deveriam ter abatido os bandidos, deveriam apenas desarmá-los. 
Senhora, olhe o armamento - foto acima - que estava em poder dos bandidos = fuzis, uma .50, pistolas, granadas, explosivos, além de farto equipamento para defesa
A senhora acha que os marginais iriam atender aos apelos dos policiais para se render.  
Entenda de uma vez e pare de falar absurdos - não se pode facilitar com bandidos tipo os da matéria, um vacilo e eles matariam todos os policiais e civis inocentes que cruzassem seu caminho.
Por favor, ao ficar diante de uma câmera e de um microfone, fale alguma coisa de futuro ou saia fora.]

Na ação conjunta da Polícia Militar de Minas (PMMG) e da Polícia Rodoviária Federal, foram mortos 26 pessoas, que, de acordo com a PM faziam parte de um grupo criminoso que planeja assalto ao setor de tesouraria local do Banco do Brasil ou a transportadoras de valores. Nenhum policial foi ferido na ação que ocorreu em duas chácaras, onde os suspeitos foram surpreendidos.

Ao Estado de Minas, fontes policiais que atuaram no local onde ocorreram as mortes informaram que há mais sete corpos identificados: José Filho de Jesus Silva Nepomuceno, de 37 anos; Dirceu Martins Neto, 24; Thalles Augusto Silva, 32; Júlio Cezar de Lira, 36; Francinaldo Araújo da Silva, 44; Arthur Fernando Ferreira Rodrigues, 37 e Itallo Dias Alves, 26. De acordo com as mesmas fontes, ao todo, oito suspeitas são de Uberaba, no Triângulo Mineiro.

Um dos identificados, Nunis Nascimento nasceu em Novo Arapuanã, no interior do Amazonas, mas portava documentos de Rondônia. Ele era investigado por participação na explosão de um caixa eletrônico, crime ligado ao novo cangaço, dentro da Assembleia Legislativa de Rondônia.

Em 2019, Nunis fugiu do Complexo Penitenciário Santa Izabel, no Pará. Ele também sequestrou um engenheiro da prefeitura de Porto Velho em 2015, além de ter sido identificado em outras ocorrências. Gleisson Fernando da Silva Morais nasceu em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Já Gerônimo da Silva Souza Filho é de Porto Velho.

A secretária-executiva da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), a médica legista Tatiana Telles, informou que as amostras de DNA coletadas dos 26 corpos serão inseridas no Banco Nacional de Perfis Genéticos. A partir desse trabalho, serão identificadas as prováveis participações deles em outros crimes.

Segundo informações divulgadas pelo comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), tenente-coronel Rodolfo César Morotti Fernandes, o grupo dos 26 mortos é suspeito de envolvimento em roubos cometidos neste ano contra instituições financeiras em Araçatuba (SP) e Criciúma (SC) e no assalto ao Banco do Brasil, em Uberaba, em junho de 2019.

Correio Braziliense - Especial para o Estado de Minas

 

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Sobrou para o marido? tentativa de feminicidio? stalking? IstoÉ

Joice Hasselmann nega agressão do marido, mas polícia não descarta hipótese 

A deputada Joice Hasselmann disse nesta quarta-feira (28) que não se recusou a fazer exame tecnológico e afirmou que até exame de DNA foi realizado. Joice rebateu as críticas de que teria se recusado a fazer o exame.

De acordo com o Uol, ela disse que “também fui ao IML, fiz questão de fazer. Teve uma fake news aí muito feia de dois veículos de comunicação dizendo que eu não fiz o toxicológico. Eu fiz até o DNA, que não tinha sido pedido. Eu fiz toxicológico, DNA, um exame de todos os traumas e mais um outro que eu tive que fazer com um dentista legal para ver a questão das fraturas de dentes. Agora é confiar no trabalho da polícia mesmo a gente sabendo que tem essas falhas”, afirmou em entrevista ao UOL .

A polícia ainda investiga o que aconteceu com a parlamentar, mas não descarta que o marido possa ter agredido Joice, apesar de não ter nenhum elemento que sustente essa tese.

