Teve pífia repercussão na mídia
vinculada à “esquerdopatia” a condenação por danos morais do Promotor de Justiça
Cassiano Roberto Conserino, no montante de 60 mil reais, conforme sentença da
3ª Vara Cível de São Bernardo do Campo, por ter
este publicado no seu perfil do facebook que o ex-Presidente Lula seria
um “encantador de burros”.
Com absoluta certeza essa sentença,
embora aparentemente “prestigiando” o ex-Presidente
Lula, ao contrário do que seria de se esperar, teve que ser “abafada” no
nascedouro por essa mesma mídia em virtude do medo que a sua eventual
amplificação poderia resultar num “tiro pela culatra”, ou seja, suscitar uma
ampla discussão na opinião pública, que
certamente concordaria e até reforçaria a afirmação do promotor condenado.
Pessoalmente considero verdadeira a sua afirmação.
E também considero que o juiz errou
“redondamente” ao prolatar a sua sentença. O promotor nem mesmo
insinuou que Lula seria “burro”. “Burros” seriam os que acreditavam nas
suas “baboseiras” políticas e votavam nele. Esse foi o sentido dado a essa expressão pelo promotor no seu perfil
do “face”. Lula seria só o “encantador” (de burros), não o “burro” propriamente
dito.
Na verdade Lula pode ter todos os
defeitos que se possa imaginar numa pessoa.. Mas “burro”, com certeza, ele não
é. “Burro” é quem pensa que ele é “burro”. Se ele não fosse um “baita” esperto,
jamais teria chegado à condição de um semideus na política, evidentemente
para os seus “burros”. Aristóteles (em “Política”)
classificava as formas de governo em
PURAS e IMPURAS. Dentro das
formas PURAS, estariam a MONARQUIA (governo de um só),a ARISTOCRACIA (governo dos melhores) e a
DEMOCRACIA (governo do povo). Nas formas
IMPURAS, que seriam, respectivamente, formas corrompidas de cada uma das
formas puras, se situariam a TIRANIA, a OLIGARQUIA e a DEMAGOGIA.
Mais tarde, o geógrafo e historiador
grego POLÍBIO (203 a.C-120 a.C)
substituiu a “demagogia” preconizada por
Aristóteles, pela OCLOCRACIA, que seria a corrupção da “democracia” ,com
uma série de outros vícios somados à "demagogia”.Na visão de Políbio, a maior
degeneração do SISTEMA ELEITORAL da democracia
estaria na ausência de virtudes democráticas, despolitização e
ignorância dos eleitores, sempre em
proveito dos patifes que se infiltram na política para enganar o povo e só
buscar o próprio interesse.
Segundo essa ótica, o Brasil estaria
vivendo na democracia ou na oclocracia?
A “democracia” do Brasil de hoje tem
muita a ver com a da Grécia Antiga do Séc. 5 a.C, que foi o período mais
brilhante da civilização helênica, com as guerras vitoriosas contra os persas e
as riquezas e terras conquistadas. Mas a superabundância da riqueza
acarretou a CORRUPÇÃO DOS COSTUMES, o abalo das tradições morais e religiosas,
e o surto da ambição e do oportunismo.
É nesse ambiente social degenerado que surgiram os SOFISTAS, antigos
mestres de música ,que se tornaram “professores” populares de filosofia. Eram “homens venais e sem
convicções,ávidos de riqueza e de glória que, nessa época de crise para o
pensamento grego exploram, em benefício da própria vaidade e cupidez, o estado
de espírito criado pelas especulações filosóficas e condições sociais do tempo”. Os sofistas serviam-se das armas da
razão para destruir a própria razão, e sobre as ruinas da verdade, erigir o
próprio interesse em norma suprema de ação. Com essa “metodologia” procuravam
convencer e corromper a juventude.
Dentre os sofistas merecem
destaque especial Protágoras (480 a.c-411 a.C),para o qual “o
homem é a medida de todas as coisas”, e Górgias(480 a.C-378 a.C), autor de “Do
não ser”, onde garante que “nada
existe”. Para combater os males causados pela
Escola Sofista, surge SÓCRATES (469
a.C-399 a.C),com o objetivo de instruir a mocidade e libertá-la da influência perniciosa
sofista.
Mas Sócrates foi acusado pelos seus
inimigos de corromper a mocidade. Foi condenado à morte e executado. Teve que
beber “cicuta. O “crime” de Sócrates foi jamais ter abdicado de falar a verdade.
Na Grécia sofista, falar a verdade era o maior dos crimes, mais grave que
matar, estuprar ou roubar.
Portanto o motivo da condenação do promotor Cassiano certamente
teve muita semelhança com a condenação de Sócrates:” escrever a verdade”.