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sábado, 1 de maio de 2021

CPI da Covid-19 deve ser um marco histórico em matéria de safadeza por parte do Congresso - Jovem Pan

J. R. Guzzo

Comissão é uma trapaça que se manterá distante da principal questão: a inépcia e a malversação de dinheiro do erário por parte dos que foram encarregados de tratar da Covid-19

A aglomeração que o Senado Federal inventou com o título de “C.P.I.” e a função, no papel, de investigar atos de imperícia, de imprudência e de negligência — mais os de má-fé — cometidos em volta do governo federal em um ano de combate à Covid-19 é um conto do vigário gigante. “Comissões parlamentares de inquérito”, sejam as montadas na Câmara de Deputados ou as do Senado, são, há mais de 100 anos, um dos golpes preferidos dos políticos brasileiros.  
Não se destinam a fazer inquérito nenhum, nunca, nem apurar responsabilidade de ninguém e, muito menos, punir algum culpado. Servem, ao exato contrário, para proteger os criminosos de verdade com o imutável grito de “pega ladrão” que a bandidagem usa quando se vê ameaçada; 
além disso são empregadas para promover os interesses pessoais mais grosseiros da politicalha. Este golpe de agora, o da Covid-19, está com todo o jeito de ser um marco histórico em matéria de safadeza, hipocrisia, desperdício de dinheiro público e inutilidade, pura e simples, por parte do Congresso Nacional.
É um fato de conhecimento comum até nos jardins de infância que nunca se roubou tanto neste país, desde os incomparáveis governos Lula-Dilma, quanto se roubou agora por conta da Covid-19
A roubalheira do PT, na verdade, foi distribuída ao longo dos treze anos e meio de dois governos; 
a de agora está toda concentrada em pouco mais de um ano de atividade intensa
Como poderia ser diferente? As “autoridades locais”, ou seja, os 27 governadores e 5.500 prefeitos do Brasil, ganharam do STF a tarefa — e plena autonomia — para administrar como melhor entendessem o combate à epidemia. 
Como ficou claro desde o primeiro dia, nenhuma decisão “local” poderia ser modificada, e muito menos vetada, pelo governo federal; 
ao contrário, por ordem do STF, a União foi legalmente proibida de mexer uma palha em qualquer coisa que os governadores e prefeitos fizessem. 
Só estava obrigada a soltar verba — e pagar o “auxílio de emergência” para quem perdeu trabalho e renda por causa da repressão ao trabalho, à produção e à atividade econômica imposta pelas “autoridades locais”.  
É óbvio o que iria acontecer com todo esse poder distribuído — sem qualquer controle — a tão pouca gente: surtos de incompetência, desperdício em massa de dinheiro público e ladroagem explícita. Depois do “Mensalão” e do “Petrolão”, chegou a vez do “Covidão”.
Que tal parar de fingir por uns minutos? Todo mundo sabe desde criança que político brasileiro rouba; nem todos, é claro, mas a maioria mete a mão com o desespero de um homem-bomba muçulmano ou, então, se faz de bobo e deixa que roubem o que quiserem em volta de si. Por que diabo, então, seria diferente nesse caso? Só por que é uma doença? 
Não seja por isso; no governo Lula, por sinal, roubaram até sangue dos hospitais, naquele notável escândalo da máfia dos vampiros que deixou lembranças até hoje. [não esqueçam: 'drácula', ex-ministro da Saúde do presidente petista, é um dos encarregados das investigações da CPI da covid.] Dinheiro é dinheiro. Se vem com a Covid-19 ou com as empreiteiras de obra, com o vírus ou com o pré-sal, tanto faz — o que interessa é a “verba liberada” e o dinheiro depositado no banco. O resto é conversa de CPI e para analista de telejornal do horário nobre.

Governadores, prefeitos, seus familiares, os amigos e os amigos dos amigos não contaram apenas com essa decisão sagrada do STF, e com o apoio quase integral das “instituições”, do Brasil “que pensa” e dos meios de comunicação. Mais que isso, tiveram a bênção doestado de emergência”, um pé-de-cabra legal que permitiu aos gestores locais gastarem dinheiro público sem controle nenhum: sem concorrência pública, sem licitação, sem necessidade de prestar conta.

Se já é uma dificuldade extrema segurar a roubalheira com todas as regras e contrarregras que existem por aí, imagine-se, então, o que acontece quando praticamente não há controle algum. Mais: ninguém aqui está falando de uns trocados. As “autoridades locais” receberam ao longo do último ano, em verbas federais, cerca de R$60 bilhões para cuidar da epidemia — dinheiro que o Tesouro Nacional não tem, mas que sempre é fácil tirar dos impostos que a população paga todos os dias, a cada vez que acende a luz ou põe um litro de combustível no tanque. Hoje em dia, com essa história de se dizer um bilhão aqui, um bilhão ali, pode parecer banal, mas 60 bi é uma imensidão em termos de dinheiro. Para se ter um começo de ideia: o total dos gastos federais com a educação, em um ano, ficou em R$40 bilhões. A Covid-19 comeu uma vez e meia isso aí.