A deputada também rebate essa versão. “Tem muita gente falando bobagem sabe? Porque as pessoas gostam de falar bobagem e as pessoas não têm a informação. Meu marido foi espontaneamente na polícia e falou ‘eu quero falar, eu preciso ajudar no máximo que eu puder’. (…) [Ele] explicou tudo para os policiais e quando a Depol perguntou ‘ah, o senhor topa fazer o corpo de delito?’, ele falou ‘agora’. A resposta dele foi ‘agora'”, disse a deputada ao Uol.

 

+ Joice Hasselmann cita “falhas de segurança” e diz que investigação irá até o fim


Entenda o caso
A deputada revelou que foi atacada no último sábado (17) em seu apartamento. Ela conta que acordou “em uma poça de sangue” com diversas fraturas pelo corpo. Hasselmann não se lembra do que aconteceu e, apesar de não descartar ter passado mal, acredita ter sido vítima de um atentado.

Uma tomografia que a deputada realizou revela que, para que as lesões fossem acidentais, ela teria que ter caído “pelo menos 6 vezes”. Foram identificados traumas no joelho, costela, ombro e nuca, além de cinco fraturas na face e uma na coluna.

Veja a publicação:

IstoÉ - Dinheiro 

 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

O coronavírus politizou a medicina - Folha de S. Paulo

Roberto Dias 


Posições de médicos e pesquisadores parecem balizadas por critérios que não só os da profissão

Quem acredita que absolutamente tudo é política tem nesta crise de saúde seu Woodstock. Pois nem a medicina, um ramo do conhecimento com mais de dois milênios de história e objetivo muito bem definido, o de curar pessoas, conseguiu agora escapar. Infectados pela Covid-19, dois dos médicos mais famosos do país adotaram posições que parecem balizadas mais pela guerra política do que pela lógica de sua profissão.

Um deles, o cardiologista Roberto Kalil Filho, que cuidou da saúde dos três últimos presidentes da República, tratou-se com cloroquina e tratou também de, tão logo possível, defender o uso do medicamento, aproximando-se vertiginosamente da linha defendida pelo atual ocupante do Planalto.
Outro, o infectologista David Uip, recusou-se a dizer se seu tratamento incluiu a cloroquina. Chefe do centro de contingência contra o coronavírus em São Paulo, disse que não queria servir de modelo, mas a explicação para a omissão não foi lá muito convincente. Merecidamente, virou meme - ele estaria tentando agradar a seu superior, o governador João Doria, hoje o inimigo público número um de Jair Bolsonaro.


Bolsonaro tentou faturar com as duas situações, como se o tratamento de duas pessoas fosse assunto da sua conta. [Na condição de presidente da República, preocupado com a saúde de milhões de brasileiro e a vida de outros milhares,  Bolsonaro tem todo o direito de saber e os médicos o dever de informar, qualquer medicamento ou procedimento que poupe vidas e cure doentes.] 
Doria, por sua vez, tem achado por bem faturar politicamente a cada entrevista coletiva para discutir o coronavírus, confundindo púlpito de governador com palanque de candidato presidencial.

Para saber mais, recomendamos os links abaixo, com informações e links de acesso a outros.

A politização da discussão médica retira dela as nuances que naturalmente a compõem.  Pior, cria tal nuvem de confusão que contamina tudo ao redor, inclusive a academia - como o caso do diretor de instituto médico que se sentiu confortável em "desautorizar" um pesquisador de sua equipe por expressar uma opinião, como se a divergência não estivesse no DNA de qualquer universidade séria. Uma mentira também se constrói com muitos donos da verdade.

