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quarta-feira, 29 de março de 2023

Brasil não cresce porque o governo Lula é muito ruim - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Presidente acha mais fácil fugir do seu fracasso escolhendo um culpado. No caso, o Banco Central

Presidente acha mais fácil fugir do seu fracasso escolhendo um culpado. No caso, o Banco Central. ruim, O ministro da Fazenda acaba de dizer que o Banco Central “também tem de ajudar o governo.” 

Está errado, e essa é mais uma das razões pelas quais nada de relevante deu certo até agora os primeiros três meses do governo Lula; a ideia geral da coisa está fundamentalmente errada.
 O Banco Central não está aí para “ajudar o governo”. Sua função é cuidar do valor da moeda nacional, tentando que esse valor seja amanhã mais ou menos o que é hoje; não serve ao governo, e sim ao cidadão, principalmente o mais pobre. 
Este não costuma ter reservas; vai simplesmente à ruína se o pouco dinheiro que tem no bolso chega ao fim do mês valendo muito menos do que começo.

Na verdade, para realizar direito o seu trabalho, o BC tem muitas vezes de fazer o contrário do que pede o ministro: "tem de opor à desvalorização da moeda que o governo quer provocar o tempo todo, gastando mais do que pode para satisfazer aos seus desejos e ao que chama de necessidades do Estado”. Isso é inflação. O BC é contra. Lula a favor.

Todo o governo Lula e o PT estão obcecados com o Banco Central - além de Bolsonaro e do senador Sergio Moro. 
Percebem, irritadíssimos, que a economia, o governo e o país vão mal – mas é claro que se negam terminantemente a entender que esse desastre em formação é resultado único e exclusivo da má qualidade patológica da equipe de ministros que Lula armou à sua volta, e da militância primitiva de suas posições econômicas. 
Sem consertar isso, e aí é trabalho de carpintaria pesada, não vão resolver nada, nunca.
Mas quem é que diz que Lula quer resolver alguma coisa com racionalidade? 
Ele acha muito mais fácil, como sempre, fugir do seu fracasso escolhendo um culpado a quem possa atacar com o mínimo de risco e com o máximo de demagogia. 
No caso, escolheu o Banco Central. Desde o primeiro dia, é culpado por tudo o que está acontecendo de ruim no Brasil por causa da incompetência terminal do presidente da República.

O conto do vigário que o seu governo quer aplicar no público é o que ouve todos os dias: o Brasil não está se desenvolvendo e criando empregos por causa dos juros altos estabelecidos pelo BC.

É falso. O Brasil não cresce, nem vai crescer de verdade, porque o governo Lula é muito ruim. Desde o primeiro minuto, numa erupção combinada de rancor com ímpetos suicidas, lançou-se numa guerra aberta contra a produção, a iniciativa privada e o capitalismo em geral – não porque tenha alguma coisa útil para colocar no lugar, mas porque Lula tem raiva, ouve gente que tem raiva e está numa cadeira onde pode exercer suas raivas privadas. 
As empresas só investem o que precisam para continuarem em funcionamento – quem quer investir num país em que presidente se acha “socialista”?
 
Na viagem que cancelou à China, um dos marajás mais gordos da comitiva seria um burocrata decidido a denunciar a soja, o milho e o agronegócio brasileiros como um mal a ser combatido. 
Iriam também sócios-proprietários do MST. 
Para que, numa viagem supostamente de “negócios”? 
Para pedir que o governo da China ajude o MST a invadir terras no Brasil? Socou de novo em cima da população impostos que haviam sido suprimidos; quer tirar da tumba ainda outros, como o imposto sindical e o seguro obrigatório. Pensa só em aumentar a carga fiscal
Diz que “precisa” de  dinheiro para os pobres etc, etc...[é nossa OPINIÃO que não podemos esquecer  que na virada do governo Bolsonaro para o inicio do DESgoverno Lula, várias categorias de MEMBROS - Poder Judiciário, Poder Legislativo, Ministério Público e assemelhados  - MEMBROS = os que integram um dos poderes da República, MP - não confundam com servidor público - foram agraciados com reajustes salariais e a imprensa noticiava que já em março/23, parte do funcionalismo público também teria o salário reajustado; março está acabando, nenhum funcionário público teve reajuste salarial e estranhamente nenhum sindicato piou, reclamou.
Razão do silêncio das entidades sindicais = em troca do silêncio pretendem ter de volta o imposto sindical - excelente para os pelegos.] 
 
