O Globo
Lula adapta o formato de comunicação de Bolsonaro, para falar o que quiser, na hora que quiser, sem contestação.
É próprio de governos com espírito autoritário querer uma ligação direta com a população, prescindindo, ou pelo menos relegando a segundo plano, os canais comuns nos regimes democráticos: partidos políticos, imprensa livre. Na sua forma mais radical, a democracia direta se utiliza de plebiscitos, que podem ser manipulados, para consultar o povo sobre decisões importantes.
Quando esse sistema é usado localmente, como nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, para decidir questões que atingem o dia a dia de uma comunidade, o plebiscito é um instrumento democrático eficiente. Mas, quando se quer informar à população só o que interessa ao governo, a comunicação direta se transforma em mera ação de propaganda.
Transformou-se, na prática, em instrumento de propaganda política, que teve no governo Bolsonaro seu ápice oficialista, transmitindo todas as ações do presidente da República, discursos em formaturas de militares especialmente, já indicando o caminho de politização das Forças Armadas que forjava desde o início do mandato. Só não foi mais efetivo pela audiência praticamente nula. Um exemplo de como a ideia de empresa pública se diferencia da máquina de propaganda governamental é a decisão da nova direção da EBC de adotar a tese petista de que o impeachment da presidente Dilma foi um golpe parlamentar.
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