Roberto Dias, jornalista - Folha de S.Paulo




quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Acertos e erros na cobertura da Lava Jato - O Estado de S.Paulo

Eugênio Bucci

A partidárias e que veicucobertura ampla das conversas impróprias foi um acerto de boa parte da imprensa, mas há também um saldo negativo a ser contabilizado

Depois de projetar para o primeiro escalão da República o ministro mais popular da Esplanada, Sergio Moro, da Justiça, a Lava Jato atravessou um ano amargo. As revelações do Intercept Brasil, publicadas em conjunto com outros órgãos de imprensa - Veja e Folha de S. Paulo entre eles -, fez os mais notórios expoentes da operação serem chamados explicar as evidências de jogo combinado entre integrantes do Ministério Público e do Poder Judiciário para prejudicar réus escolhidos a dedo. Foi um ano ruim para eles. Sua aura de liga de heróis investido de uma missão sacrossanta avinagrou.

A perda de prestígio não se deu sem, como anda na moda dizer, disputa de narrativas. Uma breve recapitulação nas páginas dos jornais mostra como foi. No começo, algumas das personagens flagradas nas conversas expostas pelo Intercept e pelos veículos a ele associados saíram dizendo que não reconheciam a autenticidade dos diálogos, mas, alegavam preventivamente, caso fossem verídicos não viam nada “de mais” no que estava ali. Essa primeira tática teve fôlego curto. A desconversa defensiva durou pouco, não só porque o material se mostrou autêntico (tal como foi atestado por diversas verificações feitas por diversos repórteres que apareciam nos registros vazados), mas principalmente porque as falas de uns e outros tinham, sim, muita coisa “de mais”. [não esperávamos que as mentiras advindas do material roubado e repassado ao site intercePTação, voltasse a ser veiculado - não é notícia, está apenas sendo destacado como se notícia fosse; 
Afinal, foi apenas o 'escândalo que encolheu' - na sábia e adequada classificação efetuada pelo colunista do Estadão, Eliane Cantanhêde.
apenas para lembrar aos que por não darem importância a assuntos menores possam ter esquecido:
- o material, que alguns chamam de conversas, repassado por criminosos (alguns estão presos e já começam a falar, admitindo a prática do ato criminoso) ao site intercePTação e por esses a órgãos da grande imprensa, continua:
- material roubado, seja ouro em pó ou fezes e outras coisas do tipo, se roubados se tornam produtos de crimes e quem os recebe pratica o crime de receptação;
- a Constituição Federal continua estabelecendo que provas obtidas de modo ilicito sequer podem ser anexadas ao processo;
- o material não foi submetido a uma cadeia de custódia para ser submetido a uma perícia oficial e ter sua autenticidade confirmada ou não - afirmação de jornalista se reconhecendo em trecho de uma suposta conversa, não tem fé pública e nem autentica nada;
- o fato de um dos supostos interlocutores deixar em aberto a possibilidade de ter participado na conversa e que nada de mais foi conversado é perfeitamente aceitável - fossem verdadeiras as conversas obtidas por meios ilícitos, mesmo assim seriam conversas privadas e expressar opinião não é crime.
Isto posto, vamos em frente.]

Em seguida, vieram as acusações de que o Intercept se teria beneficiado de material roubado por um hacker, o que constituiria vício jornalístico equivalente ao crime de receptação, previsto no Código Penal. Outra vez o argumento logo caiu no vazio. As reportagens não surripiaram nada de ninguém; ao contrário, entregaram ao público e à Justiça o conhecimento de condutas que jamais deveriam ter sido adotadas às escondidas. Em outras palavras, o trabalho jornalístico liderado pelo Intercept devolveu ao público o que era do público e retirou dos porões da clandestinidade o que nunca deveria ter estado lá. O público tinha o direito de saber; as autoridades é que não tinha o direito de esconder o que tentaram esconder.


Com os meses, passadas as escaramuças verbais (ou não apenas verbais), o saldo para a Lava Jato ficou ruim, mas o saldo para o jornalismo é positivo. A cobertura ampla das conversas impróprias foi um acerto de boa parte da imprensa - aí não devemos contar apenas os veículos que se associaram ao Intercept, mas também os que repercutiram e debateram, de boa-fé, sem parti pris, as revelações apresentadas.
Mas há também um saldo negativo a ser contabilizado. Sinais claros de abusos da Lava Jato já se mostravam desde antes da publicação dos diálogos escabrosos e não tiveram a cobertura aprofundada. Lembremos alguns deles.

Em setembro de 2016, um fatídico powerpoint do Ministério Público mostrou uma tela em que o nome de Lula aparecia como o centro de uma constelação de ilícitos, sem provas da ligação dos ilícitos a Lula. No powerpoint aparecia a palavra “propinocracia”, que não consta dos tipos penais previstos na legislação. Apontei essas e outras inconsistências numa coluna da revista Época, em 20/9/2016. O que estava por trás daquele delírio de data show? Não se descobriu a tempo.

Em outro artigo, publicado aqui em 27/10/2016, relembrei outras duas tratoradas da operação: a desnecessária condução coercitiva pela qual Lula foi levado a depor no Aeroporto de Congonhas em 4 março de 2016 e a divulgação, por ato do então juiz Sergio Moro, em 16 de março, de falas telefônicas entre Lula e Dilma. As falas tinham sido gravadas depois de expirado o prazo da autorização judicial para a escuta telefônica e, por isso, no final daquele mês Moro teve de se explicar ao ministro Teori Zavascki, a quem pediu “respeitosas escusas”. [furtar - furto qualificado - material composto que dizem ser conversas entre o juiz Sérgio Moro e membros da Lava-jato, é apresentado como ato lícito, já que o material era do público e estava sendo a ele devolvido pelos ladrões e receptadores = estes são os  que receberam o produto do furto diretamente dos ladrões.
Mas, divulgar uma conversa autêntica, divulgação efetuada por quem autorizou a escuta, havendo apenas o pequeno inconveniente do diálogo divulgado, ter ocorrido minutos após a autorização expirar - se a autoridade fizesse um adendo mantendo a validade da permissão por mais dez minutos estava tudo legal. ]

No mesmo artigo procurei chamar atenção para outros indícios de autoritarismo. Em carta enviada à Folha de S.Paulo (12 de outubro, pág. A3) em que protestava contra alguém que o criticara, Moro afirmou que “a publicação de opiniões panfletárias-partidárias e que veiveriam ser evitadas”. Ora, que visão era aquela de liberdade de imprensa? Por acaso a opinião de um juiz federal sobre o que sejam causas “panfletárias-partidárias”, “preconceito”, “rancor” e “base factual” deveria orientar critérios editoriais na imprensa? O que ele quis dizer com “deveriam ser evitadas”? Pretenderia ele censurar a pauta? Ou tudo não teria passado de um ato falho do juiz que meses depois, em março 2017, usou seus poderes para constranger um blogueiro a revelar sua fonte?

De novo as interrogações ficaram sem resposta. Não mereceram maiores investigações jornalísticas. Por quê? De minha parte, tenho uma hipótese - que, como hipótese que é, terá de ser ainda testada com metodologias e parâmetros mais finos. Minha hipótese é a seguinte: durante longo período o tom geral dos principais órgãos de imprensa, com poucas exceções, tratava as autoridades da Lava Jato não como representantes de poderes (aos quais o jornalismo tem o dever de lançar um olhar crítico e investigativo), mas como aliados das redações ou mesmo como sucursais avançadas das redações no interior da máquina estatal. Como essas autoridades presenteavam as redações com furos semanais - e eram furos relevantes, que escancararam capítulos de uma corrupção faraônica, na casa dos bilhões de dólares -, ganhavam em troca uma simpatia inercial.

Se a hipótese se mostrar verdadeira, o núcleo da chamada imprensa de qualidade no Brasil terá aderido acriticamente (e, talvez, inadvertidamente) à estratégia gerenciada pelos líderes da Lava Jato, uma operação que, sim, ajudou o Brasil contra uma parte da corrupção sistêmica, mas, como ficaria claro ao final de 2018, abrigava no seu DNA uma plataforma oculta de ambições partidárias.[?????]  Terá havido, então, um erro de método. Deveríamos dedicar-nos a estudar o assunto.

Eugênio Bucci, jornalista - Folha de S.Paulo