De novo é falso. O governo Lula quer dinheiro (já levou uma fortuna antes mesmo de tomar posse) porque tem de pagar as viagens do ministro das Comunicações em jatos da FAB para ir à exposições de cavalo; seguem-se mil e uma coisas equivalentes.  
Os pobres continuam o seu pretexto para o governo forrar o Estado com cada vez mais dinheiro, que  vai ser gasto cada vez mais consigo mesmo. A arrecadação total do Brasil, em todos os níveis, vai passar os R$ 3 trilhões – mas Lula acha que isso não chega, e exige que lhe deem mais. 
Se gasto público tirasse pobre da pobreza, já não haveria, há muito tempo, nenhum pobre neste país. 
Mas quem quer falar disso à sério? É muito mais proveitoso jogar a culpa no Banco Central.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo


sábado, 4 de março de 2023

Uma proposta safada - Revista Oeste

J. R. Guzzo

O que querem, ao exigir a proibição das fake news, é proibir a publicação de tudo aquilo que não querem ver publicado. É censura, só isso

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Freepik

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Freepik 
 
Só existe uma coisa que faz sentido dizer em voz alta, em todo esse debate histérico sobre a questão das fake news e de seu irmão-gêmeo, o “discurso do ódio” — trata-se de um problema que simplesmente não existe em qualquer ambiente de discussão honesta. 
O governo Lula, a esquerda e os jornalistas dizem 24 horas por dia que o assunto é desesperadamente essencial para a sobrevivência do Brasil, do “regime democrático” e da humanidade.  
Não é, nunca foi e nunca será nada disso. 
Trata-se apenas, no mundo das realidades, de um conto do vigário brutal, degenerado e totalitário. 
 Ninguém, entre os seus apóstolos, tem o mais distante interesse em evitar a divulgação de notícias falsas, ou qualquer outro propósito com um mínimo de decência — a discussão, do começo ao fim, foi 100% inventada pela esquerda para reprimir a liberdade de expressão.  
O falso, aí, não são as notícias; são as intenções de quem prega a virtude, a limpeza e a verdade no noticiário. O que querem, ao exigir a proibição das fake news, é proibir a publicação de tudo aquilo que não querem ver publicado. É censura, só isso. Todo o resto é mentira — aí sim, mentira mesmo.

A esquerda brasileira, com Lula à sua frente, não admite, pura e simplesmente, o conceito universal de liberdade. Ela é igual a todas as esquerdas que existem e jamais existiram

Não há nenhuma complicação especial nessa história. A questão toda se desmancha em 30 segundos, não mais que isso, quando se constata um fato elementar e indiscutível: todas as ditaduras do mundo, sem nenhuma exceção, têm sistemas de repressão às notícias “falsas” e ao “discurso do ódio”. 
É assim em Cuba, Venezuela, Nicarágua, China, Coreia do Norte e por aí afora em todos os lugares do mundo onde os governos se apresentam como de esquerda, “progressistas” e dotados de “democracias populares”
Da mesma forma, não existe democracia séria no mundo, também sem nenhuma exceção, onde o aparelho do Estado se mete a decidir o que é falso e o que é verdadeiro — e proíbe a publicação do que quer que seja na mídia ou nas redes sociais. Se alguém, ao se manifestar em público, prejudica a sociedade ou a algum indivíduo, vai ser processado por difamação, injúria e calúnia, na forma da lei — ou responsabilizado pelo que fez numa corte de justiça. 
O resto é ditadura; é resultado direto da perseguição fanática à liberdade que está na alma de todos os regimes de “esquerda” que jamais apareceram sobre a face da Terra. É exatamente isso que o governo Lula quer para o Brasil, com sua ideia fixa de criar o “controle social” sobre os meios de comunicação.
Nicarágua prisões opositores
Ortega e Lula têm relação estreita | Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência 
Brasil

A chave da questão está num fato fundamental: a esquerda brasileira, com Lula à sua frente, não admite, pura e simplesmente, o conceito universal de liberdade. Ela é igual a todas as esquerdas que existem e jamais existiram. 

Desde 1917, quando apareceu o primeiro regime socialista no mundo, nunca houve um caso, um único que fosse, de governo de esquerda que respeitasse a liberdade — ao contrário, é a primeira coisa que destroem e, depois, a que mais perseguem com as suas polícias secretas e campos de concentração. 
Por que Lula, o PT e a esquerda fariam diferente no Brasil? 
Por acaso são mais virtuosos, ou mais honestos, ou mais íntegros que os esquerdistas que ocuparam governos nos últimos 100 anos através do planeta? É claro que não
Desta vez, inclusive, o presidente abandonou à esquerda radical o controle sobre a maior parte do seu governo — trata-se de gente empenhada em mudar o regime, e não em governar o país. 
Declaram, abertamente, que querem acabar com a “democracia formal”, ou burguesa, ou liberal no Brasil. 
 Pregam a extinção da propriedade privada, tal como ela é entendida hoje. O pecado mais grave do seu catecismo é a liberdade individual.
 