Aparecem agora os heróis da mídia no papel de resistentes ao “fascismo”

Para completar o seu sonho de consumo, as “autoridades locais” contaram com a ajuda vital do Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia em geral, que estão de olhos praticamente fechados há mais de um ano, quando se trata de corrupção na Covid-19. Há exceções, claro: o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi posto para fora do palácio em agosto do ano passado, destituído e até preso, no meio de uma tempestade de acusações de roubo na gestão da epidemia. Mas Witzel, claramente, é um caso fora da curva. Num Estado que já teve um colosso na história da corrupção universal como o ex-governador Sergio Cabral, com mais de 200 anos de cadeia nas costas por roubar de tudo (para não falar de Anthony Garotinho e sua mulher Rosinha), conseguir ser demitido do governo, como ele foi, é realmente qualquer coisa de paranormal. Na vida mais normal, a ‘governadorzada’ e a ‘prefeitada’ deitaram e rolaram, sem que as denúncias apresentadas contra eles tenham atraído a real atenção do MP, da PF ou da imprensa; saiu alguma coisinha aqui, outra ali, mas absolutamente nada que lembrasse, nem de longe, a fúria moral de todos quando os acusados fazem parte da sua lista negra.

Diante de mais essa calamidade, o Senado faz o quê? Faz exatamente o que as “instituições democráticas” do Brasil sempre fizeram: enterra o problema real, salva os culpados e dá às piores figuras, mais uma vez, a oportunidade de virarem heróis da mídia no papel de resistentes ao “fascismo”, à “direita” e ao “genocídio”. A questão, se querem mesmo investigar alguém, é a inépcia e a malversação de dinheiro do Erário por parte dos que foram encarregados de tratar da Covid-19 — as “autoridades locais.” Em vez disso, investigam o governo federal — que não tem quem o defenda, dentro e fora do mundo político, e vai ficar apanhando quieto até os arquiduques da “Resistência” tirarem tudo o que podem da CPI e partirem para outra. É desastre com perda total.


Como acontece quase sempre na vida pública brasileira, a trapaça das “investigações” se repete como farsa, ou como espetáculo de humor macabro.
Nada revela tão bem o deboche de tudo isso quanto a lista de membros da CPI. O presidente é um senador do Amazonas envolvido até o talo na confusão: sua própria mulher, além de irmãos, já foram presos por ladroagem na área da saúde — da saúde, justamente, dentro de um escândalo que se arrasta há cinco anos no Estado e na capital, Manaus, e é objeto das operações Maus Caminhos e Cash Back, da Policia Federal. O representante titular do PT é o senador Humberto Costa ninguém menos que o “Drácula” da lista de políticos comprados pela construtora Odebrecht, codinome que recebeu por seu envolvimento junto à máfia que roubava sangue da rede pública de hospitais quando ele era ministro da Saúde de Lula. Há outra estrela da relação de salteadores da Odebrecht: o “Whiskey”, apelido do senador Jader Barbalho, do Pará. (Deu para entender a presença de Amazonas e Pará na CPI? Pois então: são exatamente os dois Estados, fora o Rio, onde mais se roubou neste ano de Covid-19.)
O ponto alto do show, entretanto, é o senador Renan Calheiros no papel de relator da CPI, nada menos que isso.  
Renan é um dos membros mais enrolados com o Código Penal que dão expediente nesse espantoso Senado brasileiro — não deve haver, aliás, caso igual ao dele em nenhum Senado do mundo. Ou seja: os políticos não apenas insultam a população com a sua CPI; também fizeram questão de pisar em cima, com a nomeação de Renan. É como se estivessem dizendo: “Isso aqui é o Senado Federal. Polícia, promotor e juiz, aqui dentro, são o Renan e a sua turma”. Não é nenhuma surpresa, por sinal, que o senador que foge da lei há 30 anos tenha se tornado um grande estadista aos olhos da mídia brasileira de hoje; é claro, ele se reinventou como marechal-de-campo da esquerda nacional, líder da oposição ao presidente da República e apóstolo intransigente da guerra ao “negacionismo”. É tratado, em consequência, como um gigante da nossa política. Suas declarações aparecem em todas as primeiras páginas, nos telejornais e nos programas de rádio. Seu passado, que está presente nos autos, foi “cancelado” do noticiário, como se diz hoje. Ele não fez nada de errado, nunca. É a estrela da CPI, dos editoriais e do “campo progressista”. Aboliu-se uma realidade; foi construída uma outra em seu lugar. Eis aí a política do Brasil, mais uma vez. É assim que funciona.
 
J. R. Guzzo, colunista  - Jovem Pan 
 

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Demissão de Moro - J R Guzzo - Gazeta do Povo

Ao apostar na tensão permanente, Bolsonaro comete seu maior erro

O presidente Jair Bolsonaro, ao que parece cada vez mais, continua decidido a governar dentro de um ambiente de tensão permanente, por achar que o calor da fornalha é o que existe de melhor para ele. Pode pegar fogo? Então vamos lá.

No momento, ele não se mostra satisfeito com as cargas de TNT que rondam o Palácio pelos quatro cantos. Como se já não houvesse dinamite suficiente do lado fora, Bolsonaro faz questão de criar, a cada quinze minutos, focos de tensão dentro do seu próprio governo. Nessa espiral alucinada, acaba de demitir o ministro da Justiça, Sergio Moro — o homem mais popular do governo e do Brasil. A ideia, que vem de longe, andava esquecida com a Covid-19 e, aparentemente, tinha caído em exercício findo. Não tinha.


É coisa de homem-bomba do Exército Islâmico – que vá tudo para o espaço, comigo junto. O presidente, para forçar a saída, demitiu por decreto o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, ocupante de um cargo que está diretamente subordinado ao Ministério da Justiça [estando o Ministério da Justiça diretamente subordinado ao presidente Bolsonaro = quem pode o mais, pode o menos.
Ao nosso entendimento, de leigos em política, o maior problema do Moro e que ocasionou o conflito foi a ambição e a preocupação com as eleições de 2022 - ele, a contragosto, esperava que Bolsonaro começasse a governar e implantar a agenda que Moro desejava e que lhe seria favorável = esqueceu o ex-juiz que o presidente não conseguiu ainda governar, implantar sua própria agenda, tem sido boicotado por outros movidos a interesses nada republicanos.] — sem dizer o que ele fez de errado, ou dar qualquer motivo razoável. Disse apenas que a exoneração foi a pedido” – o que não foi. Foi, isso sim, um ato de agressão a qualquer proposta de procurar um mínimo de serenidade e equilíbrio para o seu governo. Tomou a opção pelos grupos que querem ir “para o pau”.

A conta é a de sempre: a base de apoio de Bolsonaro, em sua cabeça e segundo rezam os algoritmos das redes sociais, gosta quanto ele diz “aqui quem manda sou eu”, e vai dar-lhe 100% de apoio ao botar no olho da rua um ministro que incomodava parte do entorno presidencial, por um monte de motivos. Era popular demais. “Se achava”. Queria ser independente. Atrapalhava a vida de certas pessoas que detestam a ação permanente de seu Ministério no combate à corrução. Agora, com o ministro de fora, Bolsonaro e seus estrategistas imaginam que a população vai aplaudir, o “centrão” vai fechar com o governo, por se ver mais longe do camburão da Polícia Federal, e que ele acabará ganhando sabe lá mais que vantagens junto ao mundo político – com o qual está em guerra desde o começo do seu governo.

Para ficar só nos últimos dias, Bolsonaro se viu alvo de acusações indignadas de que estimula um golpe militar, por ter participado de um comício na frente do Quartel General do Exército, em Brasília, na qual faixas e gritos pediam o fechamento do Congresso e do STF. Está sob críticas pesadas, e não só dos inimigos habituais, por causa de suas posições agressivas contra a manutenção da quarentena trazida pelo coronavírus e por ter demitido o ministro da Saúde. O coro pedindo seu “impeachment já” engrossa a cada dia. Importa cada vez menos, a essa altura, discutir se existem ou não, do ponto de vista técnico e jurídico, os motivos constitucionais para a deposição do presidente da República. O que interessa para os inimigos é insistir todo dia no “impeachment”. Qualquer coisa serve: falta de decoro, defesa da cloroquina, ofensa a mulheres jornalistas, incentivo a mortes em massa com a demissão do ministro da Saúde, apoio ao “golpe militar”.

A isso acaba de se juntar o STF, que mandou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, explicar a dois advogados porque não aceita as denúncias de impeachment apresentadas por ambos – junto com a exigência de que seja feita uma estranhíssima divisão da autoridade legal do Poder Executivo entre o presidente e o seu vice.
Num momento de angústia nacional, como o que se vive hoje no Brasil, por causa da epidemia, da ruína para a produção e o emprego criada pelo confinamento e de toda a desgraceira que há por aí, imagina-se que o mais recomendável, para um presidente pressionado por inimigos de todos os lados, seria a busca da paz. Ele tem certeza que não é.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo