Em 2013, o protesto “passe-livre” apareceu na rua. De cunho esquerdista
era composto por um grupo de jovens que tinham carro, mas reclamavam do aumento
de vinte centavos no preço dos ônibus. A esquerda jamais poderia imaginar o que
viria depois. De forma inédita começaram atos espontâneos, sem lideranças, de milhares
de brasileiros de todas as classes sociais que foram para as ruas reivindicar
qualidade de serviços públicos, especialmente os da Saúde e da Educação, clamar
contra a corrupção, os gastos da Copa etc.
Como não podia deixar de ser, apareceram críticas de analistas,
cientistas políticos, jornalistas. Diziam que os atos não tinham foco, que as
aspirações eram difusas, que as manifestações eram passageiras. Entretanto, apareceram resultados. Despencou a popularidade da presidente
petista Dilma Rousseff, espantaram-se os políticos de todos os partidos e o
Congresso aprovou a toque de caixa projetos parados ou esquecidos.
As manifestações não foram passageiras e seguiram retomadas nos anos
seguintes com foco no “fora Lula”, “fora Dilma”, fora PT. O brado era entoado
pelos milhões que foram às ruas protestar e pedir o impeachment da presidente.
O Congresso entendeu o recado e obedeceu a vontade popular, pois políticos
sobrevivem através da opinião pública onde buscam votos. E o impeachment aconteceu. Ironicamente, o PT que tentara o impeachment
de outros viu um dos seu ruir estrondosamente. Foi como um míssil no coração do
partido que sempre se rotulou o maior de esquerda da América Latina. A partir
dai o declínio foi se verificando. Isto significa que o movimento verde-amarelo
das ruas deu resultado.
No ano passado impressionantes multidões foram para as ruas, desta vez
pelo candidato Jair Messias Bolsonaro. Inclusive, foi em uma destas enormes
aglomerações que um matador de aluguel, que não se sabe quem enviou, esfaqueou
o candidato. É bom frisar que nenhum candidato à presidência teve algo assim em termo
de massas. Nem Lula nos seus melhores tempos. Aliás, as últimas caravanas do
agora presidiário foram um completo fracasso. Quando espalharam que se Lula
fosse preso haveria convulsão social, a prisão aconteceu sem que ninguém se
atirasse no meio da rua rasgando as vestes e arrancando os cabelos. E nem mesmo
a cena teatral da prisão quando Lula se acoitou no sindicato dos metalúrgicos
em São Bernardo, fez multidões incalculáveis aparecerem para proteger o líder.
Uma vez empossado, Bolsonaro continua a ser atacado incessantemente por
“milícias” da mídia e de entidades de esquerda. E quando foi anunciado "corte" na
Educação, um contingenciamento que ainda não aconteceu, movimentos de esquerda,
voltaram às ruas no dia 15 de maio com o aparente motivo de salvar a Educação.
Nenhum protesto da UNE, das Centrais Sindicais e dos chamados Movimentos
Sociais foi feito quando Lula e Rousseff, como afirmou em artigo Rapphael Curvo
(Ao Som das Ferraduras, 1 de junho de 2019) “sacaram da Educação 30 bilhões.
Porém, agora existe de parte da sociedade respostas, reações,
contestações ao que acontece. Um fenômeno pouco percebido, assim como o que
chamo de Quinto Poder das redes sociais. Isso explica o porquê da resposta às
manifestações do dia 15. Anteriormente, o anúncio dos atos do dia 26 foi duramente criticado por
cientistas políticos, analistas, jornalistas, partidos políticos e até por
partidários do presidente da República. Dizia-se que era um tiro no pé, que
seria um fiasco, que era precipitado. [Esclarecendo: o Blog Prontidão Total, apesar dos seus integrantes não serem cientistas políticos e continuar sendo plenamente favorável ao governo do presidente Jair Bolsonaro, se manifestou contrário as manifestações do dia 26 passado, pelo entendimento - que ainda permanece - que por maior que seja o clamor das ruas, contra ou a favor do Governo do nosso presidente Jair Bolsonaro, as decisões continuarão sendo tomadas pelo Poder Legislativo e que este só se torna mais sensível às manifestações populares às vésperas de eleições - 2013 antecedeu as eleições gerais de 2014.
Então, os on-line foram para as ruas e os atos foram um sucesso.
Defendeu-se as reformas pelas as quais o Executivo luta no Congresso e se houve
críticas ao Legislativo e ao STF não foram no sentido de acabar com esses
Poderes, mas a certas atitudes de seus membros. Tudo correu de forma pacífica,
democrática e sem queima de ônibus. E deu resultado: a reforma administrativa foi aprovada no Senado. O
presidente da Câmara falou em se afastar do “Centrão”. Foi feito um pacto entre
os três Poderes pelas reformas. A força do presidente da República confirmou-se
pelo apoio do povo sem que ele interferisse anteriormente ou participasse com
seus ministros das manifestações.
No dia 30 de maio, em uma tréplica da esquerda uniram-se de novo a UNE, a
CUT, as outras Centrais Sindicais, o MST, o MSTS. Foram liberados das aulas em
todo país os estudantes universitários e os do segundo grau. Alguma coisa foi
dita sobre educação, houve muitas faixas com o mote “Lula Livre”, palavras de
ordem sindicais, queima de um boneco do presidente Bolsonaro e pedido do seu
impeachment.
O resultado das manifestações da esquerda foram pífias e não produziram
resultado, que é o que interessa. Portanto, ponto para o presidente Bolsonaro e
para os 0n-line que foram para as ruas mostrar como funciona o Quinto Poder.
Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Maria Lucia Victor Barbosa
Maria
Lucia Victor Barbosa é Socióloga - mlucia@sercomtel.com.br