A ideia geral de “combater as fake news” é integralmente safada. Tudo parte de uma proposição virtuosa — criar um mundo onde só circulem notícias verdadeiras.  
Quem não gostaria disso? O governo, a esquerda e a mídia colocam uma questão velhaca para o público: “Você acha que está certo as redes sociais e a imprensa publicarem mentiras?”. É claro que todo mundo diz que não, não está certo. Então “a população brasileira” está contra as fake news, diz o PT — e se está contra as fake news está a favor do “controle social da mídia” que o governo Lula mais as facções que o apoiam querem impor ao Brasil. 
É uma contrafação completa. Vendem-se obviedades falsificadas, do tipo: “A liberdade não pode ser ilimitada”, ou “a liberdade de expressão não pode ser usada para cometer crimes”, ou a “liberdade de um não pode prejudicar os direitos de todos” etc. etc. Claro que não. 
Mas quem é de fato a favor da liberdade de opinião e dos direitos que estão escritos na Constituição Federal não é absolutamente a favor de nada disso — ao contrário, acha que todos devem ser responsáveis pelo que divulgam ao público, segundo dispõem o Código Penal e a legislação civil. Toda essa filosofia de curso primário, na qual a esquerda sustenta que a liberdade de expressão não pode ser utilizada para se fazer o mal, é tapeação pura. O que querem, mesmo, é suprimir o pensamento livre e ganharem o poder de decidir o que pode e o que não pode ser dito.

O propósito de um noticiário onde só seja publicada a verdade é sem dúvida admirável; é, ao mesmo tempo, algo perfeitamente impossível de se obter no mundo das realidades. O fato objetivo é que não há a mais remota possibilidade de definir o que é realmente verdade ou mentira, e isso acontece por uma razão elementar: como não haverá revelação divina a respeito dessa definição, alguém terá de decidir o que é falso ou não é. 

E aí — quem decide? Xeque-mate. Quem decide é um grupo de pessoas, obrigatoriamente. 
E por que diabo esse grupo de pessoas teria mais direito do que aquele para dizer o que é fake news e o que é news verdadeira? 
Não há, humanamente, como responder a essa pergunta; é uma dificuldade que apareceu no primeiro minuto do debate e jamais será resolvida com um mínimo de lógica. 
Nos regimes de esquerda a tarefa de dizer o que é falso foi entregue à polícia. 
No Brasil, por trás da hipocrisia e da mentirada de sempre, querem fazer igual. E então: você confia que um órgão do governo vai ser honesto o suficiente para lhe dizer o que é ou não é a verdade?

As primeiras amostras do que Lula pretende fazer a respeito são um desastre. Não basta a “Secretaria Nacional da Verdade” que montou, de forma ilegal, na Advocacia-Geral da União. Não bastam as múltiplas milícias espalhadas pela máquina estatal para reprimir o pensamento livre. Não basta o inquérito criminal perpétuo (acaba de ser estendido pela sexta vez) que investiga fake news para salvar “o estado democrático de direito”. Acabam de inventar, no novo “Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania”, um “grupo de trabalho” que é a própria cara do governo nessa história toda de “controle social da mídia”

Sua função, pelo que deu para entender, é propor “soluções” — em “180 dias” — para acabar com o “discurso do ódio” e o “extremismo” no Brasil. Que tal? O grupo tem 29 pessoas; todas, sem exceção, são da mesma linha política de esquerda. Mas não caberiam um ou dois membros — vá lá, um só que seja — com opiniões diferentes dos demais? Não, não caberiam; as decisões, ali, serão sempre tomadas por unanimidade. 

A coordenadora, uma ex-deputada do Partido Comunista — mais uma, na extraordinária manada de perdedores que ganharam empregos no governo Lula —, disse que vai combater crimes como a “misoginia”, que as depredações do 8 de janeiro foram causadas pelo “discurso do ódio” e por aí se vai. “Misoginia”
A definição universal da palavra diz que ela significa aversão a relações, inclusive sexuais, com mulheres. Desde quando isso é crime? É essa a qualidade dos nossos tribunais de promoção da verdade.
O problema de Lula, do PT, e da esquerda mundial se chama internet, ou redes sociais. 
A internet foi a maior conquista jamais obtida pela liberdade humana — pela primeira vez, desde que o homem saiu da caverna, a humanidade toda, sem exceção de um só indivíduo, ganhou a possibilidade de manifestar o que pensa, para todo o mundo e ao mesmo tempo, sem controle de governos, padres e déspotas em geral. 
Há, é claro, a vigilância exercida pelas próprias plataformas de comunicação; elas podem vetar a publicação de coisas que seus dirigentes não gostam, ou excluir pessoas e assuntos das redes. Mas não há a polícia política, nem a censura, nem o resto do aparelho de repressão do Estado dando ordens na internet. 
É uma situação insuportável para as ditaduras de todo o mundo — e para o governo de Lula e do PT. 
 
A teoria predominante na esquerda de hoje, segundo a qual não se toma mais o poder através de revoluções, mas pela ocupação da mídia, da universidade e da nebulosa chamada “cultura”, foi muito bem entendida pela militância política e gerou muitos resultados em seu benefício. 
Mas não foi capaz, até agora, de colocar a internet sob o comando de algum comitê enfiado num “Ministério de Direitos Humanos” da vida, ou coisa que o valha. No Brasil a esquerda controla as redações e as salas de diretoria dos órgãos de comunicação, mas não controla as redes sociais — e é aí, não na imprensa tradicional, que está realmente a audiência
Nenhuma ditadura do mundo se conforma com isso. Lula e seu governo também não.
Ilustração: Shutterstock

Leia também “Em busca da proteção eterna”

 

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Governo Lula quer controlar o que os cidadãos dizem - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo 

Prova mais recente disso é o tal ‘departamento’ para ‘promover’ a ‘liberdade de expressão’ no Brasil, mais um braço do seu cada vez mais agressivo Ministério da Propaganda

O governo Lula, esse apóstolo do bem que salvou a democracia no Brasil, acaba de anunciar a criação de um “Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão”, mais um braço do seu cada vez mais agressivo Ministério da Propaganda.  
Juntar o nome de Lula à ideia de democracia é um dos grandes contos do vigário do século XXI, mas essa farsa virou a verdade única no Brasil e no mundo de hoje. Fazer o que?  
Se o sujeito discordar vai ser chamado de golpista, terrorista e até mesmo de bolsonarista. Ainda assim, os fatos são os fatos, e as ações concretas de Lula e de seu governo são o exato contrário de tudo o que tem a ver com democracia. A prova mais recente disso é o tal “departamento”, ou “secretaria”, ou “comitê”, ou coisa que o valha, para “promover” a “liberdade de expressão” no Brasil.
 
É um desatino. O que Lula acaba de criar é uma nova polícia para controlar o que os cidadãos dizem em público. 
Já havia uma, no Ministério Público; agora, dobraram a meta. 
A ideia em si é obviamente absurda: quem já ouviu falar, em qualquer época da história, que a liberdade de expressão deve ser entregue a uma repartição pública? 
Isso não existe. Governos, todas as vezes em que se metem no assunto, só restringem as liberdades públicas e individuais; jamais, em tempo algum, deixaram as pessoas mais livres para se exprimir.  
É inevitável que aconteça de novo com essa última invenção do governo Lula. Ou alguém acha, honestamente, que o departamento de promoção da liberdade vai incentivar os brasileiros a criticarem mais o governo, ou a denunciarem o que julgam errado? É claro que não vai haver isso. O que vai haver é censura.

Não se pode montar um grupo de vigilantes, que no caso vai ser composto unicamente por militantes de esquerda, dar a eles a autoridade para julgar o que a população diz – e achar, ao mesmo tempo, que não vão cortar, bloquear e proibir coisas que leem, ouvem ou assistem
Dizer, como o governo está dizendo e muita gente repete automaticamente, que esse negócio foi montado para “combater a desinformação” é uma mentira em estado puro. “Desinformação?” O que é isso? Para a esquerda, que se tornou a única fiscal da verdade no Brasil, desinformação é tudo aquilo que governo não quer que seja publicado nos meios de comunicação e nas redes sociais. É isso, e só isso.

Se houvesse um mínimo de honestidade nesse fervor para livrar o Brasil dos males da “desinformação” os novos censores do governo poderiam começar seu trabalho aplicando, já, uma punição ao presidente Lula. Ele acaba de dizer em público, mais uma vez, que Dilma Rousseff foi derrubada por um “golpe de Estado” quando até uma criança com 10 anos de idade sabe perfeitamente que ela foi expulsa do governo por um processo 100% legal de impeachment, incluindo a supervisão direta do Supremo Tribunal Federal em todos os passos do procedimento. 

Como é possível, então, dizer que isso foi um “golpe”? Aí não é “desinformação” – é mentira mesmo. Os combatentes da verdade, naturalmente, não vão fazer nada a respeito.

