Vozes - Gazeta do Povo
Gabriela Hardt
Juíza
responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba será substituída
por dois novos magistrados após correição.| Foto: reprodução/Youtube
A
juíza Gabriela Hardt, substituta de Sergio Moro, finalmente se livrou
da Lava Jato. Tentou ser transferida para Florianópolis, mas não
conseguiu; agora, reconsideraram um pedido para a 3.ª Turma Recursal, em
Curitiba. Foi ela quem condenou Lula no caso do sítio de Atibaia. Antes
dela, o juiz titular foi Eduardo Appio, hoje afastado para apurações.
Imagino que a juíza deve estar sentindo em relação à Justiça o mesmo que
boa parte dos brasileiros.
O ex-procurador Deltan Dallagnol já perdeu o
mandato que recebeu de 344 mil paranaenses; dizem que o ex-juiz Moro é o
próximo alvo.
Parece vingança.
Em abril de 2021, o Supremo, por 8
a 3, anulou os processos de Lula na 13.ª Vara, argumentando que os
casos do tríplex, do sítio e do Instituto Lula nada têm a ver com o
objetivo de investigar corrupção na Petrobras. Dois anos depois, o
entendimento do Supremo aparentemente não serviu para o caso do celular
do ajudante de ordens de Bolsonaro, já que cartão de vacina nada tem a
ver com as invasões de 8 de janeiro. Mas a Operação Venire foi incluída
na investigação de “milícias digitais”.
Na Lava Jato, as
condenações consideraram que as empreiteiras envolvidas retribuíam
contratos superfaturados com a Petrobras.
A devolução de R$ 6 bilhões
equivaleu a confissões dos réus, assim como 43 acordos de leniência, que
preveem a devolução de R$ 24,5 bilhões.
A responsabilidade agora, na
13.ª Vara, é do juiz Fábio Nunes de Martino, que vem de Ponta Grossa.
Não encontrei registros de entrevistas dele, o que conta pontos no seu
currículo, porque juiz falar fora dos autos é um perigo para a
credibilidade da Justiça.
Agora mesmo o presidente do STM, brigadeiro
Joseli Camelo, resolveu qualificar o tenente-coronel Cid, e revelou
pré-julgamento.
O
Judiciário virou foco das atenções e nesta semana o Senado decide se o
advogado de Lula, Cristiano Zanin, será ministro do Supremo.
Imagino que
um advogado se transformar em juiz supremo deva ser algo quase mágico.
A
natureza do advogado é defender alguém ou alguma causa; a natureza do
juiz é defender a lei e a justiça, como um fiel de balança.
A atenção
subiu quando o G1 mostrou que o gabinete que pode ser de Zanin e era de
Moraes tem 350 metros quadrados – certamente mais amplo que a maciça
maioria das residências dos brasileiros.
Está no maravilhoso anexo do
Supremo, que disputa em grandiosidade e beleza com os palácios dos
outros tribunais e o da Procuradoria-Geral da República.
Tudo construído
com os impostos pagos pelo mesmo povo a quem devem prestar o serviço da
justiça.
Como nunca antes na minha vida vejo agora o Judiciário
estar na boca do povo. Como numa Copa do Mundo, em que todo mundo vira
técnico de futebol, milhões de “juristas” e de “juízes” andam pelo país
digital, escrutinando tudo e julgando os próprios juízes – não apenas
nas decisões políticas relativas às liberdades, em que são torcedores,
mas também no trato com a corrupção, o tráfico e decisões que mostram
impunidade. O triste é quando as pessoas desanimam.
É por isso que tanto
se vê se abandonar a esperança no cumprimento das leis e da
Constituição e entregar tudo nas mãos de Deus.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES