Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador just in time. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador just in time. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Coronavírus também ameaça a economia, inclusive a do Brasil - Míriam Leitão

A principal preocupação sobre o coronavírus é o risco que ele provoca à vida humana. Na economia, os efeitos da epidemia também começam a se manifestar. A região de Wuhan, a mais afetada, é sede de montadoras que suspenderam suas atividades e adiaram a volta de trabalhadores que viajaram no feriado do ano novo lunar. A economia chinesa, a segunda maior do mundo, está parando. Os reflexos começam a aparecer na cotação de empresas que exportam para lá.  

Os períodos de recesso do trabalho na China são raros e costumam se concentrar nesta época do ano. A propagação do vírus forçou algumas regiões a estender o feriado até o dia 09. Aconteceu em Wuhan e também em Xangai, cidade também industrial que é próxima a Wuhan e tem população de 21 milhões de habitantes.

O conceito de produção atual utiliza pouco estoque, chamado de “just in time”. O método depende da circulação constante de mercadorias. Se a produção é suspensa, toda a cadeia produtiva vai parando. As fábricas fecham, os componentes não são entregues, as matérias-primas não chegam. O número de voos na China já recuou 50%.  


Wuhan: moradores descrevem cenário de terror nas unidades de saúde

Os chineses são grandes compradores de produtos brasileiros. Além das commodities agrícolas, o Brasil embarca para lá muito petróleo, minério e metais. Só na segunda-feira, Petrobras e a Vale perderam R$ 34 bilhões em valor de mercado. A CSN e a Gerdau também perdem com a paralisação.

A situação potencializa as preocupações. O Brasil já temia as consequências do acordo comercial entre China e EUA, que obriga os chineses a comprar mais dos americanos. O mundo também está mais pessimista. Uma pesquisa da PwC mostra que para 2020 o nível de pessimismo dos principais executivos está no maior nível. No momento em que a economia do Brasil se recupera, o mundo começa a desacelerar.   

Míriam Leitão, colunista - O Globo

 


sábado, 26 de maio de 2018

Decisão atrasada, mas acertada [governo acovardado reluta em usar a força que dispõe]



O governo Temer deu, afinal, as condições legais para a intervenção das Forças Armadas na greve dos caminhoneiros, permitindo inclusive a chamada “requisição de bens", isto é, que os caminhões sejam tomados para garantir o abastecimento. Está começando a ser desmontado o bloqueio das estradas, em situação ainda caótica, mas o governo deveria ter feito essa intervenção antes de qualquer acordo. Teria dado uma demonstração de força e garantido uma perspectiva de solução.   Fazer agora com os ânimos exaltados é muito perigoso, embora o bom senso pareça estar prevalecendo nos primeiros momentos. Nesses casos, o governo reprime e depois negocia, mas antes é preciso demonstrar que tem força para impedir os bloqueios ilegais. Sem isso, é pedir para sofrer mais pressão.

[Temer já foi autorizado até pelo Vaticano a usar a força necessária para desbloquear as estradas - em um excesso de prudência e tendo lembrado que já teve um decreto nomeando um ministro 'revogado' pela presidente do STF, decidiu para usar as Forças Armadas no desmonte do 'lock-out' que bloqueia as estradas, consultar previamente um ministro do Supremo e recebeu o 'amém' para usar o poder que a Constituição lhe atribui]


O acordo com o governo não funcionou por duas razões: os caminhoneiros reunidos no Palácio do Planalto não eram completamente representativos da classe, e a Câmara, depois da trapalhada nas contas do deputado Rodrigo Maia, aprovou o fim do tributo PIS/ Confins sobre o frete, e os caminhoneiros colocaram a condição para acabar com a greve, impossível de ser atendida, de aprovação pelo Senado da medida.   Com os ânimos exaltados, a entrada das Forças Armadas no conflito é uma medida temerária, depois de um acordo fracassado. Nas greves anteriores houve negociação, no governo Dilma, por exemplo, uma das greves durou 12 dias. No governo Fernando Henrique, ela acabou em três, quatro dias, depois de o presidente anunciar que desbloquearia as estradas, se necessário, com a ajuda das Forças Armadas.

Era o que o governo Temer deveria ter feito antes de negociar um acordo que não é possível cumprir sem a aderência das lideranças dos caminhoneiros autônomos. O acordo fechado no Palácio do Planalto interessa mais às grandes transportadoras do que aos autônomos. Soube-se no meio do dia de ontem, quando a situação ainda era de tensão máxima, que no acordo firmado os ministros Eliseu Padilha e Carlos Marun prometeram contratar sem licitação as frotas das cooperativas e entidades sindicais que aceitaram suspender a paralisação.   No documento, revelado pelo site O Antagonista, o governo diz que vai editar uma Medida Provisória para “autorizar a Conab a contratar transporte rodoviário de cargas, dispensando-se procedimento licitatório, para até 30% de sua demanda de frete”.

No item K do acordo, autorizado por Michel Temer, os ministros dizem que vão “buscar junto à Petrobras a oportunização aos transportadores autônomos à livre participação nas operações de transporte de cargas, na qualidade de terceirizados das empresas transportadoras contratadas pela estatal”.  Ficou muito claro nesse acordo que as grandes transportadoras estavam por trás da greve e dos termos da rendição do governo. Um dos pontos foi a desoneração da folha de pagamento, e só empresas grandes têm folha de pagamento.

É sabido que uma greve desse tipo terá sempre um final vitorioso para os grevistas, pois é impossível resistir à paralisação literal do país. Hoje eles conseguem paralisar o país com muito mais facilidade. Há muito mais caminhoneiros, pois sucessivos governos financiaram caminhões em condições vantajosas, e a tecnologia ajuda a unir os manifestantes mais rapidamente.  A tecnologia dá também uma característica nova a essa greve, pois o abastecimento das cidades é atingido mais de imediato porque não há mais necessidade de estoques. O processo just in time permite baratear o custo da distribuição à medida que as entregas são feitas de acordo com a demanda, mas também provoca o desabastecimento pela falta de entrega da mercadoria a tempo e hora.

A indústria automobilística parou justamente por esse efeito colateral da greve.
Mas, já que o governo vai ter que ceder, que o fizesse em posição de autoridade, exigindo o fim dos bloqueios ilegais antes de qualquer coisa. A população, que no começo apóia os grevistas, com o passar do tempo vai sentir na pele os efeitos dessa paralisação no seu cotidiano, e não é possível sustentar uma greve impopular por muito tempo.   É uma situação delicada, muito difícil mesmo, especialmente para os caminhoneiros autônomos. O aumento diário impede que seja planejado o trabalho, que seja cobrado preço justo, pois nunca se sabe qual será o preço do diesel. Isso não dá, no entanto, o direito aos caminhoneiros de impedir o direito de ir e vir dos cidadãos, e nem a legitimidade de algumas reivindicações permite à categoria fazer exigências absurdas.