Governos de países livres têm só uma função em matéria de liberdade de pensamento: garantir o cumprimento das leis que asseguram ao cidadão o direito de dizer tudo o que pensa, e em voz alta. O resto é conversa de ditadura.

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

sábado, 1 de maio de 2021

CPI da Covid-19 deve ser um marco histórico em matéria de safadeza por parte do Congresso - Jovem Pan

J. R. Guzzo

Comissão é uma trapaça que se manterá distante da principal questão: a inépcia e a malversação de dinheiro do erário por parte dos que foram encarregados de tratar da Covid-19

A aglomeração que o Senado Federal inventou com o título de “C.P.I.” e a função, no papel, de investigar atos de imperícia, de imprudência e de negligência — mais os de má-fé — cometidos em volta do governo federal em um ano de combate à Covid-19 é um conto do vigário gigante. “Comissões parlamentares de inquérito”, sejam as montadas na Câmara de Deputados ou as do Senado, são, há mais de 100 anos, um dos golpes preferidos dos políticos brasileiros.  
Não se destinam a fazer inquérito nenhum, nunca, nem apurar responsabilidade de ninguém e, muito menos, punir algum culpado. Servem, ao exato contrário, para proteger os criminosos de verdade com o imutável grito de “pega ladrão” que a bandidagem usa quando se vê ameaçada; 
além disso são empregadas para promover os interesses pessoais mais grosseiros da politicalha. Este golpe de agora, o da Covid-19, está com todo o jeito de ser um marco histórico em matéria de safadeza, hipocrisia, desperdício de dinheiro público e inutilidade, pura e simples, por parte do Congresso Nacional.
É um fato de conhecimento comum até nos jardins de infância que nunca se roubou tanto neste país, desde os incomparáveis governos Lula-Dilma, quanto se roubou agora por conta da Covid-19
A roubalheira do PT, na verdade, foi distribuída ao longo dos treze anos e meio de dois governos; 
a de agora está toda concentrada em pouco mais de um ano de atividade intensa
Como poderia ser diferente? As “autoridades locais”, ou seja, os 27 governadores e 5.500 prefeitos do Brasil, ganharam do STF a tarefa — e plena autonomia — para administrar como melhor entendessem o combate à epidemia. 
Como ficou claro desde o primeiro dia, nenhuma decisão “local” poderia ser modificada, e muito menos vetada, pelo governo federal; 
ao contrário, por ordem do STF, a União foi legalmente proibida de mexer uma palha em qualquer coisa que os governadores e prefeitos fizessem. 
Só estava obrigada a soltar verba — e pagar o “auxílio de emergência” para quem perdeu trabalho e renda por causa da repressão ao trabalho, à produção e à atividade econômica imposta pelas “autoridades locais”.  
É óbvio o que iria acontecer com todo esse poder distribuído — sem qualquer controle — a tão pouca gente: surtos de incompetência, desperdício em massa de dinheiro público e ladroagem explícita. Depois do “Mensalão” e do “Petrolão”, chegou a vez do “Covidão”.
Que tal parar de fingir por uns minutos? Todo mundo sabe desde criança que político brasileiro rouba; nem todos, é claro, mas a maioria mete a mão com o desespero de um homem-bomba muçulmano ou, então, se faz de bobo e deixa que roubem o que quiserem em volta de si. Por que diabo, então, seria diferente nesse caso? Só por que é uma doença? 
Não seja por isso; no governo Lula, por sinal, roubaram até sangue dos hospitais, naquele notável escândalo da máfia dos vampiros que deixou lembranças até hoje. [não esqueçam: 'drácula', ex-ministro da Saúde do presidente petista, é um dos encarregados das investigações da CPI da covid.] Dinheiro é dinheiro. Se vem com a Covid-19 ou com as empreiteiras de obra, com o vírus ou com o pré-sal, tanto faz — o que interessa é a “verba liberada” e o dinheiro depositado no banco. O resto é conversa de CPI e para analista de telejornal do horário nobre.

Governadores, prefeitos, seus familiares, os amigos e os amigos dos amigos não contaram apenas com essa decisão sagrada do STF, e com o apoio quase integral das “instituições”, do Brasil “que pensa” e dos meios de comunicação. Mais que isso, tiveram a bênção doestado de emergência”, um pé-de-cabra legal que permitiu aos gestores locais gastarem dinheiro público sem controle nenhum: sem concorrência pública, sem licitação, sem necessidade de prestar conta.

Se já é uma dificuldade extrema segurar a roubalheira com todas as regras e contrarregras que existem por aí, imagine-se, então, o que acontece quando praticamente não há controle algum. Mais: ninguém aqui está falando de uns trocados. As “autoridades locais” receberam ao longo do último ano, em verbas federais, cerca de R$60 bilhões para cuidar da epidemia — dinheiro que o Tesouro Nacional não tem, mas que sempre é fácil tirar dos impostos que a população paga todos os dias, a cada vez que acende a luz ou põe um litro de combustível no tanque. Hoje em dia, com essa história de se dizer um bilhão aqui, um bilhão ali, pode parecer banal, mas 60 bi é uma imensidão em termos de dinheiro. Para se ter um começo de ideia: o total dos gastos federais com a educação, em um ano, ficou em R$40 bilhões. A Covid-19 comeu uma vez e meia isso aí.


Aparecem agora os heróis da mídia no papel de resistentes ao “fascismo”

Para completar o seu sonho de consumo, as “autoridades locais” contaram com a ajuda vital do Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia em geral, que estão de olhos praticamente fechados há mais de um ano, quando se trata de corrupção na Covid-19. Há exceções, claro: o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi posto para fora do palácio em agosto do ano passado, destituído e até preso, no meio de uma tempestade de acusações de roubo na gestão da epidemia. Mas Witzel, claramente, é um caso fora da curva. Num Estado que já teve um colosso na história da corrupção universal como o ex-governador Sergio Cabral, com mais de 200 anos de cadeia nas costas por roubar de tudo (para não falar de Anthony Garotinho e sua mulher Rosinha), conseguir ser demitido do governo, como ele foi, é realmente qualquer coisa de paranormal. Na vida mais normal, a ‘governadorzada’ e a ‘prefeitada’ deitaram e rolaram, sem que as denúncias apresentadas contra eles tenham atraído a real atenção do MP, da PF ou da imprensa; saiu alguma coisinha aqui, outra ali, mas absolutamente nada que lembrasse, nem de longe, a fúria moral de todos quando os acusados fazem parte da sua lista negra.

Diante de mais essa calamidade, o Senado faz o quê? Faz exatamente o que as “instituições democráticas” do Brasil sempre fizeram: enterra o problema real, salva os culpados e dá às piores figuras, mais uma vez, a oportunidade de virarem heróis da mídia no papel de resistentes ao “fascismo”, à “direita” e ao “genocídio”. A questão, se querem mesmo investigar alguém, é a inépcia e a malversação de dinheiro do Erário por parte dos que foram encarregados de tratar da Covid-19 — as “autoridades locais.” Em vez disso, investigam o governo federal — que não tem quem o defenda, dentro e fora do mundo político, e vai ficar apanhando quieto até os arquiduques da “Resistência” tirarem tudo o que podem da CPI e partirem para outra. É desastre com perda total.


Como acontece quase sempre na vida pública brasileira, a trapaça das “investigações” se repete como farsa, ou como espetáculo de humor macabro.
Nada revela tão bem o deboche de tudo isso quanto a lista de membros da CPI. O presidente é um senador do Amazonas envolvido até o talo na confusão: sua própria mulher, além de irmãos, já foram presos por ladroagem na área da saúde — da saúde, justamente, dentro de um escândalo que se arrasta há cinco anos no Estado e na capital, Manaus, e é objeto das operações Maus Caminhos e Cash Back, da Policia Federal. O representante titular do PT é o senador Humberto Costa ninguém menos que o “Drácula” da lista de políticos comprados pela construtora Odebrecht, codinome que recebeu por seu envolvimento junto à máfia que roubava sangue da rede pública de hospitais quando ele era ministro da Saúde de Lula. Há outra estrela da relação de salteadores da Odebrecht: o “Whiskey”, apelido do senador Jader Barbalho, do Pará. (Deu para entender a presença de Amazonas e Pará na CPI? Pois então: são exatamente os dois Estados, fora o Rio, onde mais se roubou neste ano de Covid-19.)
O ponto alto do show, entretanto, é o senador Renan Calheiros no papel de relator da CPI, nada menos que isso.  
Renan é um dos membros mais enrolados com o Código Penal que dão expediente nesse espantoso Senado brasileiro — não deve haver, aliás, caso igual ao dele em nenhum Senado do mundo. Ou seja: os políticos não apenas insultam a população com a sua CPI; também fizeram questão de pisar em cima, com a nomeação de Renan. É como se estivessem dizendo: “Isso aqui é o Senado Federal. Polícia, promotor e juiz, aqui dentro, são o Renan e a sua turma”. Não é nenhuma surpresa, por sinal, que o senador que foge da lei há 30 anos tenha se tornado um grande estadista aos olhos da mídia brasileira de hoje; é claro, ele se reinventou como marechal-de-campo da esquerda nacional, líder da oposição ao presidente da República e apóstolo intransigente da guerra ao “negacionismo”. É tratado, em consequência, como um gigante da nossa política. Suas declarações aparecem em todas as primeiras páginas, nos telejornais e nos programas de rádio. Seu passado, que está presente nos autos, foi “cancelado” do noticiário, como se diz hoje. Ele não fez nada de errado, nunca. É a estrela da CPI, dos editoriais e do “campo progressista”. Aboliu-se uma realidade; foi construída uma outra em seu lugar. Eis aí a política do Brasil, mais uma vez. É assim que funciona.
 
J. R. Guzzo, colunista  - Jovem Pan 
 

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Amazônia x Metade da próxima safra de grãos do Brasil, que ainda nem foi plantada, já está vendida: e como fica o boicote?

J.R. Guzzo - Vozes

Boicote aos produtos do Brasil é a mais pura conversa fiadaMetade da próxima safra de grãos do Brasil, que ainda nem foi plantada, já está vendida: e como fica o boicote?


 Metade da próxima safra de grãos do Brasil, que ainda nem foi plantada, já está vendida: e como fica o boicote?| Foto: Michel Willian/Arquivo Gazeta do Povo 

O noticiário tem trazido, em geral com alarme, mais um lote de notícias (ou de desejos) sobre a situação de dificuldade, perene e aparentemente  insolúvel, que atravessam ao mesmo tempo a agricultura, a pecuária e a produção geral de alimentos no Brasil. O assunto é o de sempre: a “destruição das florestas” deste país, especialmente as da “Amazônia”.

A novidade seria uma espécie de boicote mundial, ou coisa parecida, à produção rural brasileira por parte de “300 grandes empresas” e outras potências do capitalismo moderno, recentemente transformadas em mocinhas da natureza, do ar puro e da “sustentabilidade”. Em suma: se os produtores brasileiros (que foram escalados para o papel de bandidos desse filme) não pararem de desmatar a Amazônia e incendiar as florestas, o Primeiro Mundo não vai comprar mais nada que venha daqui, nem investir um único tostão no Brasil.

Absurdos construídos com capricho, falsa ciência e muito dinheiro acabam um dia, como eventualmente acaba todo o charlatanismo de vendedor de elixir em feira livre – quando se verifica, pela força dos fatos, que a mercadoria posta à venda é falsa. Até lá, porém, fazem um barulho e tanto, como é o caso da “devastação” da Amazônia pelo “agronegócio”. Paciência. Não há como convencer quem quer ser enganado – o que se pode fazer é chamar de conto do vigário tudo aquilo que é conto do vigário, esperar que o tempo passe e continuar trabalhando. Fazer o quê?

Há pelo menos uma dúzia de realidades que demonstram a inexistência de relação entre desmatamento e o avanço a agropecuária brasileira — que saiu do nada para tornar-se em 40 anos uma das duas ou três maiores do mundo. Nenhuma delas serve. Por exemplo: mais de 70% da produção brasileira de grãos saem de apenas quatro estados, três dos quais nem sequer fazem fronteira com a Amazônia. São o Paraná, o Rio Grande do Sul e Goiás. O quarto, Mato Grosso, tem apenas a metade norte do seu território dentro do bioma amazônico. Mas o movimento de defesa do planeta sustentável não trabalha com essa aritmética, nem com essa geografia; só aceita a sua própria ciência.

O que o Paraná, por exemplo, tem a ver com a Amazônia? Um produtor de soja de Ponta Grossa ou Campo Mourão pode perfeitamente passar a vida inteira sem jamais ter ido lá, por um dia que seja. Há mais paranaenses que conhecem Paris do que São Gabriel da Cachoeira; têm tanto a ver com a floresta amazônica quanto com o Polo Norte. Mas vá explicar isso para um europeu-raiz.
Missão impossível, pois o sujeito nunca viu um mapa do Brasil; não sabe onde é o Paraná, nem o Amazonas e, para dizer a verdade, nem o Brasil. Também não está interessado em aprender; só está interessado em acreditar. Se você encarar, digamos, um bom holandês, disser que o Brasil fica na Oceania e fizer uma cara bem séria, há 50% de chance do sujeito achar que é isso mesmo. Aí não há o que fazer.
Enquanto isso, no mundo das coisas reais, o Brasil já colheu neste ano mais grãos do que em todo o ano passado; 50% da próxima safra, que ainda nem foi plantada, já está vendida. Fatos são um bicho teimoso.

J.R. Guzzo, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes



sábado, 4 de agosto de 2018

Conto do vigário

Lula está na cadeia porque não poderia, muito simplesmente, estar em nenhum outro lugar


Está sendo feita hoje no Brasil o que talvez seja a maior campanha pela ilegalidade já tentada neste país desde que os acionistas majoritários da vida pública nacional resolveram, há uns 30 anos, que isso aqui deveria ficar com cara de lugar sério.


Fizeram uma Constituição com 250 artigos e mais de 100 emendas [o que sepultou qualquer esperança de que queriam fazer algo sério] sendo que boa parte dessa maçaroca não foi regulamentada até hoje, de maneira que não dá para saber direito o que vale e o que não vale. Escreveram mais leis do que qualquer outro país do planeta. 

Criaram uma espécie de Espírito Santo chamado “instituições”, ente invisível que flutua em cima de tudo e de todos, embora muito pouca gente saiba realmente o que vem a ser isso. O tempo e os fatos mostraram que esse esforço para montar um Brasil civilizado se transformou numa piada ─ na verdade, a democracia moderna que se pretendia criar foi sendo desmanchada, na prática, a cada artigo da Constituição que ia sendo escrito. A ofensiva, agora, é para desmontar de vez o princípio básico segundo o qual a lei tem de ser obedecida por todos. É isso, e apenas isso, que quer dizer a campanha para soltar o ex-presidente Lula da cadeia, achar um jeito para ele concorrer à próxima eleição presidencial e garantir que volte ao Palácio do Planalto.

Trata-se de um conto do vigário de tamanho inédito, a começar pela ambição da mentira contada ao público. Nada do que o sistema de apoio a Lula pretende, e que a mídia divulga diariamente como a coisa mais normal do mundo, pode ser feito sem desrespeitar a lei. É como se alguém quisesse participar de um concurso popular para ser escolhido imperador vitalício do Brasil, ou algo parecido ─ não dá para fazer uma coisa dessas, não é mesmo? Mas é este o tema número 1 do debate político do momento. 

Lula, como se sabe, está no xadrez, condenado a doze anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Recebeu sua sentença de condenação na 13ª. Vara Criminal da Justiça Federal em Curitiba, no dia 12 de julho de 2017, e de acordo com a lei, recorreu em liberdade da decisão. Essa sentença foi confirmada e aumentada seis meses depois, em 24 de janeiro de 2018, por unanimidade de votos, por três desembargadores do TRF-4 de Porto Alegre, o tribunal superior encarregado de julgar o caso. No último dia 7 de abril, enfim, não havendo mais nada a se fazer, Lula foi preso. Ao longo dessa história, seus advogados entraram com mais de 70 recursos; não dá para dizer, em nenhum momento, que qualquer dos direitos do réu para se defender foi violado.

O ex-presidente está na cadeia porque não poderia, muito simplesmente, estar em nenhum outro lugar é para lá que a lei penal manda os criminosos depois de condenados em segunda instância. Fazer o quê? Muita gente pode achar que a sentença foi injusta, assim como há muita gente achando que foi justíssima. Mas achar uma coisa ou a outra não muda nada. Só a Justiça, e ninguém mais, tem autorização para resolver, no fim de todas as contas, se alguém é culpado ou não.  Em algum momento, mais cedo ou mais tarde, o sistema judiciário precisa dizer se as provas apresentadas contra o réu são válidas ou não; se forem consideradas válidas, o sujeito vai para a penitenciária. Isso não depende da opinião de quem gosta de Lula ou de quem não gosta. É a lei que decide ─ e ela é igual para todos. Ou se faz assim ou ninguém é condenado nunca, porque os advogados vão continuar dizendo até o fim da vida que seus clientes não fizeram nada de errado. Muito bem: só que Lula e os seus fiéis não aceitam isso. Obviamente, um indivíduo que está preso não pode, ao mesmo tempo, ser presidente da República. A saída da esquerda, então, tem sido manter de pé uma fake news monumental ─ Lula é um “preso político” que tem de ser solto para candidatar-se à Presidência, ganhar a eleição e recomeçar os seus “programas sociais” em favor dos pobres. 

Além do mais, “todas as pesquisas” dizem que o presidente tem de ser ele. Onde já se viu uma bobagenzinha como a aplicação da lei penal, mais a Lei da Ficha Suja, ficarem atrapalhando tamanho portento? É essa novena que vem sendo pregada todos os dias pelo Brasil pró-Lula ─ artistas, “intelectuais”, “celebridades”, a maior parte da mídia, a Rede Globo, os empreiteiros de obras, os fornecedores de lixo enferrujado para a Petrobras e todos os que estão impacientes para voltarem a roubar em paz. Não há nem sequer uma sombra de presença do povo brasileiro, não do povo de verdade, em nada disso aí. É pura sabotagem contra o que ainda sobra de nossa escassa legalidade.

J R Guzzo - Publicado na edição impressa de VEJA